terça-feira, 9 de abril de 2013

o que é que a bárbara tem?

agora na edição de abril da revista da gol saiu uma reportagem ligeira que fiz sobre o disco novo da cantora e compositora bárbara eugênia (é o que temos). pena que não rolou mais espaço porque a entrevista que aconteceu em uma padaria na vila madalena rendeu mais que as risadas e os sucos tomados. mas aqui no esforçado, meu-amiguinho-minha-amiguinha, sempre tem mais, e logo após o texto e o streaming do disco dá pra conferir o resto da conversa e algumas fotos roubadas entre perguntas e respostas. e o disco? é o que temos, produzido por edgard scandurra e clayton martin, é interessante, variado, romântico, bem humorado e atual. traz uma cantora-compositora mais segura e um punhado de músicas ótimas. destaque absoluto para "ugabuga feelings" (que a princípio me chamou atenção por causa de uma referência a "você passa eu acho graça"), "you wish, you get it" e a arrebatadora "roupa suja", dueto-hit com pélico. a estreia de bárbara em journal de bad, produzido por dustan gallas e junior boca, já era bastante promissora ("drop the bombs", "agradecimento", "o oposto do osso", etc.), mas ela realmente tem muito mais a mostrar. basta ouví-la.



LIVRE, LEVE E SOLTA

Uma das vozes mais interessantes da atual música popular brasileira está com trabalho novo na praça. É o que Temos é o segundo disco de Bárbara Eugênia, cantora e compositora nascida em Niterói, criada no Rio de Janeiro e radicada em São Paulo. “Comecei a pensar nesse disco uns dois anos atrás, mais ou menos na época que escutei Amador do Adanowsky, que foi um disco que mudou minha vida. Ele fala de buscar uma coisa maior, amor, coisas boas. É um disco totalmente hippie e vi que estava muito descolada desse meu lado meu, e de uma coisa mais espiritualizada. Foi super transformador pra mim. Aí fiquei pensando que queria um disco que fosse mais pra esse lado, cheio de canções, e com mensagens positivas”, explicou. E assim nasceram as 11 faixas do disco com sonoridades que variam da psicodelia ao iê iê iê, do bolero ao folk, com destaque para os duetos-parcerias com Pélico (“Roupa suja”) e Tatá Aeroplano (“Não tenho medo da chuva e não fico só”), a regravação de um clássico de Diana (“Porque brigamos?”) e as divertidas “Ugabuga feelings” e “You wish, you get it”. “Acho que no meu primeiro disco [Journal de Bad, 2010] tinha uma coisa mais carregada nos rompimentos, no amor, em tudo, e nesse disco, mesmo quando trata disso, tem mais piada, não se leva tão a sério”, confessa e ri, tímida, provavelmente lembrando de coisas que só ela sabe (e agora canta).



"A mudança não foi pelas pessoas e sim pelas circunstâncias da vida, porque quando fiz meu primeiro disco [Journal de Bad] tinha acabado de começar a cantar. Estava fazendo shows pouco mais de um ano antes. Então não sabia nada de nada e estava muito feliz de gravar um disco."

"Esse disco novo já estava meio pronto na minha cabeça. Quando a gente começou a ensaiar e a tirar os arranjos eu já sabia o que queria. Então coordenei.. meio que de certo produzi junto porque escolhi tudo o que queria. Essa música eu quero assim, essa outra eu quero assim... nessa eu quero o Guizado, nessa outra quero o Chankas, e foi assim... foi um disco que dominei totalmente. É um disco muito mais meu, apesar de ter sido feito em conjunto com a banda e deles serem muito meus amigos. Quer dizer, eles me ajudaram a chegar aonde eu queria. Eu tenho ideias, mas não sei executar. Mal toco violão. Então preciso muito deles pra chegar onde quero, pra fazer acontecer. O primeiro eu não sabia o que queria, mas sei que gostei, que ficou lindo, que amei. Mas tem essa diferença que é bem grande."

"Comecei a pensar nesse disco uns dois anos atrás. Mais ou menos na época que escutei o segundo disco do Adanowsky [Amador, 2011], que foi um disco que mudou minha vida num grau muito forte [ela acabou gravando “Sozinha”, uma versão dela mesmo de “Me siento solo]. Ele fala de buscar uma coisa maior, de amor, da vida, de coisas boas, é um disco totalmente hippie e eu vi que tava muito descolada desse lado meu, e da canção, e de uma coisa mais espiritualizada. Foi super transformador pra mim. Aí fiquei pensando que queria um disco que fosse mais pra esse lado, um disco de canções, com mensagens positivas."



