terça-feira, 30 de novembro de 2010

laerte da semana #20

eletrodemo, pode acreditar

como sempre, timpin, o cabra mais antenado sobre a atual música popular brasileira, deu o aviso. o pessoal da gang do eletro (waldo squash & maderito), que falei aqui no mais recente transversão, lançou um cd demo (volume beta) e, não coincidentemente, o próprio timpin foi o responsável pela seleção das dez músicas presentes. basta clicar no logo que está aí logo abaixo e se divertir com uma sensacional coleta de hits para pistas sem preconceitos.

ah, olha aí o nome das faixas. só s-u-c-e-s-s-o.

01. tributo a carmem miranda
02. curtição da night
03. panamericano
04. velocidade do eletro
05. eletromelody da indiana
06. vou passar o sal
07. pout-pourri de eletromelodys
08. eletrocumbia do mexicano
09. rubi boy
10. mariazinha & joãozinho do pop

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

quem fica parado é estátua

na sinopse do video, em sua página no youtube, está escrito assim: "estranho fato ocorrido em julho de 2010 no largo da carioca, centro do rio de janeiro, que informa muito sobre o clima de 'choque' que tem pairado sobre a cidade". o registro foi feito com um celular por cristian caselli, jornalista e editor, que estava passando por acaso pelo largo.



gosto muito da reação das pessoas em defesa do artista-estátua-viva em um video que é muito revelador dessa confusão de prioridades tão carioca, tão brasileira. que "choque de ordem" é esse que faz vista grossa para corrupções e enquadra pobres artistas da rua?

e o bruno natal entrevistou o caselli para sua coluna semanal no jornal o globo. tá lá no urbe.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

o céu é bem por aqui mesmo

falei do coletivo as rutes por aqui no ano passado. é de uma grande amiga e atriz, cristiana ceschi, que junto com a beatriz carvalho exploram cenicamente o espaço da cidade (qualquer cidade) e seus habitantes. no projeto mais recente da dupla, que contou com a colaboração do bróder fernando de almeida (e marido de cris), a cidade "vítima" foi são carlos, no interior de são paulo. cielo di san carlo é uma bela e lírica mistura de histórias de pessoas. só vendo mesmo...

Cielo di San Carlo - As Rutes - 2010 from beatriz carvalho on Vimeo

p.s.: e o áudio do início, que não reconheci a princípio, é de outro bróder, daniel almeida, autor do header do esforçado e irmão de fernando.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

vai melhorar, tem que melhorar

a pixar, responsável por alguns dos melhores filmes das últimas duas décadas, mais uma vez mostra que é repleta de (bons) sentimentos, carinho, respeito, amor, etc. via @carolpatrocinio.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

de volta (quase)

amsterdam

berlin

londres

paris (só o aeroporto mesmo)

e agora, acelerando devagarzinho de volta ao(s) batente(s) e feliz com uma viagem bem da boa. beijo grande pra carolina, minha companheira dessas e de outras cidades.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

cuidado com o bulldog

aqui no bulldog, perto da praça com pista de gelo pequena e meio fuleira cheia de folhas secas constantemente jogadas para fora, na calçada mesmo. perto do american hotel imponente, de outros grandes tempos, e com janelas enormes e vitrais fantasmagoricamente lindos. de frente para essa praça movimentada, uma das filiais do bulldog, um bar como qualquer outro. entro lá e vejo um menu sortido, basta apertar um botão e acende uma luz. digo logo: i'm a first timer in coffeshops. marijuana or hash? marijuana. weak, medium or strong? medium. white widow! levo o saquinho plástico zipado e, depois de sentando, peço uma coca pequena. bem pianinho, pra curtir o momento, aproveitar essa oportunidade sem crise nenhuma, sem babar na gravata. de vez em quando pensando que nem ia conseguir o fumar o baseadinho todo. só mais um dia e pouquinho na cidade livre. não ia dar conta do saquinho todo. que maldade. e ao redor muita música, sempre dançante, mais ou menos pop. mas estava sozinho e não entendia as pessoas, o que é ao mesmo tempo solitário e liberador. o que faço enquanto fumo sozinho? começo a escrever que estava aqui no bulldog, perto da praça com pista de gelo pequena e meio fuleira...

