segunda-feira, 31 de agosto de 2009

lembranças de fortaleza

joão pedro, filho do irmão dioniso com sandra
(que moram em bragança, no pará)


iago, filho da irmã ariadne com joão
(que moram em fortaleza mesmo)

domingo, 30 de agosto de 2009

domingueira fortal

dia bonito, céu azul, sol firme, nada absurdamente quente. último dia de fortaleza. então vou colocar nessa domingueira uma prata da casa: realejo quartet, ou apenas realejo. grupo liderado pelo multiinstrumentista dustan gallas que tem apenas um disco no currículo, o 'mavioso' kinobox (independente, 2003, que ganhou uma reedição gringa em 2008), e um carreira de mais interrupções que retomadas. dustan, por exemplo, que já trabalhou com karine alexandrino e junior boca, morou um bom tempo em amsterdã estudando produção musical e ano passado se mudou pra são paulo; o baixista rian batista se mudou pra são paulo já tem uns 3 ou 4 anos e começou a tocar com deus e o mundo (otto, instituto, marcelo d2, lucas santtana e, obviamente, o cidadão instigado de fernando catatau, etc.); dos outros integrantes, danilo carvalho e denilson lopes, não sei.

esse video abaixo vem no
kinobox original e como não estou com meu CD aqui não sei o nome da música. sua página no youtube também não traz mais informações, mas é uma ótima prévia do som dos cabras: jazz eletrônico urbano e nordestino (esse 'nordestino' foi liberdade minha porque não veio outra palavra pra definir certas peculiaridades do som do realejo, e não poderia colocar apenas 'cearense' porque apesar de todos se conhecerem de fortaleza, dustan é piauiense, rian é potiguar, etc.)



p.s.: em 2006, alexandre matias fez uma espécie de reportagem oral (um jogral virtual) sobre toda essa geração de músicos nascida e criada em fortaleza. leia aqui. e eu, lá na extinta coluna disco do mês de sempre que tive no gafieiras, escrevi um textinho ficcional (coisa que não faço tem tempo) inpirado nesse disco do realejo.

sábado, 29 de agosto de 2009

"a tua voz está cansada e rouca"

Eles já foram, por muitas vezes, a melhor banda brasileira de todos os tempos da última semana, mas já tem um chão que os Titãs lutam com a própria história para mostrar que continuam ativos e, acima de tudo, produtivos. Essa luta interna e inevitável ficou ainda mais acirrada após a morte de Marcelo Fromer e a saída de Nando Reis. Agora, em pleno 2009, a banda, com mais de 25 anos de estrada, lança numa tacada só o DVD do documentário Titãs - A vida até parece uma festa (Warner, 2009) e o disco de inéditas Sacos plásticos (Arsenal Music/Universal, 2009); é interessante acompanhar a trajetória deles em imagens em movimento e compará-las com o som atual. Correndo por fora, sai também o oitavo disco-solo de Nando Reis, Drês (Universal, 2009).

taí o primeiro parágrafo da resenha que fiz pro gafieiras. segue o resto lá. sacos plásticos a princípio passou batido na primeira ouvida. algum tempo depois (esses últimos dias, na verdade) não só consegui ouvir novamente como repeti e repeti. foi então que superei as primeiras barreiras (ah, os titãs envelheceram! ah, não, tem o rick bonadio produzindo!) e pude encontrar os caras fazendo música, aqueles mesmos que na minha opinião figuram entre as melhores coisas produzidas na década de 1980 no mundo. nada como outrora, claro, mas eles tão aí. prova é a faixa que encerra o disco, "nem mais uma palavra" (sérgio britto e branco mello), levada por mello, com britto na escaleta. sinta a brisa.



agora, quando dão pra pisar no tomate o fazem com vontade (o quarteto de baladas, a seção de cordas gravada em nashville, urra). querem uma prova? "antes de você" (paulo miklos) é de doer as articulações de tão meloso, mas o clipe de oscar rodrigues alves é bom (e miklos é um baita cantor, talvez o melhor da banda, mas que acabou virando porta-voz, junto com sérgio britto, dessas baladinhas de auto-ajuda).



e o título desse post é o primeiro verso de "infelizmente", uma das minhas preferidas pessoais do excelente e indispensável
jesus não tem dentes no país dos banguelas (warner, 1987). outra faixa que encerra disco. putz, tive esse disco em k-7. 35 é isso aí.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

só digo uma coisa

35. fazer o quê? dar um pulo no mar.

esse foi o primeiro presente de aniversário que recebi hoje,
direto das férias do mano max eluard (
gafieiras).

terça-feira, 25 de agosto de 2009

tranquem as portas!!!

pesquisando sobre arrigo barnabé pr'um freela me deparei com um video curioso. dois anos atrás, um rapaz de volta redonda (rj) chamado jeffin scanneou tubarões voadores, história em quadrinhos que o mestre luiz gê fez em parceria com arrigo pra virar o segundo disco deste, lá em 1984. depois pegou as imagens e sincronizou com a faixa-título. trabalho caseiro e de coração.



tenho dificuldades em ouvir arrigo (cheguei a dormir no único show que vi dele na fiesp uns bons anos atrás), mas tem seus momentos divertidos (partes do clara crocodilo, "uga uga" do disco suspeito, de 1987, por exemplo) e abre o ouvido pra novas possibilidades musicais. ainda nessa busca achei dois videos de 1979 que trazem a participação de arrigo e a banda sabor de veneno no 1º festival universitário da música popular brasileira (tv cultura): tem "infortúnio" e a vencedora "diversões eletrônicas". perceba que a banda sabor de veneno é composto por gente como itamar assumpção (baixo), vânias bastos e suzana salles (vocais), paulo barnabé (bateria), bocato (trombone), etc. ah, e tem também esse video do showlivre, no qual arrigo fala um pouco do tubarões voadores (atenção redobrada do momento 3:19 ao 3:45, no qual ele mostra como é o seu samba modal, atonal, etc. e tal. dá como exemplo um trecho de "a europa curvou-se ante o brasil", a música pro santos dumont e que tem participação do paulinho da viola).

e pra finalizar olhaí um link pro download do tubarões.

