quarta-feira, 21 de novembro de 2012

yahoo #53

por anos a fio pensei em fazer algo com as "versões místicas" de grandes sucessos pop (majoritariamente internacionais) feitas para louvar o figuraça inri cristo. nunca me importei se ele e as inrizetes acreditavam realmente no que pregavam, ou se eram um bando de malucos, ou malandros... deixem eles lá, não tão fazendo mal a ninguém... mas os vídeos são impagáveis, quase todos boas obras de humor (intencional ou não). pensei até em fazer aqui pro esforçado uma detalhada análise vídeo por vídeo, mas preferi fazer um apanhadão pro yahoo, o que fez mais sentido.


PAI Ó PAI

Já são quatro anos e meio de produção e pouco mais de 30 vídeos. Então, a essa altura do campeonato, podemos afirmar que Inri Cristo possui uma considerável obra audiovisual digna de análise. Aquelas “versões místicas”, sabe? Paródias de grandes sucessos do pop rock nacional e internacional com letras de louvor ao “emissário do Pai” em clipes surreais e primitivos da cabeça aos pés.

Provavelmente a primeira que vi foi a de “Umbrella” (Rihanna) e tudo já estava ali: a jovem Alara apresentando a mensagem do vídeo com algum elemento cênico; o vocal sempre desencontrado das cantoras Asusana e Alíbera (sempre nos cantos esquerdo e direito do vídeo, respectivamente); a filmagem caseira pelas árvores do terreno da Suprema Ordem Universal da Santíssima Trindade; cenas roubadas de bancos de imagens; fotos de arquivo de Inri e algumas silenciosas e impagáveis aparições. Enfim, diversão nonsense garantida.

Vieram loucuras como o espírito boxeador de “Eye of the tiger” (Survivor), uma corajosa versão a capela de “What a feeling” (Irene Cara), o êxtase sacolejante em “Single ladies” (Beyonce), a doçura épica de “We are the world” (Michael Jackson e Quincy Jones), a transformação de “Take you there” (Sean Kingston) em um quase rap e os surtos eletrônicos de “Hot n’ cold” (Katy Perry) e “Just dance” (Lady Gaga). O sagrado balaio de gato de Asusana e Alíbera também vitimou “Hotel California” (Eagles), “Living on a prayer” (Bon Jovi), “Wind of change” (Scorpions), “Crusader” (Saxon) e “Rehab” (Amy Winehouse). Mas nessa primeira fase nada supera o “plágio divino” de “Toxic” (Britney Spears). Saca só o grau de genialidade tosca.


Deu um vazio no coração quando notei, em meados de 2010, que Alíbera, minha preferida, tinha sumido das “versões místicas”. Será que ela largou de vez esse lance de Inri? Nunca soube. Revelador que o último vídeo que gravou foi uma cover do bolerão “Contigo aprendi” (Armando Manzanero) em algum lugar na Cordilheira dos Andes (?!). Uma nova fase (para todos) começava.

Com a saída de Alíbera, Assinoê tornou-se protagonista. Ela, que já havia feito uma participação davidlynchiana em “Sorry” (Madonna), passou a cantar com seus dramáticos olhos malucos e voz grave coisas tão diversas como “Breaking the law” (Judas Priest), “Judas” (Lady Gaga), “Imagine” (John Lennon), “Rolling in the deep” (Adele), “Ai se eu te pego” (Michel Teló), “Warriors of the world united” (Manowar) e “Ciúme” (Ultraje a Rigor). Nessa segunda fase, os vídeos passaram a ganhar outros cenários, desde novas partes da Terra de Inri até as margens do Lago Paranoá (Brasília), e recursos visuais mais, digamos assim, sofisticados.

A fiel e animada Alara também foi promovida e contribuiu com uma atuação mais moleca-romântica, o que ajudou muito em “I want to know what love is” (Foreigner), “Baby” (Justin Bieber), “Did it again” (Shakira) e “Friday” (Rebecca Black), sempre em dupla com Asusana. Só que, ambiciosa, encarou sozinha “A banda” (Chico Buarque), uma das músicas preferidas de Inri.

De um ano para cá, novas “inrizetes” vem sendo testadas, o que acabou jogando Asusana para escanteio. A mais promissora é a bela e expressiva Adeí que apareceu dividindo microfone com Alara em “We r who we r” (Ke$ha), mas já encarou o desafio solo na complexa e dolorida “Conquest of Paradise” (Vangelis). A outra é Alysluz, que ainda precisa se soltar um tantão, mas não se preocupem porque Alara há de ensinar. Só que em tão pouco tempo, Alysluz teve a sorte de participar de dois dos melhores vídeos da carreira das “versões místicas”: a superprodução “Gangnam Style” (Psy) e “Wannabe” (Spice Girls).

O que acho mais lindo nisso tudo é o desprendimento, o auto deboche. Nesse fantástico mundo maluco da internet vídeos assim viram piada instantaneamente – e lá se vai a “mensagem” de Inri Cristo pelo ralo – e a turma continua produzindo, ano após ano. Sabem talvez que falem bem, falem mal, mas falem de mim (quer dizer, Dele). De qualquer forma todos os envolvidos devem se divertir bastante, e os de fora que tem bom humor também. Isso é o que importa, ó Pai, ó.

Até sempre, pessoal. Com ou sem pimentões.


p.s.:  E se você quiser saber um pouco mais sobre Inri Cristo tome um chopinho com ele em companhia de Michel Blanco.

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