sábado, 30 de junho de 2012

yahoo #46, o capítulo final

pois é, realmente chegou ao fim essa minha fase ultrapop-yahoo. seria impossível continuar escrevendo quinzenalmente (quiça semanalmente) com as novas e muitas demandas na editora três (site da istoé e a revista istoé 2016). tentei fazer nesse último texto uma síntese da minha experiência e dos meus propósitos ultrapops. ter e manter essa coluna me fez pensar muito no meu próprio trabalho e em tudo que vejo, consumo e compartilho. foi muito massa, muito mesmo, apesar do choque inicial com a violência de muitos comentaristas (anônimos em sua maioria) e pela constatação nua e crua que a maiorias dos que comentam simplesmente não entendem o texto (nesse último, por exemplo, enxergaram na minha defesa do presente uma desqualificação do passado, e tome porrada seu maluco - maluca - que acha que "eu quero tchú" ou "ai se eu te pego" são melhores que legião urbana e beatles). de resto só tenho a agradecer ao bróder walter hupsel que me indicou e deu início a esse ciclo de 46 textos e aos camaradas michel blanco e rafael alvez que bancaram e incentivaram a minha liberdade por lá (e fazem isso com todos os outros colunistas).



NO NOSSO TEMPO É QUE É MELHOR

Quando comecei a escrever a coluna Ultrapop, um ano e meio atrás, tinha um propósito, uma espécie de missão: falar de cultura popular brasileira no século 21. E popular com P maiúsculo em um tempo de muitas e altas velocidades, novas liberdades e velhos moralismos. Falar e refletir sobre coisas acontecendo na música, TV, internet, cinema, shows e artes plásticas. Sobre descentralização, pirataria, humor, religião, drogas, violência policial, política e a cidade (brasileira). Sem julgamento de valores (na medida do possível), preconceitos e nem falsas polêmicas. Respeitando, sendo curioso, aquela onda toda.

Uma coisa em especial me ajudou nessa trajetória: nunca fui um nostálgico, sempre achei o presente um negócio muito interessante de se ver e viver. Afinal é no presente (numa eterna troca com o passado) que o futuro dá seus primeiros passos. Daí que colunas que fiz nesse período  vivi e escrevi sobre culturas e comportamentos brasileiros em presente contínuo. E gostando muito do que via e ouvia. Gostando até do que não gostava porque dava pano pra manga de pensar.

Acompanho mais de perto música e internet, logo depois quadrinhos, cinema e TV, e acredito realmente que o Brasil vive um momento particularmente rico (e isso já tem um tempo, desde meados dos anos 2000, mais ou menos). A produção é grande, variada, autogerida, cada vez mais sofisticada e independente de grandes esquemas. Nesse atual estado das coisas é eletrizante assistir a verdades universais caindo por terra junto com monopólios de comunicação ou então ver o ocaso dos formadores de opinião, toda essa turma que não está entendendo o que diabos acontece no Brasil e no mundo desse início de século 21.

Acho que consegui, nas 45 colunas que fiz nesse período (essa é a 46ª porque acabar em 45 é a maior zica), dar uma pequena contribuição para se compreender o que sucede por essas bandas. Claro que sou inveterado otimista e um apaixonado pelo Brasil (inclusive por seus defeitos e contradições), o que deixa marcas no meu jeito de entender as coisas, mas sempre tentei olhar para os muitos lados de um evento/acontecimento/fenômeno.

E assim minha trajetória aqui no Ultrapop do Yahoo! chega ao fim. Infelizmente por um lado, pois tive aqui total liberdade para escrever do jeito que quis e sobre o que bem entendesse (grande abraço para Michel Blanco e Rafael Alvez), além de participar de uma invejável equipe de colunistas (um salve pros manos Walter Hupsel, Pedro Alexandre Sanches, Dudu Tsuda, Fernando Vives, Celso Athayde e Lúcio Flávio Pinto, e pras minas Carol Patrocínio, Raquel Rolnik e Nega Gizza). Mas felizmente por outro, já que a minha saída é por motivos profissionais. No mais, os cãos ladram e o tempo ruge. Simbora que tem muita coisa bacana acontecendo, muita história pra contar.