fui escrevendo isso ontem a noite, umas 10 e meia da noite, no meu celular, enquanto curtia minha primeira e tranquila experiência em um coffeeshop de amsterdã. acho que queria mais comprar e sentar em um bar, assim mesmo normalmente, do que propriamente fumar. só para confirmar que é assim tem que ser. normal. um negócio como qualquer outro. mas, como diria a presidenta dilma, tergiverso. durante minha permanência no bulldog - um coffeeshop com cara de hard rock café, isto é, sem charme, comercialzão - conheci um rapper belga simplesmente sensacional: stromae. filho de mãe belga e pai ruandês, paul van haver adotou o pseudônimo de stromae (palíndromo de 'maestro') ali pelo início dos anos 2000 e só foi lançar seu primeiro trabalho solo, o ep juste un cerveau, un flow, un fond et un mic…, em 2007. mas foi no final de 2008 ou ínicio de 2009 que nasceu a música "alors on danse" (algo como 'então vamos dançar'), sucesso que saiu da bélgica, lhe deu o primeiro contrato com uma grande gravadora, e depois, no primeiro semestre de 2010, espalhou-se pela europa continental. está em seu disco de estreia, cheese (vertigo/mercury/universal music, 2010), ganhou remix assinado por kanye west e um clipe sensacional. ainda não consegui achar o disco, mas o som do garoto é esse rap com batidas de electro, house, eurodance e outras coisinhas globais. saiba mais sobre stromae na wikipédia e o acompanhe pelo twitter @Stromae. mas antes, escute e veja...



não é foda? coisas que o bulldog pode fazer por você. e lá em seu canal no youtube achei esse video, no qual stromae fala de como foi compondo a música, camada por camada, e demonstra ao vivo.

domingo, 7 de novembro de 2010

não mexe comigo, por favor

nas pesquisas para o post anterior acabei me atualizando de algumas coisas do chico mann. vi que dois de seus videos mais recentes foram dirigidos por um tal de hasan mclendon: o clipe de "ilusión de ti" e o curta musical de "say what". e em seu canal no youtube, entre ótimos registros ao vivo - inclusive com o antibalas, do guitarrista chico -, uma pérola de soul e deboche. com vocês, don't mess with mr. t.



aproveito aquele sorriso no rosto para avisar que o esforçado será menos atualizado nas próximas duas semanas e algo mais. motivo? férias. mas como não consigo ficar parado (virtualmente) estarei ali pelo @dafnesampaio ou no twitpic, com uma foto ou outra da viagem. e antes que eu me esqueça, mr. t tem um recado para você.

inté

o que é blundetto?

se você ainda não ouviu bad bad things (heavenly sweetness, 2010), a estreia do francês blundetto, fique sabendo que é, pelo menos aqui na opinião da casa, o disco do ano. já coloquei a regravação de "nautilus" (bob james), a primeira faixa do trabalho, em um transversão recente, mas imagine que ainda existem outras 11 músicas e quase tudo de altíssimo nível (tipo "voices", "mi condena", "my one girl", "white birds", "la carretilla", umas 10 entre 12). reggae, funk, afrobeat, soul, tanta coisa, e sem falar nas participações de shawn lee, budos band, general elektriks, hindi zahra, chico mann (antibalas), tommy guerrero e lateef the truthspeaker, quer dizer... mas, procurando algum clipe na internet - não achei nenhum - dei de cara com esse divertido material promocional do disco. saiba um pouco mais sobre o francês e vá ouvir já bad bad things (lá no só pedrada tem). sua vida ficará melhor. sem exagero.







sexta-feira, 5 de novembro de 2010

eu te amo, tu me amas



absolutamente genial. e agora é tocar a vida que 2011 taí.

via trabalho sujo.

m.i.a. + the specials

aconteceu na terça, durante a gravação de uma edição de aniversário do programa later... with jools holland, o encontro de m.i.a. com o the specials, a mítica banda inglesa de ska. um belo encontro de diferentes gerações ao som do muy amado reggae. e a música é "it takes a muscle", regravação de um sucesso de 1982 dos holandeses do spectral display, que m.i.a. registrou em seu mais recente disco, maya (xl recordings/interscope/n.e.e.t, 2010).



via @Andre_Maleronka.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

cadê a peruca de crina de cavalo do ney?

foi a primeira vez que falei com ney matogrosso. meros 20 minutos e por telefone. mas o bastante para admirá-lo ainda mais por sua franqueza e simpatia. conversa boa, viu? a deixa para essa entrevista é a exibição do seu mais recente show, beijo bandido, no canal brasil (dia 19 de dezembro, 21h), e o texto abaixo, inédito, estará na revista monet de dezembro que ainda estamos fazendo (quer dizer, estou saindo de férias na semana que vem, ficando 20 dias fora, e nem pegarei o fechamento). e o show sairá em dvd logo depois, ou antes.


