segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

não vacila, curumin

após algumas colaborações com o músico americano e skatista lendário tommy guerrero, o paulistano curumin emplacou uma faixa em português no novíssimo disco de shawn lee's ping pong orchestra. multiinstrumentista que não para (ano passado lançou três discos) e nem deixa a peteca cair, shawn lee vem agora de world of funk (ubiquity, 2011), discaço com muito funk, orientalismos, latinidades, soul e o nosso curumin mandando ver na faixa "não vacila". escuta só.

Shawn Lee & Curumin - Não Vacila by dafnesampaio4

e o resto do disco - que ainda tem participações de figurões como clutchy hopkins e michael leonhart - pode ser achado no ótimo blog afrofunkybrassjazz. clique aí na imagem e boa viagem.

domingo, 30 de janeiro de 2011

domingueira tropicaliente

calorzão nos quatro cantos do país, certo? então deixa eu aumentar um pouco mais a temperatura com um grupo pouco lembrado dos anos 1980, o kid creole & the coconuts. formado por august darnell e andy hernandez em 1980, o grupo foi um desdobramento conceitual de um trabalho anterior, a dr. buzzard's original savannah band, e nos dois casos a grande idéia foi misturar ritmos latinos, jazz, funk, pop e um visual retrô de big bands dos anos 1930 e 40 (cab calloway, acima de tudo). a minha música preferida do kid creole - que continua na ativa, morando na inglaterra - é "my male curiosity", que é da trilha sonora de um filme que nunca vi, paixões violentas (against all odds, 1984), aquele com jeff bridges e raquel ward se beijando na praia ao som de phil collins ("take a look at me now", urgh). muito mais a alegria cafajeste de kid creole...



dois discos do grupo valem muito a pena (o segundo e o terceiro da discografia): fresh fruit in foreign places (wounded bird records, 1981) tem músicas como "going places", "animal crackers" e "in the jungle", enquanto tropical gangsters (island, 1982) veio ainda mais forte com "stool pigeon", "i'm a wonderful thing baby" e "annie, i'm not your daddy". também vale muito a compilação going places: the august darnell years 1976-1983 (strut records, 2008), que reuniu canções tanto do kid creole quanto do dr. buzzard's (como a sensacional e setentista "cherchez la femme", que segue aí).

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

arte popular brasileira

olha, o leandro lehart é, provavelmente, um dos artistas mais subestimados da música popular brasileira, mas tenho certeza que ainda será feita justiça a sua enorme contribuição à música negra pop desse país. bem, pra isso a história também precisa correr e o leandro é jovem (39). tô falando disso porque hoje, ao acompanhar a volta do pagodecast do @chicobarney, (re)ouvi duas pedradas de leandro dos tempos que era líder do art popular. "deixe eu ir à luta" foi lançado no álbum art popular (virgin, 2001), o primeiro do grupo sem leandro, e depois regravado pelo próprio no ótimo deixe eu ir à luta (independente, 2006), seu terceiro trabalho solo. "pimpolho" é do disco temporal (emi-odeon, 1996), a estréia do art popular, e é um daqueles hits poderosos que poucos conseguem criar (e olha que o grupo foi um dos que mais fez sucesso na década de 1990, pense em "temporal", "fricote", etc). só que, para melhorar a história, as duas ganharam regravações impressionantemente sofisticadas no dvd samba pop brasil mestiço (universal, 2009). leandro, que é cantor de voz linda e versátil, produtor meticuloso e compositor afiado, também é arranjador de grandes idéias. basta ouvir... (ah, e essa versão de "deixe eu ir à luta" tem participação do rapper mv bill).





