o controle midiático da narrativa política é um troço
avassalador. semana passada aconteceram em são paulo cinco atos #foratemer e em todos a polícia militar compareceu com sua violência habitual e selecionada. a desculpa policial é a mesma de sempre e é ilustrada pelas imagens da
assessoria de comunicação da instituição [a grande imprensa, com ênfase na tv globo]: vândalos infiltrados queimam uns
lixos, pixam umas paredes, vandalizam uns bancos, aí a polícia é obrigada a
agir e dispersar a multidão. qualquer pessoa que tenha passado em qualquer manifestação de esquerda desde 2013 sabe que esse lixo queimado, essas fachadas quebradas de bancos e concessionárias só ocorrem APÓS a repressão policial.
foto: marlene bergamo
a linda manifestação deste domingo 4 de setembro, igualmente #foratemer, só que muito
maior, mais longa e mais diversa, parecia que conseguiria driblar a narrativa
conservadora com crianças, famílias, cinco horas de marcha absolutamente
pacífica e sem acompanhamento da polícia. mas a pm não quis perder a viagem e
soltou bombas, balas de borracha e jatos d'água após o fim do ato QUANDO
MILHARES DE PESSOAS JÁ ESTAVAM INDO PARA SUAS CASAS e outras tinham ficado pelo
largo da batata para beber uma saideira [isso devia ser um pouco depois de 8 e
meia da noite].
a globo news, que tinha mostrado uns curtíssimos flashes da
gigantesca manifestação - nas manifestações pelo impeachment era cobertura 24
horas, tinha convocação e o escambau -, rapidamente entrou ao vivo com lixos
pegando fogo e acabou ditando a cobertura noite afora e nos jornais de hoje.
ontem, a princípio, folha, estadão, bbc, el país e o globo deixaram bem claro que
foi a pm, dando razões desencontradas, que começou gratuitamente a repressão.
logo depois o discurso mudou. hoje o estadão nem deu foto na primeira capa e na
chamada fala em tumulto. o jornalismo capacho de césar tralli no sptv falou que
era "muito triste tudo isso". a folha deu foto na capa junto com um
texto neutro, mas logo abaixo uma outra chamada, diretamente de um texto asqueroso do secretário de redação
& revoltado online vinicius mota, falando que militantes de esquerda são
burguersinhos que não respeitam o trabalhador pm e que a violência é de
esquerda [o que é de um cinismo absurdo justamente quando a folha defendeu
violência da pm em editorial na sexta].
para a grande imprensa, para a pm de geraldo alckmin, para o ministério público, para o governo GOLPISTA, os movimentos sociais,
partidos de esquerda, defensores de dilma ou da democracia, não são
manifestantes, não são brasileiros, são militantes pagos a preço de mortadela, vândalos arruaceiros e
bandidos [e seus leitores/admiradores tem certeza absoluta que usam crianças
como escudo humano]. a recorrência da narrativa do "vandalismo de
esquerda" é um jeito de esvaziar as manifestações [para a esquerda] e
criminalizar [para a direita] ao mesmo tempo. pra essa corja cínica não basta dar um
golpe e roubar 54 milhões de votos, é preciso criminalizar e aniquilar a
oposição progressista. eles estão vencendo e tudo fica mais fácil controlando a narrativa. não dá pra esperar que a história faça justiça ao que está acontecendo, é preciso contra atacar com ações e discurso, é preciso união de esquerdas [coisa rara, difícil, mas que aconteceu ontem por algumas horas].
foto: mídia ninja
p.s.: o baderna notícias, de belo horizonte, fez um belo apanhado da cobertura de ontem; o ator e roteirista gregório duvivier deu belas porradas no editorial da folha dentro da própria folha; tem também esse texto do matheus pichonelli ["os '40 que quebram carros' mandam um recado a temer: conecte-se ao mundo real"]; texto de jean wyllys em resposta ao secretário de redação da folha; ah, antes da manifestação de ontem, a polícia prendeu arbitrariamente cerca de 20 pessoas, alguns menores e outros que nem iam pra manifestação e aqui tem um relato assustador dessa história que ainda não acabou.
Manifestantes são agredidos pela polícia dentro de um bar por gritarem "não vai ter selfie". #ForaTemer #DiretasJa pic.twitter.com/azXAccKvAp— Agência Democratize (@agdemocratize) 5 de setembro de 2016
Um comentário:
Tristeza. 1964 voltou.
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