quinta-feira, 29 de julho de 2010

as cores e o passado

fotojornalismo feito com interesse, carinho e talento é uma das coisas mais bonitas já criadas pela humanidade. cada vez tenho mais certeza disso. os estados unidos também e muito antes de mim, pode acreditar. não só pela grande escola de fotógrafos dos campos, cidades e pessoas (walker evans, porra, walker evans), mas também por possuirem uma instituição como a biblioteca do congresso, que sempre investiu pesado em arquivos, coleções e viagens documentais de profissionais país afora. foi de seu acervo que nasceu em 2006 uma exposição com impressionantes fotos coloridas tiradas entre 1939 e 1943 nas profundezas da américa (cortesia de funcionários da farm security administration/office of war information). fiquei sabendo dessa história através de uma seleção de 70 fotos que foi publicada recentemente no ótimo blog de fotografia do denver post. separei aqui as minhas 11 preferidas. a dica veio de @elderc e @jujubas.

pie town, new mexico, 1940 - foto de russell lee


pie town, new mexico, 1940 - foto de russell lee

white plains, greene county, georgia, 1941 - foto de jack delano

greene county, georgia, 1941 - foto de jack delano

delta county, colorado, 1940 - foto de russell lee

caribou, aroostook county, maine, 1940 - foto de jack delano

tem algo de absurdo, de irreal, nessas fotos de 70 anos atrás. deve ser porque são registros coloridos de um tempo que, pelo menos na nossa memória, é completamente preto & branco. engraçado isso. até o nascimento da fotografia e do cinema era a pintura a responsável por registrar o seu próprio tempo (e tal instantâneo era colorido, claro, como nossos olhos). mas as imagens geradas por essas novas máquinas se ocuparam rapidamente dessa função, o que acabou gerando uma espécie de "retrocesso" no nosso olhar, afinal a tecnologia só permitia o preto & branco. essa lacuna, essa abstração, foi da segunda metade do século 19 até meados do século 20. as fotos são todas preto & branco, bem como o cinema, e para quem não viveu nesse tempo a cor simplesmente não existe. então, quando aparecem fotos assim é coisa de pensar. parece mentira. parece que é cinema.

rutland, vermont, 1941 - foto de jack delano

rutland, vermont, 1941 - foto de jack delano

mcintosh county, oklahoma, 1939 ou 1940 - foto de russell lee

mcintosh county, oklahoma, 1939 ou 1940 - foto de russell lee

p.s. 1: acabei, a princípio sem querer, editando as fotos para esse post em um esquema de duplas, diálogos. acabou sobrando essa. solitária. apenas um garoto.

cincinnati, ohio, 1942 ou 1943 - foto de john vachon

quarta-feira, 28 de julho de 2010

o último episódio do larica total?

na verdade, o que segue abaixo é o último da 1ª temporada do larica total, o programa predileto da casa. a 2ª acabou ali por março deste ano, mas nunca tinha visto esse episódio (#24), uma espécie de resumo da ópera delirante e gastronômica comandada pelo ator paulo tiefenthaler. lá no site dizem que nunca foi exibido no canal brasil.



e o dvd com a primeira temporada mais um livrinho de receitas está pra sair. pelo menos é o que prometeram no @laricatotal (e também no @ramos_leandro, um dos diretores do programa).

pixar de dia, pixar de noite

essa eu tunguei direto do trabalho sujo. já tinha visto o trailer desse novo curta da pixar, day & night, e ficado impressionado com o traço diferente, "mais antigo" digamos assim (ele é exibido antes do toy story 3). mas ele é muito mais que isso. sem nenhum diálogo e poético até a medula, o curta dirigido por teddy newton é mais uma prova da alta qualidade dos produtos pixar. dia e noite, noite e dia, putz... a qualidade do video não é das melhores e provavelmente esse não durará muito. portanto, aproveitem.


móveis adoram couve

na língua dos brasilienses do móveis coloniais de acaju, 'couve' é nada menos e nada mais que 'cover'. então, o projeto "adoro couve", que começou em fevereiro desse ano, traz uma série de regravações ao melhor estilo móveis, isto é, rápidas, bem humoradas e sempre acompanhadas de um video feito na raça. eles já fizeram flaming lips ("do you realize?") e até a si próprios ("adeus de carnaval"), mas separei aqui três outros videos/músicas. começando com cartola ("alegria"), passando por talking heads ("psycho killer") e finalizando com ultraje a rigor ("eu me amo").







os videos são todos muito divertidos e é muito bacana a disposição deles em produzir tanto e com tanta independência. são, certamente, um belo modelo para as bandas de hoje. mas a verdade é que simpatizo mais com o móveis do que gosto verdadeiramente da música deles. lembro que no corjacast #2 falei algo assim - o oga, que é bróder dos caras, tinha colocado a música "cheia de manha" no programa - e acabei de comprovar mais uma vez nessas regravações. ainda sinto que falta mais variedades nos arranjos e quase sempre as músicas ficam nesse esquema veloz de ska do leste europeu, deixando tudo muito parecido. mas eles são bons e vão longe.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

os paparazzi do meu tempo...

jackeline kennedy, 1971

truman capote, 1978, numa festa do famoso studio 54

considerado o pioneiro do fotojornalismo de celebridades nos estados unidos, ron galella segue ativo do alto de seus 79 anos. nunca foi um grande fotógrafo, não será lembrado por isso - apesar de possuir alguns instantâneos mágicos como esses dois que estão acima -, mas é uma figura tão interessante, tão absurdamente persistente, simples e cheia de lendas, que precisava de um documentário exclusivamente sobre si. leon gast, diretor do clássico quando éramos reis (1996) e produtor de o poder do soul (2008), o acampanhou em recentes coberturas e daí surgiram histórias de flagras, hollywood, washington, vaidades, drogas, aquele caso em que tomou um soco de marlon brando em 1973 (perdeu 5 dentes e teve a mandíbula quebrada), ou a outra vez que recebeu uma ordem de restrição judicial para não se aproximar de jackeline kennedy (ela o processou duas vezes), ou a surra que tomou de seguranças do ator richard burton, etc. tudo isso, e outros causos, estão no longa smash his camera (2010). abaixo, uma série de trechos do filme.




p.s.: esse caso marlon brando X ron galella é um dos mais famosos entre artistas e paparazzi. olha só essa sequência de imagens que conta um pouco do embate entre os dois.

