A GENTE NÃO QUER SÓ COMIDA
Você conhece Paulo de Oliveira? Não? Deveria e para o seu
próprio bem. Protagonista da série Larica Total,
Paulo é boêmio, falido, peludo, solteirão, pegador e um entusiasta da “cozinha
de guerrilha”. Também é interpretado pelo ator Paulo Tiefenthaler e está no ar
desde outubro de 2008, sempre no Canal
Brasil (semana passada estreou a terceira temporada que trará 26 episódios).
Mas a troco de quê assistir um sujeito criando pratos bizarros como o Frango
Total Flex, Moqueca de Ovo, Yakisobra ou Sushi de Feijoada, e ainda mais numa
cozinha feia com utensílios caindo pelas tabelas? Porque o ficcional Paulo de
Oliveira é muito de verdade e poucas coisas são tão surpreendentes, e
potencialmente divertidas, quanto a realidade.
Diversão e anarquia como poucas vezes aconteceu na TV, Larica
Total é retrato fiel tanto de novas produções independentes feitas na raça e
viralizadas pela internet quanto por um jeito colaborativo de se relacionar com
seu público (a receita do primeiro
episódio da terceira temporada, por exemplo, veio de um internauta de
Belém). Porém, a “sujeira” da realidade é uma das mais interessantes
características do programa. Não existe a bancada limpinha e as ajudantes
servis de Ana Maria Braga, muito menos os ingredientes especiais e a técnica
apurada de Jamie Oliver. Paulo faz comida com o que tem na geladeira, como
todos nós.
“O Larica Total não é culinária de qualquer jeito, é culinária
a qualquer custo”, explicou um de seus diretores, Caíto Mainier, em ótimo making
of da primeira temporada. Taí a mais pura verdade. Em um mundo no qual
todos são descolados, cínicos e espertos, Paulo de Oliveira e seu programa são
doses cavalares de galhofa e paixão.
E digo isso com a experiência de acompanhar Larica Total
desde sua estreia e de já ter entrevistado Tiefenthaler duas vezes (“Comida
kung fu” e “Xablablau
no tucupi” foram escritas quando fui editor da Revista Monet). Sobre a
segunda temporada, o carioca e flamenguista afirmou que “o personagem já não é
mais tão inocente, ele tá mais rodado. Mas sempre vai existir o afeto, no
sentido de estar afetado mesmo [risos]. Continuo equilibrando o tiozão, o
amigão, o brother e, ao mesmo tempo, sendo charmoso pras moças [risos]. (...)
Mas ainda quero fazer muita coisa com o Paulo de Oliveira, chamar amigos dele
pra cozinhar, sair mais pra rua, e sempre dizendo por aí que o Larica é um
programa libertário em nome do amor e da alegria.” E essa terceira temporada –
cujos dias e horários de exibição são terças (21h30), quartas (16h) e domingos
(13h30) – segue na mesma toada. Sorte de quem é de verdade.
p.s.: e antes que me esqueça... acho que o Canal Brasil
deveria ser obrigatório nos pacotes mais baratos de todas as operadoras. E não
por reserva de mercado ou nada parecido. Simplesmente porque é um canal com uma
programação ótima, divertida e variada (e brasileira também, claro). No mais,
segue abaixo um dos mais divertidos e didáticos episódios dessa nova temporada.
Larica Total - Self-Ceviche Milenar 3ª TEMPORADA--EPISÓDIO 10 from Evaldo Filho on Vimeo
Larica Total - Self-Ceviche Milenar 3ª TEMPORADA--EPISÓDIO 10 from Evaldo Filho on Vimeo
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