SANGUE E PAIXÃO

Camaleão em pele de sofisticado artista pop, Ney Matogrosso está muito próximo de completar 70 anos. Não parece, claro. Nem ao telefone, com sua voz tranquila, bem humorada e límpida, e muito menos no palco, espaço que domina como poucos há quatro décadas. Quem já o viu saracoteando ao vivo sabe de sua intensidade e magnetismo. Ninguém é Ney Matogrosso à toa e seu mais recente show,
Beijo Bandido, é uma nova prova disso. Gravada em agosto, na reabertura do reformado Theatro Municipal carioca, a apresentação chega ao Canal Brasil com toda a energia do ex-integrante da lendária banda Secos & Molhados aliada a uma recém-descoberta maturidade artística.

“Acho que estou mais maduro na forma. Antes era uma coisa muito aleatória. Agora vou entendendo e procurando dar uma continuidade na história. Antigamente não era assim: eu entrava, caía naquela loucura e ia até o final sem muita preocupação com a forma. Agora estou conduzindo mais a história e antes era conduzido.” E o show
Beijo Bandido, que ganhou este nome por causa do elogiado disco de 2009, é conduzido como uma história romântica cheia de cores e possibilidades, e como sempre esbarrando no erotismo, no qual cabem músicas de veteranos como Luiz Bonfá (“De Cigarro em Cigarro”), Herivelto Martins (“Segredo”), Roberto e Erasmo Carlos (“À Distância”) e Vinicius de Moraes (“Medo de Amar”), mas também de jovens como Herbert Vianna (“Nada por Mim”), Vitor Ramil (“Invento”), Junior Almeida (“A Cor do Desejo”) e Cazuza (“Mulher Sem Razão”).

Curioso é que este repertório repleto de corações partidos nasceu de um estímulo, digamos assim, político-ambiental. Ney explica melhor: “Esse trabalho surgiu porque a Lucélia Santos me ligou dizendo que era aniversário de morte do Chico Mendes – e a única passeata que fui na minha vida foi uma com ele pela defesa da Amazônia. A Lucélia também participou e como sabia que eu tinha essa ligação me perguntou se não queria fazer um show. Comecei a pensar e fui vendo que começou a aparecer um repertório romântico, mas achei que tudo bem. Quero sempre cantar o que gosto, independente do que for.”

O bom dessa autonomia é que Ney gosta de muita coisa e está sempre de ouvidos abertos. Em discos recentes como
Olhos de Farol (1999), Vagabundo (2004, feito em parceria com Pedro Luís e a Parede) e Inclassificáveis (2008), o intérprete mostrou a seus fãs que a música popular brasileira continua pulsante no cancioneiro de gente como Itamar Assumpção, Marcelo Camelo, André Abujamra e Luiz Tatit. Mas obviamente nunca deixa de lado as vozes que aprendeu a amar ouvindo o rádio da década de 1950. E dá-lhe Dalva de Oliveira, Elizeth Cardoso e Ângela Maria.

De terno sóbrio e justo, o cantor investiga em
Beijo Bandido os sobressaltos do amor, mas atualmente ele mesmo não tem o que reclamar desse campo permanentemente minado. Não revela nada, discreto como sempre, mas sua voz deixa escapar sinais de felicidade. Bem, pode ser também porque virou unanimidade nacional e só faz os discos e shows que quer. “Olha, quando vi o show gravado vi que é o primeiro que realmente... tem alguns outros que gosto, mas esse me satisfez artisticamente. Já vi duas vezes e tive muito prazer ao vê-lo.” Se Ney, autocrítico que é, repetiu a dose, imagine a gente...



e agora segue a breve entrevista na íntegra.

