segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

35 discos gringos de 2013 e algo mais

já meio que adiantei na lista das “70 músicas gringas” dois dos melhores discos segundo o gosto da casa. o mergulho jamaicano de snopp dogg em reincarnated (que também virou um excelente documentário) é um compêndio e tanto de velhos e novos ritmos da ilha, tudo habilmente misturado com rap na produção de diplo/major lazer (e snoop ainda arranjou tempo de cair no funk como snoopzilla em outro trabalho). já matangi, o quarto disco de m.i.a., é uma volta aos sons espertos, rascantes e pesados de arular (2005) e kala (2007). são discos intensos, variados musicalmente e politicamente urgentes.   


tem também um disco muito especial que foi um dos mais ouvidos por aqui: brassens – echos d’aujourd’hui, um tributo ao cantor e poeta francês georges brassens com participações de artistas de muitas partes do mundo, desde o brasileiro rodrigo amarante até as colombianas do grupo canalon de timbiqui, passando pelo francês blundetto, o americano shawn lee, a inglesa lianne la havas e as argentinas hermanas caronni. disco bonito da porra.


outro destaque do ano foi o rap – como também aconteceu na lista de discos do brasil – só que diferente daqui, quem mandou bem no mundão foram artistas veteranos ou com vários anos de estrada. teve snoop dogg (lion) e m.i.a., e ainda jay-z, kanye west, ghostface killah, busta rhymes, q-tip, rjd2 e o grupo hieroglyphics. outra contribuição feminina veio com o ótimo bruja, da espanhola mala rodriguez.


pra encerrar essa primeira leva de destaques, três grandes discos instrumentais: o retorno do mestre mulatu astatke em sketches of ethiopia, o piano solo de john medeski no delicado a different time e o jazz latino inspiradíssimo de chucho valdes em border-free. e, sem mais delongas, os 35 melhores discos gringos de 2013 segundo o esforçado.

am & shawn lee - la musique numerique
arcade firereflektor
busta rhymes & q-tip - the abstract and the dragon
caro emerald - the shocking miss emerald
charles bradley - victim of love
chico mann - magical thinking
deela - ritmo de las cavaleras
elvis costello & the roots - wise up ghost and other songs
ghostface killah & adrian younge - twelve reasons to die
hypnotic brass ensemble - fly: the customs release
janelle monáe - the electric lady
jay-z - magna carta holy grail
john medeski - a different time
justin timberlake - the 20/20 experience
kanye west - yeezus
la femme - psycho tropical berlim
la yegros - viene de mi
matias aguayo - the visitor
m.i.a. - matangi
mulatu astatke - sketches of ethiopia
nick cave & the bad seeds - push the sky away
nightmares on wax - feelin' good
rjd2 - more is than isn't
snoop lion - reincarnated
stromae - racine carrée
the hieroglyphics - the kitchen
the lions - this generation
toro y moi - anything in return
valerie june - pushin' against a stone

agora é a hora e a vez da segunda lista. discos muito interessantes que por um motivo ou outro não entraram na lista principal: gosto pessoal, momento da vida, humor, não foram ouvidos com tanta frequência, chegaram no finalzinho do ano pro mundo ou pra mim (por exemplo, drake, young fathers, federico aubele e sébastien tellier). tem mais 35...

andrew bird - i want to see pulaski at night
archie shepp & attica blues orchestra - i hear the sound
blitz the ambassador - the warm up EP
booker t. jones - sound the alarm
buika - la noche más larga
capicua - capicua goes west
dam-funk & snoopzilla - 7 days of funk
david bowie - the next day
david lynch - the big dream
deolinda - mundo pequenino
drake - nothing was the same
femi kuti - no place for my dream
franz ferdinand - right thoughts, right words
goodie mob - age against the machine
gregory porter - liquid spirit
keith jarrett, gary peacock & jack dejohnette - somewhere
kid cudi - indicud
kobo town - jumbie in the jukebox
lee fields & the expressions - let's talk it over
mayer hawthorne - where doed this door go
mayra andrade - lovely difficult
omar souleyman - wenu wenu
owiny sigoma band - power punch
sébastien tellierconfection
the cactus channel - wooden boy
the heliocentrics - 13 degrees of reality
the liberators - power struggle
the strokes - comedown machine
tribecastan - new songs for the old country
vampire weekend - modern vampires on the city
young fathers - tape two EP

e aqui mais uma listinha singela com outros discos interessantes que ajudaram na trilha de 2013 e alguns até emplacaram nas melhores músicas do ano.

