terça-feira, 15 de maio de 2012

yahoo #40

virada cultural já é coisa do passado, mas o texto que escrevi no yahoo ("um centro vivo e no virote") é mais sobre o centro de são paulo em si do que sobre o evento, portanto... e como de qualquer forma esse ano não consegui ver absolutamente nada... e veio o intenso festival sónar são paulo e sua maratona de dois dias ("o primeiro dia" e "o segundo dia"). vida que segue.





UM CENTRO VIVO E NO VIROTE

Todas as grandes cidades brasileiras possuem, em maior ou menor grau, um problema em comum. São mais que um, obviamente, mas ficarei aqui com o pecado capital: o abandono de seu centro. Os culpados são muitos, desde o poder público até a especulação imobiliária, passando pela miopia de uma sociedade que não quer ser responsável pelos rumos urbanos.

Em poucas palavras, o centro de uma cidade não pode ser deixado exclusivamente para o comércio. Tem que ter gente morando dia e noite, sempre. Tem que ter vida e qualidade de vida, mais que qualquer outro bairro ou região. Simplesmente porque o centro é o começo e a essência de uma cidade, sua história, memória, presente e futuro.

Copiado de um evento francês, a Virada Cultural, que acontece desde 2005 em São Paulo, tem sido um jeito interessante, mesmo que tímido em meras 24h, de injetar vida no belo, louco e abandonado centro paulistano (o evento também ganhou uma versão carioca e outra pelo interior de São Paulo). Talvez tenha sido um dos poucos projetos realmente públicos da dobradinha PSDB/DEM (ou, para os mais íntimos, Serra e Kassab) na gestão de São Paulo, pois esse pessoal costuma segregar mais que democratizar (isso mesmo, hoje em dia quem mais se diz democrata é quem menos quer democratizar). Falei sobre São Paulo e cidades em outros dois textos aqui para o Yahoo, “São Paulo, velha e louca” e “Arte que desmancha no ar”).


Já fui a várias edições, inclusive na de 2007 no meio do campo de batalha do não-show do Racionais MCs na Praça da Sé (e só virou batalha por causa da PM que mais uma vez fez “uso de força excessiva”). E em todas logo percebi que o mais bacana não era a variada infinitude de (algumas muito boas) atrações gratuitas e abertas, e sim ver aquela quantidade de gente indo a pé de um lugar para o outro no centro, mapinhas em mãos, procurando diversão e ocupando o espaço. Gente de tudo que é lugar, de tudo que é jeito, fazendo a cidade sua.

Claro que ainda falta muito, tanto pelo lado da Prefeitura de São Paulo quanto pela população, para esse idílio acontecer. Enquanto os números de frequentadores da Virada Cultural aumentam em termos de milhões, os problemas com lixo, higiene pública e segurança só pioram. Falta olhar mais para o lado, para os outros, porque só assim deixaremos de ser essas ilhas tristes dentro de nossa próprias casas.

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