pela lei eleitoral os sites de campanha não podem continuar no ar após o anúncio oficial do resultado da eleição pelo tse. ontem à noite, portanto, o pensenovotv caiu e junto dele o pdf do plano de governo. hoje no facebook apareceram algumas pessoas questionando isso (cadê o plano?) e respondi que ele voltará numa plataforma que não tenha problemas legais. enquanto isso, compartilho ele aqui. basta clicar aí na imagem que você pode baixar o arquivo oficial. e ainda essa semana escreverei sobre a experiência sensacional de ter trabalhado na campanha que ajudou a eleger fernando haddad o novo prefeito de são paulo.
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
terça-feira, 23 de outubro de 2012
cultura e educação contra o extermínio
um dos grandes momentos da campanha: o encontro de fernando haddad com mano brown, ice blue, leandro lehart, andreia dias, emicida, leci brandão, etc. ainda falarei mais sobre essa experiência (a de trabalhar nessa reta final da campanha), mas deixa passar domingo. nesse trecho, as falas de mano brown, ice blue e haddad.
saiu um segundo trecho do encontro com a presença de netinho de paula, leandro lehart e leci brandão.
e lá no blog H tem outros trechos do encontro transcritos por pedro alexandre sanches. ah, e no último trecho em vídeo, emicida, fernando anitelli (teatro mágico) e andré frateschi.
saiu um segundo trecho do encontro com a presença de netinho de paula, leandro lehart e leci brandão.
e lá no blog H tem outros trechos do encontro transcritos por pedro alexandre sanches. ah, e no último trecho em vídeo, emicida, fernando anitelli (teatro mágico) e andré frateschi.
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esforçando o instagram #12
edição especial 'streetart em são paulo', praticamente um capítulo à parte no meu instagram e uma das coisas mais interessantes de se procurar nas ruas da cidade. não conheço todos os artistas, então se alguém souber de algo que não foi creditado pode avisar. tamosaê.
rui amaral (viaduto da lapa)
rui amaral (viaduto da lapa)
rui amaral (viaduto da lapa)
rui amaral (viaduto da lapa)
andré "treco" farkas (rua sampaio vidal, jardins)
andré "treco" farkas (próximo à
praça panamericana, alto de pinheiros)
praça panamericana, alto de pinheiros)
andré "treco" farkas (rua pascoal vita, vila beatriz)
space invader (ladeira da memória, centro)
space invader (ao lado do teatro municipal, centro)
onesto (sobre a linha de trem,
rua do curtume, lapa de baixo)
rua do curtume, lapa de baixo)
desconhecido (sobre a linha de trem,
rua do curtume, lapa de baixo)
rua do curtume, lapa de baixo)
desconhecido (rua pio 11, alto de pinheiros)
silvio ? (minhocão)
desconhecido (minhocão)
desconhecido (em frente à quadra da vai-vai, bixiga)
desconhecidos (rua conselheiro crispiniano, centro)
desconhecido (rua fradique coutinho, pinheiros)
desconhecido (rua pascoal vita, vila beatriz)
desconhecido (rua oscar freire, pinheiros)
desconhecido (rua mourato coelho, pinheiros)
domingo, 21 de outubro de 2012
yahoo #50
atolado por duas semanas na campanha não consegui escrever o texto da semana que passou para o yahoo (terei o mesmo desafio na semana que está começando), então pedi ajuda ao colega timpin pinto que, por sua vez, vinha falando comigo para ajudar a divulgar seus textos recentes. sempre achei que timpin tem tudo a ver com o ultrapop e foi interessante fazer esse teste (o texto teve mais de 800 'likes' no facebook e quase 400 comentários, números ótimos). e lá veio timpin em sua cruzada para saber quem roubou quem no faroeste da música POPULAR brasileira.
MICHEL TELÓ EM PELE DE CORDEIRO
MICHEL TELÓ EM PELE DE CORDEIRO
Tenho uma dívida
eterna com Timpin Pinto, afinal ele é (com certeza é) o cara que mais conhece a
verdadeira música popular brasileira do século 21. E não é a tal “curiosidade
antropológica”, pois o cara gosta profundamente de tudo que ouve (e isso vale
também pro que não gosta). Foi através dele e de seu Cabaré que conheci os eletromelodys paraenses, as swingueiras
baianas, os bregas-funks pernambucanos e por aí vai. Mas tem outra: Timpin
gosta e não foge de briga. O sujeito que já foi ameaçado de morte por gente
ligada ao submundo do forró agora está numa missão de desconstruir a fama de
bonzinho de Michel Teló, o multimilionário homem de um sucesso só. Pedi permissão
ao Cabaré para reproduzir aqui no Ultrapop uma versão ligeiramente editada de
“A verdadeira (e sórdida) história de Michel Teló”. Vai que é sua, Timpin!