amadou & mariam (mali meets latin america EP), bajofondo (presente), beyoncé (beyoncé), boban & marko marković orchestra (gipsy manifesto), bonobo (the north borders), childish gambino (because the internet), da lata (fabiola), danny brown (old), dizzee rascal (the fifth), eminem (the marshall mathers LP 2), family atlantica (family atlantica), fanfara tirana meets transglobal underground (kabatronics), fimber bravo (con-fusion), ghostpoet (some say i so i say light), gogol bordello (pura vida conspiracy), hot chip (dark & stormy), jamie lidell (jamie lidell), john scofield (überjam deux), laura mvula (sing to the moon), major lazer (free the universe), marc ribot's ceramic dog (your turn), marques toliver (land of canaan), mazzy star (seasons of your day), moby (innocents), new order (lost sirens EP), orgone (new you), poliça (shulamith), quadron (avalanche), robin thicke (blurred lines), sexmob (cinema, circus & spaghetti: sexmob plays fellini), shantel (anarchy + romance), sizzla (the messiah), talib kweli (prisoner of conscious), the bamboos (fever in the road), the electric peanut butter co. (trans-atlantic psych classics vol.2), the greyboy allstars (inland emperor), the internet (feel good), the stepkids (troubadour), wale (the gifted), winston mcanuff & fixi (a new day) e zaz (recto verso).

ao fim, ao cabo, a derradeira lista. são projetos especiais, coletâneas caprichadas (a analog africa sempre presente, claro) de artistas cultuados na américa do sul, sudeste asiático, áfrica e oriente médio ou então ao vivos inéditos, invariavelmente jazzísticos, que saem de algum fundo de depósito. sons antigos, mais ou menos antigos, e muito, muito atuais.

abelardo carbonó (el maravilloso mundo de abelardo carbono), afrobeat airways 2: return flight to ghana (1974-1983), angola soundtrack 2 - hypnosis, distorsions & other sonic innovations (1969​-​1978), bob thiele emergency (head start), dave brubeck & tony bennett (the white house sessions live 1962), el sonido de la carretera central con el rey de la guitarra teo laura, goush bedey funk, psychedelia and pop from the iranian pre-revolution generation, john coltrane (sun ship: the complete sessions), juaneco y su combo (the birth of jungle cumbia), los nuggetz: 60's punk, pop and psychedelic from latin america, meridian brothers (devoción (works 2005-2011)), miles davis (four & more), miles davis (so what: the complete 1960 amsterdam concerts), orchestre poly-rythmo de cotonou (the skeletal essences of afro funk 1969-1980 vol.3), pop yeh yeh psychedelic rock from singapore and malaysia vol. 1 (1964-1970), rodrigo leão (songs (2004-12)), thelonious monk (paris 1969), voltaique panoramique vol. 1 e william onyeabor (who is william onyeabor? world psychedelic classics vol. 5).

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

70 músicas gringas de 2013

muito bem. brasil resolvido com as “50 músicas” e os “35 discos e algo mais”. agora é vez de músicas do resto do mundo. ano que teve o surgimento de dois novos fenômenos, “get lucky” do daft punk (acabei preferindo outra do ótimo disco dos franceses) e “blurred lines” do robin thicke, músicas que geraram paródias e muitos covers mundo afora.

agora, uma das coisas legais de se fazer primeiro a lista de músicas e depois a de discos é que fica claro o seguinte: se é difícil escolher apenas uma música de determinado disco ele certamente estará entre os melhores do melhores. parece óbvio, talvez seja, mas a ordem dos fatores, no caso, altera sim o viaduto. ou pelo menos facilita o trabalho.

o que ficou claro pra mim é que os discos com músicas mais potencialmente “listáveis” deste ano foram (nessa ordem) reincarnated do snoop lion e matangi da m.i.a.. do disco desta encarnação jamaicana de snoop dogg entrou “tired of running”, mas poderia ser “la la la”, “remedy”, “no guns allowed”, “here comes the king” ou “torn apart”. Do quarto disco de m.i.a. veio “bad girls”, que poderia muito bem ser substituída por “bring the noize”, “double bubble trouble”, “matangi”, “y.a.l.a.” ou “sexodus”. mas a lista de discos já vem, 2013 ainda não acabou...

e o que esperar dessa lista aqui? a boa e velha diversidade (não confundir com seu primo pobre, o ecletismo) que é outra das características da casa: além das potências estados unidos e reino unido aparecem também músicas do chile, portugal, espanha, gana, bélgica, austrália, canadá, frança, niger, argentina, cabo verde, chipre, o diabo a quatro. muito rap em tudo, como sempre, umas instrumentais aqui, umas “étnicas” acolá, e pop também. um pouco de tudo que balança e instiga nesse mundão.


