quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

tudo é viagem

comecei o ano fazendo uns trabalhos bacanas pra revista da gol. agora na edição de fevereiro saíram dois, este sobre lançamentos da série cidades ilustradas (casa 21) - a conversa com os irmãos fábio moon e gabriel bá foi por email e com o lourenço mutarelli por telefone - e uma entrevista com a cantora paraense lia sophia que já coloco aqui. e tem mais coisa pela frente. ah, e como sempre, a versão aqui é ligeiramente maior do que a editada.


autoretratos


DE FORA PRA DENTRO

Série 'Cidades Ilustradas' lança álbuns nos quais os ilustradores Lourenço Mutarelli e os irmãos Fábio Moon e Gabriel Bá viram e descobriram nas cidades de Manaus e São Luís, respectivamente

Quem viaja, sabe. Muitas vezes um olhar estrangeiro, de fora, revela mais sobre uma cidade do que os que nasceram nela podem imaginar. Pensando nisto, e tendo como referência os cadernos de viagens que europeus fizeram nos tempos do Brasil Colônia e Império, a editora Casa 21 deu início, em 2001, a série Cidades Ilustradas. O primeiro álbum trouxe o Rio de Janeiro segundo o traço e o bom humor do francês Jano e acabou resultando ainda em um premiado documentário (Rio de Jano).

“A escolha de Jano deveu-se ao fato dele ser um artista viajante - esteve na África e Índia onde produziu dois lindos álbuns. (...) Em geral, escolhemos um autor com perfil de artista viajante, avaliamos o seu traço e tentamos uma aproximação com uma determinada cidade”, explicou Roberto Ribeiro, diretor e editor da Casa 21.

De lá para cá outras cidades brasileiras foram esquadrinhadas pela série: São Paulo pelo inglês David Lloyd, Belo Horizonte pelo espanhol Miguelanxo Prado, Brasília pelo gaúcho Edgar Vasques, Curitiba pelo carioca César Lobo, Florianópolis pelo gaúcho Guazzelli, Belém pelo francês Jean-Claude Denis, Porto Alegre pelo argentino Carlos Nine, Salvador pelo fluminense Marcelo Quintanilha, Niterói pelo gaúcho Joaquim Fonseca e as Cidades do Ouro por Lelis, que também é mineiro, mas de Montes Claros.

As viagens da vez ficaram por conta dos paulistanos Fábio Moon e Gabriel Bá, que foram para São Luís, e Lourenço Mutarelli, que esteve em Manaus. “Estamos pensando realizar em 2013 um livro sobre Recife. Ainda não escolhemos o autor, mas seguramente não será brasileiro”, conclui Ribeiro.



SÃO LUÍS POR FÁBIO MOON E GABRIEL BÁ

“A gente não conhecia praticamente nada.  Sabia que era a capital do Maranhão, terra do Sarney, e conhecia o trabalho do Zeca Baleiro e do Ferreira Gullar, mas não sabia que eles eram de São Luís. Nos nove dias que passamos lá, além de passear por lugares de interesse histórico, participamos um pouco da vida cultural da cidade, encontrando pessoas em bares, restaurantes, descobrindo o que o povo gosta de fazer à noite para relaxar e se divertir. Uma coisa que nos surpreendeu foi o calor. Acho que essa temperatura influencia o ritmo da vida do povo, sempre procurando sombra, mais lentos durante o dia, mais agitados à noite.

Numa caminhada pelo centro histórico você passa por edifícios, fontes e praças que preservam séculos de história nas fachadas, e encontra os mais diversos museus, de arte, de história e folclore, de cultura negra, onde a história é preservada e difundida. Ah, e quem puder visitar a cidade durante a festa do Bumba meu Boi [junho e julho] não se arrependerá. Vimos os ensaios finais e já achamos o máximo. 

São Luís é uma bela, rica em história e tradições, embora um pouco maltratada, precisando de um pouco mais de atenção na conservação do seu patrimônio. É também quente, cheia de um povo curioso, interessado, falante.”



MANAUS POR LOURENÇO MUTARELLI

“Estive em Manaus em 1999 para fazer uma palestra em um evento de quadrinhos. Adorei a cidade e, principalmente, as pessoas. Passei uns 5 ou 7 dias, não lembro direito. Foi uma experiência incrível. Mas tenho a pele muito clara, não aguento calor e umidade. Quando o pessoal da Casa 21 me chamou para fazer esse livro sobre Manaus minha única condição foi de não voltar lá. Fiz remotamente com ajuda das minhas memórias, de algumas fotos que tirei e de outras de um profissional. Sei que é horrível falar isso, mas não tinha condições mesmo.

Mas nessa vez que fui andei bastante na cidade e encontrei pessoas muito interessantes, gente que tenho contato até hoje, e são pessoas que fazem uma cidade, né? Comi pratos típicos e conheci pontos turísticos como o porto, o mercado e o Teatro Amazonas, que é muito mais bonito ao vivo que nas fotos. Aliás, a cidade toda é mais bonita que eu imaginava e tem um lado urbano muito forte que as pessoas de fora não fazem ideia. Teve uma noite que assisti ao show de uma banda cover do Velvet Underground. Só não pude ir pra floresta porque o convite chegou em cima da hora e não deu tempo de tomar as vacinas.”

p.s.: e aqui como ficou na página.


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