catatau pega geral

Já se falou muito por aí que Uhuuu! (Independente, 2009) é o mais solar dos discos do Cidadão Instigado (é o terceiro), banda-projeto do guitarrista Fernando Catatau. Com certeza é, mas talvez não pelos motivos apontados (leia-se alegria).

esse é o começo da resenha que fiz pro gafieiras. o resto tá lá. gostei muito do disco, que melhora a cada ouvida, mas o
método tufo é foda demais, do tipo quase imbatível, sombra forte. e a foto abaixo, em versão p&b, tirei em novembro de 2005 lá no memorial da américa latina. na mesma tarde rolaram também junio barreto e mombojó.

fernando catatau ou guitar hero num baião de dois

transversão #19

bezerra da silva (1927-2005) é um cara genial, figuraça e repleto de sambas clássicos, mas ele definitivamente não tá naquele rol de artistas que você (no caso, eu) pensa: "porra, vontade de ouvir fulano". no entanto isso tem um lado bom porque de repente surge uma nova pedrada do malandro. lembro que o bróder fernando comprou lá pelos meados da década de 1990 o disco solo do humberto effe, o vocalista de uma das melhores bandas desse país, o picassos falsos. humberto effe (virgin, 1995) trouxe com duas regravações tunadas de músicas pouco conhecidas (pelo menos pra mim) do repertório bezerrístico: "quem usa antena é televisão" (pingo e celsinho da barra funda) e "o preto e o branco" (zezinho do valle, j. laureano e carlinhos russo).

escolhi "o preto e o branco" pra esse transversão porque a letra é divertidíssima e fala de drogas, assunto dos mais necessários (falando aqui em nome da legalização, claro esteja). a versão do bezerra está no disco eu não sou santo (bmg-ariola, 1990), o mesmo de "quando o morcego doar sangue", "cachorrinho de polícia", "se não avisar o bicho pega"e "passa o rodo nele".



Humberto Effe - O Preto E O Branco by dafnesampaio

domingo, 23 de agosto de 2009

denise fraga, bertolt brecht e a comédia humana

nessas lacunas que a gente tem na vida, o teatro é uma das minhas. só passei a frequentar aqui em são paulo e já "velho", meio que no meio da faculdade, final da década de 1990. tive algumas experiências maravilhosas com o xpto (buster, por exemplo, que lindeza que foi), o oficina (cacilda! e boca de ouro), felipe hirsch, grupo galpão, tapa, gabriel vilela, gerald thomas, etc - nunca rolou antunes filho. mas já faz uma cara que não vou por causa dos preços altíssimos e da preguiça de toda a trabalheira que dá. enfim, lacunas.

uma das peças que tive vontade de ver (mas não fui) nos últimos tempos foi
a alma boa de setsuan, montagem produzida pela atriz denise fraga que voltou recentemente aos palcos paulistanos depois de uma turnê nacional. a estreia foi em setembro do ano passado e fiz uma reportagem pra revista voetrip (editora spring). segue.

denise em foto de joão caldas

DE ALMA LAVADA

O palco está montado, aberto e bem iluminado. Assim, aos poucos, a platéia vai se acomodando com suas câmeras, microfones, gravadores, blocos e canetas. Não demora muito e o terceiro sinal soa dentro da cabeça de alguém. Só pode. Já que todos aparecem de uma vez para sentar nas doze cadeiras dispostas sobre o tablado. Todos são o elenco e o diretor de uma nova montagem de A Alma Boa de Setsuan, peça do renomado dramaturgo alemão Bertolt Brecht, que começa sua turnê em São Paulo. De repente alguns câmeras falam alto - “Mais pro meio! A luz, Denise!” – e a atriz Denise Fraga ri e pula de uma cadeira para a outra até chegar na luz certa. Todos estão felizes e tem início a coletiva de imprensa.

“Não escolhi fazer Brecht por queria provar que posso fazer Brecht, e sim porque na hora que li Setsuan pensei: ‘caramba, quero falar isso aqui!’, ‘quero dizer que acho isso pra caramba!’. Acho que você tem que aproveitar a comunicação que tem... dããã... como ator famoso para falar o que te interessa. É uma felicidade infinitamente maior tocar projetos que sejam a sua voz”. Divertida, acessível e tímida em carne e osso, Denise Fraga é um dos muitos talentos nacionais que surgiram na década de 1980. Fez TV Pirata e por seis anos interpretou a desastrada empregada Olímpia na peça Trair e Coçar é Só Começar, além de novelas (Barriga de Aluguel, por exemplo), minisséries (O Auto da Compadecida e a recente Queridos Amigos), cinema (Boleiros 1 e 2) e quadros de muito sucesso no Fantástico (Retrato Falado). E mesmo com todo este sucesso foram necessários cinco anos para concretizar o sonho de um Brecht para chamar de seu. Mas do que se trata Setsuan?

Escrita em 1941 e montada dois anos depois - durante o exílio do escritor nos Estados Unidos por causa da perseguição aos judeus na Alemanha nazista -, A Alma Boa de Setsuan é uma parábola moral ambientada em uma China mítica. Três deuses, transformados em um nesta montagem, descem à Terra em procura de pelo menos uma alma boa. Logo descobrem ser uma tarefa das mais complicadas, mas acabam encontrando a bondosa prostituta Chen Tê e lhe dão uma bela recompensa. Mas o povo de sua província (Setsuan, centro da China) começa a abusar de sua boa vontade e ela precisa criar/interpretar um primo, Chui Ta, para conseguir dizer “não”. É aí que as trocas de personagens e confusões começam, com direito a uma gravidez inesperada e um julgamento. Setsuan, aliás, foi a primeira peça de Brecht a ser montada profissionalmente no Brasil há exatos 50 anos.

“A gente quis provar, mais uma vez, que Brecht é divertido porque acredito no humor como filosofia de vida. O humor é um jatinho. É um veículo rápido. Você pode enfiar a faca no coração do sujeito e deixar ele às gargalhadas. Assim ele leva para casa a questão que você coloca. Essa peça tem isso. É muito legal ver as pessoas pegando uma discussão ética de uma maneira divertida. O negócio é divertir e dar assunto para o jantar”. Todos riem e Denise Fraga se pergunta, como todos do elenco que ainda conta com Ary França, Cláudia Mello e Joelson Medeiros, se nos dias de hoje é preciso ser duro para conseguir as coisas. “Hoje a gente não dá mais a mão com medo que nos tomem o braço. Sendo que, às vezes, só a nossa mão já faria muita coisa”.

