mais uma frila massa real pra querida revista monet, dessa vez sobre a franquia Missão Impossível e todos os desdobramentos na psiquê de Tom Cruise risos. acho sinceramente que é uma das franquias mais regulares em termos de qualidade. e ainda são pop com estilo, realismo e adrenalina com propósito. segue o texto.
CORRA ETHAN, CORRA
A história de uma das franquias mais bem sucedidas da história é
retrato fiel da pulsão por adrenalina do produtor e astro Tom Cruise
Já são 27 anos que Ethan Hunt corre sem parar. Às vezes para salvar colegas
de trabalho, noutras a si próprio, mas, quase sempre, para evitar o fim do
mundo mesmo. A princípio, o agente super secreto interpretado por Tom Cruise
teria apenas uma aventura, o primeiro Missão Impossível. Era também a
primeira aventura de Cruise como produtor. Mas o filme foi tão bem recebido
pela crítica e pelo público, e Cruise claramente se identificou tanto com o
personagem, que o filme de 1996 se multiplicou por anos a fio até chegar, em
2023, ao sétimo longa: Missão Impossível – Acerto de Contas, Parte 1 (a
segunda parte, só em 2025).
O objetivo do primeiro filme da franquia era, em si, ambicioso ao
trazer para o mundo digital e fraturado pós queda do Muro de Berlim personagens
e conceitos criados durante a maniqueísta Guerra Fria (a série televisiva
original foi ao ar de 1966 a 1973, com um chorinho em 1988). Sai o ‘nós contra
eles’, entra ‘o inimigo está em todos os lugares’ ou ‘o inimigo é invisível’ ou
ainda ‘o inimigo somos nós’. Especialista em dualidades, máscaras e espetáculo,
o diretor Brian De Palma foi a escolha perfeita do produtor Cruise.
De Palma estava numa fase boa, afinal de contas seu filme anterior, O
Pagamento Final (1993), é considerado até hoje um dos pontos altos de sua
longa carreira (que, entre outros, conta com clássicos como Carrie, Blow
Out, Scarface e Os Intocáveis). O diretor relembrou esse
período em uma entrevista para a Associated Press em 2020: “Em
meus 50 e poucos anos, fiz O Pagamento Final e depois Missão
Impossível. Não existe nada melhor do que isso. Você tem todo o poder e
ferramentas à sua disposição. Quando você tem o sistema de Hollywood
trabalhando para você, você pode fazer coisas notáveis”.
Mas o diretor queria mais e junto com os roteiristas David Koepp (Jurassic
Park), Robert Towne (Chinatown) e Steve Zaillian (A Lista de
Schindler), e com o aval de Cruise obviamente, fez com que Missão
Impossível fosse também o funeral da série que o originou. É que o único
personagem comum a ambos, Jim Phelps, deixou de ser o líder ético da TV
(interpretado por Peter Graves) para ser um traidor cínico no longa (na pele de
Jon Voight). Os tempos mudaram e a IMF (Impossible Mission Force) agora possuía
uma nova face, a do desobediente e audacioso Ethan Hunt.
Na mesma entrevista de 2020, De Palma confessa que o ator/produtor lhe
chamou para o segundo filme logo que o sucesso do primeiro ficou evidente. “Depois
de fazer Missão Impossível, Tom me pediu para começar a trabalhar no
próximo. Eu disse: 'Você tá brincando?' Um destes é suficiente. Por que alguém
iria querer fazer outro?’ Claro que a razão pela qual eles fariam outro é pelo
dinheiro. Nunca fui diretor de cinema para ganhar dinheiro, o que é um grande
problema para Hollywood”.
Dinheiro é bom e Tom Cruise não é bobo, mas o que motivou o ator a
seguir como Ethan Hunt foi mais do que isso, foi uma identificação profunda com
o pragmatismo do agente secreto e sua incapacidade de ficar parado diante de
ameaças. E assim foi tentando achar novamente um diretor que atendesse às necessidades
aventureiras desse universo: John Woo aplicou suas coreografias e
câmeras lentas em Missão Impossível 2 (2000); J.J. Abrams, em seu primeiro
filme na direção, injetou drama e mostrou a intimidade do agente em Missão
Impossível 3 (2006); e Brad Bird, que era conhecido pelas animações Ratatouille
e Os Incríveis, colocou a IMF na berlinda em Missão Impossível
– Protocolo Fantasma (2011). Todos os diretores foram profissionais e
satisfatórios, e os filmes continuaram indo bem nas bilheterias, mas sempre
tinha algo faltando para o casamento durar mais.
Tom Cruise e Christopher McQuarrie
logo abaixo, o making of da impressionante sequência do pulo de moto sobre um enorme penhasco seguido de um salto da moto com paraquedas. o tanto de trabalho para uma sequência, que é curta no filme, é uma coisa de outro mundo.
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