seguem aqui a íntegra de quatro das cinco entrevistas que fiz com a turma que tem aflição de umbigos. elas [e ele] são protagonistas da reportagem que fiz pra edição de novembro da revista trip. carolina toledo, minha mulher e musa inspirada da vida [e da pauta], ficou de fora porque a entrevista com ela não teve essa formalidade das outras.
BIA LINS, arquiteta,
Curitiba-PR
Quando falo em
umbigo qual primeira coisa que vem na sua cabeça?
A primeira coisa que vem à minha
cabeça é AGONIA. E o ato reflexo imediato é pensar em proteger essa área do
corpo.
Quando você sentiu
essa aflição de umbigo pela primeira vez? O que vc sentiu?
A sensação de agonia no umbigo parece ter me acompanhado
desde cedo. A primeira recordação que tenho de mal estar é minha mãe brincando
comigo, uns dois aninhos, de fazer cócegas, passar pelo umbigo e eu chorar
porque doía. Reconheci a existência do umbigo e que ele dói.
Como você descreveria
a sensação?
A sensação de agonia no umbigo passa por vários sentidos. O
mais delicado deles com certeza é táctil. É como se fosse uma ferida em
recuperação, mas muito sensível ainda. Você sabe que ali tem um machucado e
protege automaticamente. Quase uma coisa de reflexo. Uma ferida de EXISTIR.
Ouvir a palavra UMBIGO também gera desconforto e ver umbigos em imagens ou
pessoalmente também é estranho, especialmente quando são aqueles umbigos pra
fora. Aquela bolota ali dá arrepios na nuca. Mas a sensação mais forte é
sensorial mesmo. Não é algo que passe pela razão, que você saiba atribuir uma
causa, ou explicar claramente o que sente, mas se tivesse que escolher umas
palavras seriam: dor, mal estar, insegurança, vulnerabilidade.
A aflição é com o seu
umbigo ou com umbigos em geral? Existem tipos de umbigos que dão mais aflição
que outros?
A aflição é com o MEU umbigo. Não tem nada a ver com o
umbigo dos outros, mas a associação imediata de que eu tenho um umbigo que dá
agonia. E nem parece agonia propriamente
com o umbigo, mas com a região, como se, alegoricamente falando, fosse uma
região de fluxo de energias, como se o umbigo fosse uma espécie de portal por
onde coisas ruins teriam acesso. Os umbigos gorduchinhos, aquelas bolotas pra
fora, no entanto, causam uma agonia grande quando vejo. O meu umbigo é bem
fechado pra dentro, às vezes acho que foi fechado tão lá pra dentro que talvez
fosse a causa dessa agonia, mas acho que não tem nada a ver porque todo mundo
tem umbigo assim ou assado e nem por isso sentem agonia.
Essa aflição mudou
durantes os anos?
O que foi mudando ao longo dos anos foi a consciência da
agonia. Pra mim, acentuou. Sempre tive, mas me sinto mais sensível com o passar
dos anos.
A aflição chegou a
afetar sua vida, sua rotina? deixou de fazer alguma coisa em função da aflição?
Não deixei de fazer nada propriamente, é uma agonia que a
gente carrega quase como um segredo, porque, você fala ‘tenho agonia no umbigo’
e as pessoas confundem com cócegas, ou sei lá o que, então a gente deixa
quieto. Agora, por exemplo, pensei em fazer uma plástica abdominal e o
cirurgião falou em mexer no umbigo. Pronto, gelei na hora! Falei que tenho
agonia e ele disse que as pessoas sentem isso por causa do excesso de cuidado
com o tal do umbigo dos bebês que acaba gerando essa hiper sensibilidade e que
isso seria comum. Só de pensar, adivinha, agonia.
E na relações
pessoais, íntimas?
Nas relações intimas a comunicação é tudo. Mas não basta
sinalizar não. Tem que dizer com TODAS AS LETRAS, nem chega perto do meu
umbigo. ‘Porque?’ é a pergunta. ‘Porque eu não gosto!’ é a resposta e nesse
ponto não tem negociação. São as particularidades de cada um.