Pouco antes de todo o elenco apresentar seus personagens, o diretor Marco Antônio Braz acrescenta novas camadas ao afirmar que “quando lemos essa peça vimos que ela funciona metaforicamente sobre a dualidade humana, o bem e o mal, e até sobre como o Estado trata questões sociais”. Mas não se agüenta e torna pública a admiração pelo trabalho da atriz. O elenco todo faz um “oooh!” carinhoso e Denise Fraga, sinceramente envergonhada, agradece. Então a coletiva volta ao rumo com o eterno questionamento sobre se a atriz se sente estigmatizada por ser mais conhecida como comediante.

Denise Fraga, que por pouco não foi aeromoça, nem espera a bola quicar no chão. “Isso nunca me incomodou porque sempre fiz muitas coisas dramáticas fora do circuito televisivo. Adoro essa mistura porque na vida não existe divisão. Está tudo junto e é essa linha tênue que separa a comédia do drama que é o melhor terreno para o ator. Esse escorrega de emoções é o meu caminho”. E vai além ao louvar seus parceiros de elenco e, conseqüentemente, o teatro de grupo. “Eles também pensam, como eu, que somos um todo que tem que funcionar para essas pessoas que vêm nos assistir”. O público e o teatro, este ser sagrado para os atores, agradecem tamanha disponibilidade, mas Denise sente tudo isso muito mais profundamente.

“Estou me sentindo emocionada por esse retorno ao lar. Quando entrei na escola de teatro, quando pensava no queria ser, te juro que minha rotina imaginária era essa aqui. Porque o nosso trabalho... olha, pra quem gosta é muito bom, mas pra quem não gosta, é chato pra caramba! Tô falando demais, né?”. Imagina, o palco é seu.

domingueira

o rap é um dos gêneros preferidos da casa, acho que já deu pra notar, e já tem um tempo que as (boas) surpresas não param. aqui no brasil temos uma cena interessante que ainda precisa e merece um público maior, principalmente pra fugir de vaidades e cobranças internas. afinal, gente(s) como costa a costa, projeto manada, ca.ge.be., relatos da invasão, emicida, inquilinus, parteum, contrafluxo, z'áfrica brasil, gog, mamelo sound system, elo da corrente, rappin hood, thaide e racionais mc's, entre outros, ainda tem muito a dizer. mas divaguei, fui longe, porque tava querendo dizer que a partir do ótimo rap brasileiro pude ouvir que existe sim um mundo inteiro de rimas pr'além do inglês (que sempre será, não tem jeito, a melhor língua pro gênero).

por exemplo, sam the kid que, na verdade, se chama samuel martins torres santiago mira e é lisboeta do ano de 1979. conheço seu som tem uns três anos desde que ouvi numa lapada só os discos beats vol. 1 - amor (loop recordings, 2002) e pratica(mente) (edel, 2006). apesar de um certo estranhamento inicial com a língua no rap - na comparação, o português brasileiro parece rápido como de um novaiorquino maluco -, sam the kid se garantiu aqui no espaço com um invejável arsenal de rimas e batidas. mas curioso que só hoje vi esse ótimo clipe "poetas de karaoke", a preferida aqui da casa e hit do disco pratica(mente), cuja letra fala da necessidade e do orgulho de se fazer rap em sua própria língua.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

transversão #18

ah, muito obrigado soundcloud! agora posso voltar ao transversão depois de quase um mês que o goear.com me (nos) deixou na mão. e a volta é popular com P maiúsculo. conheci em 2008, na trilha do belíssimo filme chega de saudade, a música "você não vale nada" e foi lá, em interpretação alegre e intensa do mestre marku ribas, que soube que esse forró sacudido tinha sido composto por dorgival dantas, sanfoneiro potiguar radicado em fortaleza (uma outra música sua, "eu não vou mais chorar", entrou na trilha de o céu de suely em interpretação do aviões do forró). a música agora tá bombando porque entrou, via banda calcinha preta, na trilha da escalafobética novela caminho das índias. mas aqui você vai ouvir, primeiro a original, e depois a de marku. puxa o folé, zé!!!

dorgival dantas - você não vale nada by dafnesampaio

marku ribas & banda luar de prata - você não vale nada by dafnesampaio

p.s.: e clicando nessa setinha-pra-baixo, aí no canto direito do player, você pode baixar a música. e no youtube tem uma
divertida versão ao vivo, registrada em macaúbas (ba) em maio de 2008, com o próprio dorgival.

atualização em 7 de abril de 2011: a paulistana tiê, em seu segundo disco solo (a coruja e o coração), cometeu uma versão doce em ritmo de flamenco de "você não vale nada". escuta só.


quinta-feira, 20 de agosto de 2009

vagarosa céu

taí mais um dos grandes discos de 2009. vagarosa (urban jungle/universal) é o segundo trabalho solo da céu, que finalmente inaugurou um blog pra chamar de seu, e vem com misturas bacanas de samba, reggae, dub e afins (e ainda fernando catatau, curumin, luiz melodia, thalma de freitas, anelis assumpção e o saudoso gigante brazil). vou escrever com mais vagar no gafieiras porque aqui já postei uma reportagem que fiz com a cantora na época de sua estreia (com direito ao ragga "sonâmbulo", penúltima faixa do disco). aliás, uma música que esteve no EP cangote, que saiu na inglaterra poucos meses atrás, foi a que inaugurou a seção transversão. a música é "visgo de jaca", é do cancioneiro de martinho da vila, e acabou não entrando em vagarosa.

segue abaixo um video que tunguei do radiola urbana, que a entrevistou recentemente, e traz um breve making of da lindinha "cordão da insônia". não perca esse disco.

benin é o meu país

diabos, o goear.com voltou a dar problemas e nessas já faz quase um mês que não subo nada em streaming, nada de transversão, nada de nada. aí vi lá no URBe um player que já tinha trombado pelas quebradas virtuais, o soundcloud. revolvi então fazer um teste com uma música que tenho ouvido com frequência e que era minha segunda opção para o corjacast #3 ("pavão macaco" do wado acabou levando).

