terça-feira, 22 de dezembro de 2020

80 músicas gringas de 2020

e a segunda e última parte da retrospectiva musical deste ('infeliz' pode ser usado?) 2020 é dedicada às músicas gringas. acho que talvez eu tenha, pela primeira vez em muito tempo, ouvido mais coisas de fora do que produto interno bruto. talvez, é uma impressão. pensei agora. certo mesmo é que pelo menos consegui traçar alguns perfis musicais (preferências que chama né) do que ouvi de fora. olha só.

tem uma forte cena de MCs/cantoras inglesas: Lex Amor, Little Simz, Flohio, Arlo Parks, Nadia Rose, Enny, Jorja Smith, Ms Banks, Greentea Peng, Hope Tala e Lady Leshurr.

tem latinidades hispanohablantes das mais variadas: Rosalía, Yendry, Meridian Brothers, Lido Pimienta, Kali Uchis, Bomba Estéreo, Chancha Via Circuito, Xenia Rubinos, Systema Solar, Puerto Candelária, El Búho e Nathy Peluso.

tem irmãos e irmãs d'além mares: Capicua, Bandé-Gamboa, Pedro da Linha, Branko, Rita Vian, Dino d'Santiago e Pedro Mafama

tem instrumentais poderosos: Antibalas, The Budos Band, Menahan Street Band, Idris Ackamoor & the Pyramids, The Comet is Coming, Hypnotic Brass Ensemble, KOKOROKO e Nubya Garcia.

tem África sem escalas, sempre: Spoek Mathambo, Master KG, Nomcebo, Wizkid e Moonchild Sanelly.

e tem umas mulheres muito fodas com uns trabalhos poderosos: Beyonce e seu panafricanismo futurista, a doçura com ruídos de Lianne La Havas e a iraniana Sevdaliza com sua eletrônica experimental persa-portisheadiana.

e mais um monte de gente que sempre aparece por aqui, de Blundetto a Anderson Paak, de Busta Rhymes a CeeLo Green, de Kid Cudi a Common, de Ghostpoet a Gorillaz, e também J. Cole, Jidenna, Janelle Monae, Little Dragon, Michael Stipe, Princess Nokia, Run the Jewels, Sa-Roc, Aesop Rock, Bishop Nehru, Big Boi, Shabazz Palaces e Talib Kweli.

e tem ainda um pessoal novo e altamente promissor como Lous and the Yakuza, Moses Sumney, Badi, Sevana, Tank and the Bangas, Tierra Whack, Kelly Lee Owens, Namir Blade, Goya Gumbani e Liam Bailey.

no mais, continuo não entendendo o que aconteceu com o youtube que desabilitou a incorporação da playlist em blogs e tals. então dá pra ouvir todas as 80 neste hyperlink chamativo old school: PLAYLIST AQUI.

ou então tá aqui a lista completa com link para cada uma das músicas e uma menção especial a discos especialmente fodas de onde saíram essas músicas.

Aesop Rock – “The Gates
Al Green – “Before The Next Teardrop Falls
Aminé – “Woodlawn
Anderson Paak – “Cut ‘Em In” [feat. Rick Ross]
Antibalas – “Fist of Flowers” do disco Fu Chronicles
Arlo Parks – “Hurt
Badi – “Kitendi
Bandé-Gamboa – “Pé Di Bissilon” do disco Horizonte - Revamping Rare Gems from Cabo Verde and Guinea-Bissau
Beyoncé – “Already” [feat. Shatta Wale & Major Lazer] do disco Black is King
Big Boi & Sleepy Brown – “We The Ones (Organized Noise Remix)” [feat. Killer Mike & Big Rube]
Billie Eilish – “Therefore I Am
Bishop Nehru – “Emperor
Blundetto – “Fly High” [feat. Hindi Zahra] do disco Good Good Things
Bomba Estéreo – “Vive Bacano
Busta Rhymes – “Where I Belong” [feat. Mariah Carey] do disco Extinction Level Event 2: The Wrath of God
Capicua – “Circunvalação
Captain Planet & Shungudzo – “Big Man
Cardi B – “WAP” [feat. Megan Thee Stallion]
Cee-Lo Green – “The Way
Chancha Via Circuito & El Búho – “Oruga
Common – “Say Peace” [feat. Black Thought & PJ]
Dino d'Santiago – “Brava
Enny – “Peng Black Girls Remix” [feat. Jorja Smith]
Flohio – “Sweet Flaws
Ghostpoet – “I Grow Tired But Dare Not Fall Asleep” do disco I Grow Tired But Dare Not Fall Asleep
Gorillaz – “Pac-Man” [feat. ScHoolboy Q] do disco Song Machine, Season One: Strange Timez
Goya Gumbani – “What's The Prize
Greentea Peng – “Hu Man
Hope Tala – “All My Girls Like To Fight
Hypnotic Brass Ensemble – “Indigo” do disco Bad Boys of Jazz
Idris Ackamoor & the Pyramids – “Tango of Love” do disco Shaman!
J. Cole – “Snow On Tha Bluff
Janelle Monáe – “Turntables
Jidenna – “Black Magic Hour” [feat. Bullish]
Kali Uchis – “Aquí Yo Mando”[feat. Rico Nasty] do disco Sin Miedo (del Amor y Otros Demonios)
Kelly Lee Owens – “On
Kid Cudi – “The Void” do disco Man On The Moon III: The Chosen
KOKOROKO – “Baba Ayoola
Lady Leshurr – “Quaranting” [feat. Busy Signal]
Leikeli47 – “Zoom
Lex Amor – “Odogwu” do disco Government Tropicana
Liam Bailey – “Paper Tiger
Lianne La Havas – “Can't Fight” do disco Lianne La Havas
Lido Pimienta – “Nada” [feat. Li Saumet] do disco Miss Colombia
Little Dragon – “Are You Feeling Sad?” [feat. Kali Uchis]
Little Simz – “might bang, might not
Lous and The Yakuza – “Amigo” do disco Gore
Master KG – “Jerusalema” [feat. Nomcebo]
Menahan Street Band – “Midnight Morning
Meridian Brothers – “Cumbia de La Fuente
Michael Stipe – “No Time for Love Like Now
Moonchild Sanelly – “Where De Dee Kat
Moses Sumney – “Cut Me
Ms Banks – “Novikov
Nadia Rose – “Sugar Zaddy
Namir Blade – “Space Ghost
Nathy Peluso – “Sana Sana
Nubya Garcia – “Source” do disco Source
Pedro – “Terra Treme” [feat. Pedro Mafama]
Princess Nokia – “I Like Him
RDGLDGRN – “Danger” [feat. Nitty Scott & Alexandra Stan]
Rita Vian & Branko – “Sereia Remix
Rosalía & Travis Scott – “TKN
Run The Jewels – “Ju$t” [feat. Pharrell Williams & Zack de la Rocha]
Sa-Roc – “The Black Renaissance” [feat. Black Thought] do disco
Sevana – “Blessed
Sevdaliza – “Lamp Lady” do disco Shabrang
Shabazz Palaces – “Bad Bitch Walking
Sly5thAve – “More Or Less” [feat. Marlon Craft]
Spoek Mathambo – “Kings and Queens” do disco Tales From The Lost Cities
Systema Solar & Puerto Candelaria – “Mi Kolombia
Talib Kweli – “People's Party” [feat. Boots Riley]
Tank and The Bangas – “Self Care” [feat. Jaime Woods, Orleans Big & Anjelika 'Jelly' Joseph]
The Budos Band – “The Wrangler” do disco Long In The Tooth
The Comet Is Coming – “Imminent” [feat. Joshua Idehen]
The Strokes – “The Adults Are Talking” do disco The New Abnormal
Tierra Whack – “Dora
Wajatta – “Don’t Let Get You Down
Xenia Rubinos – “Who Shot Ya?
Yendry – “Nena

