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quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

duo cæs, o release

após uma sequência de releases de discos de canções - o da héloa no ano passado e os de zé ed e lincoln neste ano - apareceu um todo instrumental pra fazer. e que coisa bonita e ótima surpresa o projeto santos 3am, de guilherme barros e bruno bortoloto, ou melhor, o duo cæs. em pouco menos de 50 minutos, o disco leva o(a) ouvinte numa viagem por leituras musicais muito pessoais inspiradas por sons captados nas ruas e pela história da cidade. 

então, sem mais blábláblá, o release, o disco na íntegra - que também pode ser ouvido ou baixado no bandcamp, no itunes e no soundcloud - e até o curta setentista do lendário aloysio raulino, uma das inspirações desse trabalho do duo cæs. 



Toda cidade tem sons. De uma freada de ônibus. Da chuva no telhado. Do grito de gol. Da água correndo no meio fio. De um vendedor ambulante, um amolador de facas, uma feirante, um pedinte. Buzina, um palavrão, mais buzinas. Ou, de repente, um trem, o trem, o trem, o trem. Toda cidade tem seus sons e o Duo Cæs, formado pelos músicos Bruno Bortoloto e Guilherme Barros, andou por Santos, principalmente em sua região central, para registrar a vida e a história da cidade, e daí fazer música. 

Contemplado pelo 5º Concurso de Apoio a Projetos Culturais Independentes do Munícipio de Santos, e beneficiado com verba do Fundo Municipal de Assistência à Cultura [Facult], o disco-projeto Santos 3AM é uma espécie de épico urbano intimista e instrumental. ‘Épico’ por tratar do heroísmo cotidiano de anônimos e ‘intimista’ pelo olhar delicado, próximo e envolvente sobre todas essas pessoas. E a cidade, sua história e seus cantos, amarrando tudo.



Tudo começa na faixa que dá nome ao trabalho, com seus barulhos de uma madrugada na cidade misturados a samples históricos de O Porto de Santos, curta dirigido por Aloysio Raulino em 1978 e uma das inspirações de Santos 3AM. E então o dia vai nascendo vagarosamente ao som “Trem para Vicente de Carvalho”, um blues sertanejo a contemplar o movimento das barcas que ligam Santos a Vicente de Carvalho, distrito do município vizinho do Guarujá. Contempla ainda o andar sonolento de mulheres e homens, a maioria de ascendência nordestina, rumo ao trabalho. Com o trem ao fundo, e o sinaleiro dando o tom.

Já “Vila” e “Guarany” tratam de dois espaços icônicos de Santos: a Vila Belmiro, casa do Santos Futebol Clube, e o centenário Teatro Guarany, o mais antigo da cidade ainda de pé. Nas duas faixas, a delicadeza de quem vê as coisas por fora e por dentro e, acima de tudo, escuta a tudo atenta e carinhosamente.

A vida santista volta a se agitar em “Avenida dos Portuários”, um samba instrumental oitentista com direito a sintetizadores, efeitos de guitarra e sons de trânsito, e “Feira”, registro sem cortes de um passeio pelas barracas de uma feira livre comentado por uma guitarra que às vezes chora e n’outras vezes grita baixinho. 

Então os olhos e ouvidos se voltam para o porto em “Santos-Valparaiso-Montevideo”, uma toada tango que dialoga com várias gravações de radioamadores de outras cidades portuárias mundo afora. Ainda na região, “Paralelepípedos” é uma balada sobre o vai e vem de carros por ruas que mantém seu calçamento original, e essa combinação sonora da borracha dos pneus com os paralelepípedos tem um colorido especial que não existiria com o asséptico e impermeável asfalto.

E o tempo fecha e lá vem “Chuva na Rua Direita”, outra música que contempla tanto o presente [das gotas de chuva] quanto o passado histórico da cidade [a Rua Direita foi a mais importante da cidade quando ainda era vila e atualmente se chama Rua XV de Novembro]. Aliás, uma das causas da chuva e do calor tão característicos da região dá o nome a penúltima faixa do disco, “Vento Noroeste”, mais uma delicada observação sonora e musical sobre as coisas de Santos.