o som é da boa e velha áfrica e mais uma vez é de um lançamento do selo analog africa.
legends of benin traz 14 faixas, afro-funks e afro-beats de primeira grandeza, e a faixa que abre o disco é a maravilhosa "dadje von o von non" de gnonnas pedro & his dadjes band. escuta só.

gnonnas pedro & his dadjes band - dadje von o von non by dafnesampaio

ah, olha a capa do discão.

p.s.: um presente pra vocês na caixa de comentários, link pra baixar o disco todo. divirtam-se.

domingo, 16 de agosto de 2009

domingueira

conheci os pernambucanos-cariocas do bárbara e os perversos no falecido site mp3 magazine lá pelos idos de 2006. fui tanto com a cara que sapequei a música "lamento" na minha segunda participação na coluna 5prauma do gafieiras. agora, no início de agosto, o som barato colocou a disposição o primeiro "disco" dos cabras, com algumas que estavam naquele EP de 2006 ("lamento" e "balaio de caranguejo", por exemplo), e outras novas. além de bárbara e os perversos (independente, 2009), o som barato também disponibilizou o igualmente bom aipim não é macaxeira (independente, 2009), disco solo do guitarrista fernando s. um tanto de rock, outro de psicodelia, heranças do mangue, etc. e tal. aumenta o som.

sábado, 15 de agosto de 2009

um minuto de silêncio, outros tantos de alegria

acabei de receber um email-comunicado do amigo zé luiz soares, dono do villaggio café, com uma notícia triste: o bar vai fechar após 17 anos de inestimáveis serviços prestados a música brasileira. coloco aqui na íntegra; lembrando que o gafieiras fará no final do mês de agosto um especial sobre a história e alguns dos muitos sons que passaram pelo bar (com direito a áudios históricos).

Informamos que o Villaggio Café encerrará suas atividades no próximo dia 29 de agosto, sábado. A casa completou 17 anos de atividades ininterruptas no último mês de junho, desde a sua criação, em 1992. Destes, 16 foram no bairro do Bixiga. Em maio do ano passado transferiu-se para Pinheiros, mantendo a mesma linha de trabalho. No entanto, devido à venda do imóvel para novos proprietários, que irão construir um edifício no local, seus dirigentes optaram pela não-continuidade do projeto.

Considerado um espaço “cult” na cena musical alternativa paulistana, no decorrer dos anos o Villaggio manteve como principais características a regularidade de sua agenda e o foco nos novos talentos da MPB. Com cerca de 300 shows anuais, lançou vários nomes que hoje são sucesso e conquistou o respeito da classe musical e da mídia, sendo reconhecido internacionalmente.


A grade de shows neste mês de agosto será cumprida normalmente e está à disposição no site.
Dia 29 haverá uma noite de despedida, com palco aberto, para qual estão todos convidados. Abaixo, as palavras dos atuais sócios.

alaíde costa no villaggio da praça dom orione, no bixiga, em são paulo

Zé Luiz Soares


Coisas da vida. Assim a gente encarou a situação.


E, diante da alternativa de buscar um novo espaço para recomeçar, desta vez a luz não se acendeu. Indo para o 18º ano de incessantes atividades, senti que era uma espécie de aviso, do tipo: “é preciso saber a hora de parar”.


17 e poucos anos. Sei lá, calculo mais de 4.000 shows realizados, num pequeno palco onde talentos foram surgindo e se sucedendo como slides musicais, que jamais sairão da retina. Acho que deu, né? O Villaggio Café, desta vez, sai de cena, com serenidade e sensação de dever cumprido.


Queria deixar aqui toda espécie de agradecimento. E aí posso falar em nome da ex-sócia Rozana Lima, com quem construí essa história nos primeiros 16 anos, e do Vlado, parceiro mais recente - batalhador incansável, que acabou se transformando num grande amigo e irmão. Claro que não citarei nomes, milhares que são. Mas quem esteve ao nosso lado nesse tempo todo sabe que está na lista: intérpretes, músicos, compositores, arranjadores, produtores, iluminadores, técnicos de som, roadies, fotógrafos, críticos musicais, jornalistas, ex e atuais funcionários, fornecedores, parceiros comerciais, clientes e público em geral. Menção honrosa ao bom e velho Barbosa, funcionário-símbolo da casa: o único garçon-técnico-de-som do mundo! Enfim, uma verdadeira multidão, que contribuiu pra que conseguíssemos fazer tanta coisa em prol da música brasileira que a gente gostava – e ainda gosta – de ter próxima aos nossos ouvidos e corações. Amigos: muito obrigado!

O site do Villaggio continuará no ar por algum tempo. A partir de 01/09 deixaremos ali uma série de informações, depoimentos, blog, textos e fotos, além de matéria de encerramento especialmente desenvolvida pelo competente pessoal do site Gafieiras, com direito a vários áudios históricos. Vai ficar também o Fale Conosco, pra quem quiser nos enviar alguma mensagem.

E a vida segue. Sobre o futuro, posso dizer que o Vlado vem com tudo, em setembro, com o seu “Bagaça! Bar”, prometendo seguir a mesma linha musical do Villaggio, tendo o Barbosa ao seu lado. Eu saio por aí, firme em busca de novas oportunidades e muito feliz com o trabalho realizado. Deixo meu contato: zeluiz.soares@terra.com.br.

Ah, sim: sábado, dia 29/08, será a última noite do Villaggio, com palco aberto. Quem puder vir nos deixará felizes em compartilhar abraços e saideiras.
É isso. Sucesso pra todos. E viva a música brasileira!

paulinho pedra azul no villaggio do bixiga, em são paulo

Vlado Lima

“O que a lagarta chama de fim do mundo, o homem chama de borboleta.” Minha despedida começa com uma citação do Richard Bach (ai, como eu tô profundo!), mas o que eu quero dizer, mesmo, é o seguinte: “bola pra frente que atrás vem gente, pois quem fica parado é poste!”


O Villaggio, depois de 17 anos de bons serviços prestados à música de qualidade, fechará suas portas no dia 29 de agosto. Em compensação, em setembro, o Bagaça! Bar, com a proposta de prestar os mesmos bons serviços à música de qualidade, será inaugurado oficialmente. É o ciclo da vida diria Rafiki, aquele babuíno filósofo do desenho “O Rei Leão”.


