EU VOU “POPOTIZAR” VOCÊ
Gosto de muitas coisas na TV, detesto outras tantas, e não
importa se é aberta ou paga, mas sempre tive um fascínio especial pelo caráter
hipnotizante de certos programas, geralmente os que tratam de natureza. Ironia
ou não, sou do tipo urbano, muito urbano, pé no asfalto selvagem. Acampei uma
só vez na vida (e foi a trabalho), tenho medo de altura, nado mal, não como
insetos, enfim, uma lástima. E mesmo assim lá ficava eu, olhão aberto, perdido
na savana africana em algum programa do Discovery Channel ou babando na gravata
(força de expressão, não tenho gravata) por causa de alguma família de tigres
em Bandipur no Animal Planet. Na TV aberta o que me pegava era o Repórter Eco, na TV
Cultura. Porém nunca, jamais, o Globo Repórter e suas pautas preguiçosas e/ou
requentadas.
Virou uma droga esse negócio, vício brabo, e como todo vício
chega uma hora no qual ou você precisa de doses maiores ou então muda de entorpecente
(essa palavra, aliás, define bem a sensação de contemplar a vida natural, seus
tempos e comportamentos, numa tela de TV). É porque a produção do Animal Planet
e Discovery começou a ficar repetitiva nesse quesito ou então foi loteando sua
grade para atrações com algum espertinho indo a lugares remotos para atormentar
animais (claro que, em suas arrogâncias, alguns defensores de animais não acham
que atormentam).
Daí que um amigo disse: “Já tentou o Off?”. Já tinha ouvido falar do canal que
estreou em dezembro em pacotes de alta definição (527 na Net, 238 na Sky e 538
Via Embratel), mas não, não havia tentado. Fui lá e batata! Paixão à primeira
vista. Lá estava novamente a natureza, mas dessa vez acompanhada de ação, muita
ação esportiva. E dá-lhe surf, skate, snowboard, alpinismo, ski, base jump,
caiaque e o que mais você imaginar de esportes radicais nos lugares mais
diversos e lindos desse mundão, alternando boas produções nacionais e material
trazido de fora.
A programação do Off acabou funcionando da mesma forma que
os do Animal Planet e Discovery. Era um jeito de “fazer” algo que, na vida real,
jamais teria coragem ou habilidade (andei um pouco de skate quando criança e só).
Claro que existe essa sensação de segurança de estar em casa enquanto o bicho
pega lá fora, mas acho que o que mais me estimula nesse escapismo é o fato
dessa realidade ser muito diferente da minha. Esse é o fascínio (tanto que já
escrevi sobre boxe para a Monet
e sobre futebol americano para a Piauí).
E tudo é muito bem filmado, editado e quase sempre tem uma
trilha bacana ou que, pelo menos, casa direitinho com as imagens, além de
personagens interessantes. Então lá se foram horas e horas, quase sempre na
madrugada, hipnotizado por malucos descendo montanhas a uma velocidade
assustadora ou enfrentando ondas gigantes. Por outro lado, como o Off é
recém-nascido, os programas e as vinhetas se repetem com bastante frequência, o
que acaba aborrecendo viciados como este que vos escreve. Mas não há de ser
nada, tenho paciência e surpresas sempre acabam pintando. Agora é torcer para
que o canal não fique muito tempo nesses pacotes limitados e que mais gente
possa vê-lo (é o que também desejo com fervor para o Canal Brasil, um dos melhores canais
da TV brasileira). E que também não se transforme em um Multishow com sua
infinidade de programas com cariocas (só cariocas) viajando pelo mundo. Nosso
planeta é maior que isso.
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