am & shawn lee - “come back to me
andrew bird - “pulaski at night
arcade fire - “here comes the night time
arctic monkeys - “do i wanna know?
atoms for peace - “before your very eyes
beyonce - “drunk in love” [feat. jay-z]
blitz the ambassador - “dikembe
bombino - “imuhar
busta rhymes & q-tip - “vivrant thing” [feat. missy elliott]
capicua - “jugular
caro emerald - “liquid lunch
casseurs flowters - “la mort du disque
charles bradley - “love bug blues
chico mann - “estrellitas (littles stars)
daft punk - “lose yourself to dance” [feat. pharrell]
david bowie - “valentine’s day
david lynch - “are you sure
deela - “get your freakumbia
deolinda - “medo de mim
depedro - “hombre bueno
devendra banhart - “won’t you come over
dizzee rascal - “i don’t need a reason
elvis costello & the roots - “walk us uptown
eminem - “rhyme or reason
femi kuti - “na so we see am”  
franz ferdinand - “goodbye lovers & friends
ghospoet - “plastic bag brain
goodie mob - “southern girl
gregory porter - “musical genocide
hieroglyphics - “gun fever
hypnotic brass ensemble - “fly” [feat. aquilla sadallah]
jagwar ma - “come save me
jamie lidell - “what a shame
janelle monáe - “q.u.e.e.n.” [feat. erykah badu]
jay-z - “somewhere in america
justin timberlake - “mirrors
kanye west - “black skinhead
karl hector & the malcouns - “can't stand the pressure
kid cudi - “solo dolo part 2” [feat. kendrick lamar]
la femme - “la femme ressort
la yegros - “trocitos de madera
laura mvula - “green garden
le1f - “spa day
lily allen - “hard out here
mayra andrade - “rosa
m.i.a. - “bad girls
mala rodriguez - “cuando tu me apagas
matias aguayo - “el camarón
mayer hawthorne - “robot love
mazzy star - “sparrow
moby - “the perfect life” [feat. wayne coyne]
monsieur doumani - “young upwardly-mobile professional” [feat. maroulla constantinou]
nick cave & the bad seeds - “we know who u r
nightmares on wax - “be, i do
owiny sigoma band - “harpoon land
rjd2 - “temperamental” [feat. phonte coleman]
robin thicke - “blurred lines” [feat. t.i. & pharrell]
shantel - “golden” [feat. cherilyn macneil]
snoop lion - “tired of running” [feat. akon]
stromae - “tous les mêmes
the cactus channel - “wooden boy (part 1)
the liberators - “power struggle
the lions - “padre ichiro” [feat. malik moore]
the strokes - “one way trigger
toro y moi - “high living
valerie june - “wanna be on your mind
vampire weekend - “ya hey
winston mcanuff & fixi - “if you look
zaz - “cette journée

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

beijo, reginaldo rossi

artista popular é isso. vida e morte são festas. 



curta documental de ricardo labastier (imagens e edição) e caíque mulatinho (edição). dica do cineasta kléber mendonça filho (o som ao redor) no facebook.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

50 músicas brasileiras de 2013 e um p.s.

dezembro é aquela coisa. listas e balanços, balanços e listas. a retrospectiva aqui no esforçado começa com a de músicas brasileiras e 2013 foi mais um ano sensacional pros lados de cá. como é de costume tento traçar um largo panorama do que ouvi durante o ano - aqui nós é da inclusão, tá ligado? -, mas é claro que ficam coisas de fora e claro que poderia acrescentar mais duas ou três músicas de determinados discos. só que a vida é escolhas, né não? engole o choro e vai...

agora, reparem o seguinte... boa parte da lista é formada por raps, gênero que tem sido o mais ousado, inquieto e variado nesse começo de século no brasil. são manos e minas rimando sobre tudo, sem medo de arriscar e misturar. um desses raps é, muy provavelmente, a música mais bonita desse ano e desde já um clássico: "crisântemo", do emicida. do lado da, digamos assim, mpb destaco a lindíssima, sambística e experimental "sim", de cacá machado, registrada num dueto arrepiante de elza soares e zé miguel wisnik.



aláfia - “ela é favela
amiri - “trinca
andreia dias -“brisa tropicana” [part. criolina]
anitta - “show das poderosas
bárbara eugênia - “roupa suja” [part. pélico]
bruno morais – “insomnio y palabrería” [part. 3 cruzeiros]
bruno souto - “dentro
cacá machado - “sim” [part. elza soares e zé miguel wisnik]
catarina dee jah - “intercumbia
cérebro eletrônico - “não bateu nosso santo
cícero - “duas quadras
criolo - “duas de cinco
dj dolores - “álcool” [part. isaar frança]
do amor - “mindingo” [part. lucas santtana]
don l - “cafetina seu mundo
edi rock - “negro cantou” [part. don pixote]
emicida - “crisântemo
gang do eletro - “só no charminho
garotas suecas - “a nuvem” [part. lurdez da luz]
gasparzinho - “vai no cavalinho
iara rennó - “outros tantos
joão rosseto - “pagando pra ver
juliano gauche - “amor do capeta
karol conká - “sandália” [part. rincon sapiência]
lívia cruz - “sei quem eu sou” [part. karol de souza]
lulina - “lua vazia
lurdez da luz - “ping pong
luz marina - “paisagem
marcelo d2 - “fella” [part. shock, batoré e akira presidente]
marcelo jeneci - “de graça
mc garden - “isso é brasil
mc guimê - “país do futebol” [part. emicida]
mc tipocki - “quero bunda
meno del picchia - “vou pro pará
momo - “uu
ná ozzetti - “lizete” [part. kiko dinucci]
rael - “o hip hop é foda
rodrigo amarante - “maná
ruspo - “chatuba do agroboy
síntese - “equação
slim rimografia - “limpe seu próprio quintal
sombra - “piada cabeluda
submarinos - “trampolim
thiago frança - “caso do bacalau” [part. kiko dinucci e rodrigo ogi]
tono - “tu cá, tu lá
trio eterno - “saí descalço
tropkillaz - “morena” [part. nave]
vanguart - “olha pra mim
verônica ferriani - “estampa e só
zulumbi - “babe, eu vou bombar