"“Coração” é uma música super otimista. A gente escolheu ela pra começar porque sintetiza bem o disco. Não é mais lenta, nem a mais animada, nem a mais alegre, nem a mais triste. É uma música que engloba tudo isso e tem uma ‘buena onda’ ali. A Diana [“Porque brigamos?”] é aquela coisa... sou muito fã da Diana e nos show costumava cantar “Meu lamento”, mas aí fiz “Porque brigamos?” no [programa] Som Brasil e o Odair José estava lá, ele era um dos homenageados, e ele disse que eu tinha que gravar essa música. Eu me identifico muito com essa música, óbvio, porque já passei por situações assim e sinto as coisas assim. Eu faria uma música nesse estilo. Acho que no meu primeiro disco tinha uma coisa mais carregada nos rompimentos, no amor, em tudo, e nesse disco, mesmo quando trata disso, tem mais piada, não se leva tão a sério."

"E tem o bolero, “O peso dos erros”, que é uma música muito pessoal, mas não é sobre uma relação, nem sobre questões românticas, é uma outra coisa. Essa é a música mais densa do disco, gosto muito da letra dela, acho que é a minha favorita. E mesmo nela tem uma mensagem positiva. Quero que a pessoa melhore. Acho que mesmo que fale de rompimentos no disco dessa vez é com uma visão menos fatalista, menos pessimista das coisas."

"Fiz “You wish, you get it” nos 45 minutos do segundo tempo… duas músicas não tinham dado certo, não queria fazer mais uma versão, e até tinha umas músicas mais antigas, mas não queria... aí sentei em casa, comecei a ouvir Devendra Banhart, fiz uma vodka com suco de laranja [risos], fiquei lá e teve uma música que me inspirou... é isso! Comecei a escrever e fiz a música em 15 minutos. Cheguei com ela no último dia de gravação na Casa do Mancha. Fiquei muito feliz de encerrar o disco com ela, que é um rock pra cima e com uma mensagem otimista."

"Escrevi “Ugabuga feelings” em 2010 ou 2009 e ficou guardada, não sabia muito o que fazer. Aí cheguei pro pessoal e falei que tinha um axé [risos], vamos ver o que a gente faz com esse axé, porque ela é um axé, né? Total. Se a Ivete Sangalo quiser gravar ficarei feliz. Seria lindo. Aí a gente transformou em um rock, o Clayton usou Bo Diddley como referência pruma pegada mais primitiva."



"Minha voz melhorou bastante. A prática, a tal da cancha, mais soltura, segurança... tô experimentando mais. Antigamente não conseguia abrir voz comigo mesmo. No primeiro disco não tem isso. Não é porque não quisesse e sim porque não conseguia. Agora já consigo e fiz várias vezes no disco. Tenho certeza que melhorei muito e que ainda vou melhorar muito mais. Como compositora também [melhorei]... Journal de Bad foram dez anos de histórias, tem música que escrevi com 18, 19 anos, então é muita história... agora tá tudo mais fácil e ando muito inspirada. Desde o ano passado que tenho escrito bastante. Já tô fazendo um disco novo, em parceria com o Chankas, e está ficando foda. Enfim, tenho escrito muito e com a facilidade de pegar uma letra que não tava terminada e terminar, pegar um pedaço de uma e juntar com outra... estou brincando mais, experimentando..."

"Estou muito afim de fazer mais isso esse ano, trabalhar com outras pessoas... o Tatá Aeroplano, por exemplo... a gente tem uma ligação muito forte, a gente sempre fica muito feliz cantando juntos, e somos muito parceiros, temos ideias parecidas, somos amigos há muito tempo." 



p.s.: ano passado, bárbara registrou uma versão acústica "i wonder" em sua participação no projeto in.casa. no disco é o que temos, a música ganhou uma pegada country com o acompanhamento de mustache & os apaches.

Um comentário:

Ogamendonca disse...

O disco é melhor que o primeiro, que já era bom...mas continua com os mesmos problemas de mixagem, achei a voz enterrada nos instrumentais. Será que era uma opção estética deixara voz tão baixa?