outra, leandro lehart está prestes a lançar disco novo. pelo que dá para entender em seu site oficial, ensaio de escola de samba (independente, 2011) é um trabalho ousado sobre o samba brasileiro que reuniu pouco mais de 30 instrumentistas, tem 18 músicas e foi todo filmado em estúdio. e para montar uma big band percussiva para shows desse disco, o paulistano vem arregimentando músicos pelo twitter @leandrolehart porque "quer conhecer gente nova". no mais, e nunca é demais, vou colocar "agamamou", samba funk que parece que sempre existiu, e que foi gravado pelo art popular no disco samba pop brasil 2 (emi, 1999), mas que aqui é da versão do art popular: acústico mtv (virgin, 2000), que tem participação de ninguém menos que jorge ben, como uma espécie de benção.



p.s.: agora, pra encerrar esse post, gostaria da atenção total de vocês aos 3 minutos do clipe de uma versão de "pimpolho" feita por uma dupla de italianos chamada los locos. sua vida não será a mesma.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

sem tempo para sonhar? jura?

fazia tempo que não rolava um triplo x, mas uma sequência de clipes obrigou um post novinho em folha. e a sequência começa com o soulzaço lamentoso e funkeado de charles bradley, que acabou de estrear, mesmo não sendo um novato, no excelente disco no time for dreaming (daptone records, 2011). a música é "the world (is going up in flames)" e tem participação luxuosa da menahan street band.



do soul ao rap com o clipe-animação de "breakin' dawn", do brother ali, mas de uma música que é de seu disco de 2009 (o ótimo us).



e pra finalizar, o rock cheio de camadas do arcade fire e o clipe da faixa que dá nome ao disco mais recente dos canadenses, the suburbs (merge/mercury, 2010), um dos mais recorrentes nas listas de melhores do ano passado. a direção é de spike jonze.


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

estado das coisas

já tá rolando na internet essa montagem sobre uma frase afiada do programa saturday night live que diz muito sobre a estranha (para não dizer promíscua, oooops, disse) relação da grande imprensa (no caso, o the time) com as grandes corporações.

julian assange, do wikileaks, falou disso e muito mais em entrevista para blogs brasileiros como o guaciara. o engraçado é que fiquei sabendo dessa montagem no facebook.

paulo moura, ano 1978

sensacional que o cineasta e músico paulo roberto martins, do grupo teatro do som, venha recuperando seus curtas setentistas em seu canal no vimeo. tem canoa quebrada no ceará, rio de janeiro e outras bossas, mas a cereja no bolo é esse documentário sobre o grande paulo moura (1932-2010) que vi no URBe. filmado no morro da mangueira, o curta tem participações especiais de jorge ben, milton nascimento, egberto gismonti, hermeto pascoal e os sambacanas.



e como faixa bônus um curta recente de paulo martins sobre as gravações do disco alento (biscoito fino, 2010), que reuniu paulo moura e o teatro do som, mas que passou batido no ano passado (eu mesmo só fiquei sabendo por causa do video).

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

virginias falam, rosas cantam

fazia um tempo que não abria o baú de textos e como hoje acabei cruzando o caminho com a tal pasta fui dar uma olhada. custa nada. bem, achei esse perfil da cantora paulistana virginia rosa que fiz no início de 2007 pra tam magazine. uma das primeiras vocalistas da banda do itamar assumpção - está no disco às próprias custas s.a. (baratos afins, 1983) -, virginia estava lançando seu terceiro disco solo, o ótimo samba a dois (eldorado, 2006), e a conversa rolou em um apartamento em higienópolis (acho que era do empresário e/ou produtor dela, ô memória). de lá pra cá, a moça lançou seu tributo ao grande monsueto (baita negão, 2008) e um dueto com o pianista geraldo flach (voz & piano, 2010), além de muitos shows. é cantora daquelas discretas e fortes, e que ainda tem muito o que cantar.