p.s.: depois de fechar a lista saíram os clipes de "beijinho no ombro" de valesca popozuda e "bai bai" de jaloo, duas músicas que tinha esquecido de colocar na lista. e teve outra música sensacional que não tinha ouvido, passei batido geral, mas que apareceu aos 49 do segundo tempo e senti que precisava deixar o registro. é "bigode grosso" da mc marcelly (aqui num remix à la trap music).





terça-feira, 19 de novembro de 2013

arte é uma piada

há pouco tempo postei aqui os gifs heréticos-renascentistas do canadense james kerr. daí que vi lá no trabalho sujo essas animações sensacionais que a produtora australiana jungleboys fez para o canal de tv abc1. são vinhetas da série cômica the elegant gentleman’s guide to knife fighting. não é só no brasil que a zuera não tem limites.

domingo, 10 de novembro de 2013

vcpraça em são miguel paulista

ontem, 9 de novembro, passei o dia em são miguel paulista, bairro-cidade de 300 mil habitantes na extrema zona leste de são paulo. fui convidado para participar da quarta edição do festival do livro e da literatura de são miguel e minha missão era conversar com quem aparecesse na praça morumbizinho sobre a experiência do #vocêpraça e os assuntos atrelados (arte na rua, ocupação da rua, intervenções, cidade, etc.). e depois andar um tanto pelo bairro fazendo uns #vocêpraça e, aproveitando o embalo, uns #reiopixo.

na bonita e movimentada praça [um dos muitos lugares do festival, programação aqui] acabaram aparecendo umas dez pessoas e eu, que nunca tinha feito nada parecido, deixei logo claro meu amadorismo nessa coisa de falar e que ficassem a vontade para me interromper, afinal o lance ali era para ser realmente uma conversa sobre cidade arte na rua. depois me dei conta que não me apresentei e nem peguei nomes/ocupações/etc. do pessoal que participou. o nervosismo da hora me fez esquecer o lado do jornalista.




único momento que registrei do encontro na praça morumbizinho; poucos depois, carlos (de boné), erika (de saia azul) e cauê (de barba) foram meus guias no rolê por são miguel

mas tirando o meu amadorismo, a conversa foi ótima e durou cerca de uma hora. todo mundo falou, um monte de assuntos foram tratados, consegui tirar algumas risadas (sempre um bom sinal), e saí de lá com aquela sensação boa de encontrar pessoas legais e interessadas, gente que olha pros lados, gente que ouve os outros.

daí que minha sorte máxima foi ter a companhia de três participantes da conversa no rolê posterior para fazer os grafites/pixos. erika, cauê  e carlos, todos integrantes do coletivo caixa preta e moradores ativos do bairro (poucos dias antes tinham espalhado lambes poético-fotográficos por partes de são miguel), foram os meus guias numa caminhada que teve quase 5 km, durou pouco mais de 5 horas, teve um bom consumo de cervejas para hidratar a cabeça aquecida pelo solzão, paradas estratégicas para conversas das mais variadas (de trabalho a relações afetivas), 6 #vocêpraça (mais um na casa de erika e cauê) e 3 #reiopixo.

instantâneo do sábado em são miguel: 6 #vocêpraça e 3 #reiOpixo

no longo caminho de volta pra casa (uns 45 km, por aí) pensei um bocado em como pequenos movimentos pessoais, absolutamente descompromissados, mas feitos com entrega sincera, podem gerar ondas surpreendentes. e que uma das melhores consequências disso são justamente os encontros com pessoas especiais como erika, cauê e carlos. tenho certeza que faremos algo juntos por são miguel, jardim lapenna, jardim pantanal e quetais. isso é só o começo pra todos nós.

fora o trio acima, e o resto das pessoas que participaram da conversa na praça, gostaria muito de agradecer outras que tornaram esse 9 de novembro um dia muito especial pra mim: paula galeano e inácio neto (fundação tide setúbal), e jana soares. beijão, abração, tamos aí sempre.


quarta-feira, 6 de novembro de 2013

não é tempo para tratar de poéticas agora

capicua são números palíndromos, tipo um 1455665541 ou um 474. números que são lidos da mesma forma em um sentido e no seu reverso. capicua também é o pseudônimo de ana matos fernandes, a comandante da guerrilha cor de rosa, uma rapper portuguesa de 31 anos (portuguesa do porto, claro esteja) que tem um trabalho interessantíssimo e bastante engajado politicamente. saca só essa trinca. 