p.s.:  lá no meu blog pessoal, o Esforçado, estão todos os textos que publiquei no Yahoo, mas gostaria de deixar aqui o link direto para os que melhor resumem essa ótima experiência que tive como colunista. São eles “Não tem papo, não tem alô” (uma defesa do funk carioca), “Bastardo é a mãe” (sobre atuais misturas de gêneros na música brasileira), “Pra que discutir com a madame?” (sobre o programa Mulheres Ricas), “BBB no dos outros é refresco”, “Custe o que custar, uma ova!” (uma carta de fim de namoro com o CQC), “Jesus não tem dentes no país dos banguelas” (de como não misturar religião com realidade), “Meu fraco é subcelebridade”, “Miss de tudo um pouco”, “Vira-lata, um complexo”, “Arte que desmancha no ar”, “Vamos gozar outra vez?” (pela volta do espírito da pornochanchada no cinema brasileiro), “A gente não quer só comida” (sobre o programa Larica Total), “Faça você mesmo” (na internet, esse mundo mágico), “Quem tem medo de Carlinhos Brown?” e a reportagem especial “A serviço secreto de sua majestade, o sabiá” (sobre a visita do Príncipe Harry a um haras paulista).

criolo e mulatu

e o plano de dominação mundial de criolo começa hoje. começou antes, claro, mas hoje é dia de seu primeiro capítulo público, a participação do festival back2black em londres ao lado de mulatu astatke. o festival em si é um capítulo a parte com sua escalação absurdamente boa (e que novamente terá uma versão no rio de janeiro de 24 a 26 de agosto): de roots manuva a gilberto gil, de joão brasil a hugh masekela, de amadou e mariam a emicida, de jorge ben a gilles peterson, de femi kuti a banda tono, de marcelo d2 a linton kwesi johnson, etc. mas ficarei aqui com o potencialmente sensacional encontro do mc paulistano com o mestre do jazz etíope (ethio-jazz), um tanto pelo sentido que faz (imagino a honra e alegria que estão sentindo agora os brasileiros em tocar com seu ídolo), mas também por ser o "primeiro episódio da série de videocasts diários relatando a turnê internacional do criolo", todos levando a assinatura de rodney suguita, o maníaco da câmera, e disponíveis no canal do artista no youtube. olha só os bastidores do ensaio para o show de hoje. máximo respeito.





e londres é a primeira das sete cidades dessa turnê internacional. depois tem paris, milão, roma, festival roskilde (dinamarca), los angeles e nova york (central park). olha o cartaz aí.


e essas fotos que peguei lá no facebook? tem o encontro no lobby do hotel, um instantâneo do ensaio e uma de mulatu com o autor das primeiras fotos e do video, o maníaco da câmera.





e para fechar o ciclo segue "para mulatu", parceria de criolo com gui amabis gravada em memórias luso-africanas (independente, 2011), a estreia em disco do produtor amabis.


atualização: e já estão no ar os videocasts 2 e 3 dessa turnê do criolo trazendo trechos de seu show em londres  e também de uma gravação nos estúdios da rádio bbc, ambos na companhia de mulatu astatke. a adriana ferreira silva, da folha de s. paulo, disse que o show foi o ponto alto do segundo dia do festival.



outra atualização: escuta só o encontro de mulatu e criolo no programa de rádio da bbc, com direito a rimas em português sobre a clássica "netsanet".

quarta-feira, 27 de junho de 2012

yahoo #45

pois é minha gente, essa foi minha penúltima coluna ultrapop. demorei pra colocar aqui porque demorei para escrever a última (me adaptando ao novo trabalho na istoé, tempo corrido, dificuldade de sintetizar essa experiência no yahoo, dificuldade de me despedir talvez). o humor atual, adulto e anárquico da turma do comédia mtv foi o assunto da vez. e bola pro mato que o jogo é de campeonato. e o último texto está no ar e se chama "no nosso tempo é que é melhor".