Como nascem seus discos? Cada um tem uma história diferente ou você já tem um método na escolha de repertório?
Nascem de várias maneiras, por vários estímulos. Esse, por exemplo, surgiu porque a Lucélia Santos me ligou dizendo que era aniversário de morte do Chico Mendes – e a única passeata que eu fui na minha vida inteira foi uma com o Chico aqui no Rio de Janeiro pela defesa da Amazônia. A Lucélia também participou e como sabia que eu tinha essa ligação me perguntou se não queria fazer um show para o aniversário da morte dele no Teatro Tom Jobim. Estava fazendo o show “Inclassificáveis”, mas ele não cabia lá, então comecei a pensar em outro show. Fui vendo que começou a aparecer um repertório romântico, mas achei que tudo bem. Quero sempre cantar o que gosto, independente de ser o que for. Quando terminei fui falar com ela, que ficou espantada e disse que “não era um show inteiro!”. Aí respondi que era tarde demais [risos]. Mas no dia cantei 6 das 14 músicas desse show. Depois de gravar o disco coloquei mais 5 para montar o show definitivo, porque 14 é pouco para um show.

E quando você está montando o repertório já pensa no show?
Penso. Penso. Não consigo disso dissociar. Quando começo a gravar um disco já começo a imaginar como será o espírito da coisa ao vivo. Claro que só depois vou entender como a coisa vai ser, mas já vou tendo idéias pra frente.

Acontece então de músicas ficarem de fora se você acha que não terão força ao vivo?
Sim, podem ficar de fora. Como também podem entrar outras. Depois dessa apresentação no Teatro Tom Jobim fiz outros três shows em lugares diferentes para públicos muito diferentes. Queria observar a reação dessas pessoas ao repertório e em função disso tirei “Veleiros” (Heitor Villa-Lobos) e “Tema de Amor de Gabriela” (Tom Jobim), que ficavam no meio do show e acabavam dando uma amornada. Aí gravei o disco sem elas e acabei colocando outras no lugar. Achei que podia colocar alguma coisa mais pop no disco e não ficar apenas nos clássicos, sabe? Então coloquei “Nada por Mim” (Herbert Vianna e Paula Toller) e “A Cor do Desejo”, que é de um compositor de Maceió, o Junior Almeida (em parceria com Ricardo Guima). Achei que o show ficou mais equilibrado. Tirou aquela cara de recital apenas. Continua sendo um recital, mas ele é pop no sentido que canto um tango, um Piazzolla, um bolero, uma música do Roberto Carlos que queria cantar faz muito tempo (“À Distância”), alternando climas. Embora a temática romântica seja a mesma.

Você mudou no palco nos últimos anos?
Acho que estou mais maduro na forma. Antes era uma coisa muito aleatória. Agora eu vou entendendo e procurando dar uma continuidade na história. Antigamente não era assim: eu entrava, caía naquela loucura e ia até o final sem muita preocupação com a forma. Agora estou conduzindo mais a história, antes eu era conduzido. É o amadurecimento mesmo. Ah, mas deixa te falar uma coisa que descobri recentemente. Um amigo me mostrou uns livros sobre butô, aquela dança japonesa, e fiquei muito impressionado porque eu me via nas fotos dos livros. Eu me via em cena! Nunca imaginei que eu fizesse butô [risos]. Gostei de saber disso. Claro que não é trágico como o do Kazuo Ohno, mas tem uma coisa similiar.

Essa descoberta te fez pesquisar mais sobre?
É uma descoberta muito recente. Vou fazer um ensaio fotográfico e estou pensando em caminhar exatamente por aí. Tenho uma série de amigos fotógrafos e às vezes faço ensaios sem maiores pretensões. Apenas para entrar no estúdio e curtir. Estou atrás de uma peruca gigante de crina de cavalo que eu tinha... mas não sei, não encontrei. Achei que seria interessante pra esse trabalho. Ia até a cintura e era muito selvagem. Ela cai sobre o rosto, fica em pé no alto da cabeça. Era uma peruca que foi feita pra mim, sabe? [risos] Já usei até em show.

No release diz que o show foi dedicado ao Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (MORHAN)...
Foram duas noites no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, uma delas para esse projeto. Foi na mesma noite que o
[empresário] Eike Batista doou R$ 4,5 milhões para o movimento e... estamos esperando.

Não veio ainda?
Ainda não [risos].

Eike caloteiro... [risos]
Não, imagina...

Tô brincando.
Ele não ia se comprometer publicamente, né? Mas o dinheiro não chegou na mão do movimento...