Você conversou sobre
isso com alguém? Chegou a te incomodar a ponto de pensar em tratamento
psicológico?
Não é um assunto que eu lembre de ter conversado com
ninguém. Tá tão interiorizado esse mal estar que a gente não vê como um
problema, mas como uma característica pessoal, uma coisa sua, não um defeito. Nunca
parei pra pensar que possa haver uma cura pra isso. Estranho.
Você já encontrou
outra pessoa que tem também essa aflição?
Interessante que nunca conheci ninguém que falasse dessa tal
agonia.
Tem alguma história
engraçada ou pitoresca que aconteceu com vc relacionada a essa aflição de
umbigo?
Essa delicadeza com o umbigo é peculiar. Por exemplo, só
durmo de bruços, pois a sensação de proteção é boa. Se virar para dormir de
barriga pra cima, durmo com as mãos sobre o umbigo. Dormir de lado é um
problema porque pra segurar o umbigo com as mãos tem que dormir sobre o braço e
daí a gente acorda com dor no corpo todo. Peculiar mesmo foi uma ocasião
recente onde li na internet que se você estiver perto de alguma pessoa que te
incomoda, o tal ‘sugador de energias’, seria indicado tapar o umbigo pra
aliviar. Adotei o procedimento: Pego FITA CREPE e lacro todo umbigo. E por
incrível que pareça, alivia.
Se você pudesse você
preferia não ter umbigo? Pq?
Se eu pudesse escolher eu queria ter umbigo sim. Acho
bonito. O que eu não queria ter é essa agonia.
CLARA SOUZA,
fotógrafa, Manhuaçu-MG/Salvador
Quando falo em
umbigo qual primeira coisa que vem na sua cabeça?
Não sinto nada demais... meu "problema" com umbigo
é só quando tocam.
Quando você sentiu
essa aflição de umbigo pela primeira vez? O que vc sentiu?
Eu tenho há muito tempo e não me lembro de quando começou,
talvez eu tenha desde sempre.
Como você descreveria
a sensação? É visual, sensorial, táctil?
Sinto uma coisa terrível... não é cócega, não é tesão. é uma
sensação de invasão, acontece apenas quando alguém toca no meu umbigo... chega a
me dar falta de ar.
A aflição é com o seu
umbigo ou com umbigos em geral? existem tipos de umbigos que dão mais aflição
que outros?
Eu só tenho essa aflição com o meu... é apenas quando tocam.
meu umbigo é bonitinho, acho ele mais bonito que a média [risos]. Eu, como
fotógrafa, tenho horror a umbigo estufado e escuro de grávidas, trato todos na
pós produção [risos].
Essa aflição mudou
durantes os anos?
Piorou.
A aflição chegou a
afetar sua vida, sua rotina? Deixou de fazer alguma coisa em função da aflição?
Não. É muito íntimo.
E na relações
pessoais, íntimas?
Meu marido sabe que não gosto. Só toca nele quando quer fazer
raiva em mim [risos].
Você conversou sobre
isso com alguém? Chegou a te incomodar a ponto de pensar em tratamento
psicológico?
Não... na verdade eu nem tinha me tocado quando a esse
assunto. Achei legal isso ser tema de entrevista. Quero ler quando sair,
pensava que só eu tinha essa maluquice. Nunca tinha ouvido falar que mais pessoas
tivessem esse "problema".
Se você pudesse você
preferia não ter umbigo? Pq?
Quando eu falo em
umbigo qual primeira coisa que vem na sua cabeça?
Tchê, me dá um arrepio. Uma sensação ruim, de agonia.
Quando você sentiu
essa aflição de umbigo pela primeira vez? O que sentiu?
A vida toda! O que SEMPRE sinto é agonia. Inclusive, por
muitas vezes, sonhei [tive pesadelo, na real] que alguém afundava o dedo no meu
umbigo. Acordava como se tivesse saindo do inferno [mas é bem assim]. Faz tempo
que não os tenho.