COMÉDIA MTV E O HUMOR COMO LENTE DE AUMENTO

Já virou lugar comum falar da genialidade de Marcelo Adnet, Dani Calabresa, Tatá Werneck e o resto da turma do Comédia MTV. Além de serem seus próprios roteiristas, os integrantes do programa também são ótimos atores (principalmente o trio citado acima) e Adnet ainda leva uma vantagem por criar e cantar músicas (todas em parceria com o produtor Arthur Joly). Mas isso não é o bastante para explicar porque eles estão anos-luz à distância do humor de seus contemporâneos CQC e Pânico na Band, por exemplo.

O Pânico é aquela coisa: humor barulhento, adolescente, popular, um cruzamento de Zorra Total com Luciano Huck. Ninguém é particularmente bom no que faz – o Ceará, a Sabrina Sato e o Polvilho, vá lá -, mas o riso acaba acontecendo no encontro-choque-surpresa de anônimos e famosos com os personagens malucos do programas. No mais, a tosquice e a imaturidade são assumidas, sinceras.

Já o CQC se vendeu de uma forma no início e foi mostrando sua verdadeira cara nos anos seguintes (tratei especificamente dessa mudança em outro texto aqui para o Yahoo!, “Custe o que custar, uma ova”). O que parecia ser adulto foi se mostrando moralista, vazio, bajulador e, o pior de tudo, sem graça. Para se defenderem das crescentes críticas a seus escorregões cômicos adotaram o discurso de que lutam pela “liberdade de expressão” e que estão contra esse “politicamente correto que grassa por aí”. Mesmo papinho de comediantes de stand-up medíocres, os proibidões-coxinhas, que ganham manchete por motivos errados (falei disso em “Cê tá rindo do quê?”).

O humor do Comédia MTV é, em tudo, mais anárquico e surreal que o Pânico e muito mais crítico e inteligente que o CQC. Nenhum deles ironiza “gente da alta” ou até parte de seu próprio público como a turma liderada por Adnet em quadros impagáveis como o do “Eleitor Elitista” ou do “Homem Área VIP”. Nem conseguem ser ao mesmo tempo sofisticados e esculachados como nos quadros “Gaiola das Cabeçudas”, “Proibidão Acústico” e o memorável “Tia Creuza”. E muito menos possuem a acidez do “Jogador Sincero”, “Adnaldo Jabor”, “Igreja Nossa Senhora do Off Line” ou do “Indiretas Já” (vídeo abaixo).

Claro que o Comédia MTV não é pioneiro nisso, afinal o saudoso TV Pirata vivia dessa mistura no final dos anos 1980, e hoje em dia temos o Larica Total improvisando muito solto (não coincidentemente, Adnet chegou a fazer teste para o papel assumido por Paulo Tiefenthaler). É que todos esses profissionais do humor sabem que para fazer rir não é preciso manipular ou humilhar, basta olhar com atenção, e bem de perto, alguma coisa, qualquer coisa. Daí fica fácil perceber que nada faz sentido e o jeito é rir mesmo, rir bastante (inclusive de si próprio).

terça-feira, 26 de junho de 2012

todo mundo dança

e um pessoal da romênia organizou ano passado um flash mob em bucareste para homenagear a coreógrafa alemã pina bausch (1940-2009) e ainda por cima divulgar o belíssimo documentário pina, de wim wenders. o resultado é emocionante, principalmente por ver a dança contemporânea ganhar as ruas. dica de @Jugranjeia.





lembro que quando assisti o trailer fiquei fascinado por uma música, mas depois que vi o filme acabei esquecendo de saber qual era seu nome e quem era o autor. o video acima me relembrou essa lacuna e ontem descobri que o compositor é o japonês jun miyake, a música se chama "lillies of the valley" e foi originalmente composta para o espetáculo vollmond (2006). coisa mais linda.