Mas como começou sua relação com o projeto?
Foi em 2000. Fui procurado por engano porque o Ney Latorraca tinha dado uma entrevista dizendo que ia deixar a herança dele para projetos relacionados a AIDS e a Hanseníase. E aí mandaram procurar o Latorraca e chegaram a mim [risos]. Não foi uma surpresa.

É comum confundirem vocês? [risos]
Acontece muito na rua. As pessoas gritam: “Ê, Ney Latorraca!”. Eu já aceno, nem digo nada [risos]. E ele também acena quando o chamam de Matogrosso.

Olha só, tipo Itamar Assumpção e Luiz Melodia. Gêmeos.
Pode ser. Só que nossos nomes são parecidos. Ambos somos de Mato Grosso. Também tem isso, né?

Então começou assim...
Começou com essa confusão. E eu achava, como 99,9% da população, que essa doença não existia mais no Brasil. Eu achava que não existia mais no mundo! E fiquei muito assustado em saber que o Brasil lidera... temos essa medalha de ouro vergonhosa
[nesse ano, segundo a OMS, o Brasil caiu para o segundo lugar e a Índia voltou a liderar]. Comecei a pedir informações e vi que eram extremamente úteis e não estavam disponíveis. Ninguém falava que a doença tem cura, que o remédio é de graça. Informações simples e muito importantes. Aí fui participando de campanhas Brasil afora. Já são dez anos nisso.

E como foi ver o registro do show?
Olha, quando vi o show gravado vi que é o primeiro que realmente... tem outros que gosto, mas esse me satisfez artisticamente. O pessoal que filmou, a Urca Filmes, fez algumas intervenções visuais que me agradaram muito. Já vi duas vezes e tive muito prazer ao vê-lo.

e pra encerrar, um video raro: ney cantando "desafinado" (tom jobim e newton mendonça) em um especial da tv bandeirantes de 1978.


quarta-feira, 3 de novembro de 2010

porra, sega!

via @dlima.

produzindo cultura

o release do projeto diz o seguinte: "Produção Cultural no Brasil é um trabalho multimídia que reúne 100 entrevistas em vídeo com gestores, artistas e realizadores culturais de todo o país. O material dará origem a 5 livros e é o ponto de partida para um processo permanente de discussão e reflexão sobre o que é, quem faz e como se produz cultura brasileira." e que honra ver minha tia mileide flores, irmã de meu pai e grande amiga, entre essa centena de entrevistados, gente como andré midani, hugo possolo, sérgio rodrigues, hermínio bello de carvalho, maurício de sousa, luiz calanca, moraes moreira, ivaldo bertazzo, inezita barroso, thomaz farkas, fernando faro, zé celso martinez corrêa, marcelino freire, danilo miranda e toninho mendes.

contei um pouco da história da feira do livro, a livraria da família em fortaleza, e de mileide no post "um convite literário".

terça-feira, 2 de novembro de 2010

los muertos, viva los muertos



esse video/post é uma homenagem a todos aqueles que demonstraram publicamente seus preconceitos, ignorâncias, ressentimentos, entre outras coisas, durante essa campanha eleitoral. que o governo de dilma seja uma "aventura histórica" para o horror de seus piores pesadelos. e aqui vai uma lista incompleta de alguns homenageados, sem ordem alfabética ou de importância. um beijo, um abraço, um aperto de mão para...

merval pereira, reinaldo azevedo, arnaldo jabor, marcelo madureira, maitê proença, soninha francine, ferreira gullar, eliane cantanhêde, joão pereira coutinho, miriam leitão, otávio frias filho, guilherme fiuza, augusto nunes, ruth aquino, dora kramer, ricardo noblat, carlos vereza, jair bolsonaro, william waack, mônica serra, diogo mainardi, marcelo tas, gravataí merengue, diego escosteguy, mônica waldvogel, bolivar lamounier, fernando gabeira, hélio bicudo, josé serra, índio da costa, tasso jereissati, arthur vigílio, sérgio guerra, jorge bornhausen, césar maia, rodrigo maia, itamar franco, álvaro dias, roberto freire, coturno noturno, beto richa, silas malafaia, xico graziano, kátia abreu, felipe neto, danuza leão, políbio braga, gilberto dimenstein (que o @elgroucho lembrou aí nos comentários)... (se lembrarem de mais alguém - que por ações ou declarações entraram no mimimi, e não simplesmente apoiaram o serra, que isso não é pecado - coloquem o nome aí na janela de comentários; e vou colocando mais gente conforme lembrar).

p.s.: em um futuro recente assumo um compromisso de fazer um post vade-retro sobre figuras que poderiam muito bem não estar com a dilma, tipo gabriel chalita, magno malta e josé sarney (mas, como bem disse o senador cristovam buarque, "a magia é maior que o sarney").