AS ROSAS NÃO FALAM, CANTAM

A voz é suave e o sorriso aberto. Virginia Rosa é assim ao vivo, mas no palco a doçura se transforma em presença forte e intensa. Tanto faz o repertório ou o tamanho do recinto, o palco é onde ela se sente mais viva. Paulistana filha de mineiros, negra e índia, a cantora está completando em 2007 uma década de seu primeiro disco solo e duas décadas de seu primeiro show como intérprete profissional. E ainda por cima com um disco novo na praça, Samba a Dois, seu terceiro CD e o marco de sua entrada definitiva no time principal de grandes intérpretes da música popular brasileira. No entanto, nada disso seria possível sem um longo aprendizado como vocalista, ou backing vocal como preferirem, de artistas como Itamar Assumpção e Tetê Espíndola. Mas antes, uma volta ainda maior no tempo.

“Meu pai era músico amador, tocava um instrumento de sopro chamado bombardino e um pouco de violão, e minha mãe sempre cantarolava. Então toda a família gostava de brincar de cantar. Meu pai me apresentou Beatles, Secos & Molhados e música sertaneja, enquanto minha mãe cantava Clara Nunes. Depois formei um grupo com meus primos e a gente ouvia Clube da Esquina, Elis Regina, essas coisas”, diz sobre sua formação musical. Para se tornar independente da família decidiu aprender a tocar violão e foi assim que conheceu Rondó, guitarrista que tinha acabado de participar do disco de estréia de Itamar Assumpção, o histórico Beleléu Leléu Eu, DE 1981.

Itamar estava montando uma banda para o lançamento do disco e Rondó perguntou se Virginia não queria conhecê-lo e fazer um teste para ser vocalista. Corria o ano de 1980 e o bichinho da música começava ali a morder seu calcanhar. “Nunca tinha ouvido o Itamar Assumpção. Era um jeito super novo de cantar, uma voz quebrada, percussiva e não muito harmoniosa. E eu gostei muito. Tenho essa característica de ser muito curiosa, não tenho preconceitos. Sempre pago para ver porque só assim fico sabendo se gosto ou não. Depois que entrei vieram a Vânia Bastos e a Suzana Salles, e formamos a Banda Isca de Polícia”, relembra. O aprendizado com Itamar durou cinco anos e resultou em um disco, Às próprias custas S.A., de 1983.

Virginia Rosa partiu desta experiência para as canções brejeiras de Tetê Espíndola e o resultado acabou sendo a participação no Festival dos Festivais da TV Globo em 1985, onde, vestida de coração, fez vocais para a vitoriosa “Escrito nas Estrelas”. “Nessa época ainda não tinha a pretensão de ser uma cantora profissional, mas queria saber mais e comecei a ter, finalmente, aulas de canto”, e foram nestas aulas que ficou amiga de Ná Ozzetti, responsável direta por ter ficado sete anos como cantora da Mexe com Tudo, uma banda de repertório totalmente brasileiro e dançante.

Tudo acontece ao mesmo tempo para quem está aberto e, no mesmo período em que começava com a Mexe com Tudo em 1987, Virginia Rosa fez seu primeiro show solo. “Não foi uma experiência muito agradável. Fiquei muito nervosa, chorei todos os três dias e era tanto de emoção por estar cantando solo quanto por um descontrole pessoal. Não conseguia aliar a técnica do canto a uma interpretação emocionada. Mas foi ali que assumi que era isso que eu queria”, e os palcos foram se sucedendo para uma Virginia mais experiente que conseguiu enfrentar os repertórios variados de grupos como a Unidade Móvel e o Heartbreakers. Em 1997 surgiu o convite para seu disco de estréia e Batuque mostrou uma cantora eclética e firme em seu propósito de cantar o que gosta. “Eu ia pegando as músicas numa ânsia, parecia que não ia conseguir fazer outro disco, parecia que ia morrer”, diverte-se.