o título da postagem é o verso final de "não, não, não subscrevo...", do poeta jorge de sena (1919-1978), que capicua usa no final de "jugular". o intelectual português, que também foi crítico, ensaísta, ficcionista, dramaturgo, tradutor e professor universitário, morou no brasil, nas cidades paulistas de assis e araraquara, entre 1959 e 1965.

conheci capicua através de uma tuitada de priscilla scurupa, que disse que a rapper seria uma mistura de lurdez da luz e anelis assumpção. é possível, é uma interessante mistura. e a música que priscilla citou, "casa no campo", tem citação e sampler de elis regina. quer dizer, realmente tem um tanto bom de brasil nas rimas e sonoridades dessa mc portuguesa.



ah, todos os trabalhos de capicua estão para download gratuito em seu site oficial: os dois EPs coletivos que participou em 2006 e 2007 e seus trabalhos solos, a mixtape capicua goes preemo (2008), capicua (2012) e a mixtape capicua goes west (2013), que ela fez rimas sobre beats do kanye west. os dois primeiros clipes são do disco de 2012 e "jugular" é da mixtape deste ano.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

lugar de arte é na rua

essa hora ia chegar, claro. sobre street art só tinha feito um perfil (osgêmeos, 2006) e tratado do assunto numa coluna do yahoo ("arte que desmancha no ar", 2012). então veio o convite da audi magazine para o terceiro frila pra revista e a ideia era falar de quatro cidades que são referências na street art mundial: nova york, são paulo, londres e berlim. e falar com algumas pessoas. e fazer um painel histórico. acho que ficou divertido. agradecimentos a décio galina (que me passou mais uma ótima pauta) e edmundo clairefont (que editou o texto na revista), e também a alex senna, ignacio aronovich e william baglione pelas aspas alcançadas. aqui, como sempre, vai o texto que mandei, sem revisões e edições (daqui pra lá, a única grande diferença está na parte de nova york, que edmundo editou muito bem e ficou mais completo).


QUATRO CAPITAIS DA ARTE DE RUA NO MUNDO

O que é preciso para uma cidade se tornar referência na street art? Saiba um pouco das histórias de Nova York, São Paulo, Londres e Berlim, e alguns de seus personagens

Banksy e Osgêmeos em Nova York

NOVA YORK

No princípio era Nova York, cidade que deu régua, compasso e muitos motivos para que, nos anos 1970, a arte de rua surgisse como uma colorida expressão de revolta contra a degradação urbana e a falta de perspectivas. Um dos pilares do igualmente nascente movimento hip hop, o grafite apareceu primeiro em pichações nos muros, metrôs e trens. Eram jovens como Tracy 168 e Kase 2 afirmando seus próprios nomes em versões estilizadas (tags) diante de uma cidade que não lhes dava a mínima e também sobre rivais de outros bairros e turmas.

Na virada para a década de 1980, a pichação foi se sofisticando a partir do trabalho de artistas como Lee Quiñones, Dondi e Fab 5Freddy. Difundidos por eles, novos tipos de letras (“wild style”) e usos de sprays variados fizeram com que o grafite cruzasse fronteiras e começasse a influenciar artistas que não vieram das ruas, tais como Jean-Michel Basquiat e KeithHaring. Apadrinhados pelo papa da pop art Andy Warhol, Basquiat e Haring foram então os pioneiros a entrarem no circuito das galerias de arte, mas suas mortes precoces, em 1988 e 1990 respectivamente, interromperam um ciclo de reconhecimento que estava apenas começando (e que só voltaria, dessa vez com força total, em Londres nos anos 2000).

A partir dos anos 1990, novas técnicas (adesivos, lambe-lambes e estêncil) se uniram aos incontornáveis sprays atraindo novas gerações para as ruas. “Por sua importância histórica para a arte urbana, Nova York continua recebendo grafiteiros do mundo inteiro e apesar da repressão existe uma cena muito forte com lugares que viraram pontos turísticos”, explica Ignacio Aronovich, fotógrafo, jornalista e criador do site Lost Art. Um dos pontos turísticos mais célebres é o Five Pointz, localizado em Long Island, e que está sendo ameaçado de demolição pela voraz especulação imobiliária. Outras áreas procuradas estão no SoHo, Chelsea, Harlem e Brooklyn.

Nos anos 2000, os artistas de rua nascidos ou baseados em Nova York viram a cena ser incorporada pelo mainstream e o que era considerado vandalismo em outros tempos passou a ilustrar capas de discos, posters de filmes de Hollywood, roupas e até campanhas presidenciais (“Hope”, arte feita por Shepard Fairey, que ficou conhecido por seu “Obey”, foi usada pela campanha de Barack Obama em 2008). As ruas continuam sendo o palco ideal para artistas falarem, das formas mais diversas, sobre o mundo de hoje, e o complexo tabuleiro de Nova York ainda é uma de suas melhores traduções.

