foi no final de 2008 que escrevi um release pro disco de estreia do projeto manada, grupo do bróder oga mendonça. pouco mais de dois anos depois coloco aqui o texto na íntegra (já tinha publicado um trecho em outro post) para chamar pro show que o quarteto faz hoje no sesc pompéia, de graça, 21h. aumenta o som aí...
Cidade grande assim é dura. Bate mesmo e às vezes é abaixo da linha de cintura. O pessoal do Projeto Manada sabe disso. Já tomaram uma ou duas porradas, pode acreditar, mas agora decidiram que chegou a hora de revidar. As 14 faixas de Urbanidades, disco de estréia do quarteto paulistano, distribuem sopapos, reflexões, críticas, areia no olho e um tanto de carinho. É que eles também sabem que a cidade é cheia de gente e tem muita gente boa por aí. Cidade grande é assim, amor e ódio e não necessariamente nessa ordem.
Urbanidades é chumbo grosso, olho aberto e movimento: a vida pode ser boa em “O sol”, os beats ficam nervosos na relação periferia vs. religião em “Mentira salva”, a grana e os números soterram as pessoas em “Retina” e a amizade fala mais alto em “Verdadeira força” e “1 por todos” (com direito a Elis Regina cantando “Um por todos”, de João Bosco e Aldir Blanc, que curiosamente foi lançada na trilha da novela O Grito, de 1975).
As rimas se multiplicam sob bases cheias de sons, histórias e referências tanto para a cabeça (“Batalha”) quanto para o quadril (“Zueira” e “Estouro”). A última faixa “Ao avesso”, esclarece o jogo e derruba cenários em versos como “Manada se diverte nesse mundo ao avesso”. Desse jeito Leco, Macário, PriZma e Venom colocam novos tijolos na construção de um moderno rap brasileiro. Porque rap é vida real, pulsante, um rio caudaloso cheio de vozes. Aí chegam esses quatro paquidermes e colocam suas “patinhas” na água. Pense nas ondas bagunçando a superfície. Pense no barulho. Projeto Manada é mais, muito mais rimas, bumbo e caixa do que você imagina.
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