“Dos meus três discos o mais maduro em termos de repertório é o Samba a Dois, porque mostra muito bem minhas influências musicais, mas tem um fio condutor muito forte, o samba”, reflete. Mas a princípio e mesmo sendo fã incondicional de samba, Virginia Rosa não se interessou em fazê-lo. “Antes do Batuque tive uma proposta assim, mas não aceitei porque não queria ficar vinculada a um gênero. Hoje as pessoas sabem que sou eclética e só aceitei porque queria fazer um disco de samba no meu estilo”, diz e enumera o repertório que vai de Candeia a Marcos Valle, passando pelos jovens Los Hermanos, Bebel Gilberto e Luisa Maita. Neste balaio, Virginia Rosa ainda encontra espaço para cantar “As Rosas Não Falam” de Cartola em ritmo de tango e dar um mergulho na música portuguesa em duas faixas. “Tenho me interessado por música portuguesa há uns cinco anos e venho querendo concretizar esse casamento entre Portugal e Brasil. Espero que as pessoas gostem porque os portugueses amam nossa música”, explica sobre um cruzamento inédito entre samba-canção e fado.

Após o lançamento de Samba a Dois, a intérprete começa a afiar as cordas vocais para dois novos projetos, um sobre o sambista Monsueto e outro sobre Carmen Miranda, além de lançar em DVD o show que fez em 2003 homenageando Clara Nunes. “Olha, modéstia a parte, eu tenho uma voz agradável...”, e gargalhada ciente de que existem verdades que não adianta esconder.

p.s.: abaixo, virginia canta uma música pouco conhecida de monsueto. "mané joão" (josé batista e monsueto) foi gravado originalmente em um 78 rotações de 1963 e, profeticamente, diz que "menino de rua, menino de barracão, menino que estuda, chega a chefe da nação". o vídeo é cortesia do pessoal do música de bolso.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

michael coração de leão

nem lembro direito quando conheci o americano michael leonart, mas sei que seu disco mais recente, seahorse & the storyteller (truth and soul records, 2010), passou batido entre o tsunami de lançamentos do ano passado. quer dizer, tinha ouvido uma música, a sensacional "scopolamine", mas só agora ouvi o resto do disco e é um puta disco! afro funk, psicodelia e orientalismos a dar com o pau, e tudo muito bem documentado, com direito a vários clipes, ao vivos e coisa e tal. separei algumas pedradas do michael leonhart & the avramina 7 logo abaixo.


Seahorse & The Storyteller 5/17/10 from Tatiana McCabe on Vimeo








"JAIPUR" MICHAEL LEONHART & THE AVRAMINA 7 from Michael Leonhart on Vimeo


Dreams of An Aquarian from Tatiana McCabe on Vimeo

e leonhart tem uma carreira longa como trompetista ao lado de figuras como bill withers, james brown, steely dan, bill frisell, arto lindsay, bobby mcferrin, david byrne, mos def, brian eno, a tribe called quest, lenny kgravitz, mark ronson, sharon jones & the dap-kings, yoko ono, etc. & etc (inclusive brasileiros como caetano veloso e vinicius cantuária). ah, e se você quiser ouvir o disco com mais calma - a lindíssima "the story of echo lake" é muito mais doce - tem um caminho que passa pelo blog gonzo.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

"é duro ser preto"

foi o que disseram/cantaram mauricio pereira e andré abujamra, os mulheres negras, na música "eu vi", do disco música e ciência (warner, 1988). tudo continua muito atual.



um salve pro @alpn00 que colocou o link desse video que eu nunca tinha achado.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

magalis não comem, magalis dançam

pois é, maurício de sousa, a magali não é mais aquela. pelo menos suas encarnações que povoam lojas populares brasil afora. o pedro só (@PedroSoh) colocou o link de uma magali absolutamente enlouquecida no largo da carioca, centro do rio de janeiro, ao som de uma versão remix de "california dreamin".



aí comecei a procurar outras magalis dançando e o mais curioso é que todas as outras que achei eram de nova iguaçu, baixada fluminense. deve ser algo na água...