1973: marlon brando e o apresentador dick cavett são flagrados em nova york. pouco depois desse clique, galella é surrado por brando.

1974: poster do documentário com uma foto clássica de galella protegido para qualquer eventualidade brandonesca.

1989: o tempo passa e brando continua feliz ao rever o amigo galella (bastidores daquele filme porcaria, um novato na máfia).

sexta-feira, 23 de julho de 2010

sexo é coisa que colocam na sua cabeça

o video é de 2008 e acho que muita gente conhece, mas ele é bom demais pra deixar passar em branco (quem relembrou foi @ArthurdeFaria). diesel sfw xxx começou como um viral praquela marca de jeans caríssimos, mas na verdade era o nome de uma festa que foi promovida simultaneamente em várias cidades do mundo. isso já é passado, mas o video permanece atual e sacanamente divertido. descobri que foi dirigido pelo americano keith schofield, que esteve por atrás das câmeras de videos sensacionais como "toe jam" (brighton port authority, aquele projeto de fatboy slim), "heaven can wait" (charlotte gainsbourg & beck) e "move" (cansei de ser sexy).




letra/música #17

quem conhece a música de maurício takara sabe que ela é tão instigante quanto complexa e, acima de tudo, instrumental até a raiz do cabelo. então foi uma baita surpresa quando ele lançou seu mais recente trabalho solo, sobre todas e qualquer coisa (desmonta, 2010), com músicas acompanhadas de letras e o próprio baterista (e multiinstrumentista) cantando. o disco é sensacional, um dos melhores entre os cinco que produziu até agora, e entre as faixas destaque total para "rei da cocada", que tem letra de tiago mesquita, um dos mesquita bros. lá do blog do guaciara. diabos, essa letra me faz lembrar muito dos colegas jornalistas e de toda essa mistura de arrogância e servidão que é característica da profissão.

rei da cocada
(m. takara e tiago mesquita)

ainda ainda ainda não tenho nada
mas já sou rei da cocada
com o pouco que ganhei
não tenho nada
mas já sou rei da cocada

vou ver emprego numa loja refinada
ser matéria prima da indústria pesada
virar gasolina ou brinquedo de criança
vou para uma oficina
tapar buraco na estrada

ainda ainda ainda não tenho nada
mas já sou rei da cocada
com o pouco que ganhei
não tenho nada
mas já sou rei da cocada

vou ver emprego numa loja refinada
ser matéria prima da indústria pesada
topo loja da avon
vendo cocaína
não me distingo da manada

serei o que sou
rei da cocada
o que nasci para ser
rei da cocada
não remedio nada, não tem entrelinha
nem me distingo da manada

ainda ainda ainda não tenho nada
mas já sou rei da cocada
com o pouco que ganhei
não tenho nada
mas já sou rei da cocada




p.s.: no disco, takara é acompanhado por guilherme valério (guitarra) e rogério martins (percussão), mas também rolam participações do produtor fernando sanches (baixo) e richard ribeiro (bateria). achei dois videos com o m. takara 3 tocando "rei da cocada". o gravado no ccsp em maio deste ano tem som e imagem melhores (aqui), mas acabei escolhendo o registrado em junho no soma, talvez porque foi lá que comprei o disco, ou pelo video ser mais cru, sei lá.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

35 filmes em 2 minutos

essa é a proposta da animação 35 mm, de pascal monaco, torsten strer, felix meyer e sarah biermann. é também uma homenagem ao cinema e uma brincadeira para os nerds de plantão. eu, por exemplo, devo ter adivinhado pouco menos da metade, os mais óbvios, tipo cantando na chuva, tubarão, os irmãos cara-de-pau, star wars, em busca do ouro, o exorcista, estrada perdida, o tambor, toy story, carrie - a estranha, mágico de oz, coisas assim. via @lubita77.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

pop metalizado

por essa eu não esperava. falei brevemente dos ingleses do golden silvers em uma domingueira de maio do ano passado. eles estrearam com um disco pop dubão, true romance (xl recordings, 2009), e algumas músicas pra não esquecer. além da sensacional faixa-título citei também "arrow of eros". e não é que hoje descobri uma versão dela com os ingleses acompanhados pela metaleira percussiva do hypnotic brass ensemble?! só ouvindo pra acreditar.



p.s.: e o pessoal do hypnotic acabou de lançar um ep chamado heritage (choice cuts, 2010). dá pra ouvir uns trechos matadores de suas cinco faixas logo abaixo.