Como você descreveria
a sensação? É visual, sensorial, táctil?
É sensorial, táctil. É algo bizarro porque se assemelha
aquela sensação ruim semelhante às cócegas. Quem pratica te vê rindo e acha que
tu está então gostando. Mas aquela risada na verdade é de pura angústia. Pois
bem, é assim com o lance do umbigo. E eu não rio. Mas me refiro à essa sensação
angustiante. Porque ninguém leva a sério isso, sabe? Parece que tu está
brincando quando diz: por favor, não encosta no meu umbigo. A pessoa vem e
encosta que é pra ver a tua reação. Tipo o lance das cócegas. Insiste.
A aflição é com o seu
umbigo ou com umbigos em geral?
Com o meu apenas. Ufa, né?
Essa aflição mudou
durantes os anos?
Não. Quando eu tinha uns 25 anos resolvi colocar piercing no
umbigo justamente pra tentar boicotar esse troço chato. Porque nem eu consigo
encostar no meu umbigo. Sendo assim, àquela época pensei: vou colocar um
pendurico porque aí quero ver ter essas frescuras. Resultado: foi horrível, o
negócio inflamou e minha própria pele expeliu o adorno. Trash, viu? Até hoje
tenho uma cicatriz ali que se potencializou, inclusive, quando eu engravidei,
em 2016. Quanto mais a barriga crescia, mais a cicatriz se anunciava. E
detalhe: meu umbigo estava PRETO na gestação. A linea nigra, comum em gestantes,
acentuou justamente quem? Ele, o umbigo [risos].
A aflição chegou a
afetar sua vida, sua rotina? Deixou de fazer alguma coisa em função da aflição?
Sim, sim e sim. Por muito tempo eu tive que aceitar ter um
umbigo sujo. Sim, sujo, porque ele é fundo [pro meu terror hahaha] e então
nunca conseguia higienizar o local como deveria. Sentia vergonha do umbigo
"sem trato", por assim dizer, e sentia uma sensação de derrota por
tentar, tentar e não conseguir NUNCA fazer a limpeza. Hoje em dia, pós parto,
eu já consigo limpar ali, colocar o dedo só pra me testar. O que pra mim é uma
conquista e tanto [risos]. Quem sabe eu não esteja, devagarito, fazendo as tão
sonhadas pazes com ele, né?
E na relações
pessoais, íntimas?
Bah, sempre foi terrível isso. Como já comentei
anteriormente: aquela coisa de que a pessoa não leva a sério que tu NÃO CURTE
barato algum no teu umbigo. Hoje em dia, com meu querido marido [que sempre me
compreendeu], me livrei dessa tortura.
Você conversou sobre
isso com alguém? Chegou a te incomodar a ponto de pensar em tratamento
psicológico?
Minha mãe sempre ficou intrigada com isso, justamente porque
veio já na infância. Mas nunca deu muita bola. Eu já pensei em fazer regressão,
porque nada me tira da cabeça que é lance do começo de tudo, lá do meu
nascimento, da hora do parto ou de dias depois [ou até da gravidez da minha mãe].
A gestação alterou
alguma forma na aflição de umbigo? Limpar umbigo da criança foi possível ou
não? A relação com o umbigo mudou?
Pois então. Eu tinha uma coisa pra limpar o umbigo da minha
filha [ainda tenho]. Mas quando ela era recém nascida, até ele cair, quem
limpava era o Camilo, meu marido. Eu até fazia essa higiene na pequena, às
vezes, mas com ressalvas. Hoje, um ano depois de ter dado à luz, eu consigo
colocar a mão [o dedo] lá dentro e limpar [o meu e o dela]. Mas a agonia está
lá.
Você já encontrou
outra pessoa que tem também essa aflição? como foi?
Não, nunca ouvi alguém se queixar dessa mesma aflição. Agora
tô me sentindo melhor por poder ter falado sobre
Se você pudesse você
preferia não ter umbigo? Pq?