domingo, 24 de junho de 2012

isto é arrigo barnabé

opa, olhaí minha primeira reportagem em video pro site da istoé. bom começo com arrigo barnabé e uma nova versão de tubarões voadores, o cultuado disco de 1984, que ganhou dois shows no auditório ibirapuera com direito a banda original. agradecimentos totais a experiência de mariane engber, responsável por câmera e edição. e mais videos-reportagem hão de pintar por aí (para a istoé, claro).





e logo abaixo uma imagem do show de sábado: muito divertido, banda afiada, arrigo figuraça, vânia bastos cantando muito, mas é aquela coisa cerebral. exige. às vezes eu topo (esse show foi assim), mas na maioria das vezes não consigo embarcar. de qualquer forma, "lenda" é foda.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

esforçando o instagram #07

edição especial: músicos, em estúdio, no palco e em casa. participações especiais de paulo carvalho, fernando catatau e o instrumental (lincoln olivetti, kassin, richard ribeiro e clayton martin), caio bosco e arrigo barnabé.











caio blat não é mais um menino

taí outro frila que fiz antes da entrada na istoé, dessa vez para a revista de bordo da trip linhas aéreas. caio blat estava em um batidão de entrevistas e a nossa conversa durou pouco mais de dez minutos (por isso não tem nenhum material extra). e foi durante a igualmente breve sessão de fotos para a revista, feitas por érico hiller, que fiz essas que ilustram o perfil.



CRESCENDO NO TRABALHO

Um dos atores que mais trabalha no cinema brasileiro, Caio Blat lança dois longas ao mesmo tempo e comemora a maturidade de seus novos personagens

Caio Blat está cansado. Dormiu pouco, acordou no Rio de Janeiro, pegou ponte aérea e veio até São Paulo para divulgar Uma Longa Viagem, novo longa de Lúcia Murat. Poucas semanas antes estava em outro batidão de entrevistas, dessa vez sobre Xingu, de Cao Hamburger. Sem falar que é pai de um menino de 2 anos, Bento, primeiro fruto de seu casamento com a atriz Maria Ribeiro. Com tudo isso acontecendo ao mesmo tempo, não é surpresa lhe flagrar soltando um ou outro bocejo entre perguntas e respostas.

“Fazer um filme é um esforço tão grande, um desgaste tão descomunal, que normalmente quando termino um me dá vontade de ir para o extremo oposto”, revela sobre as diferenças entre os dois filmes que protagoniza e que chegaram juntos aos cinemas. Xingu é um épico sobre a expedição dos irmãos Villas-Bôas por desconhecidas terras indígenas nos anos 1940, com grande elenco e filmagens em externas. Já Uma Longa Viagem é um documentário pessoal, no qual Blat, sempre sozinho em cenas filmadas dentro de um casarão, interpreta as cartas escritas na década de 1970 pelo irmão da cineasta Lúcia Murat em suas perambulações pelo mundo. Essas cenas se alternam com imagens de arquivo e entrevistas com o próprio Heitor Murat.

“Minha carreira é pautada por essa busca pela diversidade. Quando termino um filme de violência quero fazer um de amor. Quando termino um de amor quero fazer, sei lá, um documentário. Esse é um dos valores que me move”, e por isso acabou desistindo de atuar em A Montanha, de Vicente Ferraz, sobre a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial (Daniel de Oliveira entrou em seu lugar). Seria muito parecido com sua experiência em Xingu e o deixaria outros meses longe do filho pequeno.


Foi assim que ele partiu de uma grande aventura histórica para essa “viagem absolutamente intimista” retirada do baú de memórias de Lúcia Murat e seu irmão Heitor. “Fiquei comovido com o convite porque o material com que ia trabalhar eram cartas muito íntimas com histórias familiares de muita dor, dificuldades, perdas... era como se ela me chamasse para dentro da família.” E lá se foi Blat ser o irmão mais novo, aquele que mandado a Londres para não se meter na luta contra a ditadura – a irmã Lúcia foi torturada e ficou presa por 3 anos e meio – acabou por cair no mundo em busca de sua própria identidade. O que os irmãos descobriram em suas jornadas e o que se perdeu no caminho calaram fundo no ator. “Foi uma surpresa ver uma pessoa que passou por processo tão maluco de adoecimento e alienação se revelar de uma tremenda lucidez e uma auto-ironia muito forte. Não foi à toa que ele queria ir pra Índia, afinal lá os loucos são considerados iluminados. O Heitor questiona nossa sociedade de uma forma muito genial e autêntica.”


