já rolaram spoilers de alguns dos melhores discos
brasileiros do ano na lista
de músicas, então começo a falar desses destaques pessoais dentro da lista
de 50 discos. trabalhos poderosos como o segundo do BaianaSystem [Duas Cidades] e o terceiro do Metá Metá
[MM3], cheios de raivas e balanços,
dubs e punks, música negra brasileira da maior qualidade. ou então os
tropicalismos femininos de Céu [Tropix]
e Iara Rennó [o duplo Arco e Flecha], docemente antropofágicas. ou ainda a espiritualidade barroca e
periférica do rapper Síntese [Trilha
Para o Desencanto da Ilusão, Vol. 1: Amem].
BaianaSystem e Metá Metá
mas talvez os discos mais completamente bonitos de 2016
sejam, infelizmente e/ou surpreendentemente, póstumos. Sabotage é uma sequência de porradas habilmente costuradas durante
muitos anos pelo produtor Daniel Ganjaman [e seus parceiros do Instituto] sobre
gravações inacabadas deixadas pelo rapper paulistano morto em 2003. é impressionante,
quase assustador, a constante atualidade de Sabotage, suas letras, seu som e,
acima de tudo, seu fraseado [flow]. o outro póstumo é Ascensão, de Serena Assumpção [a filha mais velha de Itamar morreu
em março deste ano, aos 39 anos], um belíssimo “mapeamento” musical das
divindades do candomblé. nesses dois
discos profundamente afrobrasileiros, muitos convidados – um belo punhado do
melhor da atual música popular – homenageiam dois artistas que foram embora cedo
demais.
Sabota e Serena #DEP
mais minas – entre
estes 50 discos, outras mulheres deram suas caras. podem ser mais políticas
como Aíla [Em Cada Verso Um Contra
Ataque, disco bonito com produção de Lucas Santtana], Lay [199129], Ju Dorotea [Sincronia] e MC Carol [Bandida]. podem também ser mais
afetivas como Dona Onete [Banzeiro],
Héloa [Eu], Kika [Navegante], Luisa Maita [O Fio da Memória] e Mahmundi [Mahmundi]. ou podem ficar no meio
desses caminhos como Tássia Reis [Outra
Esfera]. todas muito no controle de suas vontades, sonoridades e falas.
mais manos – o rap
já apareceu aqui com Sabotage, Síntese, Lay, Ju Dorotea, MC Carol e Tássia Reis,
mas tem muito mais versos rimados entre os 50 melhores discos de 2016. tem a
atualização do primeiro disco de Criolo [Ainda
Há Tempo], o segundo solo de Dexter [Flor
de Lôtus] e o primeiro solo de Mano Brown [e mesmo que Boogie Naipe seja um tanto quanto longo e irregular é também muito
interessante por mostrar outras facetas do maior rapper brasileiro de todos os
tempos]. tem ainda a juventude de Rico Dalasam [Orgunga], Jamés Ventura [Jahbless
Ventura], Nego E [Oceano], Rael
[Coisas do Meu Imaginário], Rashid [A Coragem da Luz], do coletivo D.D.H [Direto do Hospício] e de MC Guimê [Sou Filho da Lua].
cantautores – em
tempos passados, a turma seguinte seria rotulada como mpb, mas sabemos que ‘mpb
is no more’ [ou é limitada demais para descrever o que é feito nos últimos
tempos, mesmo por veteranos]. tem samba sujo paulistano via Douglas Germano [Golpe de Vista], ópera rock caipira de
Meno [Barriga de 7 Janta], as
psicodelias folk de Tatá Aeroplano [Step
Psicodélico] e Gustavo Galo [Sol],
as digressões do mestre Tom Zé [Canções
Eróticas de Ninar], a primeira experiência de intérprete do Romulo Fróes [Rei Vadio é sobre Nelson Cavaquinho], o
rock pós-brega de Bruno Souto [Forte],
os afoxés pops de Wado [Ivete], as
pesquisas amazônico-caribenhas de Félix Robatto [Belemgue Banger], o indie solar de Beto Méjia [Kaningawa], a poesia paulistana de Felipe Antunes [Lâmina], os pontos de bossa de Álvaro
Lancellotti [Canto de Marajó] e
surpreendente estreia de Fióti [Gente
Bonita] com um disco pop de sambas, balanço, djavaneios e reggae.
grupos, bandas e vice-versa
– se BaianaSystem e Metá Metá encabeçam a lista com seus trabalhos coletivos,
outras formações seguem mostrando que não vieram a passeio: o trio O Terno ganhou metais em seu terceiro
disco, Melhor Do Que Parece, e
amadureceu sua mistura de vanguarda paulistana com Beach Boys; o brega caribenho
da Academia da Berlinda [Nada Sem Ela]
é diversão garantida para todas as estações; o carnaval paulistano de rua
também é fortemente autoral com A Espetacular Charanga do França [O Último Carnaval de Nossas Vidas]; a Abayomy
Afrobeat Orquestra cria novas pontes entre África e Brasil em Abra Sua Cabeça; e Saulo Duarte e A
Unidade [Cine Ruptura, produção de
Curumin] mergulha em desesperos e esperanças em disco cheio de misturas.
instrumentais – nessa
grande lista tem espaço também pra longa tradição do instrumental brasileiro,
tanto com o inquieto veterano João Donato [Donato
Elétrico] quanto com o jovem estudioso Vitor Araújo [Levaguiã Terê], mas também no encontro de gerações/escolas de Paulo
Santos [ex-Uakti] com a banda Hurtmold [Curado],
na segunda aula de história e música da Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz
[A Saga da Travessia] e no retorno
grandioso de Arthur Verocai [No Voo do
Urubu possui algumas faixas cantadas e que interessante que nelas
participem, por exemplo, Mano Brown e Criolo].
p.s.: vale mencionar que Daniel Ganjaman segue como um dos
melhores produtores da atualidade e desses 50 discos de 2016, 5 tem dedos dele [BaianaSystem,
Sabotage, Síntese, Criolo e Rael].
sem mais, os 50 discos brasileiros de 2016 segundo o gosto
da casa.
