foi no blog do blundetto que fiquei sabendo do tributo brassens - echos d'aujourd'hui (fanon records), uma homenagem transglobal ao poeta, cantor e compositor anarquista francês georges brassens. nunca tinha ouvido falar dele, confesso, mas semana passada finalmente achei link para download do disco (aqui ou aqui) e é uma coisa linda. e também surpreendente porque foram reunidos artistas de várias partes do planeta cantando brassens em suas línguas nativas, o que acaba abrindo inúmeras portas para se procurar as versões originais e compará-las, colidí-las, etc. nas 16 faixas aparecem figuras como shawn lee (estados unidos), lianne la havas (inglaterra), grupo canalon de timbiqui (colômbia), las hermanas caronni (argentina), enkhjargal (mongólia), anthony joseph (trinidad), yael naim (israel) e, claro, blundetto (frança). mas então aparece rodrigo amarante cantando "o não-pedido de casamento" e... puxa... que versão, que música espantosamente linda e rebuscada. escuta só.
o não-pedido de casamento
(georges brassens, tradução e adaptação de rodrigo amarante e stephane san juan)
meu bem, por deus, tenho um pedido
não apontemos pro cupido
sua própria flecha
tantos amantes se arriscaram
com seu gozo eles pagaram
tal sacrilégio
uma aliança em cada mão
a jurar ordem de prisão
em domicílio
pro inferno, amélias secas amas
que deixam frias suas camas
pra pilar milho
eu tenho a honra de não te pedir a mão
pra quê firmar no pergaminho essa união?
vênus presa perde o viço
e com o choriço frita o juízo
cai na comida
por nada neste mundo eu vou
despetalar sobre o escargot
a margarida
cai o véu, com ele o encanto
o segredo da sereia, o canto
de Melusine
o batom nas cartas perde a cor
entre uma e outra página do
Nouvelle Cuisine
eu tenho a honra de não te pedir a mão
pra quê firmar no pergaminho essa união?
eu tenho a honra de não te pedir a mão
pra quê firmar no pergaminho essa união?
é muito fácil a gente pensa
largar no fundo da despensa
numa conserva
o belo fruto proibido
perdeu o gosto, foi cozido
não se preserva
de uma empregada eu não preciso
tratado a pão de ló, aviso
não quero nunca ser
como uma noiva eterna intento
a dona dos meus pensamentos
eu sempre ver
eu tenho a honra de não te pedir a mão
pra quê firmar no pergaminho essa união?
eu tenho a honra de não te pedir a mão
pra quê firmar no pergaminho essa união?
eu tenho a honra de não te pedir a mão
pra quê firmar no pergaminho essa união?
amarante, que está para lançar seu primeiro disco solo (cavalo), canta e toca violão acompanhado de berna ceppas (sintetizador), moreno veloso (cello), alberto continentino (baixo) e stephane san juan (percussão). agora veja e escute brassens direto de algum lugar dos anos 1960...
nas buscas por saber e ouvir mais dessa música encontrei ainda uma versão instrumental comandada por eddie "lockjaw" davis (sax tenor) e harry "sweets" edison (trompete) e lançada em 1979.
p.s.: agradecimentos a bebel prates que conseguiu essas informações (banda, tradução e revisão da letra que transcrevi) com o próprio amarante.
quinta-feira, 23 de maio de 2013
letra/música #27 e transversão #42
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