terça-feira, 1 de março de 2011

na retina e nos ouvidos

foi no final de 2008 que escrevi um release pro disco de estreia do projeto manada, grupo do bróder oga mendonça. pouco mais de dois anos depois coloco aqui o texto na íntegra (já tinha publicado um trecho em outro post) para chamar pro show que o quarteto faz hoje no sesc pompéia, de graça, 21h. aumenta o som aí...



Cidade grande assim é dura. Bate mesmo e às vezes é abaixo da linha de cintura. O pessoal do Projeto Manada sabe disso. Já tomaram uma ou duas porradas, pode acreditar, mas agora decidiram que chegou a hora de revidar. As 14 faixas de Urbanidades, disco de estréia do quarteto paulistano, distribuem sopapos, reflexões, críticas, areia no olho e um tanto de carinho. É que eles também sabem que a cidade é cheia de gente e tem muita gente boa por aí. Cidade grande é assim, amor e ódio e não necessariamente nessa ordem.

Urbanidades é chumbo grosso, olho aberto e movimento: a vida pode ser boa em “O sol”, os beats ficam nervosos na relação periferia vs. religião em “Mentira salva”, a grana e os números soterram as pessoas em “Retina” e a amizade fala mais alto em “Verdadeira força” e “1 por todos” (com direito a Elis Regina cantando “Um por todos”, de João Bosco e Aldir Blanc, que curiosamente foi lançada na trilha da novela O Grito, de 1975).

As rimas se multiplicam sob bases cheias de sons, histórias e referências tanto para a cabeça (“Batalha”) quanto para o quadril (“Zueira” e “Estouro”). A última faixa “Ao avesso”, esclarece o jogo e derruba cenários em versos como “Manada se diverte nesse mundo ao avesso”. Desse jeito Leco, Macário, PriZma e Venom colocam novos tijolos na construção de um moderno rap brasileiro. Porque rap é vida real, pulsante, um rio caudaloso cheio de vozes. Aí chegam esses quatro paquidermes e colocam suas “patinhas” na água. Pense nas ondas bagunçando a superfície. Pense no barulho. Projeto Manada é mais, muito mais rimas, bumbo e caixa do que você imagina.


pelo poder de greyskull?!?!?

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