Mas Uma Longa Viagem marcou também o reencontro de Blat com uma época que muito lhe interessa e na qual esteve outras vezes, afinal o curta O Quintal dos Guerrilheiros (2005) e os longas O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (2006) e Batismo de Sangue (2007) também se passam entre o fim da década de 1960 e início dos anos 70. “É que [nessa época] tem essa predisposição de ir para o mundo, de questionar tudo e todos, de querer romper com a família e as instituições, novas formas de consciência, novas formas de comportamento... acho que a minha geração [ele nasceu em 1980] que já cresceu na democracia nunca vai ter a dimensão do que é viver em um país sob a ditadura, de ter que lutar por liberdade de expressão.”

Esse movimento pendular de uma época entender a outra, de uma geração dialogar com outras, sempre o acompanhou. Foi assim com sua paixão pelos livros desde os tempos de criança, começando pelos romances de mistérios e crimes escritos por Agatha Christie (1890-1976) e seguindo pela poesia de Castro Alves (1847-1871) e Álvares de Azevedo (1831-1852). Lendo sempre e trabalhando muito, Blat foi construindo uma carreira variada, com novelas para toda família (Um Anjo Caiu do Céu, Da Cor do Pecado e Caminho das Índias), filmes densos (Lavoura Arcaica, Quanto Vale ou é por Quilo? e Bróder), trabalhos mais leves (O Bem Amado, Histórias de Amor Duram Apenas 90 Minutos e As Melhores Coisas do Mundo) e até, espírita que é, longas que versam sobre sua crença (Bezerra de Menezes - O Diário de um Espírito e As Mães de Chico Xavier).

“Comecei muito novo [a atuar] então meus trabalhos se aproveitaram dessas diversas fases. Tinha uma cara de menino, então isso me manteve durante muitos anos fazendo personagens que tinham certa pureza, mas também fiz filmes fortes com diretores com linguagens muito diferentes como Cláudio Assis (Baixio das Bestas) e Hector Babenco (Carandiru), que inclusive não se bicam”, relembra.

Após lançar Xingu e Uma Longa Viagem, Blat aguarda a finalização de Corpo Fechado, o primeiro longa de Luiz Henrique Rios, diretor de novelas da Rede Globo, baseado em contos do livro Sagarana de Guimarães Rosa. Também está filmando A Pele do Cordeiro, novo filme de Paulo Morelli (Cidade dos Homens), e daqui alguns meses voltará a colocar os pés no Projac para atuar em Lado a Lado, novelas da faixa das 6.

“Essa trajetória me enriqueceu muito, ajudou a criar minha própria linguagem e me deu vontade de interferir mais no processo, tanto que dos últimos sete ou oito filmes que fiz também sou produtor associado. Fora que de uns quatro ou cinco anos para cá comecei a interpretar adultos e foi uma conquista importante. Alcancei uma maturidade nos personagens”, explica o jovem adulto que teima em esconder com uma vasta barba sua eterna cara de menino curioso.

laerte da semana #38

laerte é manual do minotauro, mas também muriel total.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

um silva e um barreto

dois clipes brasileiros novinhos em folha chegaram na internet no dia de hoje. tem o primeiro video do capixaba SILVA (sobre a bela "a visita") e uma nova produção em nome de junio barreto ("passione", a melhor faixa do disco setembro), videoclipe dirigido por lírio ferreira e alexandre stockler, com participação de mariana ximenes, xico sá, mombojó e zé celso martinez corrêa.