“E o resto é silêncio”, a última faixa do disco, é uma despedida ao som da barca que vai até a Praia do Góis, no Guarujá. E a água batendo, e o mar, e a vida que segue sem lamentar o eterno movimento, movimento dos barcos, movimento.

p.s.: Santos 3AM foi todo tocado e programado por Bruno Bortoloto e Guilherme Barros, mas teve a participação do baixista Fábio Machado em três faixas. Todas as composições também são do duo Bruno-Guilherme, com exceção de “Vento Noroeste”, co-escrita por Jota Amaral.

terça-feira, 12 de julho de 2016

o fantasma dos que não conseguiram

perto da ilha onde fica a estátua da liberdade, em nova york, existe uma outra pequena ilha: ellis. de 1892 a 1954, ellis foi a principal entrada para imigrantes do mundo todo rumo ao "sonho americano" [estima-se que nestes 62 anos cerca de 12 milhões de pessoas passaram por lá e que 40% da atual população norte-americana possua pelo menos um ancestral que tenha cruzado seus portões]. a ilha foi durante muito tempo sinônimo de esperança e quem não se lembra do menino vito andolini que foi renomeado vito corleone, em 'poderoso chefão 2', justamente na sua chegada a ellis? vito chegou muito doente, como era comum na época após tantos dias no mar e com tão pouca comida, e permaneceu um tempo em ellis até receber alta. mas vito conseguiu colocar seus pés na tão sonhada américa. muitas e muitos não [geralmente por motivos de saúde].

em outubro de 2015, o artista plástico francês JR lançou o curta 'ellis', uma tocante homenagem aos que não conseguiram. com roteiro baseado em relatos reais assinado por eric roth ['forrest gump', 'munique', 'ali', 'benjamin button', etc.] e a presença, em corpo e voz, de robert de niro, o curta é um passeio bonito e dolorido pelas dependências do hospital da ilha e pelas intervenções que JR fez em 2014 a partir de fotos de anônimos sonhadores que passaram por lá. olha só.



"are you talking to me?"

aqui, algumas imagens de 'unframed', o trabalho que JR fez no hospital da ilha ellis. o hospital é aberto a visitação - acho que é a única parte aberta da ilha - e 'unframed' é uma exposição permanente.





p.s.: a trilha do curta, assinada por yoann "woodkid" lemoine [que também dirigiu clipes para katy perry, taylor swift, moby, john legend, drake e lana del rey] e nils frahm está no exystence, com direito ao monólogo de robert de niro.

sábado, 13 de dezembro de 2014

disney batido no açaí

tão mas tão divertido esse curta ‘encantada do brega’, que nada mais é que uma fábula escrachada e musical ambientada no infinito mundo das quebradas e aparelhagens de belém. a princesa é batedora de açaí, o príncipe é dj e por aí vai. e ainda tem participações de keila gentil e will love, da gang do eletro, gaby amarantos e paulo colucci [a aleijada hipócrita da saga de leona vingativa, igualmente paraense e debochada – leona, aliás, aparece rapidamente ao lado de gaby]. vários momentos impagáveis de zuera tipicamente paraense; escolha o seu preferido.


o curta tem página no facebook. curte lá pra saber mais.

atualização: pouco mais de um dia depois que postei o curta, o pessoal da produção disponibilizou a trilha para streaming e download. saca só.



quinta-feira, 10 de abril de 2014

sentimentos, naturalmente

fiz o segundo perfil pra revista de bordo da azul numa rara brecha no trabalho na prefeitura. o retratado da vez foi daniel ribeiro, jovem cineasta paulistano que acabou de estrear em longas com o premiado e elogiado hoje eu quero voltar sozinho. ainda não assisti o filme, mas seus dois curtas mostram um diretor-roteirista muito seguro de si e extremamente delicado com seus personagens.


UM CINEMA DE PAIXÕES NATURAIS

Ele não pensava em fazer cinema. Não era bem por aí que imaginava seu futuro. Queria fazer Comunicação, isso sim, e eventualmente trabalhar na TV, “porque [nela] era possível se comunicar mais facilmente com mais gente”. Mas agora, com 2 curtas e 1 longa no currículo, Daniel Ribeiro já pode assumir sem medo que é cineasta.