O Villaggio escreveu um capítulo importante na história musical da cidade. É, e sempre será reverenciado como o templo maior da música autoral. Eu, como músico & poeta que se apresentou no Villaggio (do Bixiga) e, nos últimos 16 meses, um dos seus proprietários (na Teodoro Sampaio), me sinto privilegiado por ter feito parte dessa história e, principalmente, por ter trabalhado ao lado de um sujeito como o Zé Luiz, um dos caras mais éticos e profissionais que já conheci. Valeu parceiro!


Mas a vida é breve, o sonho é leve, os chineses dominaram a arte de clonar dinossauros de plástico e o tempo não para. Não para nem pra gente chorar o defunto. Afinal, setembro tá aí, batendo na porta, e com ele a promessa de uma primavera colorida e a festa de inauguração do Bagaça!


O Bagaça! será um misto de bar e casa de show, com chopp gelado, comidinhas gostosas e uma programação musical de segunda a sábado. Comigo, nessa empreitada, terei a parceria luxuosa dos meus novos sócios: Rolan Crespo (um dos diretores do Caiubi) e Barbosa (como disse o Zé, o único garçon-técnico de som do mundo!)


Conto com a galera do bem pra divulgar a bagaça, pra conhecer a bagaça, frequentar a bagaça e fazer o BAGAÇA! virar.
É nóiz.

habla hector

lá na época que trabalhei na som livre loja virtual estive no set de filmagens de carandiru (2003). fui com o mano jefferson peixoto e acompanhei algumas cenas. lembro de luis carlos vasconcelos e caio blat. lembro da tropa de choque em posição de ataque na frente de um dos pavilhões em revolta (o contraplano com os presos nas janelas tinha sido filmado no dia anterior). lembro que, muy ironicamente, surgiu uma pomba & branca minutos antes do "ação!" e que o cineasta hector babenco, vendo-a, disse: "uma pomba branca?! vamos comer com polenta!". dessa vez não houve entrevista.

tempo passou e agora no início do ano fui até o escritório de sua produtora, pertinho do parque do ibirapuera, para uma entrevista (reportagem pra
monet de agosto que tá rodando aí). a deixa foi uma retrospectiva quase total de sua carreira lá no canal brasil com a seguinte programação: pixote, a lei do mais fraco + pixote in memoriam (dia 18), o rei da noite (dia 19), o beijo da mulher aranha + making of (dia 20), lúcio flávio - passageiro da agonia (dia 21), brincando nos campos do senhor + making of (dia 25), coração iluminado (dia 26), carandiru + carandiru.doc (dia 27) e o passado (dia 28). uma pena que o belo e triste pra cacete ironweed, aquele com jack nicholson e meryl streep, ficou de fora. o resultado de quase 1h30 de conversa das mais francas segue abaixo. as fotos que ilustram o texto são do pessoal da cia. de foto (que durante a sessão fez aquela longa exposição que postei dias atrás).


FALA BABENCO

Rua estreita, arborizada, toda residencial. Nela, uma casa com clima de cidade interior, varandinha e jardim na frente. Mas não é aqui a residência de Hector Babenco. “Ele já está chegando, mora aqui pertinho”, tranquiliza Susana, assistente do cineasta, logo após abrir o portão. Nas paredes da sala de recepção de sua produtora, a HB Filmes, alguns cartazes de suas produções dividem espaço com uma estante repleta de caixas com documentos intituladas Coração Iluminado ou então Carandiru ou então qualquer outro de seus nove longas. Este mês, oito deles estarão numa inédita retrospectiva, acompanhados de quatro documentários de bastidores e um perfil, que o Canal Brasil dedica ao mais brasileiro dos cineastas argentinos (ou vice-versa). “Um café enquanto espera?”, é novamente Susana pelejando contra o tempo.

Mas não demora muito para o sotaque inconfundível de Babenco, imutável apesar de quatro décadas de São Paulo, surgir da rua. Após dois telefonemas, sendo um para o amigo Arnaldo Jabor com o objetivo de combinar um teatro mais tarde, a entrevista começa. Logo de cara, e muito francamente como é seu hábito, explica porque nunca antes tinha liberado seus filmes para exibição na TV. “Sempre achei que a televisão é um baita mercado para filmes, mas não existe no Brasil uma legislação que proteja os realizadores dos preços ofensivos que as TVs oferecem.”

Antes da proposta do Canal Brasil, Babenco só abriu exceção em 2005 para a TV Globo passar Carandiru, que chegou a dar surpreendentes 50 pontos de audiência, como uma porta de entrada para a minissérie Carandiru – Outras Histórias, no qual assinou como produtor. Agora, menos pelo preço e mais pela oportunidade de alcançar um novo público, o cineasta de 63 anos arregaçou as mangas e levou seus primeiros filmes (O Rei da Noite, Lúcio Flávio, Pixote e O Beijo da Mulher Aranha) para serem restaurados em Los Angeles. Ironweed, o único de fora da retrospectiva, não entrou porque a distribuidora que detém seus direitos de exibição, a Lions Gate, não aceitou o preço oferecido pelo Canal Brasil. “Quero também mostrar o que fiz para pessoas que não tiveram acesso e a TV pode cumprir esse papel. A minha missão como cineasta avança com isso. Quer dizer, é mostrar o que construí para ser consumido de uma forma mais democrática.”

E, Babenco, como foi rever seus filmes? A primeira reação veio em forma de uma estrondosa e enigmática gargalhada para depois ganhar forma de reflexão. “É sempre uma coisa muito forte porque remete a uma sensação de surpresa de ver quem eu era quando fiz esses filmes. Porque você vai crescendo e se esquece de quem foi; o que buscava quando os fez; e o que conseguiu lograr do que desejava. O momento da criação desses filmes sempre foi muito instintivo, irracional, gestual, de entrega total, como se fosse uma obsessão. Cada filme acaba virando um pedacinho da sua memória jogado ao mundo. Acredito que são os melhores pedaços de mim.”