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

um passo à frente e você não está mais
no mesmo lugar

o momento.



via ricardo mendonça (@RMendonca09), da revista época.

p.s.: e outro flagrante, o da minha confirmação.

para o brasil seguir mudando...

segue a íntegra do primeiro discurso de dilma roussef, nossa primeira presidentA. foi um tanto longo, um tanto técnico e a emoção só apareceu quando citou o lula, mas achei uma ótima e importante carta de intenções. afinal, dilma não é lula, e isso é bom.

Minhas amigas e meus amigos de todo o Brasil,

É imensa a minha alegria de estar aqui. Recebi hoje de milhões de brasileiras e brasileiros a missão mais importante de minha vida. Este fato, para além de minha pessoa, é uma demonstração do avanço democrático do nosso país: pela primeira vez uma mulher presidirá o Brasil. Já registro portanto aqui meu primeiro compromisso após a eleição: honrar as mulheres brasileiras, para que este fato, até hoje inédito, se transforme num evento natural. E que ele possa se repetir e se ampliar nas empresas, nas instituições civis, nas entidades representativas de toda nossa sociedade.

A igualdade de oportunidades para homens e mulheres é um principio essencial da democracia. Gostaria muito que os pais e mães de meninas olhassem hoje nos olhos delas, e lhes dissessem: SIM, a mulher pode!

Minha alegria é ainda maior pelo fato de que a presença de uma mulher na presidência da República se dá pelo caminho sagrado do voto, da decisão democrática do eleitor, do exercício mais elevado da cidadania. Por isso, registro aqui outro compromisso com meu país:

- Valorizar a democracia em toda sua dimensão, desde o direito de opinião e expressão até os direitos essenciais da alimentação, do emprego e da renda, da moradia digna e da paz social.

- Zelarei pela mais ampla e irrestrita liberdade de imprensa.

- Zelarei pela mais ampla liberdade religiosa e de culto.

- Zelarei pela observação criteriosa e permanente dos direitos humanos tão claramente consagrados em nossa constituição.

- Zelarei, enfim, pela nossa Constituição, dever maior da presidência da República.

Nesta longa jornada que me trouxe aqui pude falar e visitar todas as nossas regiões. O que mais me deu esperanças foi a capacidade imensa do nosso povo, de agarrar uma oportunidade, por mais singela que seja, e com ela construir um mundo melhor para sua família. É simplesmente incrível a capacidade de criar e empreender do nosso povo. Por isso, reforço aqui meu compromisso fundamental: a erradicação da miséria e a criação de oportunidades para todos os brasileiros e brasileiras.

Ressalto, entretanto, que esta ambiciosa meta não será realizada pela vontade do governo. Ela é um chamado à nação, aos empresários, às igrejas, às entidades civis, às universidades, à imprensa, aos governadores, aos prefeitos e a todas as pessoas de bem.

Não podemos descansar enquanto houver brasileiros com fome, enquanto houver famílias morando nas ruas, enquanto crianças pobres estiverem abandonadas à própria sorte. A erradicação da miséria nos próximos anos é, assim, uma meta que assumo, mas para a qual peço humildemente o apoio de todos que possam ajudar o país no trabalho de superar esse abismo que ainda nos separa de ser uma nação desenvolvida.

O Brasil é uma terra generosa e sempre devolverá em dobro cada semente que for plantada com mão amorosa e olhar para o futuro. Minha convicção de assumir a meta de erradicar a miséria vem, não de uma certeza teórica, mas da experiência viva do nosso governo, no qual uma imensa mobilidade social se realizou, tornando hoje possível um sonho que sempre pareceu impossível.

Reconheço que teremos um duro trabalho para qualificar o nosso desenvolvimento econômico. Essa nova era de prosperidade criada pela genialidade do presidente Lula e pela força do povo e de nossos empreendedores encontra seu momento de maior potencial numa época em que a economia das grandes nações se encontra abalada.

