segunda-feira, 12 de março de 2012

yahoo #31

a coluna mais recente do yahoo subiu na quarta em ponto, uma beleza, mas acabei metendo os pés pelas mãos (muito trabalho, vocês verão) e demorei pra subir aqui no esforçado a anterior. "quem tem medo de carlinhos brown?" tratou da torcida-contra durante a festa do oscar (assunto velho, eu sei). no entanto, a carlinhosbrownfobia não tem data pra acabar, portanto... ah, e a coluna mais nova do yahoo é a "pancadaria made in brazil", sobre uma tentativa de se fazer cinema de ação no brasil. agora, esperem aí, que preciso colocar "no papel", também pro yahoo, as minhas aventuras em um evento paulista-hípico em homenagem ao príncipe harry em sua passagem pelo brasil. ah, e tirei fotos, que já estão no ar em uma galeria especial.


QUEM TEM MEDO DE CARLINHOS BROWN?

No decorrer desse meu primeiro ano como colunista do Yahoo! Brasil acabei falando, sempre pelos grandes sertões e veredas da cultura popular, de muitos esportes nacionais – o mais recente foi o “segregar sem se dar conta”. Domingo passado, durante a festa de premiação do Oscar, outro esporte muito praticado deu suas caras: a raivosa torcida contra. E Carlinhos Brown foi o alvo da vez. Mais uma vez.

Brown e Sérgio Mendes concorriam pela estatueta dourada com a música “Real in Rio” (do longa de animação Rio) e só tinham um outro competidor, o neozelandês Bret McKenzie (da cultuada série Flight of the Conchords), com a música-tema do longa The Muppets. Como é uma festa americana, apesar dos agrados recentes a outras culturas de olho no mercado internacional, quem ganhou foi “Mar or Muppet”, afinal é preciso reativar a franquia dos fantoches para novas gerações. Normal. O jogo é esse.

Lembro que durante a noite fiquei na torcida pela música. Mas não por sua qualidade (achei chatinha, tipo show de mulatas para gringos) e muito menos por ser Brasil no Oscar (afinal, não era um filme nosso concorrendo e nossas qualidades e defeitos como cinematografia não mudarão com um prêmio internacional), e sim para ver a cara de tacho de quem torcia contra. “Eles” levaram a melhor.


Mas qual o problema com Carlinhos Brown? É por ele ser negro? Baiano? Genro do Chico Buarque? É por ele falar daquele jeito barroco-nagô? Por vestir umas roupas esquisitas, com turbante ou cocar na cabeça? Ele ficaria marrento se ganhasse? Ou por conseguir fazer sucesso tanto entre o pessoal do axé (Timbalada, Asa de Águia e Banda Eva) quanto entre quem gosta de uma “música de qualidade” (Caetano Veloso, Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Bebel Gilberto)? Ou ainda por fazer sucesso na Europa, principalmente na Espanha, onde é conhecido como Carlito Marron?

Não tenho uma resposta para isso. Talvez o próprio Brown tenha alguma pista. Ou o Seu Jorge, que padece da mesma torcida contra. Ou então os metaleiros que jogaram centenas de garrafinhas e copos na cabeça de Brown no Rock in Rio 2001. De qualquer forma, os odiadores continuarão odiando, não tem muito o que fazer ou dizer.

Sei que gosto de Brown e de sua música. Agora de cabeça me recordo de “Pedindo pra voltar”, “Aganju”, “Hawaii e You”, “Meia Lua inteira”, “A namorada”, “Água mineral”, a tribalista “Carnavália” e “Ratamahatta”, essa parceria muito louca com o Sepultura lançada em 1996 no disco Roots. Melhor ser lembrando por trabalhos assim do que pelo prêmio a uma música tão sem graça como “Real in Rio”. Por essas e outras fico com a frase dita pela mãe de Brown a respeito da premiação: “Ele passou pelo tapete vermelho. Quero mais o quê? O boneco é o de menos”.

Um comentário:

Ademar amancio disse...

,"Argila","Tantinho","Shalom","Seu Zé",são algumas gravações de Carlinhos brown que eu gosto muito.