ah, uma novidade (e boa notícia pra mim): a partir dessa semana minha coluna no ultrapop passa de quinzenal para semanal. oh yeah.
O DE CIMA SOBE, O DE BAIXO DESCE
Muitas emoções em 2011, não? Então nessa coluna, que é a última do
ano, resolvi fazer algo diferente. Decidi, assim da minha cabeça mesmo, fazer
uma mini-retrospectiva com algunas pessoas ou acontecimentos que marcaram
positiva ou negativamente esse ano que passou por cima da gente. O título veio
naturalmente, afinal “Xibom bombom”, hit de 1999 lançado pelo grupo As Meninas,
é o único axé de denúncia (marxista?) que se tem notícia e seu refrão continua
atual, infelizmente, como uma daquelas verdades incontornáveis em nosso mundo
cheio de desigualdades. Mas comecemos pra cima.
SOBEM
Protestos: Ainda
não inventaram um jeito melhor de lutar pelos direitos ou demonstrar
insatisfação com os governantes do que ir pra rua e ocupá-la. E 2011 foi um ano
especialmente pródigo em manifestações, algumas revolucionárias, em todo o
mundo. A Primavera Árabe se espalhou pelo Norte da África e Oriente Médio
derrubando ditadores civis e militares. O Churrascão da Gente Diferenciada
bagunçou Higienópolis, um dos bairros mais nobres de São Paulo, cidade que
também abrigou a Marcha
da Maconha,
violentamente reprimida pela PM (em outras cidades brasileiras isso não
aconteceu), e a consequente Marcha
da Liberdade
(pela liberdade de expressão). O Movimento Occupy Wall Street se multiplicou
pelos Estados Unidos a partir do grito de raiva e frustração de quem só viu a
vida piorar após a crise de 2008, enquanto os responsáveis por ela, os bandidos
de colarinho branco, se safaram com a rapidez de sempre. Grécia, Espanha, Chile
e Rússia em chamas. Com tanta coisa acontecendo cada vez se faz mais necessário
a participação de cada um na melhora da vida de todos. E, de preferência, na
rua.
Jean Wyllys: Ninguém
deu a menor importância quando o ex-BBB anunciou em 2010 que concorreria ao
Congresso Nacional. Apesar da votação expressiva para um estreante (13 mil), Jean
só se mudou para Brasília por causa do quociente eleitoral de seu companheiro
de partido (PSOL), Chicão Alencar. Mas chegando lá, o agora deputado federal se
mostrou um dos políticos mais sérios e atuantes da casa. E comprou brigas da
pesada, principalmente com a bancada evangélica e alucinados perigosos como
Jair Bolsonaro, Marco Feliciano e Silas Malafaia, porque, homosexual assumido,
defende coisas óbvias (e que ainda não existem) como a criminalização da
homofobia e a expansão dos direitos civis para homosexuais (isso foi assunto de
uma das colunas que fiz aquí pro Yahoo, “Jesus
não tem dentes no país dos banguelas”). O baiano foi um dos homenageados da edição 2011
do premio Trip
Transformadores.
Gaby Amarantos:
Quem acompanha cena
musical paraense,
uma das mais efervescentes do país na atualidade, já conhece “a diva do
tecnobrega” de outras aparelhagens. Mas foi só em 2011 que Gaby começou a
colher os primeiros louros de sua carreira solo (ela ficou famosa no Pará como
vocalista da banda TecnoShow, no qual ficou de 2002 a 2010). Após ser
chamada de “Beyoncé do Pará”, a cantora deu a volta em todos
e no início do ano quando foi uma das convidadas para o show de posse da
presidenta Dilma e gravou uma versão acelerada de “Águas
de março”
(Tom Jobim) em
parceria com João Brasil. Depois alternou muitas horas de
estúdio para gravar seu disco de estreia solo com uma grande quantidade de
shows, cada vez mais no eixo Rio-São Paulo. Então protagonizou o apoteótico
encerramento do VMB da MTV em outubro, lançou o
espetacular clipe de “Xirley” (composição do pernambucano Zé
Cafofinho e primeira música de trabalho), participou do programa Som Brasil em homenagem a Zezé
di Camargo & Luciano, foi eleita como uma das personalidades brasileiras
mais influentes do ano pela revista Época, deu ótima entrevista à revista TPM e ontem apareceu no
programa Video Game, da apresentadora Angélica. Mas a saga de Gaby Amarantos
está apenas começando, pois 2012 também será um outro ano dela. Já no primeiro
domingo do ano, a elétrica paraense terá espaço de destaque no Domingão do
Faustão. Logo depois devem sair as primeiras músicas de seu disco de estreia. Produzido
por Carlos Eduardo
Miranda , Treme trará participações de Fernanda Takai e DJ
Waldo Squash (Gang do Eletro), além de composições de Thalma de Freitas, Iara Rennó e Dona Onete. Ainda
sem data definida, mas provavelmente no primeiro semestre, será lançado o DVD
de um show que a cantora fez em frente a sua
casa, no bairro de Jurunas, e filmado com muita classe por Priscilla Brasil e pelo
francês Vincent Moon. Sem falar numa grande e inédita entrevista que concedeu
ao site Gafieiras e que está para sair. O furacão
Gaby – artista orgulhosa de suas raízes periféricas, curiosa pelas misturas e
sem medo de circular – ainda tem muito estrago para fazer. Sorte a nossa.
p.s. do ‘SOBEM’:
falando em música... quem gosta de conhecer coisas novas sugiro dar um pulo no
meu blog pessoal, o Esforçado, para dar uma olhada na retrospectiva musical de
2011 que fiz com os melhores
discos gringos,
as melhores
canções gringas,
os melhores
discos nacionais
e as melhores
canções nacionais.