Hypnotic Brass Ensemble Heritage EP Snippets by ChoiceCuts

compactando músicas

o videocast compacto é, sem sombra de dúvida, uma das melhores coisas que apareceram na internet brasileira nos últimos tempos. ótimo conceito, grandes encontros, bela produção. já tinha colocado aqui a dobradinha gaby amarantos e catarina dee jah, mas antes tinha rolado siba e cidadão instigado e sempre no mesmo esquema: dois blocos, alguma conversa entre os artistas e duas músicas em versões inéditas (uma de cada artista). a versão de "alados" (siba, dengue e lúcio maia) é de chorar de tão bonita - essa música foi lançada no disco toda vez que eu dou um passo o mundo sai do lugar (ambulante discos, 2007).



e acabou de ser colocado na rede o primeiro bloco do terceiro programa da série com o encontro da rapper lurdez da luz (mamelo sound system) e o músico kiko dinucci (acompanhados pelo dj makoto). desse bloco saiu uma excelente versão de "ziriguidum", uma das melhores canções do primeiro trabalho solo de lurdez. o refrão é ótimo: "seu ziriguidum / encaixa bem com o meu / o que é bastante incomum / nem é só mais um / mas vai com calma / que meu corpo não é de adamantium" (para quem não sabe, adamantium é o nome de uma "liga metálica indestrutível" e fictícia que reveste os ossos do personagem wolverine).

terça-feira, 20 de julho de 2010

o radiohead e o ukelele

amanda palmer é vocalista e pianista do the dresden dolls (que nunca ouvi, confesso, mas tem uma proposta de cabaré brechtiano punk e coisa e tal). é que a moça acabou de lançar um ep de nome sugestivo e auto-explicativo: amanda palmer performs the popular hits of radiohead on her magical ukulele (independente, 2010). são 7 faixas com direito a "fake plastic trees", "high and dry", "no surprises", "idioteque", "creep" (em duas versões ao vivo, uma em berlin e outra em praga) e "exit music (for a film)", todas belas e no player abaixo. via @blogdobracin.

<a href="http://music.amandapalmer.net/album/amanda-palmer-performs-the-popular-hits-of-radiohead-on-her-magical-ukulele">Fake Plastic Trees by Amanda Palmer</a>

p.s. 1: amanda, também conhecida como afp (de 'amanda fucking palmer'), toca "creep" no ukelele já faz um tempo em seus shows (abaixo, em 2008).

p.s. 2: lá no canal vimeo da americana achei esse video de "idioteque" em forma de galeria de imagens (com ilustrações feitas por fãs - aliás, uma porrada de fãs talentosos).

laerte da semana #15

segunda-feira, 19 de julho de 2010

sem tempo pra chorar

sucesso, dinheiro, progresso (fatura records, 2010) é o nome da primeira mixtape de thig (@thigsmith), rapper paulistano que surgiu a partir do excelente, e saudoso grupo, relatos da invasão (da clássica "jaçanã picadilha"). são 21 faixas ao todo, o que acaba deixando o conjunto meio irregular, mas numa produção caudalosa assim é sempre bacana poder acompanhar o sobe e desce do discurso, as fissuras, as revelações e, principalmente, a atual variedade de temas que o rap brasileiro pode e quer tratar (e olha que thig provoca os mais puristas da cena e manda ver em um tamborzão chamado "se é favela neguim" e no reggaeton "a nega e o shortis"). olha o trailer.



algumas músicas presentes em sucesso, dinheiro, progresso já estavam rodando pela internet e por shows, tais como a ótima "fico louco" (parceria com xis e homenagem a itamar assumpção) e ainda "a mil volts meu volks" e "ficar rico". esta última ganhou clipe.



e thig disponibilizou download gratuito da mixtape, mas ela já está rodando nas quebradas (em são paulo, nas grandes galerias). basta clicar aí na capa. ah, vale destacar ainda faixas como "sem medo de ser feliz", "musa da inspiração" (com participação do lakers) e "sou gangstar" (com participação do racional edi rock e de andré átila).

olha o thig aí parecendo com o will smith nos tempos
da série
the fresh prince of bel-air


p.s. do dia 6 de setembro: e a produção não para, tanto em músicas quanto em clipes, e lá vem thig novamente em parceria com o produtor green alien (@greenalienbr) em "altas horas". o produtor, aliás, também assina a direção do video (que tem interessantes partes "documentais"), bem como de "ficar rico" que está logo acima.

domingo, 18 de julho de 2010

domingueira

não sabia da existência do little dragon até uns dias atrás quando conheci o blog nacht musik. formado na cidade sueca de gothenburg, o grupo é um quarteto com yukimi nagano (voz e percussão), håkan wirenstrand (teclados), fredrik källgren wallin (bass) e erik bodin (drums), e o som é uma mistura interessante de pop, eletrônico, rock e outras bossas e milongas. o pessoal tem dois discos nas costas: o de estreia, little dragon (peacefrog records, 2007), ainda não ouvi, mas o segundo, machine dreams (peacefrog records, 2009), é bem bom.



além dessa melancólica "feather", machine dreams traz outras músicas ótimas, e um tanto mais animadas, como "runabout" e "swimming". vale também destacar "my step" e "fortune".



na pesquisa para saber mais sobre o pessoal descobri que, além de participações em projetos de conterrâneos como josé gonzález e koop, o little dragon esteve recentemente em duas faixas de plastic beach (parlophone/virgin, 2010), o mais recente trabalho do gorillaz. ouvi esse disco muitas vezes, mas "empire ants" e "to binge", as músicas que yukimi canta, não me chamaram particularmente atenção e o cruzamento de informações não se fez. ouvirei novamente, com atenção renovada.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

pedro, osvaldo e basílio

estes são os nomes de alguns personagens muito reais que aparecem nos curtas do projeto cinema de rua. são "microdocumentários urbanos" cuja proposta "é captar a beleza do cotidiano sem medo de experimentar linguagens e narrativas. mas sempre com um olhar especial e um corte atencioso, um cuidado que aprendemos com o cinema". faz alguns meses que venho me deliciando com os videos da equipe capitaneada por kico santos e fábio nikolaus, mas depois de assistir esse mais recente (do taxista pedro scomparin) resolvi fazer um recorte no acervo dos caras e pegar os curtas com pessoas falando, relembrando, etc. (eles também fazem outros, mais sensoriais e/ou impressionistas, e tudo lá no canal deles no vimeo). impossível não virar fã de quem sabe ouvir os outros, ainda mais em um projeto que me lembrou muito o trabalho do gafieiras.