Rui Amaral em São Paulo

SÃO PAULO

Cidade feia, cinza, degradada. A gigantesca São Paulo pode ser tudo isso à primeira vista, mas basta dar um pouco de atenção a suas quebradas para ver que é exatamente essa sujeira, essa exclusão do humano nos espaços públicos, que a torna uma das mais instigantes galerias de arte de rua do mundo. Essa história não é de hoje, e vem lá desde os anos 1980 com o surgimento de artistas como Osgêmeos, Speto, Vitché, Rui Amaral e Binho, todos com algum tipo de ligação com a pichação e as cenas de rap e skate da cidade. Em comum, muitas cores e figuras humanas estilizadas.

Na década seguinte veio mais uma leva, dessa vez capitaneada por figuras como Herbert Baglione, Onesto, Zezão, Nunca e Stephan “Calma” Doitschinoff. Foi o tempo de novas experimentações que iam do expressionismo de Baglione ao abstracionismo azulado de Zezão. Também é dessa época Eduardo Kobra que, com o passar do tempo, tornou-se um dos muralistas mais pops da cidade.

A evolução de estilos e a variedade de propostas deram mais um salto nos anos 2000 com a proliferação da internet e a possibilidade de compartilhar rapidamente os registros das intervenções (é sempre bom lembrar que uma das essências da arte de rua é seu curto tempo de vida). Então se juntaram ao grupo jovens artistas como Crânio, Magrela, Treco, Chivitz, Flip e Alex Senna, com estilos bem diferentes e discursos muito pessoais sobre a cidade. Destoando um pouco, mas da mesma geração, Alexandre Orion passou a criar obras que são fotografias de seus grafites e estêncils se relacionando com as pessoas da cidade. Tudo muito novo e cheio de possibilidades.

O paulistano Senna, por exemplo, começou a desenhar nas ruas apenas em 2006, mas já possui um invejável currículo tanto no Brasil quanto no mundo. “Andar na rua é como estar em uma grande galeria”, diz Senna. Só que o artista que assinou trabalhos para grandes marcas como Nike e Hermés vê uma particularidade nas ruas paulistanas. “Talvez as pessoas não saibam, mas São Paulo é com certeza a meca do grafite. A liberdade, os estilos diferentes e a criatividade que existe aqui não tem em lugar nenhum. São Paulo é cheia de pichações e grafite, a cidade é inteira rabiscada, o que de certa forma mostra o quanto as pessoas sentem a necessidade de se expressar”.

No entanto, William Baglione – criador da Society Under Construction (SUC), produtora que toca trabalhos comerciais e curadorias independentes com artistas de rua brasileiros – faz uma ressalva sobre a cidade. “Temos grandes artistas, com excelente técnica e conteúdo, e temos também muito muro pra pintar. Mas não temos um mercado maduro dessa nova arte contemporânea porque ainda existe preconceito por parte das instituições públicas e privadas”. Sem esse mercado consolidado, os artistas locais aproveitam a cidade como portfolio para emplacarem trabalhos remunerados nos Estados Unidos e Europa. Mas só mesmo em São Paulo existe o Beco do Batman, o Museu Aberto de Arte Urbana e a Bienal do Grafite (que agora, no início do ano, teve sua segunda edição). É que cabe muita cor nessa cidade.

Crânio e Alex Senna em Londres

LONDRES

A ligação íntima e explosiva entre o hip hop, o grafite e uma juventude periférica sem perspectivas que deu origem a arte de rua em Nova York no final dos anos 1970 chegou a Londres no início dos anos 1980. Também como em Nova York (e São Paulo), a cena londrina começou com pichações em muros, metrôs e trens. Só que a repressão do Estado de Sua Majestade foi tão forte no final da década de 1980 que acabou atrasando o crescente movimento da arte de rua inglesa e jogou artistas como Robbo e Mode 2 em um limbo por anos.

Outra cidade muito importante na cena foi, e ainda é, Bristol, terra natal do célebre Banksy, que se mudou para Londres durante os anos 1990. Foi na capital que ele deixou de lado o grafite e as pichações, e passou a se aperfeiçoar na técnica do estêncil porque era mais rápido de fazer e podia ser reproduzido facilmente em outros lugares. O calculado anonimato de Banksy acabou lhe trazendo ainda um grande número de fãs que passaram a acompanhá-lo, registrando e compartilhando febrilmente na internet suas ações pela cidade (e, logo depois, pelo mundo). O sucesso de suas ações guerrilheiras e da crítica sócio-política de sua arte de rua (ácida e pop ao mesmo tempo) começou a chamar atenção no início dos anos 2000 e durante o correr da década mudou para sempre o mundo da arte de rua em Londres e no mundo. O negócio ficou tão sério que paredes com seus grafites passaram a ser retiradas de seu lugar de origem para serem vendidas em leilões ou no mercado negro.

