quarta-feira, 18 de abril de 2012

era uma agência muito engraçada...

junto com o sinal verde para antônio fagundes, fernanda cirenza me passou uma pauta para a segunda edição da revista inovação! brasileiros, um desdobramento da brasileiros: traçar um perfil da cubocc, uma agência de propaganda que não só dá ênfase para o ambiente digital como também arrumou um jeito diferente de seus funcionários se relacionarem. fui acompanhado da jovem fotógrafa aline lata, autora das imagens abaixo. no mais, o texto abaixo é a minha versão final (pré-edição da revista), como de praxe aqui no esforçado.



TRABALHO ENQUANTO PRAZER

Agência de publicidade fora dos padrões, a CUBOCC investe em autoria compartilhada e pensamento livre numa busca por novos jeitos de decifrar um mundo que não vai parar de mudar

O elevador chega ao 16º. andar e uma grande porta prateada, no melhor estilo caixa-forte de banco, separa as realidades de um prédio de negócios, moderno e comum, de uma agência de publicidade pouco convencional. Quer dizer, o pessoal da CUBOCC (assim mesmo, em caixa alta) não gosta nem de se considerar uma “agência”, porque acredita que apesar de trabalharem com publicidade em todo o resto são diferentes de seus pares. Principalmente em como pensam e fazem seu negócio girar. 

“É que trabalhar aqui é uma experiência diferente, e isso acaba gerando novas propostas de negócios”, diz Gustavo Bonfiglioli, que recebe a reportagem logo após a recepção com seu painel eletrônico em permanente frenesi de pixels. Um dos responsáveis pela comunicação da empresa, ele será nosso guia por um pouquinho dessa experiência e o dia, fim de tarde aliás, promete, afinal estamos numa sexta, o esperado momento semanal da confraternização. Mas ainda não é hora.

Fundada em 2004, a CUBOCC nasceu da mente agitada do gaúcho Roberto Martini. Nascido em Pelotas - “a terceira cidade a ter internet no país, sabia?”, diria mais tarde entre um chope e outro -, Martini foi atendente de suporte, estudou Análise de Sistemas e Publicidade, mas se formou mesmo em Administração. Sempre correu atrás de criar seus próprios negócios, tanto em Pelotas quanto em Porto Alegre e, finalmente, em São Paulo, onde pôs em pé a empresa que mudaria sua vida e a de muitos que passaram e passam por lá. O objetivo inicial era ser uma produtora especializada em mídias digitais, mas o futuro (digital) lhes reservaria algumas surpresas.

“A idade média aqui é de 24 anos... e as pessoas podem vir trabalhar de chinelo se quiserem... porque tem toda essa bullshit corporativa com que a gente não concorda, não precisa estar de terno para ser sério...”, fala Bonfiglioli enquanto percorremos os 1400 m2 do endereço que a agência ocupa desde outubro do ano passado. Projetada pelo escritório Athié em parceria com o estúdio 1-18 Project, a decoração branca e minimalista que rodeia os 140 funcionários da empresa é aberta nas áreas de trabalho e tudo é visível para todos em longas mesas conjuntas.

Já os corredores internos, que levam a uma copa e aos banheiros, e as salas de reunião possuem um estilo mais rebuscado e pop: enquanto nos corredores luzes nas paredes acendem conforme as pessoas passam, as salas se diferenciam umas das outras numa alternância de cadeiras de acrílico, candelabros, sofás e cortinas pretas. Mas o xodó da agência é a sala de reunião toda espelhada, do teto ao chão, que ainda traz uma mesa de vidro e cadeiras transparentes de acrílico. É nesse disputado cômodo que processos são desenvolvidos e campanhas são finalizadas, tudo devidamente escrito nas paredes-espelho.

“Geralmente, as agências e clientes pensam em termos quantitativos, números. A gente pensa de outra forma, usando outras variáveis como transformação social, engajamento e inovação. São os valores agregados de uma campanha que mais nos interessam”, diz Bonfiglioli ao fim do tour pela agência. E cá estamos de volta onde tudo começou: na recepção.  



Faltam pouco mais de vinte minutos para o começo do happy hour da CUBOCC e novas informações não param de surgir. O faturamento da empresa ultrapassou os R$ 100 milhões em 2011, o que gerou um crescimento de 15% no ano. A atual cartela de clientes conta com a Unilever (11 marcas), Google (4 marcas), Kraft Foods (3 marcas) e, recentemente, a Liberty Seguros, uma nova responsabilidade e tanto, pois a seguradora é um dos patrocinadores da Copa do Mundo de 2014.