sábado, 19 de dezembro de 2020

70 músicas brasileiras de 2020

não sei se vocês notaram, mas 2020 foi meio diferente né. rolaram umas paradas no mundo exterior, um negócio invisível e mortal chamado vírus se espalhando por toda terra, muito muito tempo em casa, muito mais coisa pra fazer, um tsunami de merda bandida destruindo o país. enfim, umas coisas diferentes e todas ao mesmo tempo. 

tenho uma filha de quase 3 anos, então esse "ao mesmo tempo" pra mim é todo dela. o que sobra dá pra ver alguma pouca coisa e, principalmente, seguir ouvindo música. mas pela primeira vez desde que comecei o blog em 2009 não conseguirei fazer lista de discos (brasileiros e gringos). um tanto pelo tempo - que, lembrem-se, é todo dela <3 -, mas também porque ouvi muita música, mas foram poucos discos que consegui ouvir decentemente, mais de uma vez, com alguma atenção. achei mais saudável e justo ficar só nas músicas (brasileiras e gringos). daí o que fiz agora nessa lista foi, a partir de uma música da lista de 70, chamar atenção para alguns dos poucos discos que ouvi e gostei um pouco mais.

mas tem coisa pra dedéu, artistas que se consolidam, mundos musicais novos que surgem, veteranos afiados, música negra, feminina, rap sempre, funk, cantautores, Pernambuco, Bahia, periferias, trans, fora do eixo, a porra toda e o baile todo (no que consigo alcançar, claro).   

segue abaixo então, em ordem alfabética, a lista completa com 70 músicas brasileiras de 2020. fiz, como sempre, uma playlist firmona no youtube, mas não sei pq catso não consegui incorporar aqui no post. PLAYLIST AQUI.

