Foi com esse objetivo que, em meados do século 19, na esteira da Revolução Industrial, surgiram os primeiros escritórios de contabilidade na Inglaterra, o marco originário de algumas das maiores consultorias ainda atuantes no mundo. Muito distante dos cadernos vitorianos repletos de números, as consultorias hoje em dia precisam constantemente se reinventar oferecendo novos e melhores serviços. E cada vez mais digitais.
A DELOITTE, por exemplo, foi fundada por Willian Welch Deloitte em 1845 e seu ofício de contabilidade ficava na Basinghall Street, coração da City londrina. Atualmente conta com um time de 457 mil profissionais espalhados por cerca de 150 países e no mais recente fechamento de ano fiscal, em junho de 2023, apontou receitas globais de US$ 64,9 bilhões e um crescimento de 14,9%. No Brasil há 112 anos, a Deloitte chegou para auditar companhias ferroviárias britânicas e hoje em dia possui 7 mil funcionários e 300 sócios e sócias em 17 escritórios pelo país.
Os negócios das Deloitte estão divididos em cinco grandes frentes: Auditoria & Assurance, Consultoria Empresarial, Risk Advisory, Consultoria Tributária e Financial Advisory. Mas a maior parte de suas receitas, à exemplo da evolução de todo setor, vêm dos serviços de consultoria, com destaque para Consultoria Empresarial e Risk Advisory que tiveram crescimento no último ano fiscal de 19,1% e 17,5%, respectivamente.
“O mercado está oferecendo - e os clientes querendo - cada vez mais serviços de ponta a ponta. Antes você comprava contabilidade de um, financeiro de outro, sistemas de um terceiro. Com o avanço da tecnologia o dado é único e se você compra separado acaba saindo mais caro. Nossa estratégia então é ser cada vez mais multidisciplinar abrindo nosso portfólio de serviços para oferecer soluções completas para o cliente. Conseguimos isso porque temos parcerias com empresas de tecnologia que nos ajudam a oferecer esse pacote completo. Essa é uma grande e recente mudança de modelo de negócios”, diz João Maurício Gumiero, líder de Clients & Industries e Market Development da Deloitte.
“A combinação dessa variedade de habilidades nos ajuda na resolução de projetos complexos, desde a estratégia à implementação, execução e operação. Esse é o conceito que chamamos de ‘One Firm’ e que explica nossa expansão em um cenário cujos desafios de mercado evoluem de modo constante. Estamos atentos às perspectivas trazidas pela pluralidade da sociedade, pela necessidade de governança, pela observação de mudanças importantes como os desafios do clima e dos aspectos relacionados à sustentabilidade, em um contexto de avanços tecnológicos vigoroso e crescente que expandem os alcances da busca de soluções exequíveis, confiáveis, competentes e sempre com inovação”, diz Maimone.
A pandemia também serviu para a PwC como um momento importante para rever prioridades e acelerar processos digitais. “A PwC colaborou ativamente em projetos globais e locais com o objetivo de atenuar os impactos da pandemia, oferecendo suas habilidades e apoio a entidades de pesquisa, governos e associações comprometidas com ações solidárias no resgate das condições mínimas de convivência e cidadania em um momento tão disruptivo”, reflete Maimone.
Outra consultoria cuja origem remonta a Londres de 1849 é a EY, a terceira maior do mundo. Em números globais, a EY possui 395 mil colaboradores em mais de 150 países, e registrou receitas de US$ 49,3 bilhões no ano fiscal de 2023 com crescimento de 14,2% em moeda local (sendo que as Américas responderam por quase metade desse faturamento). Só na EY Brasil são cerca de 8700 funcionários em 13 cidades focados em quatro linhas de serviços integradas: Auditoria, Consultoria, Estratégia e Transações/Impostos.
“Com nosso profundo conhecimento dos principais segmentos econômicos de mercado, ajudamos nossos clientes a capitalizar novas oportunidades e a avaliar e gerenciar riscos para proporcionar um crescimento responsável. Atendemos assim uma grande variedade de empresas da indústria financeira, de consumo e varejo, agronegócio, tecnologia, mídia e telecomunicação, saúde, bem-estar, energia, mineração, óleo e gás, utilities, infraestrutura, educação, governo, real estate, entre outros”, enumera Luiz Sergio Vieira, CEO da EY Brasil.
Tal como suas principais concorrentes, a KPMG presta serviços nas áreas de Audit, Tax e Advisory, e também notou mudanças radicais e desafiadoras no mercado. “A maior delas, pelo menos nos últimos dez anos, foi a entrada da tecnologia muito mais forte. As consultorias operavam muito, e ainda operam um pouco, no modelo de conselho. Ser alguém que orienta, que aponta caminhos, que tem metodologia. Com mais uso de tecnologia o cenário de consultoria mudou muito, o que nos fez avançar para um nível mais de execução, de implementação”, diz André Coutinho, sócio-líder de Advisory da KPMG no Brasil.