Recentemente
Michel Teló foi pra mídia reclamar que o Ministério da Cultura se recusou a
ajudá-lo em um documentário através da Lei Rouanet. O cantor queria um milhão e
trezentos do governo (entenda-se, do povo que paga os impostos que sustentam o
governo) para documentar seus passeios pela Europa, na esteira do sucesso de “Ai
se eu te pego” que, diga-se de passagem, tem sua autoria até hoje contestada na
justiça. Na entrevista ao site Universo Sertanejo ele não consegue
deixar de transparecer sua arrogância. Declarou que com seu hit levou “...o
nome do país pra fora, o país voltou a ser notícia por algo de cultura”
A
questão é que Michel Teló pousa de mocinho e de mocinho ele não tem nada. Quer
desmascará-lo? Pergunte qual foi a verdadeira história da saída de sua antiga
banda, o grupo Tradição, do Mato Grosso do Sul. Peça para Michel Teló explicar
porque a banda se dilacerou, com todos os membros, que tocavam juntos há anos,
partindo cada um para lado. Essa história nunca foi bem contada. Aliás, essa
história nunca foi contada, apesar de que todo mundo que trabalha nos
bastidores do mercado sertanejo saiba. Mas o público e os fãs não sabem. Por
isso este cabaret vai trazê-la à tona.
Tudo
começou em 2008, quando o grupo Tradição estava finalizando seu DVD Micareta Sertaneja 2. O anterior tinha
rendido um disco de ouro e uma apresentação no Domingão do Faustão. Tinha tudo
para não só repetir a dose como ainda apresentá-los para o resto do Brasil, já
que seu sucesso ainda era regional. Ocorre que quando tudo já estava pronto,
inclusive a arte final do DVD, Michel e seu irmão Teófilo Teló, disseram que as
oito músicas que estavam registradas na editora Panttanal, que era deles, só
seriam liberadas mediante ao pagamento de uma pequena fortuna por cada uma.
Valores absurdos, completamente acima do valor do mercado.
Naturalmente
a banda declinou da proposta, alegando que se fosse o caso, excluiriam as tais
oito músicas e seguiriam em frente. Então os dois rebateram: se fosse feito
assim, os direitos de uso das imagens do cantor não seriam liberados. O que se
seguiu foi uma discussão que, segundo fontes seguras, chegou às vias de fato.
Em seguida foi convocada uma entrevista coletiva no qual Michel Teló anunciou
sua carreira solo, tranquilizando os fãs de que cumpriria a agenda de shows já
vendidos, permanecendo na banda por seis meses. Isso depois de cantar na banda
a mais de dez anos (ele foi descoberto pelos empresários do Tradição quando
ainda era adolescente).
Durante
meio ano a banda se apresentou por toda a região Sul e Centroeste disfarçando
nos palcos o clima horrível que imperava nos bastidores. Chegou agosto de 2009,
Michel desligou-se da banda, levou toda a estrutura de palco e ainda estreou
solo usando nos cartazes de divulgação a expressão “Micareta Sertaneja”. Deixou
pra trás uma banda falida e despedaçada. Todos os outros membros saíram, com
exceção do guitarrista Wagner Pekois que insistiu em tentar o que na época era
considerado por todos uma louca utopia, recomeçar do zero.
E
foi o que ele fez. Inicialmente viajou ao Rio Grande do Sul e em Ijuí recrutou
os irmão Guilherme e Leonardo Bertoldo, cantor e baterista do grupo Os 4 Gaudérios,
respectivamente. Da banda sul matogrossense Zíngaro contratou o sanfoneiro
Jefferson Villava, o baixista Leandro Azevedo e o percussionista Marcio
Pereira. Com a formação nova gravaram o disco Caixinha de Surpresas e caíram na estrada por dois anos até
adquirirem a sinergia e a verba necessária para a gravação de um novo DVD.