PASSIONE_WEB_720p.mp4 from Dimitre Lucho on Vimeo


e as duas estiveram na minha lista das melhores de 2011.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

sozinho (aparentemente)

agora é a hora de começar a colocar aqui a série de frilas que antecedeu minha entrada (semana passada) na editora três como editor do site da revista istoé, entre outras coisas. nova fase começando, novidades e desafios a dar com o pau, incluindo o fim da minha coluna no yahoo (mas essa é outra história porque ainda rolará uma despedida por lá). por aqui, a minha edição de um perfil que fiz para a edição de junho da brasileiros. é o resultado de pouco mais de uma hora de conversa ótima com joão paulo lorenzon, ator paulistano conhecido por seus monólogos. seus dois últimos trabalhos ainda estão em cartaz, últimas apresentações (serviço lá no final).




MERGULHOS SOLO

Com dois monólogos simultaneamente em cartaz, o ator João Paulo Lorenzon investiga o amor e as perdas a partir de obras literárias

A campainha toca e quem primeiro surge é um grande dog alemão latindo. Logo atrás vem João Paulo Lorenzon para tranquilizar e abrir portas. “Não se preocupe; ele é que nem o [Jorge Luís] Borges, cego e manso”, diz o ator de 33 anos recém-completos. A citação não é nada gratuita, pois o escritor argentino é uma figura recorrente na carreira desse artista que vem se especializando em monólogos teatrais. Mas tudo a seu tempo.

Lorenzon recebe a reportagem da Brasileiros no Espaço Mágico, lugar em que ensaia e dá aulas para não-atores. Provavelmente esse seu lado de professor explique a voz mansa e bem colocada, mas é o ator que fala mais alto transformando impactos emocionais íntimos em solos à flor da pele. E sua história nos palcos começou bem cedo, mesmo que tenha demorado a ser assumida. “Minha primeira aparição foi lá no [Teatro] Vento Forte. Ilo Krugli, o argentino que fundou o grupo, fazia um Diabo que falava ‘Ninguém pode me deter’. Lembro que estava fantasiado e puxei minha espada de plástico, devia ter uns 6 ou 8 anos, e disse ‘Eu posso!’. Logo percebi o que tinha feito, ultrapassei uma parede ali, então soltei a espada e fiquei chorando no colo da minha vó, morrendo de vergonha.”

Mais velho, no ensino médio, Lorenzon se encontrou novamente com o teatro. “Foi no colégio que percebi que gostava desse mundo da fantasia, de poder ser todos e não ter que escolher uma única coisa, ser uma única coisa. Também acho que tive na infância uma dose de lirismo exagerado porque era muito ligado a minha avó materna e a casa dela era cheia de redes, dragões, totens, música alta, desenhos pra cima e pra baixo.” Mas não havia meio de se desvencilhar daquele momento de vergonha infantil no Vento Forte e prestou Direito, formou-se e até passou no exame da OAB. Ao mesmo tempo insistia e durante esse período participou de uma montagem de Rei Lear, com Raul Cortez, foi dirigido por Elias Andreato, arriscou-se no cinema (De Cara Limpa) e se manteve dando aulas.


Até que foi aceito no Núcleo Experimental do Sesi, deixou essa história de advocacia e ficou na companhia teatral por três anos, em uma fase que define como de estruturação e formação. “Quando saí do Sesi queria montar uma coisa pessoal, mas não tinha pensando em um solo. Era mais procurar algo que me encantasse. Tinha vários fragmentos e me deparando com o material do [Jorge Luís] Borges é que percebi que poderia ser bonito estar sozinho. Um homem lidando com sua poesia, seu silêncio, sua memória e a possibilidade do infinito na sua solidão.” Daí que nasceu Memória do Mundo (2008), um ou vai ou racha para Lorenzon, um acerto de contas com seus próprios fantasmas em relação a profissão. Saiu dele vivo e, feliz e finalmente, certo de seu caminho.

Seguiram-se novos voos solo: O Funâmbulo (2009), de Jean Genet, e De Verdade (2010), baseado no livro do húngaro Sandor Márai. “Já no De Verdade quis mostrar o fracasso amoroso numa espécie de afogamento lento”, relembra. No entanto uma série de dificuldades técnicas impediu a realização desse projeto como havia sido imaginado e somente no final da temporada é que, em um daqueles providenciais acasos, o ator conheceu o artista plástico Maurizio Mancioli e seu Acquabox. Como já era tarde demais, e sem sentido, refazer De Verdade, o jeito foi criar um novo espetáculo, Água (2011).