Uma das provas disso é que as estantes da sala de seu apartamento-escritório perto da Avenida Paulista estão lotadas de prêmios, incluindo os três que recebeu no Festival de Cinema de Berlim: um por seu curta de estreia [Café com Leite, 2007] e dois pelo longa Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (2014), que estreia neste mês em circuito comercial em 19 cidades brasileiras.


“Sempre achei que esse projeto deveria ser um longa, mas como só tinha um curta no currículo vi que seria impossível conseguir dinheiro pra fazê-lo. Então dirigi um outro curta [Eu Não Quero Voltar Sozinho, 2010] como piloto para conseguir financiamento para este longa”, explicou o paulistano de 32 anos, nascido no Tatuapé, zona leste de São Paulo.

A história de seu segundo curta é a mesma do primeiro longa e gira em torno de Leonardo, um adolescente cego em busca por um lugar no mundo e suas relações de afeto com a melhor amiga (Giovana) e um novo aluno na escola (Gabriel). “No longa não uso a palavra ‘gay’. Ele não se declara ‘gay’ em nenhum momento.  Essa não é a questão. É um filme sobre um garoto se apaixonando pela primeira vez. Se ele fosse hétero o filme não ia ter tanta diferença, mas é claro que o fato dele se apaixonar por outro homem dá outras camadas pro filme”.

Com delicadeza, naturalidade e muito carinho por seus personagens, Daniel Ribeiro coloca uma questão importante no filme: a sexualidade vem de dentro ou de fora? “Tive essa ideia de um protagonista cego porque pensei o seguinte - como acontece o desejo numa pessoa que nunca viu um homem nem uma mulher? Afinal de contas, a sexualidade, bem como o preconceito, estão muito ligados a imagem, né?”

Os questionamentos levantados por Hoje Eu Quero Voltar Sozinho não tem apenas uma resposta. Cada um pode e deve descobrir a sua, mas que o importante mesmo é o respeito por essas diferenças de trajetórias e preferências. É assim que a vida acontece e tem que acontecer. “Quando eu era adolescente, nos anos 1990, parecia que o único gay era eu. Você não via praticamente ninguém no cinema ou na televisão. E os poucos exemplos não eram muito positivos. Eu queria me ver. E percebi que fazer cinema ou televisão era uma forma de criar personagens para adolescentes que, como eu, queriam se ver também”.

Preconceitos, infelizmente, ainda correm soltos por aí, mas a internet e as redes sociais conectaram muitas pessoas e hoje em dia adolescentes gays não se sentem mais isolados. Tanto é verdade que a página do filme no Facebook foi curtida por mais de 160 mil pessoas que interagem muito, contam histórias pessoais, agradecem e torcem por Hoje Eu Quero Voltar Sozinho. “Até poucos meses atrás era eu mesmo que administrava a página, postava fotos do meu celular e tudo. Hoje não dá mais. Pra você ter uma ideia, quando publicamos o cartaz do filme, a imagem teve mais de 5 mil compartilhamentos e alcançou cerca de 1 milhão de pessoas. Mas é tudo muito genuíno por lá, principalmente a vontade de cultivar o diálogo com as pessoas”.

Além do lançamento em circuito comercial no país, Hoje Eu Quero Voltar Sozinho vai passar o ano viajando por outros festivais de cinema e, por enquanto, Daniel Ribeiro só quer saber de alcançar o maior número de pessoas. “Tenho algumas ideias de projetos futuros, mas a única certeza que tenho é que quero sempre ter personagens gays nos meus filmes, não necessariamente protagonistas. Na verdade, tudo tem que vir de forma natural. É da minha vivência essa naturalidade”. O cinema de Daniel Ribeiro é, acima de tudo, um cinema de sentimentos.


SAIBA MAIS

Cinéfilo desde a adolescência, Daniel Ribeiro gosta especialmente de Woody Allen, François Truffaut, Miranda July, Wong-Kar Wai e Gus Van Sant.