A Corrida II from Cinema de Rua on Vimeo

Naquele Tempo from Cinema de Rua on Vimeo

Todo Poderoso from Cinema de Rua on Vimeo

ah, eles também estão no @cinemaderua.

a rainha ucraniana está morta

por essa eu não esperava: the smiths ao melhor estilo eslavo! the ukrainians existem faz tempo, desde o final da década de 1980 quando peter solowka (guitarra), len liggins (voz) e roman remeynes (mandolin) se encontraram em londres. e foi bem no início que eles gravaram um compacto (pisni iz the smiths é de 1992) com quatro ótimas versões de clássicos de morrissey & cia., quando a banda ja não existia mais. detalhe: the ukrainians segue em franca atividade.

The Ukrainians - Pisni iz the Smiths EP (1992) by dafnesampaio4

nunca tinha ouvido falar desses caras e ainda não fui atrás de suas composições próprias - o allmusic recomenda os discos
kultura (cooking vinyl records, 1996), respublika (omnium, 2002) e diaspora (zirka, 2009). agora, como sempre, é necessário dar crédito a quem é de crédito. foi o andré leão (@alpn00) que divulgou duas ótimas coletâneas de regravações curiosas feitas por tiago trindade (@tiagotrindad3). são elas, the covers mixtape vol. 1 (onde estavam os ucranianos) e the covers mixtape vol. 2. para finalizar, se você gostou desses smiths ucranianos basta clicar na capa do disco e baixar sem dó.

tente encontrar o morrissey nessa imagem. achou?

quinta-feira, 15 de julho de 2010

uma lágrima para paulo moura

um dos grandes instrumentistas da música popular brasileira (consequentemente, do mundo), o clarinetista e saxofonista paulo moura nos deixou na noite desta segunda, dia 12 de julho. tinha 77 anos, hoje completaria 78, e estava lutando contra um câncer no sistema linfático (notícia sobre o velório aqui). mas poucos dias antes de sua morte, mais precisamente em 10 de julho, um grupo de amigos se reuniu na clínica onde estava internado e organizou um recital. estavam presentes, entre outros, wagner tiso, daniela spielmann, vicente alexin e eduardo escorel com sua câmera, que fez esse último registro do grande músico (tocam "doce de coco", de jacob do bandolim, que paulo leva fragilmente em seu clarinete). de chorar...



sempre fui grande fã de paulo moura, tenho vários de seus discos, e gostaria de listar aqui algumas de suas maiores preciosidades (em ordem cronológica): fibra (equipe, 1971), confusão urbana, suburbana e rural (rca victor, 1976), consertão (kuarup, 1981, com arthur moreira lima, elomar e heraldo do monte), mistura e manda (kuarup, 1984), gafieira etc. & tal (kuarup, 1986), dois irmãos (caju music, 1992, com raphael rabello), k-ximblues (rob digital, 2001), el negro del blanco (biscoito fino, 2004, com yamandú costa), dois panos para manga (biscoito fino, 2006, com joão donato) e samba de latada (rob digital, 2007, com josildo sá), além dos discos em parceria com clara sverner, sua participação no grupo os pilantocratas e muito mais. mestre é pouco.

fiquei sabendo via @felipe77araujo.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

um novo ponto de equilíbrio

foi publicada hoje na folha de são paulo uma matéria ótima sobre a carta "pró-maconha" escrita por renomados cientistas ligados à sociedade brasileira de neurociências e comportamento (sbnec), entre eles sidarta ribeiro e stevens rehen (@stevens_rehen). o estopim da carta foi a prisão do músico pedro caetano, da banda de reggae ponto de equilíbrio, por cultivar em sua casa alguns pés de maconha pra consumo próprio (ele foi preso por tráfico no começo do mês e - ótima coincidência - liberto no final desta tarde de 14 de julho). o texto é ótimo, direto, ao mesmo técnico e político, e é mais uma excelente contribuição para que a discussão finalmente amadureça no brasil. segue abaixo a carta na íntegra:

A planta Cannabis sativa, popularmente conhecida como maconha, é utilizada de forma recreativa, religiosa e medicinal há séculos mas só há poucos anos a ciência começou a explicar seus mecanismos de ação. Na década de 1990, pesquisadores identificaram receptores capazes de responder ao tetrahidrocanabinol (THC), princípio ativo da maconha, na superfície das células do cérebro. Essa descoberta revelou que substâncias muito semelhantes existem naturalmente em nosso organismo, permitiu avaliar em detalhes seus efeitos terapêuticos e abriu perspectivas para o tratamento da obesidade, esclerose múltipla, doença de Parkinson, ansiedade, depressão, dor crônica, alcoolismo, epilepsia, dependência de nicotina etc. A importância dos canabinóides para a sobrevivência de células-tronco foi descrita recentemente pela equipe de um dos signatários, sugerindo sua utilização também em terapia celular.

Em virtude dos avanços da ciência que descrevem os efeitos da maconha no corpo humano e o entendimento de que a política proibicionista é mais deletéria que o consumo da substância, vários países alteraram, ou estão revendo, suas legislações no sentido de liberar o uso medicinal e recreativo da maconha. Em época de desfecho da Copa do Mundo, é oportuno mencionar que os dois países finalistas, Espanha e Holanda, permitem em seus territórios o consumo e cultivo da maconha para uso próprio.