Numa série de mergulhos dentro de um cilindro com 2,5 metros de água, Lorenzon interpreta os muitos e variados momentos do amor a partir de textos de autores como Umberto Eco, Clarice Lispector, Carlos Drummond e William Blake. “Diferente dos meus outros solos, onde fui tomado por um impacto emocional, no Água fui tomado por uma ideia. Pensei, isso vai ficar bonito.”

Agora, enquanto Água continua em cartaz até fim de junho, o paulistano estreia seu quinto solo, Eu Vi o Sol Brilhar em Toda sua Glória. É um novo encontro com o texto de Jorge Luís Borges (1899-1986), mas dessa vez apontando para perdas maiores que as do amor. “É sobre como nós somos feitos do que perdemos”, resume e logo se coloca como exemplo. “Sinto que encontro a minha palavra melhor quando fecho os olhos. Tem uma ‘brincadeira’ com a cegueira do Borges, mas também tem isso de se despir da aparência e ir para uma coisa anterior.” Em busca de perguntas e respostas. Mais perguntas que respostas.



ÁGUA
Espaço Parahaus, até 24/06, sextas e sábados às 21h e domingos às 19h

EU VI O SOL BRILHAR EM TODA A SUA GLÓRIA
SESC Consolação, até 25/06, segundas, às 21h

queen e michael jackson, cumbia style

coisa do inglês quantic, um dos preferidos da casa. dois de seus projetos já apareceram por aqui - o adubado flowering inferno e o colombiano combo bárbaro - e agora chegou a hora de outro, o igualmente colombiano los miticos del ritmo. ano passado saiu o ótimo EP hip hop en cumbia (tru thoughts, 2011) e no final de abril veio o disco de estreia, los miticos del ritmo (soundway, 2012). discaço feito com músicos de cali, cidade que tem sido residência de will "quantic" holland desde 2007, e que é cumbia tradicional de cabo a rabo. nada mais moderno, principalmente quando se ouve o que os miticos del ritmo fazem, portanto, com queen ("another one bites the dust") e michael jackson ("don't stop 'til you get enough"). escuta só.








tem também uma versão sensacional de "satta massagana", clássico jamaicano do the abyssinians, só que farei uma postagem especial só com versões dessa música. mas opa! já ia esquecendo! quantic já lançou outro disco esse ano junto com a cantora alice russell e seu combo bárbaro. look around the corner (tru thoughts, 2012) é outro que precisa ser ouvido. tá cheio de músicas sensacionais soul/latinas como "una tarde en mariquita", "i'd cry", "boogaloo 33" e "su suzy". mas a minha preferida é "similau", toda sensual e dramática, perfeita para a trilha de um filme do tarantino.





e pra finalizar, um minidocumentário com os bastidores de outra música do disco, "i’ll keep my light in my window", gravada durante as rebeliões que se espalharam por londres durante agosto do ano passado (áudio no final do video).





ih, voltei. juro que é a última vez. é que tem essa versão acústica de "i'd cry", muito diferente da que saiu no disco.  


sexta-feira, 8 de junho de 2012

yahoo #44

o texto abaixo, "fã, essa coisa louca", foi o resultado do jeito que assisti o "polêmico" show de tributo à legião urbana com wagner moura nos vocais. não me incomodaram os (muitos) desafinos do ator porque, pelo menos do jeito que vi, ele é um fã que foi alçado ao posto de cantor de uma grande karaokê. simples assim. sem crise. e como renato russo não é deus pra mim (nem deus é deus pra mim)... de resto, a coluna mais recente no yahoo é "comédia mtv e o humor como lente de aumento", de título (quase) autoexplicativo.


FÃ, ESSA COISA LOUCA

Desde que o mundo é mundo o fã é uma das espécies mais resistentes a chuvas e trovoadas. É gente que enfrenta qualquer parada. Sabe aquele grande cometa desgovernado que matou todos os dinossauros? Então, ele não conseguiria arranhar um grupelho de admiradores da Claudia Leitte ou do Luan Santana. É a força das paixões, apontam os estudos.

