Cris Siqueira está com esta segunda turma. Seu filme de
estreia, Monga [ver datas, horários e locais de exibição ao fim do
texto], tem uma instigante trilha sonora praticamente toda original alternando
faixas instrumentais e canções do punk rock ao funk. São 11 músicas que fazem
cama, mesa e banho para as memórias e histórias de uma lendária atração
circense que nasceu no Brasil e foi parar nos Estados Unidos. Em Monga, imagem e música andam juntas, conversam,
brigam, dão um tempo, enfim, se entrelaçam de muitas formas.
E não poderia ser diferente, afinal Cris se formou dirigindo
programas na MTV Brasil enquanto tinha uma banda pra chamar de sua em São
Paulo, a barulhenta e divertida Go Hopey [montou outras bandas também em
Milwaukee, EUA, onde mora desde 2004].
Lançamento doc MONGA
em SP from Cris Siqueira on
Vimeo.
Tal qual a trajetória transcontinental da Monga circense,
Cris Siqueira fez da trilha de seu filme uma ponte entre Brasil e Estados
Unidos, São Paulo e Milwaukee/Chicago. E, por ser uma produção radicalmente
independente bancada às próprias custas S/A, as músicas são também uma carinhosa
ação entre amigas(os). Então, vamos a elas.
arte de Silvana Mello
e Mica O'Herlihy para o cartaz do filme
AS INSTRUMENTAIS
Coincidência ou não, quatro faixas instrumentais da trilha
de Monga foram compostas por
bateristas. Mauricio Takara, integrante do Hurtmold e do São Paulo Underground
[além de trabalhos solo], assina “Monga”, uma intrigante música tribal levada
em programações de cuíca e tamborim. John Herndon, do Tortoise, é autor da
espacial e climática "Ape Girl Instrumental"
Brock Gourlie, marido de Cris e baterista da Scrimshaw
[entre outros projetos], compôs a curta e intensa “Capy Theme”, faixa que dá um
pouco do clima, humor e velocidade de todo o filme, e a experimental e
envolvente "Springtube and Casio" [em parceria com Anton Sieger,
outro integrante da Scrimshaw].
A quinta música instrumental da trilha é anterior ao filme. "Jane
Birkin", uma surf music distorcida, é de um dos muitos projetos musicais
de Helena Fagundes, o Ex Naive. Helena é amiga de longa data de Cris Siqueira e
também assina a edição de som de Monga.
OS ROCKS
Voltando à Helena Fagundes, ela é metade do projeto
Clementine [a outra é a portuguesa Shelley Barradas]. As duas enquanto
Clementine assinam a veloz "Ape Girl", pós punk à la Sonic Youth que
serve de aviso para os perigos da Monga, afinal de contas ela definitivamente
não é uma garota como outra qualquer.
"Go Monga" tem a mesma sonoridade de “Ape Girl”,
mas sua letra é delirante e trash como um filme de terror B dos anos 1950. Fruto
de encontro de amigos em um estúdio em Mogi das Cruzes, “Go Monga” é Eliane
Testone [Repentina], Helena Duarte e Danilo Sevali [Hierofante Púrpura} e a
própria Cris Siqueira expandindo musicalmente a mitologia da Monga.
Enquanto isso, "Lowland Gorila", de Jordan Davis [Space
Raft/Mystery Girls], é a que dá o tom predominante dessas histórias de muitas
Mongas. Tem algo de romântico, um tanto de nostálgico, pitadas de lamento, mas
principalmente delicadeza nas quatro diferentes versões de "Lowland" presentes
no filme.
Outras duas músicas não inéditas estão entre os rocks: "Walt
Disney Jr", da Scrimshaw, parece que veio de uma animação underground e
casa perfeitamente com o clima da Monga;
já "Just What You Need", do Resist Her Transistor [uma das bandas que
Cris fez parte nos EUA], é outro punk rock como manda o figurino, rápido e cru.
E O FUNK
Por ultimo, o inusitado hit da trilha: "Calma
Monga", ou o encontro de uma das rappers brasileiras, a paulistana Lurdez
da Luz, com um veterano produtor do funk carioca, o DJ Zé Colméia. Sob a batida
de um pancadão clássico, Lurdez encarna duplo papel, tanto de funkeira bilíngue
quanto de mestre de cerimônias do espetáculo.
EXIBIÇÕES DE MONGA
CineSesc [Rua Augusta, 2075]
dia 18, 21h - Exibição do filme + bate papo de Cris Siqueira com a jornalista Renata Simões
Matilha Cultural [Rua Rêgo Freitas, 542]
dia 20, 19h - Festa de lançamento
dia 21, 20h
dia 22, 19h
dia 23, 19h