Preferia ter um umbigo que não me desse tanto o que falar.
Ou melhor: queria descobrir o porque disso tudo. E fazer as pazes com o meu.
DANILO MOURA, assistente
de importação, Diadema-SP
Quando eu falo em
umbigo qual primeira coisa que vem na sua cabeça?
Um umbigo pra fora, extremamente feio e muita agonia.
Quando você sentiu
essa aflição de umbigo pela primeira vez? O que vc sentiu?
Quando vi um umbigo "pra fora", aquilo é horrível.
Aflição e a sensação estranha, como se algo estivesse fora do lugar, mas de um
jeito grotesco.
Como você descreveria
a sensação? É visual, sensorial, táctil?
Sensorial. Sinto o meu antebraço repuxando, os pêlos ficam
eriçados e não é nada bom. Aflitivo demais.
A aflição é com o seu
umbigo ou com umbigos em geral? Existem tipos de umbigos que dão mais aflição
que outros?
Umbigos pra dentro [apenas o buraco] é tranquilo, mas os que
são externos são muito feios e me incomodam.
Essa aflição mudou
durantes os anos?
Sim, piorou com o tempo.
A aflição chegou a
afetar sua vida, sua rotina? Deixou de fazer alguma coisa em função da aflição?
Não, mas evito olhar pras pessoas na praia ou piscina, pra
não ser surpreendido [risos].
E nas relações
pessoais, íntimas?
Não há problemas.
Você conversou sobre
isso com alguém? chegou a te incomodar a ponto de pensar em tratamento
psicológico?
Nunca havia pensado nisso, vou verificar essa possibilidade.
Você já encontrou
outra pessoa que tem também essa aflição? Como foi?
Nunca encontrei e quase nunca falei sobre isso.
Se você pudesse você
preferia não ter umbigo? pq?
Preferia não ter, sinto incômodo quando faço a limpeza do
local.já na parte dos especialistas, conversei com três e dois entraram no texto: a psicóloga comportamental Paula Bonilha e o psicanalista Arnaldo Dominguez. por motivos de um desencontro de agendas e deadline, a entrevista com a psicanalista Marilucia Melo Meireles acabou ficando de fora, o que foi uma pena porque tem reflexões ótimas. então segue aqui, na íntegra, a conversa por email com Marilucia.
Existe uma distinção
entre aflição e fobia?
Não havia ainda pensado na existência desta distinção pois,
para mim, a aflição pertence ao campo das manifestações psicológicas mais
gerais e genéricas, enquanto que as fobias se encontram dentro do campo das
manifestações inconscientes, simbólicas, tratadas no plural e nas
singularidades, caso a caso, razão pela qual possuem significações muito
próprias, sem semelhança estrutural entre elas.
Avançando mais nesta ideia, a aflição, a meu ver, caracteriza-se por um
estado difuso, provisório, de suspensão emocional, que tanto pode se referir a
uma ampla gama de sentimentos de mal-estar quanto aos ligados ao bem-estar de
uma pessoa. A fobia, nutrindo-nos de alguns textos freudianos a esse respeito,
é um sintoma próprio dos quadros das neuroses, em especial o da histeria de
angústia, relacionado quase sempre ao surgimento explosivo da angústia.
Existe uma diferença
de causas e tratamentos entre fobias físicas e fobias externas ao corpo
(elevador, bichos, lugar cheio, etc)?
É importante o uso do plural em se tratando das
manifestações fóbicas, pois não existe a possibilidade de isolarmos uma única
causa como sendo o fator desencadeante bem como elas, frequentemente, se
apresentam combinadas com outros tipos de neurose. Quase sempre são classificadas de acordo com o objeto a que
se vincula a angústia. Neste caso tanto pode ser escolhido alguma parte do
corpo quanto objetos na externalidade. Os exemplos mais comuns e que receberam
em muitos casos “pomposos nomes gregos” são o medo do escuro, o de ser envenenado,
o de altura, falar em público, o de animais peçonhentos, medo da morte, o de
tempestades, a ereutofobia [medo de enrubescer], dismorfofobia [medo à
deformidade] a claustrofobia, a agorafobia como expressão do isolamento e da
solidão, a fobia social e as ligadas aos contágios, dentre outras. É importante
salientar que todos os objetos do mundo [“externos” ou “físicos”, como você
chamou] podem se oferecer, por deslocamentos, às depositações de nossas
angústias.