Fã de séries televisivas, o cineasta tem assistido com entusiasmo títulos recentes como House of Cards e Sherlock, mas cita também entre suas preferidas Mad Men, Orange is the New Black, Curb Your Enthusiasm e Seinfeld. Detalhe: foi editor de Tudo o que é Sólido Pode Derreter, série dirigida por Esmir Filho e Rafael Gomes e exibida pela TV Cultura em 2009.

A trilha sonora de Hoje Eu Quero Voltar Sozinho traz músicas de Belle & Sebastian, Marcelo Camelo, David Bowie, Marvin Gaye, Cícero, The National, Arvo Part e Franz Schubert.

p.s.: e aqui abaixo, o curta 'não quero voltar sozinho' que deu origem ao longa 'hoje eu quero voltar sozinho'.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

beijo, reginaldo rossi

artista popular é isso. vida e morte são festas. 



curta documental de ricardo labastier (imagens e edição) e caíque mulatinho (edição). dica do cineasta kléber mendonça filho (o som ao redor) no facebook.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

mexidão #33

nunca me identifiquei direito com o humor cearense, talvez porque só tenha vivido lá até os 9 anos. mas quando vi o trailer de cine holliúdy, longa fenômeno de bilheteria dirigido por haldon halder gomes, parece que fiz as pazes, rolou um reencontro. o sotaque, a velocidade da fala, o deboche, as gírias, tudo é familiar e foi uma delícia ver isso retratado em um filme. não assisti ainda, claro, pois a estratégia de lançamento privilegiou o ceará e a partir dessa sexta, 30 de agosto, o resto do norte e nordeste. sul e sudeste, atrasadões, ficaram para depois. enquanto isso, só posso ficar rindo de rachar com o moleque falando "ô cego ignorante" pro personagem do falcão. posso também, como fiz no yahoo, bater um papinho com o diretor desse filme profundamente cearense.



O CINEMA PARADISO DA FULERAGEM

Por essa pouca gente esperava. Uma comédia independente, sem atores famosos, cearense e com legendas (isso mesmo, legendas pra entender melhor o “cearensês”), pode ser o grande sucesso nacional de 2013, desbancando o atual hit do ano, Minha Mãe é uma Peça. Mesmo que fique em segundo lugar, o longa Cine Holliúdy já é um grande vencedor, afinal estreou na semana passada em alguns cinemas de Fortaleza, Sobral, Maracanaú e Limoeiro do Norte e vendeu 43 mil ingressos em apenas 6 dias (45% do total da bilheteria do Estado). São números impressionantes e que prometem aumentar quando o filme de Haldon Halder Gomes estrear, em 30 de agosto, em outras cidades e capitais do Norte e Nordeste (Sul, Sudeste e Centro Oeste ficarão mais pra frente numa interessante e regionalizada nova estratégia de lançamento).

Rodado em seis semanas e com um orçamento de R$ 1 milhão, Cine Holliúdy é a história de Francisgleydisson (Edmilson Filho), um homem apaixonado por cinema que organiza, junto com a mulher e o filho, exibições improvisadas de filmes em uma cidade no interior do Ceará, na década de 1970. A divertida fauna humana da cidade e as confusões geradas por um projetor quebrado completam o quadro dessa comédia escrachada e profundamente cearense. E as legendas servem para outros Estados entenderem palavras como “catrevagem”, “espilicute”, “bonequeiro”, “cangapé” ou expressões como “tenha nervo”, “do tempo que o King Kong era soim” e “chiba nos possuídos”.

Diretor de filmes de ação (Sunland Heat), terror (The Morgue) e drama espírita (As Mães de Chico Xavier), Haldon Halder Gomes batalhou durantes anos para transformar um curta que fez em 2004 (Cine Holiúdy - O Astista Contra o Cabra do Mal) em um longa que homenageasse as coisas que mais ama na vida: o cinema, o humor e sua terra. E agora está feliz “que só uma porra”. Falaí, macho réi.