Ainda que sem realizar uma descriminalização franca do uso e do cultivo, como nestes países, o Brasil, através do artigo 28 da lei 11.343 de 2006, veta a prisão pelo cultivo de maconha para consumo pessoal, e impõe apenas sanções de caráter socializante e educativo.

Infelizmente interpretações variadas sobre esta lei ainda existem. Um exemplo disto está no equívoco da prisão do músico Pedro Caetano, integrante da banda carioca Ponto de Equilíbrio. Pedro está há uma semana numa cela comum acusado de tráfico de drogas. O enquadramento incorreto como traficante impede a obtenção de um habeas corpus para que o músico possa responder ao processo em liberdade. A discussão ampla do tema é necessária e urgente para evitar a prisão daqueles usuários que, ao cultivarem a maconha para uso próprio, optam por não mais alimentar o poderio dos traficantes de drogas.

A Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (SBNeC) irá contribuir na discussão deste tema ainda desconhecido da população brasileira. Em seu congresso, em setembro próximo, um painel de discussões a respeito da influência da maconha sobre a aprendizagem e memória e também sobre as políticas públicas para os usuários será realizado sob o ponto de vista da neurociência. É preciso rapidamente encontrar um novo ponto de equilíbrio.

peguei essa imagem lá no trabalho sujo,
que trata do assunto faz tempo

transversão #35

é isso aí. a copa acabou, a espanha levou e quem mais se divertiu, provavelmente, foi o polvo paul (aquele lá que adivinhou tudo na solidão fluorescente de algum aquário alemão). mas nesse transversão quero falar de outro cefalópode, o nautilus. quer dizer, não quero falar dele porque taí um assunto que não domino, mas é que o bicho dá nome a uma das músicas mais conhecidas do americano bob james. "nautilus" é a faixa que encerra o excelente disco one (columbia, 1974). jazz, fusion e funk pra ninguém botar defeito. saca só.

Bob James - Nautilus by keithkelly

"nautilus" já foi sampleada por inúmeros rappers, de run-dmc a ghostface killah, passando por eric b & rakim, murs, wu-tang clam e jeru the damaja. só que o lance aqui é música inteira e no último mês, a composição de bob james ganhou duas novas versões. a primeira que chegou a mim veio no excelente bad bad things (heavenly sweetness, 2010), do francês blundetto. o disco é uma maravilha sem fim, certamente um dos melhores do ano, mas essa versão reggae de "nautilus" é da pesada (e tem participação de shawn lee na bateria).



logo depois veio outra versão, mais eletrônica e/ou psicodélica, no disco reverse engineering (first word, 2010), do the simonsound, parceria entre os produtores simon james e matt ford (dj format).

The Simonsound - Nautilus by LDRS

putz, e nautilus é o nome do submarino do capitão nemo (20 mil léguas submarinas). quer dizer, o polvo paul não tá com nada.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

por trás do ponta de lança africano

taí, em 3 partes, o documentário sobre os bastidores da gravação da versão 2010 de "umbabarauma", aquela mesma com jorge ben, mano brown, as negresko sis (thalma, céu e anelis), duani, pupillo e o diabo a quatro. muitas histórias, muitos sons, grande encontro.





domingo, 11 de julho de 2010

domingueira papapa

falando em mombojó - que acompanham gaby amarantos e catarina dee jah no video do post anterior, o quinteto pernambucano lançou o primeiro clipe do disco amigo do tempo (independente, 2010), o terceiro dos cabras. "papapa" é a música que encerra o disco.



esse clipe, provavelmente um dos melhores do ano, foi dirigido por fernando sanches, que já havia trabalhado com a banda no video para a música de "o mais vendido". e se você não sabe, amigo do tempo - que ainda tem outras faixas ótimas como "justamente", "qualquer conclusão" e "antimonotonia" - está disponível para download no uol.

sábado, 10 de julho de 2010

pará + pernambuco =



isso mesmo, gaby amarantos e catarina dee jah em "tô solteira" (versão de "single ladies", de beyoncé, claro). esse video faz parte do episódio 2 do ótimo videocast compacto. no primeiro rolou fernando catatau & siba. fiquei sabendo pelo matias.
e acho que vi um pessoal do mombojó entre os mascarados.

atualização em 19 de julho: rolou outro video que saiu desse encontro. "kay fora" é do repertório de catarina.


quinta-feira, 8 de julho de 2010

o mundo segundo quino

quino é foda. deus na argentina como laerte é aqui. deuses, no sentido humano da palavra. mas volto a quino. tava por esses dias pesquisando sobre o pai da mafalda para um perfil e fiquei sabendo de 6 curtas animados baseados em alguns de seus desenhos (achei alguns no youtube). a série quinoscopio foi dirigida por juan padrón, um dos caras mais importantes da animação cubana, entre 1986 e 1988.



alguns episódios são geniais, outros não funcionam muito bem, mas é uma delícia ver o humor de quino nesse formato, mesmo que a animação não esteja a altura de seu traço, ao mesmo tempo delicado e rebuscado. o resto permanece intacto: a crítica fina e direta a instituições/corporações opressoras, um humanismo inteligente de esquerda, o lirismo.





p.s.: não custa lembrar que boa parte dos livros de quino está no catálogo da editora martins fontes.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

uma tarde daquelas com mionzera

foi mais ou menos assim. saí da editora globo, na zona oeste de são paulo, sem almoçar e após dar a última lambida na edição de julho da revista monet, que tinha acabado de ir para a gráfica. peguei o carro e fui rumo a sede paulista da tv record para encontrar marcos mion, que só tinha aquela tarde de quarta disponível para uma entrevista (era um frila para a capa da edição de julho da revista voetrip). cheguei uns 20 minutos adiantado, tudo tranquilo. mas a poucos metros do estacionamento um micro ônibus apareceu do nada e rasgou/amassou a lateral esquerda do meu carro (o silvera). foi mais ou menos assim que cheguei para entrevistar o mion, de pernas bambas, com fome e nervoso com todo o processo pós-sinistro. mas deu tudo certo que eu sou profissional e não desisto nunca. ah, nessa pauta - que segue aqui na versão integral, a que mandei pro pessoal da voetrip - estive mais uma vez com o fotógrafo & bróder jefferson dias.