No curto prazo, não contaremos com a pujança das economias desenvolvidas para impulsionar nosso crescimento. Por isso, se tornam ainda mais importantes nossas próprias políticas, nosso próprio mercado, nossa própria poupança e nossas próprias decisões econômicas.

Longe de dizer, com isso, que pretendamos fechar o país ao mundo. Muito ao contrário, continuaremos propugnando pela ampla abertura das relações comerciais e pelo fim do protecionismo dos países ricos, que impede as nações pobres de realizar plenamente suas vocações.

Mas é preciso reconhecer que teremos grandes responsabilidades num mundo que enfrenta ainda os efeitos de uma crise financeira de grandes proporções e que se socorre de mecanismos nem sempre adequados, nem sempre equilibrados, para a retomada do crescimento.

É preciso, no plano multilateral, estabelecer regras mais claras e mais cuidadosas para a retomada dos mercados de financiamento, limitando a alavancagem e a especulação desmedida, que aumentam a volatilidade dos capitais e das moedas. Atuaremos firmemente nos fóruns internacionais com este objetivo.

Cuidaremos de nossa economia com toda responsabilidade. O povo brasileiro não aceita mais a inflação como solução irresponsável para eventuais desequilíbrios. O povo brasileiro não aceita que governos gastem acima do que seja sustentável.

Por isso, faremos todos os esforços pela melhoria da qualidade do gasto público, pela simplificação e atenuação da tributação e pela qualificação dos serviços públicos. Mas recusamos as visões de ajustes que recaem sobre os programas sociais, os serviços essenciais à população e os necessários investimentos.

Sim, buscaremos o desenvolvimento de longo prazo, a taxas elevadas, social e ambientalmente sustentáveis. Para isso zelaremos pela poupança pública.

Zelaremos pela meritocracia no funcionalismo e pela excelência do serviço público. Zelarei pelo aperfeiçoamento de todos os mecanismos que liberem a capacidade empreendedora de nosso empresariado e de nosso povo. Valorizarei o Micro Empreendedor Individual, para formalizar milhões de negócios individuais ou familiares, ampliarei os limites do Supersimples e construirei modernos mecanismos de aperfeiçoamento econômico, como fez nosso governo na construção civil, no setor elétrico, na lei de recuperação de empresas, entre outros.

As agências reguladoras terão todo respaldo para atuar com determinação e autonomia, voltadas para a promoção da inovação, da saudável concorrência e da efetividade dos setores regulados.

Apresentaremos sempre com clareza nossos planos de ação governamental. Levaremos ao debate público as grandes questões nacionais. Trataremos sempre com transparência nossas metas, nossos resultados, nossas dificuldades.

Mas acima de tudo quero reafirmar nosso compromisso com a estabilidade da economia e das regras econômicas, dos contratos firmados e das conquistas estabelecidas.

Trataremos os recursos provenientes de nossas riquezas sempre com pensamento de longo prazo. Por isso trabalharei no Congresso pela aprovação do Fundo Social do Pré-Sal. Por meio dele queremos realizar muitos de nossos objetivos sociais.

Recusaremos o gasto efêmero que deixa para as futuras gerações apenas as dívidas e a desesperança.

O Fundo Social é mecanismo de poupança de longo prazo, para apoiar as atuais e futuras gerações. Ele é o mais importante fruto do novo modelo que propusemos para a exploração do pré-sal, que reserva à Nação e ao povo a parcela mais importante dessas riquezas.

Definitivamente, não alienaremos nossas riquezas para deixar ao povo só migalhas. Me comprometi nesta campanha com a qualificação da Educação e dos Serviços de Saúde. Me comprometi também com a melhoria da segurança pública. Com o combate às drogas que infelicitam nossas famílias.

Reafirmo aqui estes compromissos. Nomearei ministros e equipes de primeira qualidade para realizar esses objetivos. Mas acompanharei pessoalmente estas áreas capitais para o desenvolvimento de nosso povo.

A visão moderna do desenvolvimento econômico é aquela que valoriza o trabalhador e sua família, o cidadão e sua comunidade, oferecendo acesso a educação e saúde de qualidade. É aquela que convive com o meio ambiente sem agredí-lo e sem criar passivos maiores que as conquistas do próprio desenvolvimento.

Não pretendo me estender aqui, neste primeiro pronunciamento ao país, mas quero registrar que todos os compromissos que assumi, perseguirei de forma dedicada e carinhosa. Disse na campanha que os mais necessitados, as crianças, os jovens, as pessoas com deficiência, o trabalhador desempregado, o idoso teriam toda minha atenção. Reafirmo aqui este compromisso.