O AMOR É FILME – Babenco é um sobrevivente. Primeiro, de si próprio, pois passou boa parte da década de 1990 lutando contra um câncer no sistema linfático. A cura veio tanto pelo cinema (Coração Iluminado) quanto pela medicina e durante este processo conheceu e se tornou amigo do médico Dráuzio Varela, que estava começando a escrever Estação Carandiru, que viria a se tornar seu próximo filme.

Mas o cineasta também é um sobrevivente de uma geração de cinéfilos que se formou na década de 1960, em tempos de Nouvelle Vague, Cinema Novo e outras revoluções culturais. “Uma vez o [Francis Ford] Coppola me disse: “Hector, não interessa um filme, o que interessa é se a gente foi capaz de lograr, em alguns filmes, imagens que fiquem no inconsciente dos espectadores”. Caralho! Tenho algumas imagens emblemáticas em meus filmes! A cena da Marilia Pêra amamentando o Pixote me levou, na época da filmagem e agora quando a revejo, a um momento sublime de criação, assim como senti quando assisti Ingmar Bergman, Michelangelo Antonioni, ou quando vi pela primeira vez Acossado do Jean-Luc Godard. São coisas que te revelam um universo em um momento que não se repetirá jamais. Hoje em dia, nesse universo poluído pela banalidade das imagens, os jovens precisam ter sensações assim, porque faz tempo que o cinema perdeu sua qualidade sagrada.”

Mas ele não é do tipo que se irrita e muito menos pragueja contra “esse mundo de hoje”. Após uma pausa encosta o charuto no cinzeiro. “Sou meio louquinho. Tento fazer filmes fáceis porque tenho um lado que adora ser comunicador, não gosto de coisas herméticas, mas é que existe uma relação entre as coisas que faço e o meu inconsciente. Por isso prefiro evitar esse compromisso de dizer que algo é a verdade. Vejo meus filmes como sonhos que posso ter à noite.” Quando estes sonhos recebem o sinal verde para se tornarem realidade reveladas em 24 quadros por segundo, Babenco entra em uma nova espiral de loucuras pessoais. Adora procurar locações, o processo de montagem e as primeiras horas de um dia de filmagem. “Descubro o filme a cada dia no set. Quer dizer, tenho meus planejamentos, dou o máximo de informações possíveis para meus colaboradores, deixo eles brincarem a vontade e na última hora escolho os ingredientes pra fazer o meu cardápio. Das 7 e meia às 9 da manhã sou uma fera e posso ter ataques de raiva ou momentos de alegria quase histérica que não hesito em comunicar pra todo mundo. O resto do dia é mecânico. Tento respeitar aquilo que inventei nas primeiras duas horas.”

ALTER-EGOS - Foi em 1969 que Babenco pisou pela primeira vez no país e apenas oito anos depois se naturalizou. Nesse meio tempo, e em plena ditadura, o cineasta mergulhou nas belezas e horrores de um país em intensa transformação e conseguiu produzir dois clássicos muito brasileiros (Lúcio Flávio e Pixote), sempre acompanhado dos melhores atores e atrizes nacionais. Mas o sucesso internacional de Pixote o levou a Hollywood que lhe deu atores e dinheiro para o oscarizado O Beijo da Mulher Aranha. Seu filme seguinte, Ironweed, o fez trabalhar com Jack Nicholson e Meryl Streep, e poucos anos depois, em Brincando nos Campos do Senhor, reuniu-se com outros grandes atores e atrizes americanos. Já nos mais recentes Coração Iluminado e O Passado contou, pela primeira vez, com profissionais que falavam sua língua natal.

Entre atores e atrizes de tantas nacionalidades, Babenco não vê superioridades. “Não há a menor diferença em trabalhar com Jack Nicholson ou Paulo José, com Meryl Streep ou Marilia Pêra. É o que sinto. O grau de responsabilidade tem que ser o mesmo. É que me afino mais com atores brasileiros porque eles tem, por exemplo, menos carga cultural que os argentinos, que são mais acadêmicos. O Brasil é mais radical, espontâneo, natural, e é a naturalidade que mais me interessa em um ator.”

Mil lembranças devem passar por sua cabeça e como não é sujeito de fazer média assume um erro que lhe tirou muitas noites de sono: a escalação de Tom Berenger como um índio americano em Brincando nos Campos do Senhor. “Ele é uma merda, uma estátua, uma pessoa sem emoção, careta e impermeável.” Mas esse assunto é coisa do passado e Babenco agora pensa, com tranquilidade, no que vai fazer com o seu futuro. Tem duas histórias na ponta da agulha, uma épica e bem brasileira e outra mais autobiográfica. “Tô vendo qual delas me inspira mais.” Um ponto em comum com toda sua filmografia: a certeza de que cinema pode ser mais, pode ser outra coisa.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

duas fotos

mambo supermercado, vila madalena, são paulo, 2009

mambo supermercado, vila madalena, são paulo, 2009

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

CORJA #3

pois é, amiguinhos e amiguinhas, é o corjacast #3 nas paradas. esse demorou um pouquinho porque o valtinho pegou umas merecidas férias e saiu por aí, mas, olha só, gravamos na quinta passada, dia 6 de agosto, e o bichão já está rodando para seu deleite auditivo. mais um vez colamos no cafofo do edson e dessa vez ocupamos a cozinha pra todo mundo ficar juntinho gostoso. é aquele lance do calor do momento, saca? fora que clementina acompanhou a gravação e deu até umas roncadinhas.

bem, o programa da vez traz nosso bom e velho papo aranha entre canções de pitty, wado, dg & anão, la lupe, quarteto olinda e finalizando com cidadão instigado e "como as luzes", do disco novo
uhuuu! (independente, 2009). ao fundo, a parceria dos enigmáticos clutchy hopkins & lord kenjamin feitas para o disco music is my medicine (ubiquity, 2009). se preferir dá pra baixar o corjacast AQUI. divirta-se, comente e até a próxima.

a formação clássica do fab four: edson, dafne, valter & oga

domingo, 9 de agosto de 2009

spirital biutí

em maio escrevi um texto-reportagem, o primeiro exclusivo aqui pro esforçado, sobre o miss brasil 2009. tô aqui contando os dias pra diversão garantida que será o miss universo 2009 (em 23 agosto) que terá a presença da brasileira-potiguar larissa costa. agora, olha só o video oficial com uma entrevista da moça que já começa assim "brazil is a country with vast natural beauty and people, brazilian, welcome everybody". é nozes.



via te dou um dado. e agora com legendas (!).

domingueira

domingo é dia da feirinha de antiguidades (e afins) lá no bixiga. programinha bacana e recorrente na minha vida, muito por causa de carolina e sua paixão arqueológica-estética. beleza. procurando uma música + video pra domingueira decidi dar uma vasculhada nos arquivos do música de bolso e encontrei esse que ainda não tinha visto e que é ambientado na feirinha, em um domingo de sol como o de hoje (dia dos pais, preciso ligar pro meu, aliás).