MARCOS MION NÃO É MAIS AQUELE

Ele parece muito seguro. Certamente está feliz. Do alto de seus 31 anos, casado e pai de três filhos (dois meninos e uma menina), Marcos Chaib Mion entrou em uma nova fase da vida com a estreia de Legendários. O programa, que vai ao ar nos sábados à noite na TV Record, vem conseguindo manter um sólido segundo lugar desde que estreou no início de abril. Mas dessa vez ele não é apenas um rostinho bonito e uma presença divertida na telinha. Co-idealizador de Legendários, Mion agora está presente em todas as fases da produção, sabe de tudo, e sente na pele o frenesi do sobe-e-desce da audiência durante a exibição do programa, que é ao vivo. Dez anos após ter estourado na MTV com o anárquivo e jovem Piores Clipes do Mundo, o paulistano sentiu a necessidade de falar com um público mais amplo, de todas as classes e idades. "É a maturidade", confirma o ator, apresentador e homem de negócios em seu sóbrio escritório sem janelas. Mas ali em um canto, em cima de um aparelho de DVD, um grupo de bonequinhos coloridos pode até jurar que esse pai de família ainda tem muito o que aprontar na televisão. Confira abaixo uma entrevista exclusiva onde Marcos Mion fala de seus primeiros passos artísticos, sua paixão pela televisão e dos novos desafios que vem enfrentando com o bom humor de sempre.
Quando você considera que foi o teu início na carreira artística?
Foi quando entrei pela primeira vez no Teatro Escola Célia Helena e comecei a estudar teatro. A princípio, mais por curiosidade, sem saber ao certo no que isso ia dar. Óbvio que eu era do tipo de moleque que fazia todas as peças na escola e só queria fazer se fosse o protagonista [risos]. Sempre fui esse tipo de pessoa acostumado a fazer com que as pessoas me ouvissem. Naturalmente. E aí entrei no Célia Helena com uns 14, 15 anos. Foi uma grande sacada da minha mãe. Mãe, né? Conhece a gente melhor que a gente mesmo imagina. Foi ela que sugeriu que fosse lá ter aulas de teatro, que ia me fazer bem. E realmente foi amor à primeira vista. Nas primeira conversas que tinha um novo mundo possível ali, um mundo de faz-de-conta no qual poderia ser qualquer coisa, contar qualquer história e viver qualquer vida. Isso me fascinou muito. Mas não era um curso profissionalizante. Era uma vez por semana pra brincar, pra perder a timidez de falar em público, então tinha gente de todas as idades. Fiz o curso, era de 6 meses, e logo emplaquei outro, mais 6 meses. Foi nessa segunda vez que conheci e tive aula com a Ligia Cortez, filha da Célia Helena com o Raul Cortez e diretora do Teatro Escola. Nessa época eu estava com muitas questões na cabeça, começando a descobrir muita coisa, e foi ela que me incentivou a fazer o curso pra valer: 3 anos, carga horária, diploma, etc. E eu fui, acreditando nela. Na verdade, mais acreditando nela que em mim mesmo.
E como foi o curso?
Uma loucura. Pirou minha cabeça porque vi que o palco era como uma casa pra mim. Quando chegou no final do curso era época de prestar vestibular e começaram a pintar uma dúvidas, porque minha família toda é de médicos e nunca me faltou nada. Se fosse por ali tava garantido, mas por outro lado tinha essa história que era minha paixão. Quando chegou a hora de entregar a papelada da inscrição tava tudo preenchido, menos a opção do curso. Fui com a minha mãe e ficamos conversando, conversando. Estava na dúvida entre Medicina ou Filosofia, que era pra poder interpretar melhor os textos, entrar em contato com a psique dos personagens, e ser um melhor ator. Quando chegou a minha vez respirei fundo, preenchi Filosofia e entreguei pra Deus. Fiz três semestres e logo depois comecei a trabalhar.
No programa Sandy & Júnior...
Pois é. Na minha peça de formatura no Célia Helena apareceu uma diretora de elenco da TV Globo que acabou me chamando. Ela foi no domingo e na quarta eu já estava na Globo vendo cabelo, figurino, e nunca mais parei. Quer dizer, fiquei só no primeiro ano do Sandy & Júnior e logo depois fui pra MTV. Aliás, essa história é muito louca porque bati na porta da MTV antes de ir pra Globo. Sempre quis trabalhar na MTV, era realmente um sonho, porque cresci com a MTV, era uma linguagem que entendia. Por ser moderna, passar mensagens, ser consciente, ser ativa, por mexer com os jovens. Enfim, fiz um teste e foi muito legal, mas no momento eles não estavam contratando ninguém. Aí a Globo me chamou. Ainda tive o momento de ligar pra MTV e falar - "olha, a Globo tá me chamando" [risos] -, mas eles estavam precisando de uma mulher porque foi na época que a Astrid Fontenelle saiu. Quase um ano depois, quando estava pra acabar o contrato com a Globo, liguei de novo pra MTV. Poderia ter assinado por mais um ano, mas aí foi quando o Cazé Peçanha saiu. Foi minha deixa pra entrar na MTV.
Você teve algum conflito por deixar de atuar para ser um apresentador quando entrou na MTV? Claro que também existia uma representação, mas no caso o personagem era você mesmo, né?
Duelei muito internamente com isso. Do mesmo jeito que foi na Globo de fazer uma série. Porque me formei fazendo Antígona do Sofócles com o Marco Antônio Rodrigues, o diretor mais vertical, mais casca-grossa que poderia existir, e fui fazer Sandy & Junior três dias depois, entendeu? [risos] Quer dizer, é preciso estar aberto para o universo pop, coisa que não acontece muito com as pessoas do teatro. Mas na MTV sofri menos porque era o meu sonho. E tem outra... quando cheguei na MTV já tinha uma opinião formada sobre o que tava faltando na programação, o modo como queria atuar. O teste que fiz já era o Piores Clipes do Mundo, porque era uma coisa que sentia falta, uma molecagem, uma coisa questionadora. Então deu super certo. Sempre pensei em como queria atuar de acordo com o canal, com a situação, etc. Larguei a interpretação clássica, mas fui me virando com o que tinha na mão e criando tipos.
Mas esse teu personagem criado na MTV, e que de outra forma esteve também na Bandeirantes e na volta à MTV, mudou com o decorrer do tempo?
Esse personagem que criei - que é o cara que fala o que todo mundo quer falar, mas não tem coragem, que tira sarro, que é questionador, que é esse do Piores Clipes do Mundo - realmente foi um acerto e caiu como uma luva pra MTV. Poderia fazer ele por anos e anos porque é muito real pra mim. Ele na verdade sou eu com 15, 16 anos [risos]. Pra colocar um boné e falar atrocidades é um segundo pra mim. É muito orgânico. A primeira vez que não me pauto por ele está acontecendo agora com o Legendários, porque o objetivo aqui é atingir um público maior, de todas as idades, de todas as classes. O desafio é outro. Esse personagem que fiz na MTV não fala com 10 pontos de audiência. Ele é mais segmentado. Mas trago comigo e vou me adaptando conforme as situações. Se precisar ele volta.
Então foi uma necessidade tua dar uma pausa nesse personagem?
Foi sim. Porque o que mantém um artista vivo é o desafio. É acreditar que você tem que sair da sua zona de conforto. Porque eu tava querendo falar com um público mais próximo da minha idade, dos meus amigos, e também assuntos mais variados e não só do universo pop. Senti a necessidade de dar esse passo e de ampliar meu público.