Por causa de Banksy, Londres se tornou o centro mundial da arte de rua nesse início de século 21, com direito a grafiteiros do mundo todo sendo disputados por galerias, como foi o caso dos brasileiros Osgêmeos e Nunca e suas gigantescas intervenções no renomado Tate Modern em 2008.

O paulistano Alex Senna esteve recentemente na cidade e foi só elogios. “A cidade acolhe muito bem os artistas de rua, e as pessoas se esforçam muito e te ajudam pra que você pinte lá. Quando cheguei não tinha nenhum muro na manga e mesmo assim fiz umas 30 pinturas”. Porém, ah, porém, Senna também constatou que a cena londrina é um pouco confusa, e devido ao sucesso de Banksy, existem muitas pessoas envolvidas que não são artistas. “Londres tem gente de todo o mundo querendo pintar. No centro da cidade ou nos lugares mais populares, os trabalhos não duram muito. É diferente de São Paulo. Quando digo que a cena está um pouco confusa é porque pra mim street art é feita de amor, liberdade, atitude e respeito. Estão tirando a atitude e o respeito de lá, então se você quer que seu trabalho dure tem que ir pra fora do centro”.

Mesmo com tanta competitividade, ou talvez exatamente por isso, Londres é uma das poucas cidades do mundo que possui roteiros turísticos exclusivamente sobre arte de rua.

Thierry Noir em Berlim

BERLIM

Durante mais de quatro décadas, Berlim foi uma cidade dividida. De um lado, a parte ocidental, capitalista. Do outro, a oriental, socialista. E, a partir de 1961, um longo, alto e muito vigiado muro de concreto rachou a cidade literalmente no meio. A arte de rua berlinense começou no lado ocidental com muitos grafites e pichações que criticavam em várias línguas a própria existência de tão vergonhoso muro. Não era possível fazer o mesmo no lado oriental.

Mas com queda do muro em 1989, a arte de rua na cidade tomou novos rumos e jovens artistas alemães se mudaram de mala e cuia para o lado oriental da cidade, muito mais barato e um tanto degradado pela crise econômica que ajudou a derrubar o regime socialista. Então, de uma hora para a outra, Berlim se tornou um grande museu de arte a céu aberto, com destaque para o East Side Gallery, uma parte preservada do muro que se transformou em patrimônio da humanidade pelo colorido do francês radicado na cidade Thierry Noir.

No decorrer dos anos 1990 e 2000, uma grande variedade de artistas espalhou seus trabalhos pela cidade, apesar da costumeira repressão policial. Daí que apareceu um tanto de tudo: dos personagens simples e irônicos grafitados por Mein Lieber Prost até os estêncils críticos feitos por Alias e XOOOOX, passando pelos divertidos lambe-lambes de El Bocho, os icônicos Yellow Fists, as instalações do coletivo Bosso Fataka e o enigmático trabalho de um dos pioneiros da arte da urbana de Berlim, Tower.

As coisas melhoraram um pouco em 2005 quando Berlim foi declarada pela UNESCO como a “Cidade do Design”, fato que deu a artistas locais e visitantes um apoio maior contra a vandalização do poder público (como em quase todos os lugares do mundo, o Estado alemão prefere manter a cidade cinza). Surgiram assim grandes obras de artistas como Banksy e o italiano Blu que se tornaram parada obrigatória para um novo e crescente tipo de turismo, o da arte de rua.

“O muro foi um fator importante para a história artística da cidade, mas a explosão de arte urbana após a reunificação foi o que fez Berlim entrar na mira do mundo. Kreuzberg, por exemplo, é o meu bairro favorito para ver arte de rua”, explica o brasileiro Ignacio Aronovich, que participou de uma exposição coletiva na cidade, em 2003, ao lado de Banksy e dos norte-americanos Swoon e Shepard Fairey. Outros bairros famosos por suas artes de rua são Mitte, Prenzlauer Berg e Friedrichshain. Em comum a todos esses lugares e a todos os artistas que passam por Berlim, uma vontade de experimentar e olhar para o futuro.




quarta-feira, 23 de outubro de 2013

o que a vida quer da gente é coragem

outro frila pedido por carol patrocínio para outra revista do grupo dasa. dessa vez foi no esquema 'perfil', o que já é algo mais próximo do que faço, e a personagem foi a santista gilze maria costa francisco, que fundou o instituto neo mama, em santos, após lutar e vencer um câncer de mama seguido de mastectomia. mulher forte, decidida e altruísta. uma grande personagem e um excelente ser humano. aí fica fácil escrever sobre... ah, os retratos de gilze foram feitas por anna carolina negri.



CONVERSAR É PREVENIR

A história de Gilze Maria Costa Francisco, enfermeira santista que superou um câncer de mama e criou um instituto para ajudar outras mulheres com informação, consultas e carinho

“O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”, escreveu Guimarães Rosa em seu Grande Sertão: Veredas. Gilze Maria Costa Francisco sentiu tudo isso na pele em 1999. Casada, mãe de uma filha e porto seguro da sua família, a enfermeira descobriu um câncer de mama em maio, foi mastectomizada em junho e entre julho e dezembro passou por inúmeras sessões de quimioterapia.