Agnes – “Hiroshima
Alessandra Leão – “Meu Filho Meu
Alfamor – “Paô” [com Mateus Aleluia]
Alice Caymmi – “Me Leva
Amplexos – “Segura
Anitta – “Jogação” [com Psirico]
Arnaldo Antunes – “De Outra Galáxia” do disco O Real Resiste
ÀTTØØXXÁ – “Lokinho
Áurea Semiséria – “Destemida” [com marea]
BK' – “Poder” do disco O Líder em Movimento
Black Alien – “Chuck Berry
Cícero – “Falso Azul
Criolo & Tropkillaz – “Sistema Obtuso
Dani Nega – “Como Noiz Quiser
Danilo Penteado – “É a Esperança” [com Mauricio Pereira]
Davzera – “Ma Prince
Don L – “kelefeeling (verso livre)
Duda Beat – “Pro Mundo Ouvir
Eddie – “Atiça” do disco Atiça
Edgar – “Também Quero Diversão!
Felipe Cordeiro – “Foguinho” [com Psirico]
Flora Matos – “I Love You
Francisco, el Hombre & Sidney Magal – “Vou Pra Cima
Gaby Amarantos – “Vênus em Escorpião” [com Ney Matogrosso e Urias]
Gloria Groove – “Suplicar
Guilherme Held – “Sorongo” [com Letieres Leite] do disco Corpo Nós
Heavy Baile, Leo Justi & DJ Seduty – “Vai Quebrando (Desce Que Desce)
Hiran & Tom Veloso – “Gosto de Quero Mais
Hot e Oreia – “Domingo”/“Presença” do disco Crianças Selvagens
Iara Rennó – “Duelo
Illy – “Desafio
Ju Dorotea – “Are You Alive?
Jup do Bairro, Rico Dalasam & Linn da Quebrada – “All You Need Is Love
Kiko Dinucci – “Olodé
Lirinha – “O Amor é um Tubarão
Loma e Gêmeas Lacração – “Bate Com Vontade
Luana Carvalho – “Selfie”
Ludmilla – “Rainha da Favela”
Luedji Luna – “Bom Mesmo é Estar Debaixo d'Água” do disco Bom Mesmo é Estar Debaixo d'Água
Luísa e os Alquimistas – “Cadernin (Piseiro)” [com Potyguara Bardo]
Mahmundi – “Sem Medo
Marcelo Cabral – “Mariannen” do disco Naunyn
Marcelo D2 – “Rompeu o Couro” [com Juçara Marçal, Bk', Baco Exu do Blues e Anelis Assumpção] do disco Assim Tocam os MEUS TAMBORES
Marcelo Jeneci – “Me Sinto Bem
Marietta – “Analógica” do disco Analógica
Mateus Aleluia – “Samba-Oração” do disco Olorun
MC Dukenny – “Só Pitbull de Raça, os Faixa tá Presente
MC Guime – “Fight (Jovem Milionário)
MC Paulin da Capital, MC Lipi & DJ GM – “Mulher Cativante
Meno Del Picchia – “Crie Seu Espaço
MOMO – “Koh Pha Ngan
Moreno Veloso – “Fullgás
Os Barões da Pisadinha – “Tá Rocheda
Pabllo Vittar – “Lovezinho” [com Ivete Sangalo]
Parteum – “Addendum
Quebrante – “Hey Man” [com Lurdez da Luz]
Rafael Castro – “Adrian
Rodrigo Campos – “Meu Samba Quer se Dissolver
Rodrigo Vellozo & Benito Di Paula – “Lágrimas No Meu Sorriso
Rosa Neon – “Ombrim [Larinhx Remix]
Samuca e a Selva – “Flores Raras [Terra Treme Remix]
Saulo Duarte – “Tapume
Silva – “Soprou” [com Criolo]
Slipmami – “Moranguinho
Tantão e os Fita – “Pessoas do Mal
Tatá Aeroplano – “Trinta Anos Essa Noite
Tika – “72 Horas” [com Solo Valencia]
Urias – “Racha
Valério – “Desapego
Zé Manoel – “Adupé Obaluaê” do disco Adupé Obaluê

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

essa é pra vc, quino. obrigado por tudo.

e o grande, o gigante Quino, morreu neste final de setembro deste tenebroso 2020. tinha 88 anos e a gente lamenta e coisa e tal, mas o argentino viveu muito bem e produziu ainda mais. vida foda, vida plena. só temos que agradecer por sua existência e pela sua arte. daí que no twitter, a amiga Bia Abramo, lembrou de um trampo que fizemos nas redes da Prefeitura de São Paulo em janeiro de 2015 [estivemos por lá de 2014 a 2016, gestão Fernando Haddad]: Mafalda no rolê

inspirado no filme O Fabuloso Destino de Amelie Poulain, levamos uma bonequinha da personagem imortal de Quino para mostrar alguns pontos turísticos de São Paulo e contar um pouco da história da cidade. partimos da Praça das Artes, que sediava uma exposição em homenagem a Quino e sua personagem. não conseguimos fazer todo o rolê que planejamos no início, acho que por conta de outras tarefas de comunicação do município, mas o que foi feito nos deu muito orgulho. 

segue abaixo as fotos e textos originais que publicamos naquele distante 2015, afinal todo esse material já não está mais disponível nas redes da Prefeitura.

1. PRAÇA DAS ARTES

Mafalda, a criação imortal do cartunista argentino Quino, está entre nós. Desde 17 de dezembro, "O Mundo Segundo Mafalda" ocupa a Praça das Artes e a exposição interativa ficará por lá até final de fevereiro, o que significa que a menina inquieta será nossa hóspede por mais algum tempo. Então, como bons anfitriões que somos, decidimos levá-la para conhecer a cidade. 

Nos próximos dias você acompanha aqui o rolê de Mafalda Oficial por São Paulo, cada dia um lugar diferente, e o passeio começa pela Praça das Artes, onde cerca de 3 mil pessoas por dia estão se divertindo e conhecendo essa menina de 50 anos.

2. GALERIA DO ROCK

Saindo da Praça das Artes pelo calçadão da Avenida São João, levamos Mafalda para conhecer a Galeria do Rock, logo ali pertinho. É que a menina queria ouvir os seus amados Beatles em algum lugar diferente e tipicamente paulistano.

Aí explicamos que a Galeria do Rock nasceu como Shopping Center Grandes Galerias em 1963, portanto o prédio é apenas um ano mais velho que Mafalda, fato que a fez abrir um sorriso de identificação. E o sorriso aumentou quando ela viu as primeiras camisetas e LPs do quarteto de Liverpool dividindo o mesmo grande e sinuoso espaço – ao todo, a Galeria possui cerca de 450 estabelecimentos comerciais – com salões de beleza black, alfaiates, lojas com centenas de tênis coloridos, estúdios de tatuagem, material para graffiti, lanchonetes e muita democracia musical [rap, metal, mpb, psicodelia, etc.].