A Espetacular Charanga do França - O
Último Carnaval de Nossas Vidas
Abayomy Afrobeat Orquestra - Abra
Sua Cabeça
Academia da Berlinda -
Nada Sem Ela
Álvaro Lancellotti - Canto de Marajó
Arthur Verocai - No Voo do Urubu
BaianaSystem - Duas Cidades
Beto Méjia - Wahyoob
Bruno Souto - Forte
Céu - Tropix
Criolo - Ainda Há Tempo
D.D.H. - Direto do Hospício EP
Dexter - Flor de Lótus
Dona Onete - Banzeiro
Douglas Germano - Golpe de Vista
Felipe Antunes
- Lâmina
Felix Robatto - Belemgue Banguer
Fióti - Gente Bonita EP
Gustavo Galo - Sol
Héloa - Eu
Hurtmold & Paulo Santos - Curado
Jamés Ventura - Jahbless Ventura
João Donato - Donato Elétrico
Ju Dorotea - Sincronia EP
Kika - Navegante
Lay - 129129 EP
Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz - A Saga da Travessia
Luisa Maita - O Fio da Memória
Mahmundi - Mahmundi
Mano Brown - Boogie Naipe
MC Carol - Bandida
MC Guimê - Sou Filho da Lua
Meno - Barriga de 7 Janta
Metá Metá - MM3
Nego E - Oceano
O Terno - Melhor Do Que Parece
Rael - Coisas Do Meu Imaginário
Rashid - A Coragem da Luz
Rico Dalasam - Orgunga
Romulo Fróes - Rei Vadio
Sabotage - Sabotage
Saulo Duarte e A Unidade - Cine Ruptura
Serena Assumpção - Ascensão
Tássia Reis - Outra Esfera
Tatá Aeroplano - Step Psicodélico
Tom Zé - Canções Eróticas de Ninar
Vitor Araújo - Levaguiã Terê
Wado - Ivete
e seguem mais 50 discos muito relevantes deste 2016.
Anna Tréa - Clareia
Arielly Oliveira - Negra Soul
Autoramas - O Futuro dos Autoramas
BK - Castelos & Ruínas
Brisa Flow - Newen
Carne Doce - Princesa
Chave Mestra - Coração no Gelo EP
Clínica Geral - Clínica Geral EP
Côro Mc - Vem Desse Naipe EP
Coutto Orchestra - Voga
Dante Ozzetti - Amazônia Órbita
DeFalla - Monstro
Don Pixote
- Don Pixote
Edvaldo Santana - Só Vou Chegar Mais Tarde
Esdras Nogueira
- Na Barriguda
Família de Rua - Ontem, Hoje e Sempre
Flow MC - Versátil
francisco, el hombre -
Soltasbruxa
Frank Jorge - Escorrega Mil Vai Três Sobra Sete
Graveola - Camaleão Borboleta
Guri Assis Brasil - Ressaca
Hyldon - As Coisas Simples da Vida
Ijexá Funk Afrobeat - Ifá
Jonathan Tadeu - Queda
Livre
Jonnata Doll & Os Garotos Solventes - Crocodilo
Juliana Perdigão - Ó
Juliano Gauche - Nas Estâncias de Dyzan
Larissa Luz - Território Conquistado
Laya - Laya
Leandro Lehart - Violão é no Fundo de Quintal
Lestics - Torto
Liniker e Os Caramelows - Remonta
Lucas Vasconcellos - Silenciosamente
Lulina - Na Moita
Lurdez da Luz & PParalelo - Bem Vinda EP
Matéria Prima - Pocas EP
Paula Cavalciuk - Morte
& Vida
Projeto Nave - Remix vols. 1 e 2
Romulo Fróes & Cesar Lacerda - O Meu Nome é Qualquer Um
Serge Erege - Scorpio
Siloque - Queime o Coração de Gelo
Silva - Silva Canta Marisa
Strobo - Strobo 4
The Baggios - Brutown
Thiago Elniño - Filho de um Deus Que Dança EP
Triz - Enquanto Eu Respirar Sou Hinário EP
Wander Wildner - A Vida é Uma Toalha Estendida No Varal
Yannick - Também Conhecido Como Afro Samurai
EP
Yzalú - Minha Bossa é Treta
3 comentários:
Lista foda! Só uma correção, o nome do disco do Criolo é Ainda Há Tempo
valeu Lucas, não sei o que aconteceu com o título do criolo. toda vez eu lembrava de um jeito e escrevia de outro. rsrsrsrs.
Caraca! Que presente topar com essa lista. SUPER obrigada, Dafne! Vou devorar. :D
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