O
DVD Tô de Férias acabou sendo um dos
melhores lançamentos sertanejos de 2010, apesar da baixa repercussão que teve
na mídia. E assim o Tradição continua na batalha até hoje. Recentemente
lançaram um single de sucesso, chamado “Ui, adoro” que, apesar não tocar nas rádios, já teve
mais de um milhão de downloads.
Só
que a lei do karma ruim é implacável. A música “Ai se eu te pego” pode estar
tocando no planeta inteiro, mas o sucesso de Michel Teló é uma bolha, uma mera
ilusão porque ele não tem fãs. Ao contrário da maioria dos cantores que saem de
suas bandas e se lançam em carreira solo, os fãs do Tradição não migraram para
o lado do cantor, muito pelo contrário, permaneceram ainda mais fiéis à banda,
sendo praticamente uma extensão do departamento de divulgação. Enquanto a
preocupação de Michel é ganhar mais e mais dinheiro, o Tradição segue apostando
na construção de uma carreira artística de qualidade.
O
dia em que algum empresário visionário resolver investir no Tradição, o Brasil
irá conhecer um dos melhores shows da atualidade. Se no momento Michel Teló é
um dos artistas mais saturados do país, certamente o Tradição é o segredo mais
bem guardado. Quem vai entrar na história como o mocinho e quem vai entrar como
o bandido, só o futuro dirá. Mas não é muito
difícil de adivinhar.
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sábado, 20 de outubro de 2012
mulheres, sangue e champanhe
já tem uns dias que o belíssimo clipe de "sangue é champanhe" está rolando pela rede. queria ter comentado antes, mas a correria anda braba. conheci o rapper don l em 2008, quando o entrevistei para o gafieiras. na época ele era integrante do grupo costa a costa, um das mais instigantes revelações do rap nacional dos últimos tempos (acho a mixtape dinheiro, sexo, drogas e violência de costa a costa, de 2007, uma das grandes obras musicais dos anos 2000). daí que don l começou a fazer seus próprios sons e novidades não tardaram a aparecer. mais eletrônico, pesado e diverso, o rap do cearense também ganhou novos temas, menos periféricos, o que já se rascunhava nas rimas do costa a costa. agora ele está prestes a lançar, numa batelada só, duas mixtapes solo: caro vapor e vida premium beta. mas vou parar com o blábláblá... com vocês, "sangue é champanhe", com participação de flora matos.
Sangue é Champanhe_Don L. feat. Flora Matos from LuckyBastardsInc on Vimeo
pra quem espera o clima chavão de rap (quebradas, crime, cidade cinza, etc.), "sangue é champanhe" é uma surpresa e tanto. mulheres lindas, nuas, paisagens deslumbrantes ao redor do brasil e mundo, diversão, prazer, brincadeira, bebidas, comidas, tudo em clima tranquilo de hedonismo (enquanto don rima suavemente sobre a volatilidade da vida e dos afetos). a direção é da dupla erica gonsales e autumn sonnichsen (que pouco antes tinham feito o igualmente belo vídeo "one day"). ah, e tem uma entrevista boa com o cearense no portal da mtv.
Sangue é Champanhe_Don L. feat. Flora Matos from LuckyBastardsInc on Vimeo
pra quem espera o clima chavão de rap (quebradas, crime, cidade cinza, etc.), "sangue é champanhe" é uma surpresa e tanto. mulheres lindas, nuas, paisagens deslumbrantes ao redor do brasil e mundo, diversão, prazer, brincadeira, bebidas, comidas, tudo em clima tranquilo de hedonismo (enquanto don rima suavemente sobre a volatilidade da vida e dos afetos). a direção é da dupla erica gonsales e autumn sonnichsen (que pouco antes tinham feito o igualmente belo vídeo "one day"). ah, e tem uma entrevista boa com o cearense no portal da mtv.