Dizem que aproximadamente 20 mil pessoas circulam por dia pela Galeria do Rock e Mafalda ficou bem à vontade com a variedade de tipos e estilos, mas ficou mesmo fascinada com o rap, que fala na lata o que precisa ser falado. Tipo ela. 

3. VIADUTO DO CHÁ

Semana passada não estava tão quente quanto hoje e Mafalda foi e voltou várias vezes pelo Viaduto do Chá. Era uma espécie de brincadeira do tipo ‘quem será que encontro agora?'. A menina cruzou com nigerianos, bolivianos, vendedores de chip de celular, homens de terno, turistas americanos, mulheres que lêem o futuro, equipes de TV etc. Depois, ela acalmou, bebeu um pouco de água e quis saber sobre um dos marcos mais importantes da cidade que tem o Theatro Municipal em uma extremidade e a Prefeitura em outra.   

É o seguinte Mafalda: o Viaduto do Chá foi inaugurado em 1892, depois de uma construção tumultuada que teve início em 1888 e foi interrompida porque alguns poucos moradores da região, entre eles o Barão de Tatuí, se incomodaram com essa ideia de ligar o Centro Velho [Sé, Pátio do Colégio] ao Centro Novo [Praça da República, Largo do Arouche]. De uma forma ou de outra, a turma do Barão perdeu e a cidade ganhou. 

Sob o Viaduto do Chá, Mafalda, corre o Vale do Anhangabaú. Por lá já passou um rio [o Anhangabaú], mas quando surgiu o projeto do viaduto no final do século 19, o vale passou pelo seu primeiro processo de urbanização. Só que os belos jardins do Parque do Anhangabaú não duraram muito e no final da década de 1930 o que era verde virou via expressa para carros e mais carros. Essa fase carrodependente do Anhangabaú durou até os anos 1980 até que um novo projeto urbanístico devolveu o espaço para uso público, de shows a manifestações políticas, de paqueras e passeios de skate.

4. PRAÇA DA SÉ

Pessoas dançando forró agarradinhas, pastores declamando e comentando a Bíblia, gente correndo para chegar ou sair do trabalho, tem de tudo um pouco na Praça da Sé, e Mafalda, curiosa como sempre, não parava de perguntar sobre isso ou aquilo. 

Explicamos que a praça e a escadaria da Catedral já foram palco de manifestações históricas durante a ditadura militar e o período de redemocratização. E que a grande igreja em estilo neogótico projetada pelo alemão Maximilian Emil Hehl [1861-1916], autor também da Igreja da Consolação e da Catedral de Santos, é a terceira no mesmo lugar do Centro Velho.

A primeira, ainda nos tempos de São Paulo de Piratininga, durou, mais ou menos, de 1616 a 1745. A segunda, quando a cidade se tornou sede da diocese, foi de 1764 a 1911. A terceira e atual começou a ser construída em 1913, mas as duas guerras mundiais atrasaram as obras e inauguração só aconteceu, com o prédio inacabado, em 1954 [o projeto foi finalizado mesmo em 1967].

Após tantas datas, Mafalda entrou na Catedral e andou por tudo de olhos muito abertos. Quando saiu, ainda impactada pela imponência do edifício, perguntou para algumas pessoas na praça se já tinham entrado lá. A maioria disse que não por causa da pressa do dia a dia. “O urgente nunca deixa tempo para o importante, né?”, retrucou a menina.

5. AVENIDA PAULISTA

Acontecem muitas e variadas coisas nos quase três quilômetros da mais paulista das avenidas. Tem o maior reveillon da cidade e a Parada Gay, a maior do mundo. Tem a tradicional Corrida de São Silvestre e muitos artistas de rua. Tem o oásis verde do Parque Trianon e dezenas de cinemas, teatros e centros culturais como o Museu de Arte de São Paulo, o icônico Masp. 

Mafalda passeou pela Avenida Paulista em um domingo, que é o dia da Feira de Antiguidades no vão livre do Masp, atração permanente no local desde 1979. Mais uma vez adorou a quantidade de gente andando pra lá e pra cá e que nem faz ideia de que a Paulista foi a primeira via pública asfaltada de São Paulo, isso em 1909. Atualmente, moram cerca de 200 mil pessoas na avenida, cuja “data de nascimento” é 8 de dezembro de 1891.

Mas o rosto da menina ficou sério quando lhe disseram que apenas dois casarões sobraram na avenida [o único aberto ao público é a Casa das Rosas]. Os outros, que fizeram a fama da região na primeira metade do século 20, foram sendo demolidos a partir dos anos 1950 e dando lugar a grandes edifícios. “Às vezes me pergunto se a vida moderna não tem mais de moderna do que de vida”, disse. 

Ela acabou arrastando um certo mau humor por alguns quarteirões, mas tudo mudou quando explicamos que a Paulista também é sede de um punhado de consulados, inclusive o da Argentina. Quando soube disso, “la niña” decidiu fazer uma visita para ouvir sua língua materna e comer umas medialunas salgadas e doces. Bateu saudade de casa, sabe como é. Então voltou a sorrir e desceu, barriga cheia, para ver o pôr do sol na Praça do Ciclista. Acontecem muitas coisas na Paulista.

6. BECO DO BATMAN

O nome oficial é Rua Gonçalo Afonso, mas há cerca de 30 anos essa viela tortuosa na Vila Madalena é conhecida como Beco do Batman. Mafalda quis saber como o nome surgiu e explicamos que, no início da década de 1980, grafitaram um Homem-Morcego gorducho por lá. Estudantes, universitários e curiosos começaram a frequentar o Beco para ver o Batman e a fama foi se espalhando até surgirem outros grafites e mais outros e mais outros.