Ontem e anteontem, a MTV exibiu o Tributo à Legião Urbana, no qual Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá se encontraram com o ator Wagner Moura para tocar, “talvez pela última vez”, o repertório de uma das bandas mais importantes da história recente da música brasileira. No decorrer das transmissões, fãs da Legião, de Renato Russo, de Moura e até os não-fãs se bateram e insultaram nas redes virtuais para provar que seu ponto de vista era o mais certo de todo o universo.

Grande parte das tijoladas mirou o ator e sua voz desafinada (bem, por isso ele é ator e não cantor), mas também choveram acusações ao oportunismo da empreitada. Como todo tributo é oportunista em seu DNA vou aqui me deter apenas em Wagner Moura. Nas chamadas do show ele se declarou muito fã da Legião Urbana (“uma banda que marcou minha geração”) e não coincidentemente cantou duas músicas de Russo & Cia. em filmes recentes que protagonizou (“Será” em VIPs e “Tempo perdido” em O Homem do Futuro).


Aí fiquei pensando... quem não gostaria de ter a oportunidade de cantar músicas que ama, com gente que admira (além de Bonfá e Villa-Lobos estiveram presentes Fernando Catatau e Andy Gill do Gang of Four), para uma plateia gigante e animada, e com transmissão ao vivo pela TV? Ainda mais quando não se é cantor e sim fã?

O tributo foi um grande e emocionante karaokê para Moura e a plateia ali presente não pareceu se importar com o ator desafinado. Cantaram junto, cantaram alto, eram tão fãs quanto ele. E fã é sem noção mesmo, não tem vergonha de pagar mico. Não estou falando aqui de coragem (bravura) e sim de um tipo de desprendimento que só um fã de carteirinha pode ter. Coisa de maluco mesmo. Desafinar é bobagem, afinal em karaokê ganha quem grita mais.

De resto, e essa vai para os indignados do momento, esse Tributo à Legião Urbana é só mais um show. Não é o fim do mundo. Relaxem. Amanhã tem mais.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

5músicas, uma breve mixtape

e o eduardo roberto (aka @euamotubaina) me convidou para fazer uma seleção para o seu tumblr de mixtapes, o cinco músicas. não tive dúvida, fiz um recorte (negro) entre as músicas que tenho ouvido ultimamente. curumin ("afoxoque") e oquadro ("balançuquadro") já tinham aparecido aqui pelo esforçado, e de brasileiro entrou também "nem se, nem dó", música do sensacional disco de estreia do café preto, projeto de dub liderado por cannibal (devotos). as outras duas vieram da áfrica: "ekassa 24" é do nigeriano victor uwaifo, a grande estrela da coletânea the rough guide to psychedelic africa, e "make is fast, make it slow" é a faixa-título de um disco de 1977 do ganês rob.

já tinha visto esse mixcloud em outros blogs e foi tão rápido o processo (de mandar pro eduardo e ele subir no tumblr) que acho que o usarei para fazer umas mixtapes mensais aqui. será que conseguirei? aguardem os próximos capítulos.

terça-feira, 5 de junho de 2012

gihachiro okayama, isso mesmo

esse é o nome do cara. ele foi designer e ilustrador, mas pode ter sido outras coisas também. talvez sua melhor produção tenha acontecido na década de 1930 ou pelo menos o que ficou mais conhecido seja dessa época. japonês, claro. e não consegui achar mais nada. cheguei a ele via um link postado pelo daniel bueno com uma seleção bem bacana de artes gráficas japonesas dos anos 1920 e 30. mas esse trabalho do okayama saltou aos olhos. o traço moderno, as perspectivas malucas, e legal ver - mesmo nessa micro seleção - como ele passou a desenhar esses cartazes publicitários ainda mais livremente no decorrer da década (e mais cores, muito mais cores). saca só.

1931

1931

1932

1936

1937

 1937

1937