é o mineiro-carioca marcelo frota, também conhecido como momo, que é/foi integrante do excelente fino coletivo (com wado, alvinho lancelotti, etc.) e tem dois discos solo no currículo. esse video é da faixa que dá nome ao segundo disco do rapaz, o belíssimo e triste buscador (independente, 2008). música bonita da porra.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

mensagem de um de nossos patrocinadores

"obrigado a vocês pela atenção dispensada e cuidado com o brasil! ele tanto pode fazê-los felizes, como enfiá-los num buraco do cacete. vamos torcer pela felicidade".
jards macalé, 1º de abril de 2006, para o gafieiras


p.s.: e hoje o esforçado completa 6 meses de existência com 10.500 pageviews e 7000 visitas. esses números cresceram com minha entrada no twitter no final de abril (já tenho quase 500 seguidores por lá e umas 1000 e poucas tuitadas). tenho nem palavras pra agradecer a todos que passam por aqui e por lá. experiência ótima, transformadora, não sei porque não comecei antes. ainda falta uma troca maior nas janelas de comentários, mas é coisa de tempo, confiança que preciso ganhar. considerem-se abraçados com carinho.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

longa exposição

esse é o nome de uma série que os chapas da cia de foto começaram a pouco tempo. ideia simples: ao invés de fotografar, a câmera filma. e filma a espera, a concentração, o tempo. figuras ilustres dão o ar da graça nessa primeira leva. dica de rafael jacinto, galã, fotógrafo de olhos cheios e pai do teodoro. em fevereiro, quando o esforçado ainda não tinha um mês de vida, o rafael me passou outra quentinha do estúdio: a censura na inglaterra de uma exposição do coletivo ("caixa de sapato"). tá aqui.

o primeiro video é de 23 de junho e traz o mestre thomaz farkas, o fotógrafo e jornalista eder chiodetto e o multihomem marcelo tas.



aí, em 10 de julho, eles isolaram eder chiodetto e deixaram o som ambiente. resultado genial.



e hoje, 4 de agosto, eles trouxeram o concentrado hector babenco (de novo com som ambiente, que sempre deixa o resultado mais interessante). fizeram o video durante a sessão de fotos pr'uma matéria que fiz pra monet de agosto. os dois retratos, foderosos, estão no blog deles. nos próximos dias subo aqui a matéria.



ah, os caras tão em todo lugar: youtube, blog, flickr, site oficial e twitter. destaque para o blog (o flickr é hors concours) que traz imagens de outros fotógrafos, notícias do meio, viagens, dicas, etc. & etc. 'favoritos' total.

domingo, 2 de agosto de 2009

duas fotos

fortaleza, ceará

palmital, são paulo

domingueira

esse é fera neném. quer dizer, não é neném, acabou de fazer 36, mas é fera. andrew bird. conheci o sujeito quando a trama lançou aqui, no início dos 2000, os discos thrills (rykodisc, 1998) e oh! the grandeur (rykodisc, 1999), segundo e terceiro discos respectivamente. sonoridade retrô, com uma levada new orleans por causa de seu violino, humor, calor e sentimentos. era rock, e folk também, e outras coisas. aí, já na internet, conheci o genial the swimming hour (rykodisc, 2001). ele ainda assinava como andrew bird's bowl of fire, mas o retrô se atualizava por novos caminhos. e assim o multiinstrumentista de chicago chegou aos "experimentais" weather systems (grimsey, 2003) e andrew bird & the mysterious production of eggs (righteous babe, 2005), e confesso que pouca coisa ficou na minha memória. quer dizer, ele foi ficando mais eletrônico, com alguma vizinhança ao radiohead (digamos assim), e lançou o interessante armchair apocrypha (fat possum, 2007), com desdobramentos em soldier on (fargo, 2008). no início do ano, lançou o excelente noble beast (fat possum, 2009), com direito a uma edição de luxe com dois discos, no qual o 2 é a versão instrumental (aberta pra edições, versões, remixes). no disco que traz canções geniais como "oh no" e "not a robot, but a ghost", andrew bird equilibra muito bem seus inúmeros interesses/influências musicais. é como disse, fera.

mas a domingueira de hoje é com "why?", uma das preferidas pessoais do disco the swimming hour. aqui, ao vivo e em 2008, no guthrie theatre, em minneapolis, minnesota. o canal dele no youtube tem mais uma pancada de coisas, principalmente ao vivo.



e agora escuta só a versão original.



não pude resistir. vai mais um video. agora é o clipe de "imitosis", do disco armchair apocrypha.

sábado, 1 de agosto de 2009

alzira nunca está sozinha

fazia tempo que não postava nenhum texto então fui ao baú, mais especificamente ao das minhas colaborações para a editora spring, e catei esse sobre a cantora alzira espíndola (ou alzira e), que foi publicado, junto com o perfil do saudoso otto stupakoff, em dezembro de 2007 na tam magazine (última edição dessa revista na casa).

sou fã de alzira, de sua voz diferente, de seu jeito tímido, de sua amizade intensa com itamar assumpção (foi nos fundos de sua casa de pinheiros que entrevistei, em 1998, o nego dito; entrevista publicada originalmente na revista a nível D e depois no gafieiras). poucos artistas brasileiros possuem discos tão belos e autorais quanto
amme (baratos afins, 1992), peçamme (baratos afins, 1996), ninguém pode calar (dabliú, 2000), paralelas (duncan discos, 2005) e alzira e (duncan discos, 2007). e olha que ela só tem mais outros dois solo! bem, de lá pra cá, além de shows e projetos, alzira só lançou um compacto com a canção "chega disso", outra parceria com o poeta arrudA, mas que tinha sido lançada anteriormente pela amiga zélia duncan (dá pra ouvir no myspace). enfim, não deixe de conhecer alzira espíndola. ouça e ame.