vô não, quero não, posso não, o mauricio não deixa não

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

transversão #38

olha só, the cure foi uma das bandas que mais ouvi na vida, pelo menos entre 1986, quando saiu a extraordinária compilação de singles standing on a beach, e os primeiros anos da década de 1990. depois eu me perdi de robert smith & sua gangue ou eles se perderam, enfim, aí vai do ponto de vista de cada um. bem, mas um dos discos essenciais na discografia dos ingleses é o ultra-melancólico disintegration (fiction records, 1989), que trouxe ao mundo canções como "lullaby", "fascination street", "pictures of you" e a belíssima "lovesong". e não é que esta última acabou de ganhar uma excelente interpretação pela voz da jovem adele? é a décima faixa de seu segundo disco, 21 (xl recordins/columbia, 2011). detalhe: também inglesa, adele nasceu um ano antes do lançamento de disintegration.



e aqui, o clipe da "lovesong" do the cure.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

novinhas em folha

passeando pelo soundcloud encontrei alguns sons muito bacanas e recém-postados. por exemplo, a volta de bnegão com sua banda seletores de frequência na jamaicaníssima "reação (panela 2)", via seletores. tomara que saia disco novo esse ano porque mesmo que bnegão não pare nunca - rolou o projeto turbo trio e inúmeras participações em discos de figuras como iara rennó, baiana system, itamar assumpção, etc. -, seu disco de estreia, o excelente enxugando gelo, é de 2003.

Reação (Panela II) by seletores

e tem também música nova do trio das racist ("mira mira"), via some kind of awesome. na verdade não é deles e sim de um rapper chamado albe, mas era para fazer parte da mixtape
shut up, dude e acabou ficando de fora.

Das Racist - Mira Mira by dasracist

semana começando bem. simbora.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

tucanocracia

no começo da noite de quinta, dia 13 de janeiro, logo depois de saber do que aconteceu no centro de são paulo, escrevi o seguinte no facebook: "parabéns prefeitura, polícia militar e estado de são paulo por dispersarem uma manifestação pacífica (quase exclusivamente de estudantes) contra o aumento da tarifa de ônibus com bombas, balas de borracha e spray de pimenta. é assim que se faz (quer dizer, é assim que o psdb faz). segundo @eduardosterzi: 'a pm não se contentou em prender manifestantes. também obrigou passantes a apagar fotos e vídeos'".

a noite foi correndo e o vírgula publicou uma extensa galeria de fotos, notícias e videos foram saindo aqui e ali, mas acho que esse video do @CarlosLatuff resume bem esse novo ato de violência da polícia/governo de são paulo. covardia, autoritarismo, arbitrariedade, truculência... quê mais?



mas @bferrari resumiu ainda mais, e numa tuitada: "fico impressionado como alguns policiais se tornam machos contra estudantes."

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

bixiga é áfrica, tá ligado?

demorou pra acontecer uma banda brasileira totalmente dedicada ao afrobeat & afins. com tantos músicos bons no país mais uma forte tradição instrumental de choros, afro-sambas, jazz e quetais, o afrobeat precisava deixar de ser apenas um tempero em músicas de artistas como curumim, céu, lucas santtana, nação zumbi e gil duarte & sistema asimov de som. daí surgiu, em 2010, a paulistana bixiga 70. formada por mauricio fleury (teclados e guitarra), cris scabello (guitarra), marcelo dworecki (baixo), décio 7 (bateria), rômulo nardes e gustavo cecci (percussão) e os metais/sopros de didi (trombone), daniel gralha (trompete), dany boy (sax tenor) e cuca (sax barítono), a bixiga 70 começa hoje seus shows de 2011 em são paulo (quintas de janeiro no kabul). e enquanto não conheço o pessoal ao vivo...





e para quem quiser os mp3 dessas músicas ("grito de paz" e "tema di malaika") basta clicar no soundcloud do traquitana discos. tá logo aí...