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sexta-feira, 12 de outubro de 2012
com esse jeito faz o que quer de mim
idealizado e produzido pelo jornalista jorge wagner (e
lançado pelo fita bruta), o ótimo
tributo jeito felindie presta
homenagem ao cancioneiro romântico pagodeiro do raça negra. no facebook, wagner
declarou o seguinte:
“por uma série de fatores, o ano de 2009 ainda figura como o
pior da minha vida. e como todos nós precisamos de marcos vez em quando, eu
torcia para que aquele ano acabasse. nessa torcida, fui convidado por uma amiga
para ver a entrada de 2010 em rio das ostras, com ela, alguns de seus amigos e
familiares. a trilha sonora desses dias foi uma só: o dvd de 25 anos do raça
negra, uma banda onipresente na minha infância, mas com a qual não tinha mais
contato desde a metade da adolescencia. percebendo que após tanto tempo, ainda
era capaz de lembrar letras e melodias inteiras, sorri... e cantei.
ao longo de todo o ano seguinte (quando, de fato, as coisas
começaram a mudar), o assunto ‘canções que o tempo não apagou’ voltou à pauta
algunas vezes - fosse com o pagode versions ou com as gravações de sertanejo
feitas pelo rufatto. e continuou aparecendo em 2011, com aquela guria que ria
descrente e perguntava: "vocês realmente gostam dessas coisas?!"; com
a audição dos ep de ‘couves’ da letuce, com uma ida ao boliche em vassouras com
amigos, com um show da orquestra superpopular numa praça da cidade onde eu e um
dos membros do grupo crescemos e regulamos série na escola.
esse projeto é fruto dessas histórias, dessas ideias, em
comum com outras histórias e outras ideias de pessoas que admitem não terem
crescido ouvindo beatles ou chico buarque. criticado, admirado e com uma
repercussão absurdamente maior do que a que imaginei, ele está aqui, pronto.”
se você esteve vivo e atuante nos anos 1990 é impossível não
conhecer pelos menos alguns desses hits de luiz carlos & cia. e o jeito felindie reúne versões
inspiradíssimas de clássicos como “cigana” (lulina), “cheia de manias” (vivian
benford), “maravilha” (giancarlo ruffato), “jeito felino” (letuce), “você não sabe de mim” (radioviernes), “é tarde demais” (harmada), “quando te encontrei” (amplexos) e “me leva junto com você” (orquestra superpopular).
atualização em abril de 2013: finalmente saiu um ótimo minidoc oficial sobre os bastidores do jeito felindie.
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yahoo #49
12 de outubro, dia das crianças. queria ter feito uma coisinha mais leve, mas só consegui pensar nesse debate ainda em aberto sobre a proibição da publicidade infantil. foi o bróder fernando de almeida que me mostrou ano passado o documentário "criança, alma do negócio" que encerra esse novo texto pro yahoo, mas que acabou sendo meu ponto de partida para tentar refletir sobre o assunto (então já dá pra sacar qual meu lado da história). depois que foi publicado fiquei com uma sensação de muitas pontas soltas, mas o bagulho é complexo mesmo.
VINDE A MIM AS CRIANCINHAS CONSUMIDORAS
Fui criança no final dos anos 1970, início dos anos 1980. Um
tanto em Fortaleza e outro tanto no Rio de Janeiro. Tudo era muito diferente
então – tinha até um lance chamado “ditadura militar”, vejam só vocês – e com a
infância não seria diferente. A equação era mais ou menos a seguinte: mais rua,
menos brinquedos, menos TV.
Sobre os brinquedos, a família não tinha muita grana e não
existia lá muita variedade. Sobre a TV, não havia muita programação infantil na
TV aberta. Não era bem uma questão de escolha e mais de adequação à realidade,
mas acabava estimulando a imaginação e jogando as crianças pra brincarem umas com
outras na rua.
O tempo passou e só voltei a ter contato com a “infância”
quando familiares, amigas e amigos começaram a ter seus próprios filhos. Descobri
que crianças continuam iguais, mas a infância no século 21 é muito outra (ah
vá?). O primeiro sinal é muito menos rua pra brincar. O shopping e a própria
casa, representada por TV e internet (esta apenas na segunda infância),
entraram em seu lugar.
Os brinquedos (e games) ganharam uma sofisticação e uma
variedade tão absurdas que deixariam em estado de choque qualquer criança de
décadas passadas. Só que também possuem tanta informação que deixam menos
espaço para crianças forjarem seu próprio imaginário. Já está tudo ali, e para
a criança resta apenas a ação, o ‘play’. Já a TV, bem, a TV tomou todos os
espaços. Ela hoje é entretenimento, berçário, rua, educação, babá, conforto,
segurança, cultura, comodismo, estímulo e por aí vai.
