10 MÚSICAS QUE VOCÊ DEVERIA TER OUVIDO EM 2012
Fim de ano é tempo de listas, só que dessa vez resolvi fazer
algo diferente. Separei 10 músicas brasileiras da lista de 50 que publiquei no meu blog
pessoal, o Esforçado.
Não porque sejam melhores que as outras 40, mas por serem ótimos exemplos para
os comentaristas apocalípticos aqui do Yahoo!
que a música brasileira anda muito bem, obrigado. Quem só consome música
através de TV e rádio pode até achar que o país anda “perdido”, na mesma. Não
existe muita oferta mesmo. É que as coisas do mundo estão na internet, minha
nega. Basta ter um pouco de curiosidade. Escuta só.
Lado A – O coração
1) “Se assim quiser” (Mahmundi)
Mahmundi é pseudônimo do trio liderado pela cantora e
compositora Marcela Vale, carioca de 25 anos. “Se assim quiser” está em seu
trabalho de estreia, o EP Efeito das
Cores. Tecladinhos saídos diretamente dos anos 1980 se juntam docemente com
programações eletrônicas em clima de fim de tarde. E Marcela só cantando coisa
boa de fazer. Autoajuda deveria ser assim.
2) “Alegria da gente” (Alvinho Lancellotti)
Filho do compositor Ivor Lancellotti, parceiro de bambas
como João Nogueira, Paulo César Pinheiro e Leci Brandão, Alvinho começou a
cantar e mostrar suas músicas no grupo Fino
Coletivo e só agora estreou solo em O
Tempo Faz a Gente Ter Esses Encantos. O título do disco, aliás, é um dos
versos de “Alegria da gente”, sambinha espertíssimo, moderno e tradicional, que
só poderia ter sido feito sob o efeito da alegria solar do Rio de Janeiro.
3) “Areia fina” (Letuce)
Em quase todas as músicas do Letuce quem canta lindamente é
Letícia Novaes, mas esta, especialmente, traz os vocais do guitarrista Lucas
Vasconcellos, parceiro de Letícia de música, vida e vice-versa. Música de Manja Perene, segundo disco do casal
carioca, “Areia fina” é um rock cheio de climas sobre as descobertas, algumas
doloridas, do amor.
4) “A carta de amor” (A Banda dos Corações Partidos)
Marchinha dramática sobre amores perdidos, “A carta de amor”
é também uma ótima porta de entrada para o som desse grupo de Aracaju, Sergipe.
Tem também brega na mistura, fator recorrente na nova música feita no
Norte-Nordeste, e a ótima voz de Diane Velôso.
5) “Poder da sedução” (Dona
Onete)
Do alto seus 73 anos, a cantora paraense costuma ser
comparada a Dona Ivone Lara, Clementina de Jesus e Omara Portuondo, mas em seu
disco de estreia (Feitiço Caboclo) é
possível ouvir todo seu brilho próprio. Dona Onete passeia por carimbós
maliciosos como “Jamburana” e lindas
baladas bregas como essa “Poder da sedução”, que é também tango com pitadas
eletrônicas em meio a lamentos de cabaré amazônico.
Lado B – Os quadris
1) “Pode para” (Flow MC)
Uma das revelações do jovem rap paulistano, Flow MC é também
um dos organizadores da tradicional Batalha de MCs do Santa Cruz e “Pode para”
está em sua terceira mixtape, SensaFLOWnal. Os samples de “Abrigo de vagabundos” (Adoniran
Barbosa), em gravação do Demônios da Garoa, são apenas o começo de um
surpreendente e novo cruzamento de rap com samba (paulista). E o sujeito ainda
possui humor e um fraseado afiadíssimo.
Nove anos separam a estreia solo de BNegão em Enxugando Gelo deste recente e
igualmente ótimo disco Sintoniza Lá.
Entre muitas canções cheias de suingue e politização destaque para “O mundo
(Panela de pressão)”, uma mistura de funk, rap, rock e afoxé sobre as
encruzilhadas desse mundão grande sem porteira.
3) “Afoxoque” (Curumin, com participação de
Russo Passapusso)
Música de Arrocha,
um dos melhores discos do ano e o terceiro trabalho solo do
multiinstrumentista, cantor e compositor paulistano. Influências africanas
misturadas com programações eletrônicas dão o tom de uma poética e poderosa
canção de protesto feita em parceria com Russo Passapusso, vocalista do Baiana System.
4) “Exu parade” (Otto)
Otto talvez seja o mais conhecido dessa lista, afinal
começou no Mundo Livre S/A nos anos 1990 e depois construiu sólida carreira
solo (dois anos atrás emplacou “Crua”
em trilha de novela global). “Exu parade” está em seu quinto disco, The Moon 1111, e é uma pedrada das mais
dançantes do cancioneiro do pernambucano. Pop, batuque, música eletrônica e
celebração em alta velocidade.
5) “Piloto de fuga” (Maga
Bo, com participações de Funkero e BNegão)
Disco de estreia do produtor americano que vive desde 1999
no Rio de Janeiro, Quilombo do Futuro é uma impressionante mistura de ritmos
nordestinos, música eletrônica, africanidades e pancadões. Entre as muitas e
ótimas faixas destaque para “Piloto de fuga”, uma prova da relevância e do
poder sonoro do funk carioca. Sem falar na vontade louca que dá de sair
dirigindo pela cidade (qualquer cidade, estrada).
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