O BRASIL DE 2012 EM 6 CLIPES
Semana passada rolou por aqui uma lista
com 10 das melhores músicas brasileiras do ano como parte de uma
retrospectiva que tenho feito no meu blog pessoal, o Esforçado. Agora é a vez
de clipes, videoclipes, que de alguma forma resumem a excelente e sortida safra
audiovisual nacional (e, não coincidentemente, são de ótimas músicas) bem como
a descentralização de nossa produção.
“Legal e ilegal” (Felipe
Cordeiro). A última década
viu nascer no Pará uma pulsante geração de artistas populares: estrelas como
Gaby Amarantos, eletrônicos como a Gang do Eletro e ligeiramente MPB como Aíla,
Luê Soares e Lia Sophia. Felipe Cordeiro também é desse último grupo só que
traz a tiracolo uma guitarra eletrizante e bastante humor (com um bigode
daqueles, só podia). O clipe de “Legal e ilegal”, música do disco Kitsch Pop Cult, pega o humor, o balanço
e as cores da trabalho do paraense e lhe dão uma forma de carrossel repleto de
figuraças. Direção de Bruno Reggis e Carolina Matos.
“66” (O
Terno). Prova clara que São
Paulo também possui senso de humor, o primeiro clipe do trio liderado por Tim
Bernardes, filho de Mauricio Pereira (Os
Mulheres Negras), é uma montanha russa de boas ideias e achados visuais em
pouco menos de 3 minutos. Sem falar que “66” é ótimo exemplo de uma união entre
senso pop, pulso de rock e inteligência (a música que fala da própria situação
da música hoje em dia). Direção de Marco Lafer e Gustavo Moraes.
“Carnaval no fogo” (doo doo doo). Que o Rio de Janeiro não é mais aquele do banquinho e violão
todo mundo já está bronzeado de saber, mas UPPs e funks à parte, ninguém jamais
imaginou uma invasão de zumbis em um bloco carnavalesco. Esse é um dos muitos
acontecimentos do divertido e estranho clipe dessa marchinha rock psicodélica retirada
do disco Casa das Macacas.
“Mi vida eres tu” (Vanguart). Por mais que clipes
livres, nonsense ou de colagens de imagens sejam ocasionalmente bacanas, nada
como o bom e velho clipe com história, com roteiro. Ainda mais quando rola uma
produção, elenco, etc. e tal. “Mi vida eres tu”, música do disco Boa Parte de Mim Vai Embora, é isso e
ainda a muito bem filmada aventura romântica e violenta de um menino. É também
o encontro do folk rock com a Jovem Guarda, Mato Grosso e São Paulo, o cool e o
brega. Direção de Ricardo Spencer.
“Levante” (Lurdez da Luz). Uma das mais
ativas vozes femininas no ultramasculino cenário rapper brasileiro, Lurdez tem
aprontado das suas desde os tempos do Mamelo Sound System. Sua estreia solo em
2010 mostrou uma artista segura, engajada e bela (e com clipes ótimos como “Andei” e “Ziriguidum”). Neste ano, inquieta,
começou a colocar novas sonoridades, mais eletrônicas, em sua rima e o primeiro
resultado foi “Levante”, batidão politizado com clipe simples, bem iluminado e
fashion. Direção de Ricardo Magrão.
“Sangue é champanhe”
(Don L & Flora
Matos). Já falei do cearense
Don L aqui no meio do ano (“A hora e
a vez do rap nordestino”), mas de lá pra cá ele lançou o mais interessante
e belo clipe do ano. A música, que traz participação da brasiliense Flora
Matos, fala de diversões, vida e morte, encantamentos e a volatilidade dos
afetos. Enquanto isso, o clipe alterna imagens de moças muito nuas, viagens,
comidas e shows, muito diferente do que se imagina em um vídeo de rap. Atenção:
não recomendável para ambientes de trabalho e moralistas de plantão. Direção de
Autumn Sonnichsen e Erica Gonsales.
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