Completamente eufórica, a menina corria pela viela pra cima e pra baixo querendo ver tudo e perguntando o nome dos(as) artistas que vivem colorindo essa e outras partes da cidade. Não sabíamos o nome de todo mundo, mas estavam lá figuras como Speto, Paulo Ito, Milo Tchais, Alex Senna, Magrela, Binho e Presto.

Nos últimos anos, o Beco do Batman passou a ser também uma atração turística internacional. Qualquer dia da semana é possível encontrar um gringo de olhos arregalados perdido entre tantos desenhos. No dia que Mafalda esteve lá, por exemplo, cruzou com uma família de americanos, um mexicano, uma inglesa, dois amigos irlandeses, uma equatoriana e seu namorado boliviano, e um estudante argentino que deu altos pulos de alegria quando a viu. O mundo é um ovo no Beco do Batman.

7. PÁTIO DO COLÉGIO

Foi aqui onde tudo começou, Mafalda. Quer dizer, mais ou menos. O Pátio do Colégio é o marco do começo da cidade de São Paulo, exatos 461 anos atrás, mas já rolava muita coisa por esses morros, várzeas e rios. Muitas aldeias e povos indígenas, como os guianás e os tupiniquins, nômades ou não, viviam e perambulavam por esses planaltos. Então chegaram os portugueses, representados inicialmente pelos jesuítas, e fundaram, em 25 de janeiro de 1554, o Colégio de São Paulo de Piratininga. 

O colégio era, pra te falar a verdade, um barracão feito de taipa de pilão. Mas ficava em um ponto estratégico, no alto de uma colina que dava para o encontro dos rios Anhangabaú e Tamanduateí, e foi lá que Manoel da Nóbrega e José de Anchieta tentavam converter os índios à fé católica e a história da região mudou para sempre. Nada muito diferente do que aconteceu no resto do Brasil, na sua Argentina, por todos os lados das Américas, Mafalda. 

A partir do Colégio, o povoado foi crescendo e virou Vila de São Paulo de Piratininga em 1560, capital da grande Capitania de São Vicente em 1681-83 e, finalmente, cidade de São Paulo em 1711. Já o Pátio do Colégio manteve papel central na cidade e Estado e foi sede do governo paulista entre 1765 e 1912.

Atualmente, o Pátio tem apenas, das antigas construções, uma parede de 1585, e o resto foi todo demolido. A primeira igreja tombou em 1896 e o Palácio dos Governadores em 1953, e esse prédio que a gente está vendo, que tem museu, biblioteca, restaurante, etc, é de 1979. Mas é que São Paulo tem também essa maluquice de erguer e destruir coisas belas, Mafalda.

8. LARGO DA BATATA

Assim que chegou, Mafalda não entendeu muito bem o que era o Largo da Batata. Talvez fosse o calor e o solzão de verão. Talvez a amplidão e a falta de sombra; afinal as árvores ainda estão jovens, pequenas. Talvez o resultado de obras de revitalização que duraram cerca de dez anos e que, justamente pela demora, não conseguiram ainda dar uma cara para o espaço.

Tudo mudou quando viu umas barraquinhas com legumes e frutas na parte de cima do Largo – fomos numa quarta, dia da Feira de Orgânicos –, e uns móveis engraçados e coloridos na parte de baixo. A menina, que de boba não tem nada, viu logo que o Largo da Batata é um lugar que está acontecendo. Com a participação ativista de muitas pessoas, uma nova história está sendo escrita para um dos povoamentos mais antigos da cidade [os outros dois, contemporâneos de século 16, são o Centro Velho e São Miguel Paulista].  

O Largo da Batata já foi terra dos guianás, capela dos jesuítas, durante séculos o único povoado às margens do Rio Pinheiros, entreposto comercial com o interior [daí o Mercado Caipira, atual Mercado de Pinheiros] e alta concentração de vendedores de batata [que lhe deu o nome em algum momento nos anos 1920].

Hoje tem bicicletário, shows, manifestações e aqueles móveis engraçados e coloridos feitos pelo pessoal da Batata Precisa de Você, um grupo que se reúne há um ano para conversar sobre o Largo [e a cidade], promover festas, shows e atividades variadas, enfim, humanizar o local. E tudo por conta própria. Mafalda entendeu direitinho e, pensando alto enquanto passeava entre os móveis feitos de pallets, soltou: “A vida é linda né? O problema é que muitos confundem lindo com fácil”.

p.s.: escrevi em 2010 uma matéria sobre Quino para a revista de bordo da Trip Linhas Aéreas. é uma matéria sem aspas, não consegui entrevistá-lo, mas é um texto que gosto muito. com vcs, "O pai da matéria".

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

50 músicas brasileiras de 2019

a grande maioria das músicas brasileiras dessa lista veio, como quase sempre acontece por aqui, da lista de discos. então pode acreditar que tem Aláfia, Alice Caymmi, Amiri, Baiana System, Bárbara Eugênia, Black Alien, Céu, Djonga, Dona Onete, Douglas Germano, Drik Barbosa, Elza Soares, Emicida, Felipe Cordeiro, Guilherme Kafé, Héloa, Jaloo, Jards Macalé, Keila, Larissa Luz, Lucas Santtana, Lúcio Maia, Luísa e Os Alquimistas, Lulina, Marcelo Jeneci, MC Tha, Momo, Nego Gallo, Pélico, Pitty, Rincon Sapiência, Siba e Tássia Reis. em alguns casos foi muito difícil definir apenas uma música, mas a vida é feita de escolhas né não.