Mesmo com o apoio incondicional da família e conhecimento dos procedimentos, Gilze, hoje com 52 anos, passou por todas as fases comuns a quem recebe tamanho baque: negação, raiva, barganha, depressão e, finalmente, a aceitação. Dez meses depois da descoberta, o câncer foi embora. No entanto, a vida de Gilze nunca mais foi a mesma, para sua própria sorte e a de milhares de mulheres atendidas gratuitamente pelo Instituto Neo Mama, entidade que criou em 2002 na cidade de Santos, litoral de São Paulo.


Mas antes do Neo Mama, Gilze já vinha fazendo diferença. “Criei, ainda em 1999, o site cancerdemama.com.br durante minhas noites de insônia causadas pela quimioterapia. Fui colocando nele minhas experiências como enfermeira e como paciente de câncer”. A opção por uma abordagem mais humana e menos técnica veio naturalmente, afinal a internet daquele tempo tinha pouca informação disponível e a que existia vinha exclusivamente do lado médico. “Tudo surgiu com a vontade de fazer a diferença para mulheres que, como eu, passam pelo câncer de mama. Se eu pudesse conversar com cada uma delas, seria ótimo, mas percebi que podia mudar isso na minha região, e hoje contribuo em todo o país dando palestras, na internet e nas redes sociais. Achei que deveria haver um lugar onde fosse um porto seguro para elas, onde encontrassem respostas e, principalmente, exemplos”.

A cada mês, 200 mulheres procuram respostas no Instituto Neo Mama, que possui em sua sede no bairro santista do Boqueirão um cadastro com mais de 2500. “Isso sem falar nos familiares diretos, cuidadores e amigos, que nos procuram para saber como tratar, o que falar, como falar com elas, se suas reações aos tratamentos e situações são normais, assim como seu comportamento”.

Com o passar dos anos, o jeito tranquilo e franco de Gilze criou uma grande rede multidisciplinar de ajuda com o apoio de muitos voluntários e parcerias. O Neo Mama consegue, por exemplo, mamografias gratuitas a partir de um acordo com laboratórios que exibem propagandas em seu site. Já as consultas são batalhadas através de insistência e algumas amizades. A manutenção do Instituto vem de doações e do dinheiro arrecadado em eventos beneficentes.


Conversar, ouvir e trocar informações, muitas e repetidas vezes. É isso que Gilze tem feito desde que o câncer entrou na sua vida, mas uma descoberta pessoal ajudou e muito nesse processo: resgatar-se é fundamental, priorizar-se também. “Muitas mulheres têm medo de se tocar, de procurar médicos, de perder a mama, esquecendo-se que essa omissão pode lhes custar a vida. Ignorar o que pode nos acontecer é o que de pior podemos fazer por nós mesmas”.

Em poucas palavras, é preciso enfrentar a realidade, mas com altas dosagens de afeto. “Câncer se combate com informação, informação certa, não conversa de comadres: realidade e possibilidades, mitos e verdades, tudo preto no branco, pois não ajudamos ninguém omitindo a verdade. Existem muitas formas de falar o inevitável, e a suave, mas firme, sempre é a melhor, e tem como fazer isso. Basta ter experiência, estudo, atualização constante e compaixão pelo momento de quem está à sua frente”.

Mesmo com tanto trabalho e histórias, Gilze seguiu fazendo exames anuais para se prevenir de novos nódulos e em 2010, após uma cirurgia de redução de estômago e a perda de 65 kg, finalmente colocou uma prótese. “Não é fácil, mas cada caso é um caso, somos únicas e temos que fazer a nossa parte no tratamento. Não adianta termos os melhores médicos e hospitais se não colaborarmos e fazer o que nossa família, amigos e quem nos ama esperam de nós: comprometimento, superação e resiliência. E isso todas nós temos no nosso interior, muitas vezes adormecido”.


CÂNCER DE MAMA: CONHEÇA, PREVINA-SE

É o carcinoma mais comum em mulheres e responde por 22% do total de casos novos/ano no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Segundo o Inca houveram 52.680 novos casos da doença apenas em 2012. Os dados mais recentes de óbitos divulgados apontam que, em 2010, morreram no Brasil 12.852 pessoas devido ao câncer de mama, sendo 147 homens e 12.705 mulheres.

Os fatores de risco, tanto para homens quanto para mulheres são histórico familiar, obesidade, sedentarismo e antecedente de patologias mamárias. Estudos afirmam que boa alimentação e atividades físicas podem reduzir em até 28% o risco de a mulher desenvolver câncer de mama.

“Em termos de prevenção não se fala mais em auto-exame, pois quando uma mulher descobre o câncer de mama através dele, o nódulo já tem mais de 1,5 cm. A mamografia é o ideal no rastreamento desta doença (se houver necessidade, associada à ultrassonografia)”, explica Gilze.