acabei demorando mais do que esperava pra fechar as
retrospectivas musicais brasileiras [as gringas, de discos
e músicas,
saíram mais rapidamente]. muita coisa como sempre, e querendo ser cuidadoso com
tudo que ouvi e gostei e me fez pensar e cantar. mas taí, os discos brasileiros
de 2017 segundo o esforçado. a de músicas já está pronta [só falta o texto rsrs].
os raps, sempre - e
o rap brasileiro continua numa bueníssima onda com beats, misturas, assuntos e
sotaques dos mais diversos. mas quatro discos se destacam entre os destaques: galanga livre do paulistano rincon
sapiência, esú do baiano baco exu do
blues, roteiro pra ainouz vol. 3 do
cearense don l e eletrocardiograma da
brasiliense flora matos. rincon e baco, cada um a seu modo, dialogam fortemente
com a cultura e a história afro-brasileira, e a violência da opressão e
preconceito, e o orgulho das raízes, do amor e da beleza, e o poder dos
batuques e beats. já don l e flora, mais hedonistas, tratam de rolês mais
pessoais e vão fundo nisso embalados por ótimas produções e excelentes rimas e
flows.
rincon, baco, don, flora
e o rap brasileiro em tempos de glória
só que no mundo rap dessa lista tem ainda a força da
experiência no retorno do rzo [quem tá
no jogo traz ainda participações de sombra, rael, criolo e negra li] e de
mais um trabalho firme e caudaloso de rodrigo ogi [pé no chão], além do diálogo brasil X portugal no belo encontro de
emicida, rael, valete e capicua [língua
franca] e dos elétricos álbuns de estreia do desbocado djonga [heresia], do raivoso coruja bc1 [no dia dos nossos] e do rimas &
melodias, coletivo de minas rappers que já possuem sólidas carreiras solo como
tássia reis e drik barbosa.
tem ainda o grupo baiano oquadro com mais um disco
irrepreensível [nêgo roque], a
estreia solo do brasiliense froid no excelente o pior disco do ano, o surpreendente segundo trabalho de nill [regina é ao mesmo tempo doce, tocante e
bem humorado], um rico dalasam mais eletrônico e festeiro [balanga raba] e a densidade dos mineiros matéria prima [2 atos, uma interessante parceria com
gui amabis] e thiago elniño [a rotina do
pombo]. além disso tudo, tem ainda rap nos delicados sambas urbanos de
criolo [espiral de ilusão] e na
presença de sombra, yzalú e lurdez da luz na ótima estreia do neompbístico [no
bom sentido] coletivo rua.
pop, radicalmente
- se o disco de estreia do grupo as bahias e a cozinha mineira era ao mesmo
tempo teatral, dramático e universitário, no que isso tem de bom e ruim, este
segundo trabalho [bixa] vai além
como uma deliciosa, tropical e diversa festa autoral muito bem produzida por
daniel ganjaman e com ainda melhores arranjos vocais de assucena assucena e
raquel virginia. falando em tropicalidades, a estreia do produtor baiano
àttøøxxá [#blvckbvng] é um novo
caminho de ritmos para o pop nacional, é o pagodão eletrônico no topo. mas nada
consegue ser tão desavergonhadamente pop quanto vai passar mal, de pabblo vittar, uma mistura de funk, forró,
sertanejo , arrocha, reggae, trap, balada e muita auto estima [logo após anitta, que aparecerá bastante na
lista de músicas, pabblo é certamente a grande figura pop do ano].
a maranhense pabblo vittar e o baiano àttøøxxá
instrumentais,
majoritariamente - sensacional o que o macaco bong fez com o nirvana em deixa quieto [nevermind, tá ligado?], e lindo o passeio sonoro do duo
cæs em santos 3am, e uma delícia
de guitarradas em mais um registro de felipe cordeiro com o pai manoel cordeiro
em combo cordeiro, e o bandolinista
hamilton de holanda encarando com delicadeza o cancioneiro de milton nascimento
em casa de bituca [com participações
do próprio milton e de alcione], e a sempre atual herança de moacir santos, edu
lobo, naná vasconcelos e baden powell tudo misturado em tempo dos mestres de fabiano do nascimento, e o metá metá mais uma
vez quebrando tudo na trilha que fez para o grupo corpo [gira tem ainda participação luxuosa de elza soares], e a guitarra
sempre instigante de fernando catatau em dois projetos paralelos [tarde, o segundo disco do lamber
vision, e praia futuro, feito em
parceria com dengue, yury kalil e ilhan ersahin], e o incansável thiago frança
abriu e fechou o ano com dois discos curtos, variados e divertidos [chão molhado da roça e bomba, suor e bafo]. destaque especial
para o disco de estreia do onça combo, um power trio paraibano que injeta jazz nas
tradições musicais indígenas, ibéricas e nordestinas.