então vou destacar aqui músicas de artistas/músicas que não apareceram na lista de discos. é o caso de jovens gigantes pop como Pabllo Vittar e a maravilhosa "Amor de Que", Ludmilla e a deliciosa "Verdinha", e novamente Ludmilla junto de Anitta na poderosa "Onda Diferente", além de Gloria Groove e outra canção maconhística ["Sedanapo"] e Iza e a jamaicana "Brisa".

seguindo com as minas: a paraibana Agnes Nunes vem construindo delicada e vagarosamente uma bela carreira [apoiada recentemente pelo pessoal da Baguá Records do rapper carioca Xamã] e o sambinha "Sônia" é um de seus pontos altos; a pernambucana Duda Beat largou um pouco do brega fossa do seu disco de estreia e neste ano participou de músicas de artistas muito variados como Lucas Santtana e Rashid e lançou a divertida "Chega" com Matheus Carrilho [Banda Uó] e Jaloo; as também pernambucanas MC Loma e As Gêmeas Lacração conseguiram mais uma vez criar um hit bregafunk; e a baiana Luedji Luna é outra voz poderosa atual e sua "Tô Te Querendo", parceria com os produtores Omulu e ÀTTØØXXÁ, é uma coisa doce demais. sem falar nas paulistas Linn da Quebrada, Luiza Lian, Tulipa Ruiz [numa parceria linda com o mestre João Donato] e YMA.

pra encerrar os destaques entre as músicas de 2019, o engraçadíssimo trap de MC Caverinha, o funk hit de verão de Thiaguinho MT ["Tudo OK" é demais], e as doçuras transcendentais de Eduardo Gudin e Rogerman.

segue abaixo a lista completa das músicas seguida de uma playlist no YouTube.

Agnes Nunes & Xamã - "Sônia"
Aláfia - "Canção Pra Nós"
Alice Caymmi - "Areia Fina"
Amiri - "Êta Porra! 2.0(19) Da Bomboclat"
Anitta, Ludmilla & Snoop Dogg - "Onda Diferente" [part. Papatinho]
Baiana System - "Salve" [part. BNegão, Antônio Carlos & Jocafi]
Bárbara Eugênia - "Perdi"
Black Alien - "Área 51"
Céu - "Coreto"
Djonga - "Hat-Trick"
Dona Onete & BNegão - "Musa da Babilônia"
Douglas Germano - "Valhacouto"
Drik Barbosa - "Quem Tem Joga" [part. Gloria Groove & Karol Conká]
Duda Beat, Matheus Carrilho & Jaloo - "Chega"
Eduardo Gudin & Léla Simões - "Alma"
Elza Soares & BaianaSystem - "Libertação" [part. Virginia Rodrigues]
Emicida - "AmarElo" [part. Majur & Pabllo Vittar]
Felipe Cordeiro - "Onde é Que Vou Parar" [part. Dona Onete]
Gloria Groove - "Sedanapo"
Guilherme Kafé - "Muitas Casas" [part. Mauricio Pereira]
Iza - "Brisa"
Héloa - "Silêncio"
Jaloo - "Dói d+" [part. Nave]
Jards Macalé - "Pacto de Sangue"
Keila - "Brega Doido"
Larissa Luz - "Gira"
Linn da Quebrada - "Oração" [part. Liniker]
Lucas Santtana - "Ninguém Solta a Mão de Ninguém" [part. Jaloo, Juçara Marçal & Linn da Quebrada]
Lúcio Maia - "Palomar"
Ludmilla - "Verdinha"
Luísa e Os Alquimistas - "Garota Ligeira" [part. Luê]
Luiza Lian & Bixiga 70 - "Alumiô"
Lulina - "O Que é o Quê" [part. Mauricio Pereira]
Marcelo Jeneci - "Aí Sim"
MC Caverinha - "Flash"
MC Loma e As Gêmeas Lacração - "Xonadão"
MC Tha - "Onda" [part. Jaloo & Felipe Cordeiro]
Momo - "Diz a Verdade"
Nego Gallo - "Onde Há Fogo Há Fumaça"
Omulu, Luedji Luna & ÀTTØØXXÁ - "Tô Te Querendo"
Pabllo Vittar - "Amor de Que"
Pélico - "Descaradamente"
Pitty - "Noite Inteira" [part. Lazzo Matumbi]
Rincon Sapiência - "Meu Ritmo"
Rogerman - "Tarde"
Siba - "Só é Gente Quem se Diz"
Tássia Reis - "Dollar Euro" [part. Monna Brutal]
Thiaguinho MT - "Tudo OK" [part. Mila & JS O Mão de Ouro]
Tulipa Ruiz & João Donato - "Gravidade Zero"
YMA - "Par de Olhos"

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

40 + 20 discos brasileiros de 2019

e dá-lhe mais um ano ótimo, esse 2019, pra música brasileira. ano de discos fortes de mulheres idem como a rainha Elza Soares e seu Planeta Fome, de Alessandra Leão e o sagrado Macumbas e Catimbós, de Céu e a doçura confessional de APKÁ!, além das "estreantes" Larissa Luz e seu belo Trovão e MC Tha e seu elevado Rito de Passá.

o sagrado em MC Tha e Alessandra Leão, 
alguns dos pontos altos musicais de 2019

da macharada destaco O Futuro Não Demora do BaianaSystem, Besta Fera do gigante Jards Macalé, I Was Told To Be Quiet do Marcelo "Momo" Frota e Coruja Muda do Siba. 