Chega a ser uma frustração não trabalhar como ator?
Não, porque me apaixonei pela televisão e vi que ela é mais carente do que o teatro, na verdade. Não de verba, claro. Mas de alma e de gente apaixonada pelo meio. Eu me identifiquei muito com esse meio e sempre quis fazer diferença nele. Trabalhei em algumas peças de teatro, com gente que admiro muito, e que fizeram sucesso. Isso, de certa forma, aplacou minha frustração. Então, agora esse é o meu negócio. E é um desafio gigantesco, e que nunca acaba. Porque posso ser líder uma semana, mas essa minha liderança dura sete dias, né? Então é uma estreia semanal, um desafio que te consome absurdamente. No teatro, apesar de um dia ser diferente do outro, é mais garantido, porque você sabe onde o povo vai rir, ou melhor, onde existe a maior probabilidade deles rirem. Sabe quantas pessoas esperar na plateia. Aqui toda semana é uma loucura.
Chegamos ao Legendários. Nessa transição entre MTV e Record, já existia a ideia do programa ou foi algo que se construiu depois que você foi contratado pelo Record?
A essência do programa veio depois. Quer dizer, nunca chego de mãos abanando. Gostaria de fazer um programa de humor, porque é algo que sei fazer muito bem. Tinha essa vontade, mas não sabia como poderia ser, principalmente porque não conhecia a emissora à fundo. Só depois que entrei que fui saber melhor de como são as coisas por aqui... o código de ética, o padrão de qualidade. Aí esse programa de humor foi se adaptando e virou o que é o Legendários hoje, que não é um programa de humor, e sim de entretenimento baseado no humor. Acho que a gente é mais Fantástico do que Casseta & Planeta, Pânico ou qualquer coisa.
Já tinha ideia da faixa de horário, essas coisas?
Isso foi uma loucura. A gente começou com um programa de 2 horas durante a semana. Aí pesquisa, pesquisa, pesquisa, e a gente chegou a conclusão que era um programa pra terça ou quinta. Mas esses dias são as faixas de reality shows da Record, que eles já vem trabalhando há muitos anos pra consolidar. Tirando isso, nossa melhor opção era apostar no sábado. Porque faz tempo que não tem um programa ao vivo no sábado e o Zorra Total tá lá há muitos anos como única opção. E apesar dos humoristas do Zorra serem muito bons e saberem falar com o publico brasileiro na veia, acredito que tenha uma certa saturação em cima do programa. Não conheço ninguém que fale: "Nossa, é sábado! Vou ver Zorra!" [risos] Imaginamos que seria um lugar legal pra entrar e pegar essa fatia do mercado. Então nos instalamos no sábado com 1h20 de duração. Mas tenho elenco pra um programa de 2 horas.
E agora que você está com um programa maior e mais por dentro da produção dele em todas as etapas... como é agora a batalha da audiência pra você?
Essa pressão é real, existe. Estamos numa emissora que é a segunda do país e audiência é um parâmetro pra vários aspectos, tanto de anunciante quanto de imprensa e tudo mais. E a gente tem uma preocupação muito grande de falar com todo mundo. Vejo o Legendários como um supermercado. Tem que agradar todo mundo. Ninguém sai insatisfeito de um supermercado. Sempre se acha alguma coisa. Você pode não achar no primeiro ou no segundo corredor, mas acha no quarto e no quinto. Então a gente trabalha focando em todos os públicos e todas as idades, e nossa audiência tem sido boa.
Você acompanha a medição de audiência durante o programa?
Sim, acompanho. Essa é uma das motivações pra ter o programa ao vivo, pra poder mexer nas estratégias. A gente sai daqui com um espelho, um roteiro que é sempre concluído meia-hora antes do programa ir para o ar. Aí chega lá e... muda tudo. Por exemplo, muda de acordo com a hora que novela da Globo vai acabar. Aí a gente troca uma matéria por outra, e vai vendo, porque sabemos que quando a novela tá no ar a gente demora a pegar. A novela acabou? É a nossa hora. Se a audiência tiver boa, a gente segura o break e joga mais pra frente. Uma loucura.
Isso é novidade pra você.
É novo. Nesse grau de intensidade é totalmente novo. Mas é que nem jogar na seleção brasileira, entendeu? Quando termina um programa e as estratégias deram certo é como marcar um gol contra a Argentina. É a melhor coisa do mundo.
Logo depois do início do programa houve uma certa polêmica na internet desqualificando o programa porque fazia um "humor do bem". Como surgiu isso?
O Danilo Gentilli [do CQC] criou esse termo pra dar uma queimada. Olha, mas uma das coisas boas do Legendários é que pela primeira vez houve uma união entre o Pânico e o CQC [risos]. Isso foi bacana. Os dois mega-concorrentes se uniram contra um novo “inimigo”. Mas no final das contas a gente deu risada. Assim, quando comecei a conhecer a emissora, o público, as expectativas eu vi que era o caso de fazer uma coisa que tem muito mais a ver comigo hoje em dia. Sou pai de família, tô em outra pegada, penso muito mais no mundo pelo viés dos meus filhos, no povo mesmo. Televisão hoje em dia é educação. Tem uma grande parcela do país que se educa pela televisão. Então comecei a sair disso de fazer um programa de humor como o Pânico ou CQC e tentar uma vertente diferente. Não melhor, nem pior, só diferente. E o que fazia sentido pra mim? Fazer um programa positivo. Fazer um programa "do bem". E foi daí que surgiu essa história. Eu não quero que o cara ligue a TV no sábado a noite e veja um cara sendo humilhado, pessoas rindo da cara do povo ou apelando. Quero uma coisa que passe uma mensagem legal e que ao mesmo tempo fale pra toda família brasileira mesmo, entendeu? Que a avó e o neto possam assistir, conversar e gostar. Então começou essa história de fazer um programa positivo, que tivesse assistencialismo, que tivesse sustentabilidade, e tem humor também. Tem todo um leque. Eu não quero rir das pessoas. Eu quero rir com as pessoas. Isso gerou uma reação em alguns colegas que se apressaram pra tentar pixar o programa. Mas muito disso aconteceu só na internet, não chegou no povão não. Enfim, não criei esse termo, mas visto ele com o maior prazer. Porque uma piada não é apenas uma piada, tudo tem uma consequência. Não dá pra ser isento. Isso tem a ver com maturidade, com paternidade, com ter um conhecimento maior sobre o povo. É sair do microcosmos.
A vida do Legendários tá começando agora, tem pouco mais de dois meses. O que você planeja pro futuro dessa criança?
Tenho contrato com a Record até 2015 e acho que o Legendários terá uma vida longa, principalmente pela diversidade de assuntos que pode e deve abordar, porque a gente pode ir moldando ele de acordo com o que tá acontecendo no país.
Você sente falta de algo na televisão? Ou de algo que você ainda não fez?
Ah, quero fazer muita coisa ainda. Vendo os profissionais que estão na ativa hoje eu tenho mais uns 40 anos de TV, pelo menos [risos]. Dá pra fazer muita coisa.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

