quinta-feira, 10 de abril de 2014

sentimentos, naturalmente

fiz o segundo perfil pra revista de bordo da azul numa rara brecha no trabalho na prefeitura. o retratado da vez foi daniel ribeiro, jovem cineasta paulistano que acabou de estrear em longas com o premiado e elogiado hoje eu quero voltar sozinho. ainda não assisti o filme, mas seus dois curtas mostram um diretor-roteirista muito seguro de si e extremamente delicado com seus personagens.


UM CINEMA DE PAIXÕES NATURAIS

Ele não pensava em fazer cinema. Não era bem por aí que imaginava seu futuro. Queria fazer Comunicação, isso sim, e eventualmente trabalhar na TV, “porque [nela] era possível se comunicar mais facilmente com mais gente”. Mas agora, com 2 curtas e 1 longa no currículo, Daniel Ribeiro já pode assumir sem medo que é cineasta.

Uma das provas disso é que as estantes da sala de seu apartamento-escritório perto da Avenida Paulista estão lotadas de prêmios, incluindo os três que recebeu no Festival de Cinema de Berlim: um por seu curta de estreia [Café com Leite, 2007] e dois pelo longa Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (2014), que estreia neste mês em circuito comercial em 19 cidades brasileiras.


“Sempre achei que esse projeto deveria ser um longa, mas como só tinha um curta no currículo vi que seria impossível conseguir dinheiro pra fazê-lo. Então dirigi um outro curta [Eu Não Quero Voltar Sozinho, 2010] como piloto para conseguir financiamento para este longa”, explicou o paulistano de 32 anos, nascido no Tatuapé, zona leste de São Paulo.

A história de seu segundo curta é a mesma do primeiro longa e gira em torno de Leonardo, um adolescente cego em busca por um lugar no mundo e suas relações de afeto com a melhor amiga (Giovana) e um novo aluno na escola (Gabriel). “No longa não uso a palavra ‘gay’. Ele não se declara ‘gay’ em nenhum momento.  Essa não é a questão. É um filme sobre um garoto se apaixonando pela primeira vez. Se ele fosse hétero o filme não ia ter tanta diferença, mas é claro que o fato dele se apaixonar por outro homem dá outras camadas pro filme”.

Com delicadeza, naturalidade e muito carinho por seus personagens, Daniel Ribeiro coloca uma questão importante no filme: a sexualidade vem de dentro ou de fora? “Tive essa ideia de um protagonista cego porque pensei o seguinte - como acontece o desejo numa pessoa que nunca viu um homem nem uma mulher? Afinal de contas, a sexualidade, bem como o preconceito, estão muito ligados a imagem, né?”

Os questionamentos levantados por Hoje Eu Quero Voltar Sozinho não tem apenas uma resposta. Cada um pode e deve descobrir a sua, mas que o importante mesmo é o respeito por essas diferenças de trajetórias e preferências. É assim que a vida acontece e tem que acontecer. “Quando eu era adolescente, nos anos 1990, parecia que o único gay era eu. Você não via praticamente ninguém no cinema ou na televisão. E os poucos exemplos não eram muito positivos. Eu queria me ver. E percebi que fazer cinema ou televisão era uma forma de criar personagens para adolescentes que, como eu, queriam se ver também”.

Preconceitos, infelizmente, ainda correm soltos por aí, mas a internet e as redes sociais conectaram muitas pessoas e hoje em dia adolescentes gays não se sentem mais isolados. Tanto é verdade que a página do filme no Facebook foi curtida por mais de 160 mil pessoas que interagem muito, contam histórias pessoais, agradecem e torcem por Hoje Eu Quero Voltar Sozinho. “Até poucos meses atrás era eu mesmo que administrava a página, postava fotos do meu celular e tudo. Hoje não dá mais. Pra você ter uma ideia, quando publicamos o cartaz do filme, a imagem teve mais de 5 mil compartilhamentos e alcançou cerca de 1 milhão de pessoas. Mas é tudo muito genuíno por lá, principalmente a vontade de cultivar o diálogo com as pessoas”.

Além do lançamento em circuito comercial no país, Hoje Eu Quero Voltar Sozinho vai passar o ano viajando por outros festivais de cinema e, por enquanto, Daniel Ribeiro só quer saber de alcançar o maior número de pessoas. “Tenho algumas ideias de projetos futuros, mas a única certeza que tenho é que quero sempre ter personagens gays nos meus filmes, não necessariamente protagonistas. Na verdade, tudo tem que vir de forma natural. É da minha vivência essa naturalidade”. O cinema de Daniel Ribeiro é, acima de tudo, um cinema de sentimentos.


SAIBA MAIS

Cinéfilo desde a adolescência, Daniel Ribeiro gosta especialmente de Woody Allen, François Truffaut, Miranda July, Wong-Kar Wai e Gus Van Sant.

Fã de séries televisivas, o cineasta tem assistido com entusiasmo títulos recentes como House of Cards e Sherlock, mas cita também entre suas preferidas Mad Men, Orange is the New Black, Curb Your Enthusiasm e Seinfeld. Detalhe: foi editor de Tudo o que é Sólido Pode Derreter, série dirigida por Esmir Filho e Rafael Gomes e exibida pela TV Cultura em 2009.

A trilha sonora de Hoje Eu Quero Voltar Sozinho traz músicas de Belle & Sebastian, Marcelo Camelo, David Bowie, Marvin Gaye, Cícero, The National, Arvo Part e Franz Schubert.

p.s.: e aqui abaixo, o curta 'não quero voltar sozinho' que deu origem ao longa 'hoje eu quero voltar sozinho'.

terça-feira, 8 de abril de 2014

buster keaton em gifs

buster é um dos heróis aqui do esforçado. já apareceu por aqui de diversas formas e até mesmo em gifs [para ilustrar textos do yahoo], mas nunca numa coleção assim especial. é que tava navegando pelo gif movie e achei uns, depois outros no fuck yeah buster keaton e mais outros na própria busca do tumblr. daí juntei nessa historinha aí que tem cenas do curta one week (1920) e dos longas the general (1926) e steamboat bill jr. (1928).



Buster Keaton’s One Week (1920) for orange-ette



Chimney construction with Buster Keaton