a besta fera Jards Macalé

mas nunca é demais frisar que um quarto dos mais interessantes, bacanas, fortes, etc discos brasileiros do ano - aqui segundo os 40 +20 do esforçado - são de rap, uma média que tem se mantido alta por aqui há pelo menos uma década. é o gênero mais crítico, diverso, pulsante e rico [e crescentemente popular]. e que em 2019 nos deu os poderosos Abaixo de Zero: Hello Hell de Black Alien [tão franco ao expor tantas feridas] e AmarElo de Emicida [tão maduro entre a doçura e o dente afiado]. e ainda por cima novos trabalhos de outros preferidos da casa como Amiri, Coruja BC1, Djonga, Rincon Sapiência, Tássia Reis e Thiago Elniño. e solos finos de veteranos como Edi Rock [Racionais MCs] e Nego Gallo [do saudoso e cearense Costa a Costa]. e também Davzera, Drik Barbosa, Nill, Rashid e Zudizilla. muita coisa boa, impressionante.


Black Alien, Emicida e o rapBR mais forte que nunca

vale destacar ainda a volta dos veteranos e paulistaníssimos Rumo, a produção intensa de Marcos Valle [que já lançou disco novo neste 2020] e de Dona Onete, a crescente politização de Lucas Santtana, o retorno de Lia de Itamarcá, e o sempre irrequieto Jorge Mautner.

então, sem mais delongas, a lista completa 40 +20 da música brasileira de 2019 segundo o esforçado.

Alessandra Leão - Macumbas e Catimbós
Alice Caymmi - Electra
Amiri - O.N.F.K.
Baiana System - O Futuro Não Demora
Barbara Eugênia - Tuda
Boogarins - Sombrou Dúvida
Céu - APKÁ!
Coruja BC1 - Psicodelic
Djonga - Ladrão
Dona Onete - Rebujo
Douglas Germano – Escumalha
Edi Rock - Origens
Elza Soares - Planeta Fome
Emicida - AmarElo
Felipe Cordeiro - Transpyra
Héloa - Opará
Jaloo - ft. (pt. 1)
Jards Macalé - Besta Fera
Karina Buhr - Desmanche
Larissa Luz - Trovão
Lia de Itamaracá - Ciranda Sem Fim
Lúcio Maia - Lúcio Maia
Lulina - Desfaz de Conta
Marcelo Jeneci - Guaia
Marcos Valle - Sempre
MC Tha - Rito de Passá
Nego Gallo - Veterano
O Terno - atrás/além
Pitty - Matriz
Rumo - Universo
Siba - Coruja Muda
Tássia Reis - Próspera

+ 20
Chico Bernardes - Chico Bernardes
Davzera - Vale do Silício
Drik Barbosa - Drik Barbosa
Giovani Cidreira - Mix$take
Iconili - Quintais
Juliana Perdigão - Folhuda
Keila - Malaka
Lello Bezerra - Desde Até Então
Liniker e Os Caramelows - Goela Abaixo
Luísa e os Alquimistas - Jaguatirica Print
Manoel Cordeiro - Guitar Hero Brasil
Nill - Lógos
Nomade Orquestra - Vox Populi Vol. 1
Rashid - Tão Real
Rogerman - Manhã de Amanhãs

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

45 músicas gringas de 2019

janeiro de 2020 quase acabando e eu ainda lutando pra publicar a retrospectiva musical de 2019. após os discos gringos, agora é a vez das músicas gringas e já começo frisando que dos 40 discos, 17 emplacaram uma música nessa playlist. é o caso de Anderson .Paak, Andrew Bird, Beck, Brockhampton, Dexter Story, 
Karen O & Danger Mouse, Leonard Cohen, Little Simz, Lizzo, Missy Elliott, Raphael Saadiq, Rapsody, Sampa The Great, Solange, Sudan Archives, The Comet Is Coming e The Garifuna Collective.

vale destacar quatro artistas que não entraram na lista de discos por pouco [confesso que esqueci no meio da bagunça de tantos nomes e quando fiz a de músicas acabei relembrando]: a jovem fenômeno Billie Eilish When e as muitas camadas de We All Fall Asleep, Where Do We Go?os peruanos do Dengue Dengue Dengue e seu maravilhoso Zenit & Nadir, Kanye West e o carola Jesus is King, a dupla L'Orange & Jeremiah Jae e o excelente Complicate Your Life With Violence e Mark Ronson e seu Late Night Feelings.

e como sempre tem acontecido na lista de músicas gringas, tem uma turma pop da pesada vinda de diversas partes da África: Akan e Onipa são de Gana, Burna Boy, Obongjayar e Olamide são da Nigéria, Cassper Nyovest é da África do Sul, Sampa The Great é da Zâmbia e Sinkane é do Sudão. só coisa fina.

o restante da lista de músicas vem de singles soltos ou de músicas de discos que sairão somente agora em 2020 [caso de Antibalas, Lupe Fiasco e Son Little] e nesse balaio vale destacar muito a jovem gigante espanhola Rosalía que seguiu tomando o mundo e soltando hits poderosos como "Con Altura".



segue a lista completa e logo abaixo a playlist no youtube [tive preguiça de fazer este ano também no spotify, desculpaê].