Mas ó, não adianta ficar de chororô pela infância perdida de
outros carnavais porque as coisas sempre mudam, é sempre assim. E cada geração
tem sua própria cota de acertos e erros. A TV, por exemplo, é responsável hoje por
crianças de 2 e 3 anos terem um impressionante e vasto vocabulário (às vezes,
bilíngue). Por outro lado, seus comerciais geram cabos-de-guerra entre pais e
filhos.
Apetitosos objetos de desejo, muitos criados junto com
atrações televisivas, são esfregados nas caras das crianças a cada 30 segundos.
Qual criança não quer tudo? Que pai ou mãe consegue dar tanto? Lembrando ainda
que uma pesquisa do Ibope de 2007 mostrou que crianças brasileiras, entre 4 e
11 anos, passam em média 5 horas por dia em frente à TV (contra 4 horas na
escola), isso é uma batalha perdida. Ainda mais em um tempo no qual pais fazem
de tudo para não frustrar seus filhos (uma bobagem, afinal frustração faz parte
da vida, amadurece).
Criado em 2001 pelo deputado federal Luiz Carlos Hauly
(PSDB-PR), o Projeto
de Lei 5921 “proíbe a publicidade/propaganda para a venda de produtos
infantis”, mas pouco mais de dez anos depois ainda não chegou à votação no
plenário. A Associação Brasileira de Agências de Publicidade obviamente
esperneou e criou a campanha “Somos
Todos Responsáveis”, na qual enfileira uma série de depoimentos de anônimos
e “especialistas” (advogados, publicitários, políticos, apresentadores de TV,
etc.). Falam de inconstitucionalidade, cerceamento da liberdade de expressão,
não-tutelamento do Estado, o fim da programação infantil por falta do dinheiro
dos comerciais, já existe uma agência regulamentadora (Conar) e coisa e tal.
Não falam, claro, dos problemas levantados por movimentos
como o “Publicidade
Infantil Não” e o Instituto Alana:
ansiedade, estresse familiar, obesidade, violência e tortura psicológica, entre
outros, todos decorrentes de estímulos publicitários ao consumo. Esquecem ainda
que o Estado tem sim (ou deve ter) responsabilidade sobre questões sociais. Tal
debate sugere três alternativas: a proibição, uma regulamentação mais rígida ou
deixar como está. Assunto quente, necessário. Só não dá pra deixar os
publicitários venderem, mais uma vez, gato por lebre.
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sexta-feira, 5 de outubro de 2012
yahoo #48
o texto mais recente do ultrapop só poderia ser sobre eleições (tá logo aí, domingão) e o recorte escolhido foi o da mobilização virtual, principalmente entre tumblrs e facebook. no texto não falo nenhuma vez o nome de fernando haddad, não era minha intenção declarar voto lá, mas tá bastante claro qual é minha escolha para prefeito de são paulo (não só porque ele é realmente o melhor candidato pr'uma cidade que vem sofrendo bastante nos últimos dois mandatos serra-kassabianos, mas também porque ele é o único que pode derrotar o coisa ruim do russomanno). simbora.
o lugar do russomanno
POLITIZA QUE EU GAMO
Lembro que quando começou a campanha eleitoral deste ano vi inúmeras
mensagens no Facebook de pessoas avisando, quase sempre ameaçadoramente, que
deletariam qualquer “amigo” que postasse ou compartilhasse mensagens políticas.
Que o Facebook é um residencial virtual e realmente careta todo mundo sabe e
essa repulsa à política é apenas reflexo de um dos mais idiotas sensos comuns de
todos os tempos.
Quer dizer, os não-políticos curtem adoidado mensagens
“edificantes” sobre fotos de bebês ou cachorros fofos, mas na hora que o calo
aperta, quando temos a chance de mudar algo em nossas cidades, o pessoal tira o
corpo fora com o bordão “político é tudo a mesma merda”. Peraí, a gente é tudo
a mesma merda? Porque, afinal de contas, político é gente, político é a gente,
sem tirar nem por.
Obviamente, essa gritaria apolítica não adiantou em nada e
as campanhas para prefeituras e assembleias de todo o Brasil se espalharam
rapidamente pela internet, principalmente no Facebook, para o bem e para o mal.