Como foram as exibições em Fortaleza?
Sensacionais! Todas as sessões esgotadas horas e dias antes, em todos os cinemas e em todos os horários. As pessoas não saem simplesmente satisfeitas - o que já seria excelente -, mas, sim, militantes do filme. Tenho visitado e aberto sessões diariamente nos cinemas da cidade pra agradecer este carinho.

E sua expectativa pra recepção do filme em outras regiões do Brasil, especialmente Sul e Sudeste?
Também espero uma ótima recepção. O filme já esteve em vários lugares do mundo, e andou pelo Brasil, em festivais, e tem encantado por onde passa. É uma história de amor universal, acima de tudo. Muitos críticos o chamaram de Cinema Paradiso Brasileiro.

Em seus filmes anteriores você trabalhou em gêneros (ação, comédia, terror) e temas (espirituosidade) bastante populares. Que cineastas ou artistas são referências no seu trabalho? Que outros tipos de gêneros você gostaria de trabalhar?
Minha vida sempre foi muito intensa e eclética de universos: luta, surf, futebol, artes plásticas, etc. Quero contar histórias com que me identifico, por isso esta pluralidade. Não tenho tantas referências, sou mais de fazer reverências a muita gente e coisas que gosto, como pintura, músicas, filmes, futebol, etc. Isto sempre está presente nos meus filmes. No momento, quero fazer mais comédias de ação, em parceria com a Downtown Filmes,  e, em seguida, um filme autoral, sobre um pintor no fim da vida, Vermelho Monet.

Haldon Halder Gomes no set de Cine Holliúdy; peguei a foto aqui

Ouvi você falando em outras entrevistas que existe uma procura consciente da sua parte pelo público, pela comunicação com a plateia. O que você acha que os brasileiros querem ver na tela? E como lutar contra Hollywood?
Sim, faço minhas pesquisas empíricas de mercado. Procuro nichos latentes e seus anseios. O cinema nacional precisa saber se posicionar e compreender sua diversidade cultural e regionalização em virtude de suas dimensões continentais e populacionais. Cine Holliúdy está aí pra mostrar ao cinema nacional independente como enfrentar Hollywood.

O que você aprendeu nos seus anos de Estados Unidos em termos de produção e comunicação?
Uni meus conhecimentos em administração de empresas e especialização em marketing a aplicação no cinema, como produção e lançamento. Pude aprender o que eles fazem de melhor e aplicar à nossa realidade, com precisão e cadeia produtiva, sem perder a autoralidade.

O Ceará é muito conhecido por seu humor e seus humoristas. Como você descreveria o humor cearense?
O humor cearense é diferenciado devido a nossa capacidade de saber rir de si, de não ter barreiras para a piada sem medo de perder o amigo. Este exercício diário de humor aguçado nos deixa mais criativos e com timing perfeito pro humor. Tanto é que no Ceará não existe bullying. Nós temos o anti-bullying, que é uma expressão local que diz “Aí dentu!”. Assim, todo mundo tira onda com todo mundo, e assim vivemos um show de humor no cotidiano.

com vocês, o curta cine holiúdy - o astista contra o cabra do mal.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

#vocêpraça no peito

é com muito prazer que venho aqui anunciar a chegada das camisetas do #vocêpraça. tinha imaginado isso no início, mas de uma forma amadora, caseira. daí surgiram os camaradas da greentee com a proposta de fazer uma série e achei bacana e surpreendente porque não conhecia ninguém lá. foi uma coisa totalmente espontânea de interesse e identificação. pra fechar o projeto eles fizeram um vídeo de divulgação, como sempre fazem quando rola um lançamento de uma nova série de camisetas, e cá estou eu falando uma coisa ou outra, coçando a barba, e fazendo uns grafites na rua natingui (que foram apagados no dia seguinte). ah, a camiseta custa singelos 58 reais e pode ser comprada aqui.

Greentee + Esforçado from greentee on Vimeo

domingo, 4 de março de 2012

buster e os livros

não vi os outros concorrentes de melhor curta de animação na última edição do oscar, mas o vencedor, the fantastic flying books of mr. morris lessmore, já me ganhou quando colocou buster keaton como referência do personagem principal. de resto, o curta é muito delicado, mesmo quando ocasionalmente sentimental demais. saca só.



morris lessmore também virou um aplicativo para iPad. não tenho essas coisas, mas pelo trailer pareceu bem interessante, colaborativo e coisa e tal. ah, a direção do curta é de william joyce em parceria com brandon oldenburg. experiente ilustrador e autor de livros infantis, joyce foi também co-produtor e designer de produção de robôs (2005), co-produtor e autor do livro que se baseou a animação a família do futuro (2007) e roteirista, co-produtor e autor do livro rise of the guardians (2012), que estreará no final do ano com vozes de hugh jackman, alec baldwin e jude law. 

pra quem não sabe ou não lembra, a cena inicial do curta - a do furacão, que é o katrina, afinal o filme é nativo do estado de louisiana - é homenagem direta à sequência clássica de buster contra um furacão e uma cidade se desfazendo em steamboat bill jr. (1928). e claro que tem também o mágico de oz (1939) nesse início de história.

p.s.: curioso que vi o curta poucos dias depois de voltar a ser buster keaton na foto do meu perfil no facebook. um salve então para buster e as coincidências.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

"samba é um troço muito melindroso"

discípulo direto do mestre andré, o célebre diretor de bateria da escola de samba da mocidade independente de padre miguel, o irrequieto jorjão foi o protagonista de um excelente curta documental assinado por paulo tiefenthaler (ele mesmo, o sr. larica total). mestre jorjão (2004) é retrato aberto de um trabalhador que alia criatividade e seriedade em meio ao caos colorido que é o carnaval carioca (e que já passou por escolas como a mocidade independente, a unidos do viradouro e até a paulistana unidos do tucuruvi).

JORJÃO from Paulo Tiefenthaler on Vimeo

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

laerte da semana #19

ok, estou um pouco obcecado pelo laerte, confesso. vira-e-mexe o sujeito aparece aqui. mas não dá pra fugir de tanta coisa ao mesmo tempo: é um livro novo ali (muchacha), um video acolá e a atual produção incessante & revolucionária de tirinhas. isso sem falar na sua transformação crossdresser (o armando antenore tirou algumas preciosas informações do laerte em ótima entrevista na edição de setembro da bravo). seguem aqui duas recentes tiras quadradas sobre temas quentes do momento: a eleição do tiririca X elites e a falsa questã do aborto.

e aí, nesse final de semana, fuçando nos meus arquivos achei essa foto que tirei do laerte na praça benedito calixto em outubro de 1998. estava assistindo algum show ali na pracinha, olho para trás e vejo DEUS! hehehehe. mas acho que naquela época eu não sabia (ou acreditava) que Ele era Ele. detalhe curioso para o balão amarelo onde se lê covas, que então concorria a governador de são paulo (venceu maluf no segundo turno).

e pra encerrar essa compilação "laertal" um documentário curto que conheci hoje (tudo bem, ele só está no ar a três dias). foi feito por alunos de jornalismo do mackenzie, segundo érika aí nos comentários, e tem participações de angeli, allan sieber e andré dahmer (nem um pio do laerte, claro).

terça-feira, 19 de outubro de 2010

ser nordestino é...

justo agora que acabei de vir de um bate-volta de menos de dois dias na terrinha fortaleza (e levei a paulistana carolina, que não conhecia, a tiracolo). justo agora aparece esse video ótimo, direto, com vários não-nordestinos (estrangeiros e nacionais) tentando definir o que é ou como é um nordestino. é de autoria de márcio acselrad (que mora em fortaleza segundo informação em seu twitter meio paradão) e foi dica de @santoisaac.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

saudades de tanino liberatore

relendo as aventuras dementes de ranxerox - que acabaram de ganhar uma indispensável edição de capa dura pela editora conrad - me bateu uma saudade danada de tanino liberatore. era um dos desenhistas que mais me impressionava quando folheava a saudosa revista animal. a pele de seus personagens parecia pulsar, o movimento de seus quadrinhos, os detalhes, as mulheres, o sexo, tudo era de encher os olhos. depois de ranxerox, o violento e apaixonado robô criado pelo amigo stefano tamburini (1955-1986) e eternizado por ele, nunca mais ouvi falar durante todos os anos 1990 e 2000.