Mas, afinal de contas, o que a CUBOCC tem que as outras não têm? Eles canalizaram a energia de profissionais de diferentes áreas (Mídia, Criação e Planejamento) para o digital, pois pretendem ajudar, segundo suas próprias palavras, “a dar forma ao futuro da propaganda por meio da combinação de diferentes disciplinas”. Produzem assim jogos online, comunidades virtuais, virais na internet, ações no mundo real, enfim, novos jeitos interconectados de fazer publicidade para um consumidor mais jovem que deseja participar e ser ouvido. E essas criações são sempre coletivas, mesmo quando lideradas por um “conceptor”, nome que dão ao profissional que coordena essa criação-brincadeira, essa “busca pela grande ideia”.

juliano, cristina, juliana e rodrigo, quatro integrantes da cubocc

Enquanto isso, atrás da recepção, numa espécie de grande sala de espera dividida em três partes, uma delas com mesa de pebolim e fliperama, algumas pessoas começam a chegar para o happy hour. “Esse chope de sexta é muito bom porque conseguimos conversar com gente de outras áreas”, explica Juliano Shimizu (Criação) sobre uma das mais arraigadas tradições da agência. “Agora, mais que o ambiente físico legal, o que motiva a trabalhar aqui é um sentimento de fazer junto, porque a gente sempre é incentivada a dividir tudo com todo mundo”, diz Cristina Aguiar (Atendimento).

A máquina de chope já está pronta e não muito distante um baú é aberto e se revela, mais uma vez, lotado de salgadinhos (industrializados) de todos os tipos. “A gente aqui é estimulado e incentivado a ser o que é, a expressar nossa opinião, a discordar das coisas, a questionar, independente de crença, do jeito de vestir”, afirma Juliana Fernandes (Mídia). E assim voltamos ao assunto informalidade. “Eu trabalhava de terno em consultoria e aqui fui me transformando ao longo de um ano. O ambiente fica mais leve, faz uma diferença. Até a pressão é mais light que em outros lugares. E acho que comunicação tem que ser assim, leve”, explica Rodrigo Abdalla (Atendimento).


roberto, fundador e ceo da cubocc

O fundador e CEO da CUBOCC, Roberto Martini, também virá para o happy hour, quase sempre comparece ao sagrado chopinho, mas antes, por e-mail, disse que “misturar a vida profissional com a pessoal é um privilégio para poucos e creio que estamos conseguindo fazer isso de uma forma bastante inspiradora. A ideia de trabalhar com o novo e com pessoas que podem constantemente te surpreender com novos conhecimentos me fascina e é isso que entregamos para os nossos colaboradores”. Tudo pronto. Já estamos, oficialmente, fora do horário comercial.

As luzes do ambiente são diminuídas, um telão desce e é hora do Follow Friday, o começo do happy hour, no qual dois funcionários sorteados aleatoriamente se apresentam para os colegas. Dizem também o que curtiram e o que não curtiram fazer na CUBOCC, falam sobre a família, viagens, o que lhes der na telha, desde que em sete minutos e com o auxílio de um power point. Denise e Sarah foram as escolhidas da vez. A primeira revela que foi patinadora profissional, gosta de sapateado e mostra uma foto de quando foi pedida em casamento aos pés da Torre Eiffel. Já Sarah, nascida em Volta Redonda (RJ) e há dois anos em São Paulo, diverte a todos com suas tiradas nerds do tipo “adoro Miojo, por mim comeria todo dia, mas como sei que mata alterno com McDonald’s” ou então “adoro girafas e o Darth Vader, tenho medo de palhaço e já fui agarrada pelo Latino, que me deu um chupão no pescoço... achei legal contar isso para os coleguinhas da firma”. Palmas e gargalhadas. Bonfiglioli, nosso guia, coloca um som e canecas de chope são novamente enchidas.



Então, discreta e timidamente, chega Roberto Martini. “Podemos negociar só uma opção de foto? Sou muito ruim nisso, não consigo olhar pra câmera”, revela. Careca, tatuado e de camiseta preta, em nada lembra um pomposo CEO e muito menos um sujeito que, no final de 2010, vendeu 70% das ações da CUBOCC ao Grupo Interpublic, uma das principais holdings de agência de publicidade do mundo. Os termos e valores da negociação nunca foram divulgados, mas Martini fez questão que sua agência se mantivesse com a mesma essência de sempre, mesmo com a chegada do experiente, e igualmente jovem, Rodrigo Toledo como diretor geral. “Já desenvolvíamos projetos para mercados globais, mas com a chegada da Interpublic essa oportunidade se intensificou. Temos agora um plano mais agressivo de expansão e tudo isso dentro de uma cultura que estimula a inovação, o risco, bastante criativa e focada em empreender novas ideias”, explicou.

Martini não sabe direito qual o futuro da publicidade nesses tempos de virais e compartilhamentos, mas tem certeza de duas coisas: que tudo vai continuar mudando e que a CUBOCC pensa nisso o tempo todo. “O sucesso será daqueles que anteciparem ou mais rápido se adaptarem a essas mudanças, portanto estruturas flexíveis e modelos de negócio em alteração constante agora fazem parte do dia a dia do negócio”, profetiza. O happy hour está apenas começando.


e abaixo, a versão editada nas quatro páginas da revista. 



Um comentário:

Y44N disse...

muito bom, parabéns a cubocc (: