já escrevi um pouco de ficção (contos, uns roteiros curtos, coisas assim), um pouco de poesia. não tinha pretensão de ser escritor, nunca tive, era um misto de diversão e desabafo. isso durou uns dez anos, provavelmente até o início dos anos 2000, e aí o jornalismo e a fotografia acabaram tomando o lugar da ficção. não se salvam muitas dessas coisas do passado, mas gosto desse poeminha que fiz em 1998. acho sincero, sem firulas e tem um ritmo bom. e é bom saber que a gente pode falar de muitas formas.
BALADA
e o sol desceu.
só então te vi na
cortina escura, suspiro
com raiva e tristeza sem saber
o que foi ou não
se raiva
você louca não sabe
se tristeza
eu louco não posso
e saio na noite
nas pernas um peso morto
dói tanto quanto a cabeça
e essa chuva não para
e essas gotas confundem
sentei o corpo doendo
molhado pedi algo forte
bebi toda chuva naquele copo
logo as paredes se curvaram
sobre a mesa
fechando
e não vi mais nada
deve ser assim estar livre
e o garçom diz que vai passar
acredita tanto nisso que grita
tomo mais uma
pela disposição
e as pernas respiram
novamente levanto
boa noite
e o garçom já em
outra mesa
saio
vou tropeçando
de sombra em sombra
a dela corre tanto
caio
água da chuva corta
o garçom passa por mim
vai dormir e suspira
viu? passou,
dói, não?
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Um comentário:
Você é uma bicha escrota.
Ah, e além disso, muito horrorosa.
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