Como vivo há 18 anos em São Paulo sou bombardeado pela campanha local, mas com
a internet consigo ter alguma noção do que está acontecendo em outras cidades
do meu interesse: Fortaleza, Rio de Janeiro, Recife, Belo Horizonte, Belém,
Salvador e Porto Alegre. Se fosse esperar pelos jornais e revistas...
Porque internet é praça pública, é o caos da vida. Tem
discussão, piada, agressão, troca de ideias, uma baladinha aqui, um bandeiraço
acolá. Onde mais se poderia rir, agrupar e comentar as impagáveis fotos
careteiras e os micos de José Serra? Nessa eleição, o veterano candidato tucano
– que está correndo o sério risco de não conseguir emplacar no segundo turno em
São Paulo (numa disputa que ele estava em primeiro poucos meses atrás), – virou
protagonista de três tumblrs divertidíssimos: Serra Demasiadamente Humano, Serra
Loko e Serra Inova. Rir é política também.
No entanto, também foi na internet que o Coronel Telhada,
ex-comandante da Rota e candidato a vereador pelo PSDB, ameaçou e incentivou
agressões a André Caramante, profissional sério que cobre segurança pública
pela Folha de S. Paulo. O jornalista que tanto apontou em suas reportagens um
aumento de mortos por policiais em 2012 quanto os assassinatos de policiais,
numa autêntica nova guerra entre Rota e PCC, foi afastado (exilado) pelo jornal
por medida de segurança.
Agora, por exemplo, soube que o Coronel publica em sua
página no Facebook fotos de bandidos (ou quem ele julga bandidos) assassinados
pela polícia na rua. Esse tipo de material violento o Facebook demora séculos
para tirar, diferente de um evento-festa que, criado na segunda feira para
criticar o candidato Celso Russomanno, foi deletado duas vezes em questões de
minutos (o Facebook assumiu o erro e republicou o evento “Amor sim,
Russomanno não”, que acontece nessa sexta).
Toda ação, progressista ou conservadora, individual ou
coletiva, gera uma reação. Isso é política. Acompanhei muita coisa interessante
nesses meses, muita mobilização, várias discussões importantes sobre que tipo
de cidade queremos viver. Também assisti a coisas de perder a fé na humanidade.
Mas, como diria Carlinhos Cachoeira, tudo é processo.
O que quero dizer é que não adianta fugir da
responsabilidade. A política somos nós, no que temos de mais bonito e feio, e
assino embaixo no que o colega aqui de Ultrapop, Pedro Alexandre Sanches, disse no twitter: “Quem pensa que a política não é arte. E não é nobre. Não
sabe nada. Da vida.”
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segunda-feira, 1 de outubro de 2012
paulo carvalho, cantautor
nunca fui um profissional de releases (musicais) para imprensa e nesses meus doze anos de profissão só tinha feito um, no final de 2008, porque foi pedido de um amigo (oga mendonça, do projeto manada), gosto do trabalho dele/grupo, presto muito atenção no rap brasileiro e gostaria de dar uma contribuição e tals. mas daí que em março ou abril, o paulistano paulo carvalho me convidou pelo facebook pra fazer o release de seu segundo disco solo (o amor é uma religião). não sei se ele tinha uma opção anterior, não o conhecia pessoalmente, mas lembrava que tínhamos falado um pouco por emails quando ele lançou seu disco de estreia em 2007 e me agradeceu pela resenha que fiz no gafieiras. fui tomado por receios ético-profissionais. e se não gostar do disco? será que vou ter que apelar pra ficção jornalística? na conversa com paulo decidimos que iria acompanhar um pouco dos ensaios em maio e da gravação em junho para ter mais informações extra-musicais. e, ufa, bastaram alguns minutos do primeiro ensaio pra ter certeza que não precisaria usar de truques para falar sobre um disco que se mostraria cheio de boas surpresas e muitas e belas canções. portanto, seguem algumas fotos que tirei nesse processo, o release em si e o disco em streaming (que também pode ser baixado gratuitamente no site oficial do paulo ou, acima, no link do disco).
CORAÇÃO NA BOCA
p.s.: as fotos acima foram tiradas durante os ensaios, que aconteceram no estúdio loop, a as que seguem abaixo nas gravações nos estúdios mosh.