As palavras que mais
ouvi dos onfalofóbicos foram 'vulnerabilidade' e 'agonia'. Pq o umbigo sugere
isso?
Durante estes anos de atividade clinica é a primeira vez que
ouço falar de onfalofobia. Consultando a Internet e encontrei algumas matérias
que se referiam a fobia de umbigos, mas que a meu ver são bem superficiais. Fiz
também um rápido levantamento sobre o tema, entre colegas, que tampouco ouviram
falar sobre o assunto. A hipótese que podemos levantar é a de que esta fobia comtempla
uma nova terminologia dada, na contemporaneidade, a um tipo de expressividade
para a circulação da angústia, concernente aos medos que nos habitam na
atualidade. É certo que encontramos diversos tipos de manifestações
sintomáticas próprias de cada época, de cada momento histórico. Se na época de
Freud os sintomas giravam em torno de uma sexualidade encoberta de ricos
segredos, hoje circulamos por um mundo em que a sexualidade vem sendo cada vez
mais redefinida e explicitada. Acho, portanto, uma ótima oportunidade para
reabrirmos essa questão levando em consideração o surgimento, na pós
modernidade, de outras modalidades de fobia daí, talvez, ser a onfolafobia um
bom exemplo de representação social. Talvez
incorramos no risco de ser a onfalofobia mais uma “palavra ônibus”, em que cabe
tudo e ao mesmo tempo não nos diz nada. No entanto, se sustentarmos que as
fobias são formas agudas de circulação da angústia podemos considerar que a
parte do corpo ou o objeto que é seu depositário, na externalidade, é a
expressão inequívoca da força que a cultura exerce na produção de novas
sintomatologias para o nosso sofrer humano, existencial.
Pq a mesma parte do
corpo sugere fobia e também fetiche?
Podemos
considerar, a grosso modo, que na medida em que o fetiche possui como uma de
suas inúmeras funções a de tamponar a eclosão da angústia na constatação, pelo
olhar, da ameaça da castração, podemos fazer uma aproximação desta ideia com a
função que o objeto fobígeno, enquanto aplacador do surgimento da angustia,
possui. Na verdade, não existe nenhum objeto dotado de um poder contrário ao
poder do objeto fóbico ou ao poder do objeto fetiche pois ambos operam no
registro imaginário. No caso das fobias, os objetos são antídotos, ajudas,
auxílios, que as pessoas se utilizam como dispositivos contra fóbicos, com a
finalidade de evitarem a eclosão dos seus medos, das suas angústias. Quanto ao
objeto fetiche podemos dizer que ele é o único objeto verdadeiramente e
diretamente contrafóbico, um para- castração. Desta maneira, uma cobra, pode
ser ao mesmo tempo um bicho esquisito, que horroriza que causa fobia ou, no
caso do fetiche, pode compor a estampa de uma lingerie e ser a condição de
possibilidade da experiência amorosa.
Na pequena amostra que
peguei - 5 pessoas - foram 4 mulheres onfalofóbicas e apenas 1 homem. Mulheres
são mais fóbicas com o corpo que os homens? Alguma razão pra isso?