Akan - "Aprodoo"
Anderson .Paak - "Make It Better" [feat. Smokey Robinson]
Antibalas - "Fight Am Finish"
Andrew Bird - "Sisyphus"
Beck - "Uneventful Days"
Billie Eilish - "bad guy"
Bishop Nehru - "Fuck The World" 
Blundetto & Booker Gee - "Take Me with You"
Brockhampton - "Boy Bye"
Burna Boy - "Anybody"
Cassper Nyovest - "Who Got The Block Hot" [feat. Frank Casino]
Danny Brown - "Best Life"
Dengue Dengue Dengue - "Decajón" [feat. Prisma & Martin Boder]
Dexter Story - "Gold" [feat. Sudan Archives]
Haim - "Summer Girl"
Kanye West - "Closed On Sunday"
Karen O & Danger Mouse - "Woman"
Leonard Cohen - "Happens to the Heart"
Lido Pimienta - "No Pude"
Little Simz - "101 FM"
Lizzo - "Truth Hurts"
L'Orange & Jeremiah Jae - "Behavior Report"
Lupe Fiasco - "Hey Lupe"
Mark Ronson - "Late Night Feelings" [feat. Lykke Li]
Missy Elliott - "Throw It Back" 
Obongjayar - "Still Sun"
Olamide - "Pawon"
Onipa - "Makoma"
Oshun - "East"
Princess Nokia - "Sugar Honey Iced Tea (S.H.I.T.)"
Raphael Saadiq - "This World is Drunk"
Rapsody - "Oprah" [feat. Leikeli 47]
Rosalía & J Balvin - "Con Altura" [feat. El Guincho]
Sampa The Great - "OMG"
Sinkane - "Ya Sudan"
Solange - "Binz" 
Son Little - "mahalia"
Sudan Archives - "Glorious"
Systema Solar - "El Vacile"
Tank And The Bangas - "Nice Things"
The Comet Is Coming - "Summon The Fire"
The Garifuna Collective - "Magidu (The Market)"
The Seshen - "Dive"
Tierra Whack - "Unemployed"
Xenia Rubinos - "Diosa"

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

40 discos gringos de 2019

neste ano que acabou, o tal de 2019, o esforçado completou dez anos ininterruptos de retrospetivas musicais. essa de 2019 demorou um pouco pra sair por motivos variados, desde computador quebrado até criança pequena, passando por trabalho e pouco tempo pra ouvir tudo que aparece. mas saiu e isso é que importa né. então vamos lá pra lista de discos gringos (e antes, alguns destaques).

um dos artistas preferidos da casa, Andrew Bird, lançou o absurdamente bonito e de título "humilde" My Finest Work Yet, disco cheio de grandes músicas. e então a grande Missy Elliott voltou após muitos anos de silêncio com um disco curto (Iconology), mas potente, enquanto outro veterano, Thom Yorke, lançou o belo Anima (que, ainda por cima, veio acompanhado de uma maravilhoso curta dirigido por Paul Thomas Anderson).


Andrew Bird como Jean Paul Marat (no quadro clássico de Jacques Louis David) 
na capa de My Finest Work Yet

outros destaques de 2019 foram dois belos discos póstumos: Thanks for the Dance de Leonard Cohen e Black Velvet de Charles Bradley. grandes discos de grandes artistas cujo legado segue vivo (principalmente em Cohen, compositor, cantor, poeta, pessoa foda e linda).

Garifuna Collective, de Belize


diretamente de Belize, o Garifuna Collective lançou o fodão Aban, disco que une passado e presente com muito balanço e força, mesma ponte feita pelo produtor e multiinstrumentalista Dexter Story com suas raízes etíopes em Bahir. isso sem falar no sempre excelente saxofonista inglês Shabaka Hutchings que neste 2019 lançou trabalhos novos de um de seus muitos projetos/bandas, The Comet is Coming (na lista entrou Trust in the Lifeforce of the Deep Mystery, mas o grupo lançou também The Afterlife).

por último, entre os destaques, um grupo poderoso de jovens artistas femininas, desde a inglesa Little Simz até a queniana (radicada na Austrália) Sampa the Great, passando pelas americana Rapsody, todas rimando poderosamente. e também as experimentações de Sudan Archives e Solange, além do soul pop astral de Lizzo.

então, sem mais delongas, a lista de 40 discos gringos de 2019

Anderson Paak - Ventura
Andrew Bird - My Finest Work Yet
Bantou Mentale - Bantou Mentale 
Beck - Hyperspace
Beirut - Gallipoli
Blood Orange - Angel's Pulse
Brockhampton - Ginger
Brother Ali - Secrets and Escapes 
Chance the Rapper - The Big Day
Charles Bradley - Black Velvet
Dexter Story - Bahir
FKA Twigs - MAGDALENE 
Freddie Gibbs & Madlib - Bandana
Ibibio Sound Machine - Doko Mien
Ikebe Shakedown - Kings Left Behind 
Karen O & Danger Mouse - Lux Prima
Kate Tempest - The Book of Traps and Lessons 
Leonard Cohen - Thanks for the Dance 
Little Simz - Grey Area
Lizzo - Cuz I Love You
London Afrobeat Collective - Humans 
Los Wembler's de Iquitos - Visión del Ayahuasca
Michael Kiwanuka - Kiwanuka 
Missy Elliott - Iconology
Nick Cave & The Bad Seeds - Ghosteen
Omar Souleyman - Shlon 
Raphael Saadiq - Jimmy Lee 
Rapsody - Eve
Sampa the Great - The Return
Sinkane - Dépaysé
Skinny Pelembe - Dreaming Is Dead Now 
Solange - When I Got Home
Sudan Archives - Athena
The Comet is Coming - Trust in the Lifeforce of the Deep Mystery
The Garifuna Collective - Aban 
The Good Ones - RWANDA, you should be loved 
Thom Yorke - Anima
Toro y Moi - Outer Peace
Tyler, The Creator - Igor 
Vampire Weekend - Father of the Bride