DESCEM
Defensores
nazifacistas de animais: Na semana passada caiu na rede um
vídeo flagrando a violência de uma mulher contra um cachorrinho da raça
yorkshire em Formosa (GO ).
As barbaridades foram feitas na frente de sua filha de dois anos e o animal
acabou morrendo em decorrência dos maus tratos.
Um horror, uma tristeza, um crime que tem de ser punido. Mas, pelo menos
pra mim, o pior foi a reação de alguns defensores de animais que começaram
pedindo justamente a punição da enfermeira (essa é a profissão da pessoa) para
logo na sequência partirem para o linchamento jogando seus dados pessoais na
internet (nome, documentos, endereço, etc), querendo lhe tirar a guarda da
filha, desejando e clamando pela morte da “vagabunda”, da “maldita”. Quem faz
isso não é melhor que ela. Quem faz isso, provavelmente, faz de tudo para seu
cãozinho e fecha o vidro do carro para não ser importunado por crianças de rua.
Quem faz isso não percebe que, por mais estranho que possa parecer, ela é
normal (olha só como se define no twitter, “sou uma pessoa tranquila, amo meu
maridão, meus filhos e meus cachorrinhos. Enfermeira por amor”, o que lendo
hoje acaba sendo um tanto irônico). Mas o inferno são os outros, né? Nada
disso. O inferno está em cada um de nós, não adianta fugir ou jogar a culpa no
próximo.
CQC: No
texto de semanas atrás (“Custe
o que custar, uma ova!”)
descrevi minha experiência pessoal de desapontamento com o programa comandado
por Marcelo Tas. Mas pense bem: 2011 foi realmente um ano desastroso para a
atração da TV Bandeirantes com a saída de duas de suas maiores forças
humorísticas, para o bem e para o mal: Danilo Gentili e Rafinha Bastos. Danilo
conseguiu driblar o mal estar público que causou com algumas piadas infelizes
no twitter e emplacou um talk show no canal. Já o sempre muito ácido Rafinha,
que foi irresponsável em apresentações ao vivo ao dizer que mulheres feias
deveriam agradecer serem estupradas, acabou sendo expulso do programa ao mexer
com gente famosa (a cantora e grávida Wanessa, mulher do empresário Marcus
Buaiz). Ficou feio para o CQC se livrar de um integrante de modo tão abrupto e
comercial, e ainda por cima sob fogo amigo (Marco Luque, no melhor estilo
pelego, criticou abertamente o ex-colega de bancada e depois se retratou). É a
decadência chegando antes do tempo.
José Serra e a
“grande imprensa”: O político paulistano não é dos
mais simpáticos e ainda por cima possui a estranha mania de abandonar cargos no
meio do caminho (Governardor e Prefeito de São Paulo, lembram?). Isso sem falar
que dizem que costuma pegar para si ideias de outros e que possui muitos
desafetos dentro de seu próprio partido. No ano de 2011, Serra só viu seu
prestígio diminuir e sua rejeição aumentar. Mas recentemente a barra pesou de
verdade para o duas vezes derrotado candidato a presidência, afinal ele é o
principal alvo das acusações de corrupção e enriquecimento ilícito, durante a
privatização das telefônicas no governo de Fernando Henrique Cardoso,
estampadas no livro-investigação A
Privataria Tucana
(Geração Editorial), do jornalista Amaury Ribeiro Jr. Mas onde entra a “grande
imprensa” nessa história? Revistas como a Veja, jornais como a Folha, Estadão e
O Globo, e TVs como a Globo deixaram cair a máscara da imparcialidade ao
ignorarem uma pauta quente como essa, mesmo que fosse para esvaziá-la. Sempre a
primeira a correr atrás de qualquer indício, por mais furado ou, no caso da
Veja, inventado que seja, de desmandos dos governos Lula e Dilma (e eles
existem e precisam ser investigados), a chamada “grande imprensa” finge que
essa história não existe no PSDB ou em São Paulo ou em Minas Gerais, etc. Assim
deixa claro, para quem ainda não sabia, que seu compromisso
é mais político
que com o leitor. Já é bom encomendar um epitáfio caprichado para toda essa
turma de altas plumagens (acho que o Arnaldo Jabor ou o Ferreira Gullar devem
topar).
E assim podemos nos despedir de 2011 na torcida de
que o ano novo seja o melhor possível para todo mundo. Tipo paz mundial, saca?
Então, aquele abraço e até 2012! Ah, e pra você que gosta de tocar o terror nos
comentários... ai, seu eu te pego...
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