o que foi feito de liberatore? ele participou de uma minissérie chamada batman: preto & branco (1996). tinha esquecido disso, mas tenho a edição nacional. agora, só descobri nessa edição da conrad que uma história inacabada de ranxerox foi finalizada por liberatore em 1997 em colaboração com o ator, roteirista e diretor alain chabat. os dois ficaram amigos, liberatore se mudou com família para frança e assinou os figurinos de um filme de chabat,
astérix & obelix - missão cleópatra (2002, ganhou até um césar pelo longa). teve também um projeto que começou nos anos 1990, lucy - l'espoir, e que só foi lançado em 2007 (tem roteiro de patrick norbert e é uma ficção sobre aquele fóssil hominídeo de 3,2 milhões de anos achado na etiópia). e nada mais, pelo menos de grande importância (existem outros quatro álbuns, não sei de quando - video clips, portrait de la bête en rock star, the universe of liberatore e liberatore's women). fora que seu site oficial parece bem abandonado. saudades de ver seus desenhos. então procurei algumas coisinhas pitorescas do italiano pra não esquecer. vamos lá.

capa do disco the man from utopia (barking pumpkin, 1983), de um frank zappa meio ranxerox

capa do compacto beat up (independente, 1984), da banda the toasters

imagem do álbum lucy - l'espoir (2007)

um ranxerox bem à vontade

nicole é nome dessa moça de liberatore

p.s.: nas pesquisas sobre o paradeiro de liberatore descobri uma coisa bem louca. um curta brasileiro clássico dos anos 1980, trancado por dentro (1989), é baseado em uma historinha desenhada pelo italiano e escrita por bruce jones (chama-se "shut in" e está aqui). já o curta sinistrão foi dirigido por arthur fontes (mandrake, podecrer!, etc) e tem no elenco paulo gracindo, fernanda montenegro, marcos palmeira e luciana vendramini. não fazia ideia dessa ligação liberatore-brasil.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

fim do mundo em 8-bit

no incrível pixels (2010), dirigido pelo francês patrick jean, integrante do one more production, produtora de comerciais, curtas e clipes como "mistake" do moby.

Pixels from Patrick JEAN on Vimeo

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

don hertzfeldt X malcolm sutherland

senhoras e senhores, sobem ao ringue dois animadores peso-pesado. no canto esquerdo (ou direito?), o californiano don hertzfeldt, 33 anos, que já foi indicado à palma de ouro em cannes pelo curta billy's balloon (1998) e ao oscar por este rejected (2000).



e no canto direito (ou esquerdo?), o canadense malcolm sutherland, premiado autor de curtas como great ambition (2008), the astronomer's dream (2009) e light forms (2010), além deste the tourists (2007).

The Tourists (2007) from Malcolm Sutherland on Vimeo

quem leva?

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

amazônia ama

dois geniais curtas de amor produzidos no amazonas. primeiro, o delicado declaração cabocla, de paulo rodrigues júnior.



e agora, o divertido e musical geyzislaine, meu amor, feito pelos alunos do centro cultural cláudio santoro.



a dica veio do fotógrafo joão wainer lá em seu twitter. é que ele esteve em manaus na semana passada, dando um curso de "fotografia em vídeo" dentro do projeto curta em circuito, e ficou sabendo dessas preciosidades manauras.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

"eu não tenho nada a ver com essa merda!"

já tinha visto na filmografia do wagner moura a existência de um negócio chamado blackout (2007), mas nunca vi de quem era, o que era, etc. e ontem assisti lá no blog do marcelo tas, que não visitava tinha um tempo, o curta. é a primeira experiência na direção do daniel rezende, um dos melhores editores do cinema nacional (cidade de deus, diários de motocicleta, tropa de elite, ensaio sobre a cegueira, etc.), e um belo trabalho, tanto visualmente quanto no conteúdo (brasília e suas armadilhas).

Blackout Subtitled from Daniel Rezende on Vimeo