Esta pergunta exigiria retomarmos todas as concepções que
foram surgindo a partir de Freud a respeito da mulher e, por conseguinte, da
feminilidade. Poderíamos apenas afirmar que há, na mulher, uma gramática
psíquica, construída no vínculo estabelecido com seu objeto de amor, a mãe ou
alguém que a substituiu, geradora da angústia do desamparo diante da separação
do corpo materno e da perda do amor que justifica atribuirmos aos quadros
fóbicos femininos. Seguindo por esta via, há também na doutrina psicanalítica
outras conceituações clássicas e fundamentais, muito presentes nas formações imaginárias
da fobia. Refiro-me, neste sentido aos temas relativos a psicossexualidade
infantil: o complexo de castração, o binômio fálico-castrado, a inveja do
pênis, todos relativos aos elementos constitutivos da estrutura edípica,
incluindo ainda as etapas pré genitais da libido e posteriormente aos destinos
que a pulsão vai se encaminhar, além, é claro
das teorias sobre a angústia. Acredito não ser possível fazermos nenhuma
extrapolação ou tirar conclusões precipitadas seja pelo fato de que essa “amostragem”
colhida possa ter sido simplesmente casual, seja porque, como mencionei
anteriormente, as fobias devem ser tratadas no plural e em suas singularidades,
caso a caso.
Como você trataria um
onfalofóbico? Seria o mesmo tratamento de outras fobias?
Esta pergunta nos remete às distinções existentes entre os
métodos tradicionais de cura, praticados pela medicina e o trabalho de análise,
proposto pela psicanálise. No nosso caso, as escutas dos sintomas apresentados,
terão uma destinação radicalmente opostas às dos sintomas médicos, que aqui não
há espaço para desenvolver. O que poderia responder suscintamente, é que a
tarefa do psicanalista, no caso de um atendimento de uma pessoa que sofre e que
apresenta sintomas fóbicos, é a de usar o seu conhecimento e acolher o
sofrimento do analisante sem evidenciar, questionar ou manifestar qualquer
atitude diante dos medos, aflições, vividos por ela. O recomendado é atrever-se
com o analisante para, juntos, percorrerem a longa empreitada de um processo analítico, uma
verdadeira encruzilhada de Tebas,
independente de serem sintomas, fóbicos ou não.
7 comentários:
Eu tenho onfalofobia e apesar de parecer tosca, gera um incômodo enorme em pensamentos e diversas situações do dia a dia
Eu tambem tenho e horrivel parece que vou desmaiar fico mole e horrível. Meu marido me irrita as vezes querendo tocar ou brinca com o dele me sinto muito mal. Acredito q tenha sido algo relacionado c o parto sim ou na cura dele. Queria nao ter o meu passando o tempo o meu caso esta ficando pior. Tenho pavor so de pensar q vao colocar a mao e ver alguem me da desespero. Pena que é algo tao desconhecido para ser debatido.
Também tenho. A palavra que mais define agonia mesmo. Não é medo. Não tenho problema em ver umbigos dos outros, mas estiverem cutucando, aí sim, me dá agonia. No meu, não gosto de tocar, e muito menos que os outros toquem. Até mesmo o vento, quando vejo, estou com a mão em cima, como uma concha, protegendo. Minha irmã já tentou pegar no meu umbigo quando eu estava dormindo, mas antes de chegar lá, me despertei agoniada. Minha mãe disse que eu, quando era muito pequena, já não deixava pegar no umbigo dizendo que entraria sabão no olhinho do meu bebê. Para limpar, quando já está muito sujo, me concentro bastante. Mas é uma aflição, me contorço toda. Ô coisa chata.
Como que vocês colocam imagens de umbigo nessa publicação? Tenho onfalofobia, vim tentar me informar e acabei tendo mais crises.
pois é né, fico louca de ver
Eu tenho onfalofobia, odeio tudo relacionado ao meu umbigo. Nem consigo dormir reta, me encolho pra deixar ele fechado.
Há alguma cirurgia que eu possa fazer pra deixar meu umbigo liso, e não ter mais umbigo?
Eu odeio usa roupas que mostram umbigo, não acho umbigo bonito, não gosto que toquem e qualquer sensação nele me dá agonia. Eu queria não ter umbigo.
É simplesmente todas as pessoas são diferentes eu entendo respeito pois eu amo muito umbigos femininos
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