alzira e itamar no início dos anos 1990, época do
disco amme (foto de glória flügel)

DE INTIMIDADE SE FAZ MÚSICA

Ser independente não é das coisas mais fáceis na vida, principalmente no Brasil. Muita bateção de cabeça, portas fechadas, grana curta e todo um calvário de problemas grandes, médios e pequenos. Existem compensações, claro, e a liberdade é uma delas. Perto de completar 50 anos, a cantora e compositora Alzira Espíndola sabe dos caminhos que chegam e dos que se afastam; e agora comemora uma outra fase de sua independência fortalecida por uma nova geração de ouvintes e pela rapidez de comunicação proporcionada pela internet. Mas não é porque Alzira Espíndola agora assina Alzira E (“além de abreviar o Espíndola confirma que nunca estou só”, e dá uma risadinha) que seu principal motor criativo mudou de foco. Afinal, é da intimidade com amigos como Itamar Assumpção, arrudA, Alice Ruiz e Zélia Duncan, com a cidade de São Paulo e com as raízes sulmatogrossenses que nasceu e nasce sua música.

“Não sei cantar sem viver. Ter certeza disso me deu uma nova segurança. Não me sinto perdida na minha carreira e nem com as minhas músicas. Quer dizer, nunca toquei no rádio, nunca fui à Globo, não tenho gravadora, mas estou feliz, cara! Não adianta ter tudo isso e não ter o que tenho. Eu me achei. A lição é essa”. Descobrir isto levou tempo e essa história começa em Campo Grande (MS) com a pequena Alzira fazendo vocais e tocando violão junto com os irmãos Geraldo e Celito e a irmã Tetê Espíndola em shows caseiros e no circo que de vez em quando apeava em frente de casa. Alzira, a mais nova, era a mascote da família musical e foi chamada pelos irmãos para formar o Luz Azul.

O grupo durou pouco porque as irmãs decidiram sair de casa, ambas para São Paulo, mas por razões diferentes. Tetê veio em busca de horizontes para o seu trabalho, mas Alzira veio mesmo para ter um bebê e formar família. Tetê saiu na frente e através de um novo amigo, o compositor Arrigo Barnabé, conseguiu um contato para gravar seu primeiro LP. Nasceu assim, em 1978, o disco
Tetê & O Lírio Selvagem, sendo que os tais lírios eram os irmãos Sérgio, Celito e Alzira. “Só fui cantar, ter coragem de cantar sozinha em público, aos 21 porque achava que não era cantora. Só fazia uns vocalzinhos. Mas na verdade fazia as vozes mais difíceis, as quartas. Então fui desenvolvendo um vocal diferente e me aperfeiçoando nesse negócio. Fui onde tinha uma beirinha pra mim”. O Lírio Selvagem também não durou, mas desde então os Espíndola mantém uma saudável combinação: eventualmente participam uns dos trabalhos dos outros, mas cada um mantém sua carreira.

Entre o final da década de 1970 e o início dos anos 80, Alzira conheceu toda a turma da Vanguarda Paulistana, mas ainda tímida optou por se dedicar à família e logo vieram outras três crianças no auto-exílio em Ubatuba (SP). O violão nunca lhe deixou, muito menos os amigos e as parcerias, só que tudo tem seu tempo e Alzira voltou de vez a São Paulo, em 1987, para dar início a sua carreira solo. “Eu me identifiquei mais com o pessoal de São Paulo porque nunca consegui compor essas músicas regionais como fazem até hoje Almir Sater, Paulo Simões e até a própria Tetê; trabalhos que exaltam a natureza, os animais. Sempre quis fazer uma coisa mais urbana”. Para seguir em frente, no entanto, Alzira sentiu a necessidade de fazer de sua estréia discográfica um acerto de contas com o seu passado de toadas, guarânias e outras bossas do Centro-Oeste. Feito o disco, estava livre para ser o que bem quisesse.

Seu grande mentor nestes novos tempos de liberdade foi, sem dúvida, o amigo Itamar Assumpção que depois de muita insistência (por parte dela) se tornou seu diretor musical e principal parceiro, além de amigo até debaixo d’água durante boa parte da década de 1990. “[Foi uma relação] intensa e complexa, mas com muito amor. A gente teve muito amor para segurar a nossa convivência e um dos frutos disso é que as nossas filhas ficaram muito amigas [Iara Rennó e Anelis Assumpção, integrantes da banda DonaZica]. Não tem nenhum momento da minha carreira que eu não fale o nome dele”, afirmou, olhos levemente marejados, sobre o artista que deixou a todos orfão em 2003. Os outros frutos dessa amizade foram os belos discos
Amme (1992) e Peçamme (1996), além de uma série de canções que já foram gravadas por artistas como Ney Matogrosso, Zélia Duncan e Carlos Navas.

A partir deste encontro com Itamar, Alzira se sentiu segura para encarar o que viesse pela frente, desde um disco em que interpretou composições de Maysa (
Ninguém Pode Calar, 2000) até uma reunião de música e poesia com a amiga Alice Ruiz (Paralelas, 2005). Agora, vinte anos depois de sua estréia em disco, a cantora e compositora lança um novo disco, Alzira E, feito em parceria com o jovem poeta arrudA, autor do blog Saudade do Papel. “Tudo o que o Arruda escreveu é como se também fizesse parte de mim. Tem que rolar essa história íntima. Não sou um artista que tenha técnica e por isso entro em um trabalho sem saber pra onde vou, mas sempre parto da minha vida cotidiana. Vivi as músicas regionais pantaneiras, vivi Maysa, vivi Itamar Assumpção, vivi Alice Ruiz e agora o arrudA. Tá bem claro que pra mim é assim. Ah, e outra coisa que é bom falar, não acho que o pop não possa ter poesia”. Independente, popular, mãe, urbana, compositora, autoral, pantaneira e internauta (“É o fim das barreiras que rotulavam artistas como marginais ou malditos”), tanto faz. Alzira E não está sozinha.

e aqui, o video da música "existem coisas na vida" (alzira e itamar). música originalmente gravada por ney matogrosso no disco inclassificáveis (emi, 2008).