os paraibanos porretas do onça combo
cantautoras,
intérpretes - e a safra musical brasileira segue alto nível com um punhado
de discos de cantoras/compositoras nessa nossa vasta tradição cancioneira:
alzira e, uma das preferidas da casa em qualquer tempo, trouxe mais uma beleza
rascante, o corte; letícia novaes,
metade do saudoso letuce, estreou solo com o eletrônico, noturno e oitentista letrux em noite de climão; xênia
frança, uma das vozes do aláfia, também estreou solo com o forte xênia, disco de composições próprias e
releituras de figuras como chico césar, antônio carlos & jocafi, luisa
maita, verônica ferriani e tiganá santana; tulipa ruiz, acompanhada apenas de
gustavo ruiz e stephane san juan, veio intimista, e até relendo algumas músicas
do passado, em tu; linn da quebrada
entortou o funk em pajubá, disco
violentamente conceitual, experimental, sexual e político; luana carvalho mostrou
toda a amplitude de sua poesia, sob produção de moreno veloso, nos discos irmãs
branco e sul; e ainda teve o balanço de luciana oliveira em deusa do rio niger, as novas bossas de nina
becker em acrílico e as múltiplas
faces de mallu magalhães em vem.
alzira e, letícia "letrux" novaes e xênia frança
uns grupos, encontros
- o excelente grupo paulistano aláfia não brinca em serviço e o terceiro disco
deles, sp não é sopa, é mais um
tratado sobre balanço, poesia, afrobrasilidades e política; os goianos do
boogarins seguem aprimorando psicodelias em seu terceiro disco, lá vem a morte; e os cariocas do amor também
experimentam mais e melhor em fodido
demais; já os mineiros do pato fu soltaram mais um disco do seu projeto de
versões “infantis” para hits nacionais e internacionais, o divertido música de brinquedo 2 [que tem gilberto
gil, joão bosco & aldir blanc, raul seixas, raimundos, rita pavone, ricky martin,
etc]; e falando em versões, o nação zumbi deu um tempinho nos discos autorais e
fez seu primeiro de covers, o excelente radiola
nz, vol. 1, que tem tim maia, beatles, david bowie, the specials, marvin
gaye, gilberto gil e secos & molhados [com participação de ney matogrosso];
ainda no terreno das interpretações, o trupe chá de boldo lançou o belo verso que tem canções de amigos como alzira
e, andré abujamra, negro leo, leo cavalcanti, iara rennó, marcelo segreto, pélico,
juliano gauche e tatá aeroplano; e o tatá, aliás, reuniu-se com a amiga e
parceira barbara eugênia nos folks delicados de vida ventureira; pra finalizar esse bloco, o surpreendente sambas do absurdo, o encontro de
rodrigo campos com juçara marçal, gui amabis, nuno ramos [co-autor das músicas]
e albert camus [inspiração do projeto].
os paulistanos/paulistas do aláfia - e olha xênia, novamente -
e da trupe chá de boldo
uns caras - chico
buarque e guilherme arantes, dois medalhões da música popular brasileira
lançaram discos bem interessantes [caravanas
e flores & cores,
respectivamente]; mas outros veteranos se saíram ainda melhor, como foi o caso
do gaúcho vitor ramil e seu delicado e milongueiro campos neutrais e o eterno titã paulo miklos com o belíssimo a gente mora no agora [que o colocou em
parcerias com emicida, céu, tim bernardes, lurdez da luz, erasmo carlos,
guilherme arantes, silva e russo passapusso]; o tim bernardes, por sua vez, deu
uma pausa n’o terno pra lançar seu primeiro solo, o folk intimista confessional
recomeçar; também são intimistas, e
das mais bonitas e diversas formas, os novos discos de dudu tsuda [bicicleta], lucas santanna [modo avião é uma parceria multimídia de
lucas com o escritor joão paulo cuenca e o desenhista rafael coutinho], momo [voá] e domenico lancellotti [serra dos órgãos], e as estreias de giovani
cidreira [japanese food], lincoln [malvado
canto], felipe s [cabeça de
felipe] e zé
ed; mas certamente os pontos altos desse bloco estão na crueza punk de cortes curtos de kiko dinucci, no
lirismo dolorido de batatinha na voz de celso sim [o amor entrou como um raio], no tropicalismo de experimentos grooveados
de boca do curumin e em mais uma
beleza romântica e torturada, raivosa e sensível, de otto [ottomatopeia].
