quarta-feira, 5 de outubro de 2011

yahoo #15

não imaginaria que "meu fraco é subcelebridade" fosse ter a repercussão que teve e se tornasse a mais lida dos meus textos até agora no yahoo (e um dos mais do próprio site, categoria colunas, claro). segundo michel blanco foram mais de 350 mil cliques, muitos cliques. pena que um erro de avaliação meu tirasse o foco do texto para muitos leitores. quando coloquei ronaldo fenômeno numa lista imaginária pensei em um nome de alguém que gostasse, mas que na atual circunstância (fora dos gramados de futebol, no caso) poderia ser tratado como uma mulher melão qualquer pelos grandes portais e revistas de fofoca. só que como não expliquei esse meu raciocínio as pessoas ficaram chocadas com esse rótulo de subcelebridade dado a ele ("por mim") e sairam me xingando de subjornalista pra baixo. devia ter colocado minha primeira opção, o eri johnson. ou não.

no mais, o ultrapop agora virou blog no yahoo e desde já contará com os meus textos dividindo espaço com os colegas dudu tsuda e pedro alexandre sanches. já no ar, e no novo endereço, "ajoelhou tem que dançar".


MEU FRACO É SUBCELEBRIDADE


Não consigo me conter. Basta olhar uma chamada com as palavras Nana Gouvêa & praia ou ex-ídolo em reabilitação ou ainda algo relacionado a qualquer ex-BBB que vou lá e me jogo. Já nem sinto mais culpa. Mas é claro que vou arrumando jeitos de explicar esse, digamos assim, desvio. Dou uma maquiada, enfeito com um monte de palavras. No fundo sei que é papo furado.

Mas é que às vezes sinto que subcelebridade é como aquele tio que você achava engraçadão na infância e quando o reencontra enquanto adulto sente um pouco de pena. Lá está ele repetindo a mesma piada há décadas. E ele sabe que a piada não funciona mais. E continua mesmo assim. Só que junto com a pena vem também um carinho, um respeito por aquela figura que te divertiu no passado. Pode substituir o tio por uma tia/prima bonitona ou qualquer outra combinação familiar possível. Subcelebridade pra mim é isso.

Mas Nana Gouvêa e Nicole Bahls não são minhas primas. Ronaldo Fenômeno não é meu tio. Priscila e Fani não estavam na mesma classe que eu no ensino fundamental. Na verdade, esses e inúmeros outros exemplos são meras engrenagens de uma máquina voraz e enigmática que produz notícias sobre nada. E o mais curioso é que subcelebridades não pagam nada para estar, diariamente, em todos os principais portais de notícias da internet brasileira. Elas estão lá por uma conspiração cósmica que une certo jornalismo de resultados (cada pageview, um flash) a um bando de gente com sede eterna para fofocas.


O que algumas dessas pessoas que buscam fama a qualquer custo não percebem – e isso vale também para famosos autodestrutivos como Amy Winehouse – é que grande parte de quem as consome gostaria mesmo de vê-las na pior, cada vez na pior. Até mortas, talvez.

Afinal, tem muito de crueldade em se alimentar esperanças de fama em corações despreparados. Mais cruel ainda é quando essas pessoas alcançam certa popularidade, porque quando ela acaba – e ela sempre acaba rápido – a diversão aumenta exponencialmente. Acompanhar um ex-BBB em sua maratona de humilhações e tiros n’água é um jeito moderno e menos sangrento de jogar escravos aos leões. À salvo do outro lado da telinha do computador, o “fã” vibra e clama por sangue. Eu não faço parte dessa torcida e quando acompanho o mundo de fofocas é na esperança de ver comportamentos surreais, cenas nonsense, bagunça, qualquer coisa que me faça rir ou que gere coisas sensacionais como o blog Ego Estagiário.

A humanidade é uma coisa complexa e fascinante e se existem pessoas que desejam a morte das outras em caixas de comentários também é verdade que nos deparamos com outras que fazem strip-tease ao som de Kátia Cega ou fazem jornalismo denúncia sobre drogas usando batata baroa no lugar de crack (caso do impagável professor Germano Borges, da tranquila e capixaba Guarapari). Ou ainda como Roberto Leal que fingiu tão bem que estava sob efeito de LSD no programa português Último a Sair que muita gente acreditou. Exatamente como um tio que mesmo após ter se curado do alcoolismo continuava fingindo estar bêbado nas festas familiares. Era assim que todos o conheciam e, curiosamente, o amavam.

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