Fui eleita com uma coligação de dez partidos e com apoio de lideranças de vários outros partidos. Vou com eles construir um governo onde a capacidade profissional, a liderança e a disposição de servir ao país será o critério fundamental.

Vou valorizar os quadros profissionais da administração pública, independente de filiação partidária.

Dirijo-me também aos partidos de oposição e aos setores da sociedade que não estiveram conosco nesta caminhada. Estendo minha mão a eles. De minha parte não haverá discriminação, privilégios ou compadrio.

A partir de minha posse serei presidenta de todos os brasileiros e brasileiras, respeitando as diferenças de opinião, de crença e de orientação política.

Nosso país precisa ainda melhorar a conduta e a qualidade da política. Quero empenhar-me, junto com todos os partidos, numa reforma política que eleve os valores republicanos, avançando em nossa jovem democracia.

Ao mesmo tempo, afirmo com clareza que valorizarei a transparência na administração pública. Não haverá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito. Serei rígida na defesa do interesse público em todos os níveis de meu governo. Os órgãos de controle e de fiscalização trabalharão com meu respaldo, sem jamais perseguir adversários ou proteger amigos.

Deixei para o final os meus agradecimentos, pois quero destacá-los. Primeiro, ao povo que me dedicou seu apoio. Serei eternamente grata pela oportunidade única de servir ao meu país no seu mais alto posto. Prometo devolver em dobro todo o carinho recebido, em todos os lugares que passei.

Mas agradeço respeitosamente também aqueles que votaram no primeiro e no segundo turno em outros candidatos ou candidatas. Eles também fizeram valer a festa da democracia.

Agradeço as lideranças partidárias que me apoiaram e comandaram esta jornada, meus assessores, minhas equipes de trabalho e todos os que dedicaram meses inteiros a esse árduo trabalho. Agradeço a imprensa brasileira e estrangeira que aqui atua e cada um de seus profissionais pela cobertura do processo eleitoral.

Não nego a vocês que, por vezes, algumas das coisas difundidas me deixaram triste. Mas quem, como eu, lutou pela democracia e pelo direito de livre opinião arriscando a vida; quem, como eu e tantos outros que não estão mais entre nós, dedicamos toda nossa juventude ao direito de expressão, nós somos naturalmente amantes da liberdade. Por isso, não carregarei nenhum ressentimento.

Disse e repito que prefiro o barulho da imprensa livre ao silencio das ditaduras. As criticas do jornalismo livre ajudam ao pais e são essenciais aos governos democráticos, apontando erros e trazendo o necessário contraditório.


foto da FSP

Agradeço muito especialmente ao presidente Lula. Ter a honra de seu apoio, ter o privilégio de sua convivência, ter aprendido com sua imensa sabedoria, são coisas que se guarda para a vida toda. Conviver durante todos estes anos com ele me deu a exata dimensão do governante justo e do líder apaixonado por seu pais e por sua gente. A alegria que sinto pela minha vitória se mistura com a emoção da sua despedida.

Sei que um líder como Lula nunca estará longe de seu povo e de cada um de nós. Baterei muito a sua porta e, tenho certeza, que a encontrarei sempre aberta. Sei que a distância de um cargo nada significa para um homem de tamanha grandeza e generosidade. A tarefa de sucedê-lo é difícil e desafiadora. Mas saberei honrar seu legado. Saberei consolidar e avançar sua obra.

Aprendi com ele que quando se governa pensando no interesse público e nos mais necessitados uma imensa força brota do nosso povo. Uma força que leva o país para frente e ajuda a vencer os maiores desafios.

Passada a eleição agora é hora de trabalho. Passado o debate de projetos agora é hora de união. União pela educação, união pelo desenvolvimento, união pelo país. Junto comigo foram eleitos novos governadores, deputados, senadores. Ao parabenizá-los, convido a todos, independente de cor partidária, para uma ação determinada pelo futuro de nosso país.

Sempre com a convicção de que a Nação Brasileira será exatamente do tamanho daquilo que, juntos, fizermos por ela.

Muito obrigada

p.s.: e o angeli, genial e sacana como sempre, fez esta charge sobre troca de papéis (com direito a citação ao amigo laerte).