Bixiga'70 by Traquitana


atualização em 12 de outubro: na época que escrevi esse post esqueci de mencionar os cariocas da abayomy afrobeat orchestra e aproveitei para acrescentar essa informação junto com a notícia do lançamento do primeiro single do bixiga 70. as duas faixas estão logo abaixo.

Di Malaika by bixiga70

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

um pássaro azul dentro de mim

bela animação baseada em poema de charles bukowski e feita por monika umba em 2009. via @HominisCanidaee.



aqui o poema.

"the bluebird"
(do livro the last night of the earth poems, 1996)

there’s a bluebird in my heart that
wants to get out
but i’m too tough for him,
i say, stay in there, i’m not going
to let anybody see
you.

there’s a bluebird in my heart that
wants to get out
but i pour whiskey on him and inhale
cigarette smoke
and the whores and the bartenders
and the grocery clerks
never know that
he’s
in there.

there’s a bluebird in my heart that
wants to get out
but i’m too tough for him,
i say,
stay down, do you want to mess
me up?
you want to screw up the
works?
you want to blow my book sales in
europe?

there’s a bluebird in my heart that
wants to get out
but i’m too clever, i only let him out
at night sometimes
when everybody’s asleep.
i say, i know that you’re there,
so don’t be sad.

then i put him back,
but he’s still singing a little
in there, i haven’t quite let him
die
and we sleep together like
that
with our
secret pact
and it’s nice enough to
make a man
weep, but i don’t
weep, do
you?

e abaixo, o próprio bukowski recita "bluebird".

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

letra/música #20

algo sempre me afastou de ouvir serguei. acho que o próprio, talvez. tenho um pouco de vergonha do "espírito roqueiro", um pouco de dó desse derretimento cerebral, nenhum interesse por psicodelia de feira hippie, fora que o bicho é feio de dar nó. então, por causa de um amontoado de preconceitos nunca dei atenção pra sua discografia errática. aí, num dia desses, cruzei caminho com um compacto seu chamado samba salsa (arlequim, 1979). é agora, tem que ser agora, só quatro faixas e tal, título curioso para um disco de roqueiro, vamos lá... bem, como não conheço o serguei-divino-do-rock não posso comparar, mas a primeira impressão foi de uma tentativa (falha) de popularizá-lo numa levada samba-rock (?) festiva. quase tudo dá errado em "te chamei" e "é mais gostoso viver", com ele completamente perdido e exposto (sua voz fica mais fraca do que já é) em meio a batuques ferozes. nada combina mesmo na música que abre e na que encerra o compacto. só que essa desarmonia natural entre o psicodélico e o sambão sem nome (não tem crédito de ninguém na contracapa) quase se resolve, sabe lá deus como, na divertida "devagar também é pressa". mas não era o bastante, algo escapava em algum momento.

então veio "gata na janela" e o balanço se fez. a voz fraca de serguei combinou unha-carne com o ar suplicante e malandro da letra, e enquanto ouvia e reouvia a música mais ela me parecia hit certeiro pra qualquer festinha de samba rock & afins que se preze. no suingue do serguei! quem diria...



gata na janela
(marco araújo e ronaldo ribeiro)

quando aos domingos passeando
eu te vejo na janela
o meu coração bate mais alto
ai que vontade de te amar

tomando uma cerveja eu te vejo
indo linda para a praia
a pele tão macia e bronzeada
ai que vontade de beijar

esse cachorrinho no teu colo
que inveja tenho dele
jão não durmo a noite
não consigo mais esquecer de você

gata na janela
quero ser teu cachorrinho
e os óculos escuros
que te protegem do sol
a saída de banho
que envolve o teu corpinho
gata na janela
não me deixe assim tão só

gata na janela
quero ser teu cachorrinho
e os óculos escuros
que te protegem do sol
a saída de banho
que envolve o teu corpinho
gata na janela
não me deixe assim tão só

gata na janela
quero ser teu cachorrinho
gata na janela
não me deixe assim tão só


Serguei - Gata Na Janela by dafnesampaio4

p.s.: dá pra baixar "gata na janela" aí no player, mas se você quiser saber por seus próprios ouvidos qualquié das outras três faixas do compacto samba salsa, o blog serguei - o divino do rock pode te ajudar.

sábado, 8 de janeiro de 2011

foi a camélia que caiu do galho...

