já rolaram os discos e músicas
gringas de 2015, então agora é a vez de falar daqui, de listar o que mais
gostei do que ouvi aqui: artistas novos se firmando, iniciantes cheios de gás e
voz, medalhões inquietos, um pouco mais da nossa costumeira efervescência
musical. acabei fechando a minha lista [sempre e cada vez mais] inclusiva com
65 discos, mas destacarei 17 que estiveram mais muito mais próximos. pra
facilitar minha vida separei esses 17 em 3 blocos: os raps, as mina e os mano.
ogi, emicida, instituto, black alien, bnegão, síntese & cia
os rap – tal e qual a gringolândia, o rap também é no brasil
o gênero que tem mostrado mais originalidade, mais vontade de falar de assuntos
diversos e urgentes, e de se misturar sem medos. isso, claro, não é de hoje,
mas seis discos lançados este ano são prova clara que o rap brasileiro cresceu
de uma forma absolutamente inequívoca. por exemplo rá!, o segundo disco do grande cronista paulistano rodrigo ogi, que
é um passeio veloz e afiado pelos humores da cidade. e tem ainda samba e muita
vida, e ocasionalmente sangue, em suas rimas. já sobre crianças, quadris, pesadelos e lições de casa, de emicida, a
grande jovem estrela do gênero, é uma maravilha de diversa atualidade: é
família, pop, pesado e ativista, tudo ao mesmo tempo, e com uma delicadeza e
equilíbrio de dar inveja a muito veterano.
transmutação e babylon by gus vol. II, dos
contemporâneos, cariocas e ex-companheiros de planet hemp, bnegão e black alien,
são produções extremamente bem acabadas, divertidas e com pegada [e como é bom
ver e ouvir black alien de novo].
a volta do instituto, após 14
anos de sua estreia, com violar é
outra prova de como o rap se tornou predominante e incontornável. até as
músicas instrumentais do disco parecem rap, mas como se isso não bastasse, tem
criolo, bnegão, karol conká, sombra e uma linda pérola póstuma de sabotage.
então, pra finalizar esse
bloco de rap, um trabalho que entrou aos 48 do segundo tempo, síntese, akilez, kiko dinucci e thiago
frança. encontro poderoso e ofegante esse do rapper de são josé dos campos
com o produtor curitibano, o guitarrista guarulhense e o saxofonista mineiro
[nada mais paulistano que isso]. síntese continua firme com um dos rappers mais
originais da atualidade, apesar dos arroubos religiosos [ou devido a eles?].
elza, gal, alessandra, karina, letuce e tulipa
as mina – duas veteranas abrem esse bloco com discos absurdos
de lindos. a mulher do fim do mundo
é o encontro de elza soares com composições e músicos muito atuais e de são
paulo. é trabalho poderoso, negro, rasgado, torto, sexual, melancólico e surpreendente.
estratosférica é gal costa tinindo
em delicadezas e com repertório também todo de inéditas. duas grandes mulheres
artistas inquietas e atentas.
a jovem guarda feminina tem
um tanto de pernambuco via são paulo com selvática,
o mais regular e bonito disco de karina buhr, e os fortes e carnais eps aço e língua de alessandra leão [karina e alessandra foram companheiras
de comadre fulozinha]. tem também rio de janeiro com estilhaça, o terceiro disco de letuce e que traz a cantora e
compositora letícia novaes ainda à flor da pele, mas também conseguindo ser
menos estritamente confessional e mais universal. pra encerrar o bloco, dancê, o mais recente, alegre e solto trabalho
de tulipa ruiz.
jaloo, siba, lira, cidadão instigado e rodrigo campos
os mano – a
grande surpresa deste ano, entre os manos, foi o #1 de jaloo. conhecido por seus remixes tecnobregas, o paraense fez
um belíssimo, doce e dançante disco autoral. gosto de jaloo tem tempo, mas
realmente não esperava um disco com tantas músicas tão bonitas. no mais, os
feras de sempre aprontando mil e uma confusões: fortaleza, o quarto disco do cidadão instigado, é o que existe de
melhor e mais pulsante no rock nacional; de
baile solto do siba tem pernambuco, áfrica, guitarra e muitas outras coisas
tão boas quanto; o igualmente pernambucano lira lançou seu segundo disco solo, o labirinto e o desmantelo, e sua
poesia está cada vez mais apurada e dolorida; por último e não menos
importante, o delicado conversas com
toshiro, terceiro e mais maduro disco de rodrigo campos.
aqui, a lista completa com os
65 discos:
aláfia - corpura
amplexos - sendeiro
andreia dias - prisioneira do amor
as bahias e a cozinha mineira
- mulher
ava rocha - ava patrya yndia yracema
barbara eugênia - frou frou
bixiga 70 - III
black alien - babylon by gus vol. II (no princípio era o verbo)
bnegão & seletores de
frequência - transmutação
boogarins - manual
cícero - a praia
cidadão instigado - fortaleza
daniel groove - romance pra
depois
diogo strausz - spectrum vol. 1
eddie - morte e vida
elza soares - a mulher do fim do mundo
fabio góes - zonzo
fafá de belém - do tamanho certo para o meu sorriso
frito sampler - aladins bakunins
gal costa - estratosférica
gui amabis - ruivo em
sangue
guizado - o vôo do
dragão
hélio flanders - uma temporada
fora de mim
iconili - piacó
instituto - violar
jaloo - #1
juçara marçal e cadu tenório
- anganga
karina buhr - selvática
karine alexandrino - mulher tombada
letuce - estilhaça
liniker - cru EP
lira - o labirinto e o desmantelo
marcelo callado - meu trabalho han sollo vol. II
mariana aydar - pedaço duma
asa
metá metá - metá metá EP
ná ozzetti e zé miguel wisnik
- ná e zé
ná ozzetti & passo torto
- thiago
frança
odair josé - dia 16
orquestra brasileira de
música jamaicana - obmj ataca!
orquestra raiz - as américas
pélico - euforia
qinho - ímpar
rafael castro - um chopp e um sundae
raphão alaafin - eu gosto
rodrigo campos - conversas com toshiro
rodrigo ogi - rá!
romulo froés - por elas sem elas
siba - de baile solto
silva - júpiter
space charanga - r.a.n. (rhythm and noise)
thiago ramil - leve embora
trupe chá de boldo - presente
tulipa ruiz - dancê
vicente barreto - cambaco
vitrola sintética - sintético
wado - 1977
zé manoel - canção e
silêncio
zé pi - rizar
síntese,
akilez, kiko dinucci & thiago frança
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