otto, paulo miklos e curumin
A Espetacular Charanga do França - Chão Molhado da Roça/Bomba, Suor e Bapho
Aláfia - SP Não é Sopa
Alzira E - Corte
As Bahias e a Cozinha Mineira - Bixa
ÀTTØØXXÁ - #BLVCKBVNG
Baco Exu do Blues - Esú
Barbara Eugênia e Tatá Aeroplano - Vida Ventureira
Boogarins - Lá Vem a Morte
Celso Sim - O Amor Entrou Como um Raio
Chico Buarque - Caravanas
Coletivo Rua - Coletivo Rua
Combo Cordeiro - Combo Cordeiro
Coruja BC1 - No Dia dos Nossos
Criolo - Espiral de Ilusão
Curumin - Boca
Djonga - Heresia
Do Amor - Fodido Demais
Domenico Lancellotti - Serra dos Orgãos
Don L - Roteiro pra Ainouz Vol. 3
Dudu Tsuda - Bicicleta
Duo Cæs - Santos 3AM
Emicida, Rael, Valete e Capicua - Língua Franca
Fabiano do Nascimento - Tempo dos Mestres
Felipe S - Cabeça de Felipe
Fernando Catatau, Dengue, Yury Kalil e Ilhan Ersahin - Praia Futuro
Flora Matos - Eletrocardiograma
Froid - O Pior Disco do
Ano
Giovani Cidreira - Japanese Food
Guilherme Arantes - Flores & Cores
Hamilton de Holanda - Casa de Bituca
Kiko Dinucci - Cortes Curtos
Lamber Vision - Tarde
Letrux - Em Noite de Climão
Lincoln - Malvado Canto
Linn da Quebrada - Pajubá
Lucas Santanna - Modo Avião
Luciana Oliveira - Deusa do Rio Niger
Macaco Bong - Deixa Quieto
Mallu Magalhães - Vem
Matéria Prima - 2 Atos
Metá Metá - Gira
Momo - Voá
Nação Zumbi - Radiola NZ, Vol. 1
Nina Becker - Acrílico
niLL - Regina
Onça Combo - Onça Combo
OQuadro - Nêgo Roque
Otto - Ottomatopeia
Pabblo Vitar - Vai Passar Mal
Pato Fu - Música de Brinquedo 2
Paulo Miklos - A Gente Mora no Agora
Rico Dalasam - Balanga Raba EP
Rimas & Melodias - Rimas & Melodias
Rincon Sapiência - Galanga Livre
Rodrigo Campos, Juçara Marçal e Gui Amabis - Sambas do Absurdo
Rodrigo Ogi - Pé no Chão
RZO - Quem Tá No Jogo
Thiago Elniño - A Rotina do Pombo
Tim Bernardes - Recomeço
Trupe Chá de Boldo - Verso
Tulipa Ruiz - Tu
Vitor Ramil - Campos Neutrais
Xênia França - Xênia
Zé Ed - Zé Ed
e como já é de lei
aqui por essas bandas, uma segunda lista se faz necessária pela quantidade de
discos interessantes lançados ano após ano. uns só não entraram na primeira por
motivos de não ter ouvido tanto quanto outros. coisa de momento/oportunidade
mesmo.
Airto Moreira - Aluê
Akira Presidente - Fa7her
André Sampaio - Alagbe
Angela Ro Ro - Selvagem
Arto Lindsay - Cuidado Madame
Banda Mantiqueira - Com
Alma
Camarones Orquestra Guitarrística - Feeexta
Castello Branco - Sintoma
Chaiss - Chara
Cícero - Cícero & Albatroz
Cinnamon Tapes - Nabia
Conteção 33 - Ruas Sujas
Davi Moraes - Tá em Casa
Diomedes Chinaski & DJ Caique - Ressentimentos
II
Gragoatá - Gragoatá
Haikaiss - Teto Baixo
Hermeto Pascoal & Big Band- Natureza Universal
João Donato e Donatinho - Sintetizamor
Johnny Hooker - Coração
Jonathan Tadeu - Filho do Meio
Juliana Kehl - Lua Full
Kalouv - Elã
Lia Sophia - Não Me Provoca
Luê - Ponto de Mira
Luedji Luna - Um Corpo no Mundo
Luiza Lian - Oyá Tempo
Maglore - Todas as Bandeiras
Marcelo Callado - Musical Porém
Marcelo Yuka - Canções Para Depois do Ódio
Meia Dúzia de 3 ou 4 -
81 Anos de Tom Zé
My Magical
Glowing Lens - Cosmos
Nana - CMG-NGM-PDE
Nevilton - Adiante
Nomade Orquestra - EntreMundos
Satanique Samba Trio - Xenossamba
Seu Pereira e Coletivo 401 - Eu Não Sou Boa Influência pra Você
Siloque - Nova Inquisição
Tetê Espíndola - Outro Lugar
Tibério Azul - Líquido ou A Vida Pede Mais Abraço que
Razão
Tiê - Gaya
Tribalistas - Tribalistas
Valério - Água Pedra
Vanguart - Beijo Estranho
Um comentário:
Foi pra #listadaslistas
abs
pena
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