SAMBATOWN from cadux.com on Vimeo

direção de cadu macedo e trilha de laércio de freitas. via salaBR.

henri salvador, seu piadista

uma das coisas mais finas da música mundial, henri salvador (1917-2008) teve uma vida longa, agitada e extremamente original. nasceu na guiana francesa, mas mudou para frança ainda criança. foi em paris, no início da década de 1930, que se apaixonou pelo jazz e botou na cabeça que ia ser guitarrista. pegou os discos de django reinhardt (1910-1953) e tanto aprendeu direitinho que poucos anos depois estava tocando com o mestre. na década de 1950 já era muito conhecido na frança e sua fama foi se estendendo aos estados unidos e américa do sul (foi ele que cantou os primeiros rocks em francês, por volta de 1956). seu auge criativo durou até a década de 1960 e depois foi sumindo, "ficando fora de moda", até reaparecer com o sucesso do belíssimo disco chambre avec vue (emi musica/blue note, 2000). e cantou, sempre cheio de bossa, suingue, humor e doçura, até sua morte.

ainda possuiu uma relação íntima com o brasil desde que morou durante quatro anos no rio de janeiro no início da década de 1940 e conheceu o samba. sua gravação de "dans mons île", de 1957, é considerada por tom jobim como uma das influências da bossa nova. foi homenageado por caetano veloso na letra de "reconvexo" ("quem não sentiu o suingue de henri salvador?") e em 2005 recebeu a ordem do mérito cultural das mãos de gilberto gil. seu último disco, révérence
(warner music, 2006) foi gravado aqui sob produção de jaques morelenbaum, contou com participações de gil e caetano e trouxe uma versão em francês de "eu sei que vou te amar" (tom jobim e vinicius de moraes). no disco chambre avec vue ele cantou a delicada bossa "jardim", com letra em português. e durante seu período "de baixa", mais precisamente em 1981, o cantor chegou a gravar uma versão em francês de "lança perfume" (rita lee e roberto de carvalho)! dá pra ouvir "question de choix", numa versão com áudio capenga, aqui.

toda essa introdução para mostrar uma outra faceta, um tanto mais careteira, do grande cantor. como fez uns bicos de ator em filmes, trabalhou em tv e sempre teve uma presença enérgica e bem humorada nos palcos, henri salvador gravou várias canções-piadas em video igualmente divertidos no início da década de 1960. separei aqui três, começando com a sensacional "le martien", pulando pra tropical "juanita banana" e finalizando com "zorro est arrivé", que fez bastante sucesso em 1964.







todos esses filmes foram feitos para scopitones, uma espécie de jukebox de videos musicais em 16mm, que foram muito populares na frança (onde foi criada), alemanha e estados unidos, entre o final da década de 1950 e meados dos anos 1960.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

dois marcelos

duelam amigavelmente em "doce solidão", que marcelo camelo gravou em seu primeiro disco solo, sou/nós (zé pereira/sony bmg, 2008). é um belo clipe-trailer-flyer para o lançamento de feito pra acabar (pessoa produtora/natura, 2010), a estreia de marcelo jeneci, no rio de janeiro, agora no dia 10 (segunda). taí um show imperdível, com direito a presença do mestre arthur verocai.



via bebel prates no facebook.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

das profundezas...

... mais uma animação genial e recente do pessoal do PES.



e para quem ainda não teve o prazer de conhecê-los segue abaixo dois clássicos do portfolio desses americanos. tem muito mais no canal dos caras no youtube.





e um feliz 2011 pra tutto il mondo.