CORAÇÃO NA BOCA
O amor é um daqueles grandes mistérios, e consequentemente
temas, da humanidade. Artistas e não-artistas tentam entendê-lo (e assim louvá-lo,
amaldiçoá-lo, mil coisas) em verso e prosa desde que a maçã foi comida. Paulo
Carvalho gosta de escrever sobre o amor e não é de hoje. Em 2007, sobre sua
estreia em disco (De Longe) como
cantor e compositor, escrevi o seguinte para o site Gafieiras: “Romântico, o
paulistano prefere cantar dores de amor e ausências, mas devidamente colocadas
em um cenário urbano e atual”.
Mas foi necessário um pouco mais de tempo e maturação para o
também escritor e psiquiatra tomar coragem de se assumir definitivamente como
um “cantautor”. O resultado é seu segundo disco, O Amor é uma Religião, que volta a tratar dos solavancos do
coração, só que de uma forma mais aberta e ainda mais poética e autoral. O
título vem de um dos versos de “Solando no tempo” – canção de Luiz Melodia,
gravada originalmente em Mico de Circo
(1978) –, uma das duas regravações presentes no disco. A outra é “Aeroplanos”
(Jorge Mautner e Rodolfo Grani Jr.), que Mautner gravou em Mil e Uma Noites de Bagdá (1976).
Nessas duas músicas, e também nas autorais “Sóis” e
“Segredo” (esta com a irmã Luciana de Carvalho, parceira habitual), existem
ligações evidentes entre amor, Deus e religião/crença, como sugere o título
desse disco de 12 faixas. Mas na verdade o amor-religião de Paulo Carvalho é
feito de belezas e mistérios muito próximos, em nada distantes ou idealizados.
Tanto faz ganhar ou perder, o importante é se encantar e se entregar. Amor é
vida, o resto é ficção.
É notável a coragem de Paulo Carvalho enfrentar o amor (logo
o amor) dentro do historicamente fértil terreno da canção popular brasileira, e
ele se sai muito bem nas suas escolhas poéticas, mas teve ainda a grande
sabedoria de chamar um afiado quarteto de músicos-arranjadores para todo o
disco.
Três deles possuem uma longa convivência no grupo Cidadão
Instigado: Dustan Gallas (teclados), Rian Batista (baixo) e Régis Damasceno (guitarra
e violão). Rian e Régis haviam tocado na estreia discográfica de Paulo Carvalho
e agora o guitarrista é co-produtor ao lado de Yury Kalil (que também
co-produziu a estreia de Paulo, mas na época ao lado de Fernando Catatau, o
líder do Cidadão Instigado). O baterista Richard Ribeiro poderia ser um
estranho no ninho, mas toca com Régis em seu projeto solo (Porto) e na banda de
Marcelo Jeneci (e de lá veio Laura Lavieri que cantou junto de Paulo na
delicada “Miragem”), além de também colaborar com o Cidadão Instigado.
Nos ensaios, a familiaridade de uns com os outros era
patente em quão rápido e fácil encontravam soluções e caminhos para cada música
de O Amor é uma Religião. Uma
psicodelia aqui, uma bossa nova acolá, pitadas de futurismo, umas colheres de
Jovem Guarda, um jeito Caetano Veloso, uma valsinha com clima de praia, uma
guitarra Lulu Santos, rocks variados e assim por diante em um disco repleto de
surpresas sonoras. Tudo isso, todo esse clima leve, ajudou Paulo a ter mais
confiança e lá se foi o rapaz arriscar em espanhol (“Inmersión”) e inglês
(“Dreamer”, parceria com Régis) e assinando canções com Pélico (“Teu nome”) e
Pecker, cantor e compositor espanhol que veio até São Paulo gravar uma
participação em “Inmersión” (além de terem feitos juntos “Segredo”). O amor,
esse mistério, nos dá força pra cada coisa.
p.s.: as fotos acima foram tiradas durante os ensaios, que aconteceram no estúdio loop, a as que seguem abaixo nas gravações nos estúdios mosh.
yuri kalil (co-produção)
dustan gallas (teclados)
rian batista (baixo)
régis damasceno (guitarras, violão e co-produção)
richard ribeiro (bateria)
laura lavieri (voz) e tony berchmans (acordeon),
participações especiais em "miragem"
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