e a luz se fez

novíssima animação em stop-motion feita pelo grafiteiro e artista plástico argentino blu. big bang big boom trata do princípio e da evolução da vida (e de como provavelmente pode acabar), e é mais um excelente trabalho desse cara que assinou outras duas animações no mesmo estilo: muto (2008) e combo (2009).



via andre leão (@alpn00).

domingo, 4 de julho de 2010

domingueira

olha a bahia de volta ao esforçado, e com mais uma novidade: baiana system (ou baianá system? ou é tudo junto?). liderado pelo guitarrista robertinho barreto (ex-lampirônicos), o grupo quer mostrar novas possibilidades para a guitarra baiana e nessas faz um som absolutamente contagiante, pop, alegre, urbano e cheio de efeitos. o disco de estreia tem, por exemplo, participações de lucas santtana, bnegão, andré t, roberto mendes e gerônimo (por aí dá pra ver a boa mistura de novos artistas e veteranos), mas quem está regularmente cantando com o pessoal é russo passapusso, como é o caso da música e desse clipe de "oxe, como era doce". vai domingo...

OXE, COMO ERA DOCE . CLIPE DO BAIANASYSTEM from cartaxocriação on Vimeo.


e como faixa bônus dessa domingueira, a ponte que os baianos estabeleceram nesse disco (e em shows) com a guitarrada paraense. a música se chama "da calçada pro lobato" e esse lobato é pio lobato, que já apareceu por aqui numa troca de recados com lucas santtana e lúcio maia. bom é assim, mais gente entrando na linha.