quarta-feira, 31 de março de 2010

em cartaz: malditos poloneses!

nunca consegui entender uma coisa: porque com tantos grandes artistas gráficos e ilustradores aqui no país a grande maioria dos posters dos nossos filmes são um lixo? ou, para não ser tão agressivo, apenas redundantes, óbvios, vazios. é como se fosse uma obrigação, coisa pra resolver rapidão, um dia no máximo. tanto que é difícil ver algum deles assinado. bem, durante o cinema novo aconteceram algumas exceções (um salve para o rogério duarte e seus trabalhos com glauber rocha, por exemplo) e claro que temos o grande benício e suas mulheres lindas e voluptuosamente coloridas dos anos 1970. lembro de belos casos mais recentes como terra estrangeira (1996), lavoura arcaica (2001), madame satã (2002), entreatos (2004), o céu de suely (2006) e jogo de cena (2007). mas é pouco, muito pouco para o nosso alto grau de excelência em artes gráficas. aí, navegando no sensacional site polish posters, dá pra ver toda uma escola de profissionais do ramo babando, experimentando, ousando, e em tempos duros de repressão. uma escola de grandes artistas que faziam cartazes para os seus próprios filmes e de outros países que porventura conseguissem transpor a cortina de ferro. e que continua positivo, operante e na ativa. agora, vamos comparar alguns cartazes poloneses de filmes brasileiros que achei com seus respectivos exemplares nacionais (do brasil, digo).

o pagador de promessas (1962) - o polonês, do ano de 1964, é de witold janowski e é impressionante como tem um quê de pintura popular nordestina. o brasileiro não é mal e tem esse alto contraste interessante junto com essa mistura de preto e branco com sépia.

vidas secas (1963) - assinado pela dupla maria ihnatowicz e andrzej krajewski, o polonês é do ano de 1965 e novamente é surpreendentemente nordestino com esse traço forte de xilogravura. agora, o brasileiro é bem fudido também, convenhamos. alto contraste, foto desfocada, seca, bem como a fotografia de luiz carlos barreto, o barretão. será que é do rogério durte?

macunaíma (1969) - aqui o cenário muda de figura porque o cartaz polaco é de 2008 e a dupla joanna gorska e jerzy skakun fez um cartaz bonito, mas que não dialoga bem com o filme (tem algo de oriental nessa grande figura preta, não?). já o cartaz brasileiro é bem divertido, cheio, tropicalista, maluco, bem como o filme de joaquim pedro de andrade. de quem será o desenho?

gabriela, cravo e canela (1983) - putz, o cartaz de 1986 de eugeniusz skorwider é bem massa. olha o alto contraste de novo! e a moça nua. quer dizer... enquanto o brasileiro é aquela coisa auto explicativa e com a obrigatoriedade de colocar os astros do filme.

o cangaceiro (1953) - o lindo cartaz polonês, do ano de 1957, é de waldemar swierzy e dispensa qualquer palavra. já o brasileiro segue a toada de quase todos os cartazes mundiais da década de 1950: ilustração de livro escolar com o máximo de imagens possível.

lá no salaBR, blog dedicado ao cinema brasileiro, começou um interessante projeto de releituras de cartazes de filmes nacionais. chama-se "em cartaz" e mostra que gente boa não falta, basta que os cineastas e produtores tenham vontade de uma peça de divulgação mais bonita, sofisticada. seguem aqui alguns exemplos assinados por raphael morone, joão noberto, diego xavier, elvis martuchelli e mariana nóbrega.


p.s.: e como uma fonte de inspiração e deslumbre eternos, um dos cartazes mais bonitos que já vi na vida. polonês, com certeza. é de não amarás (1988) e foi assinado por andrzej pagowski. me arrependo até hoje de não ter roubado esse cartaz uma certa vez que o filme do kieslowski estava sendo exibido no saudoso cine coc, em ribeirão preto, lá no início da década de 1990. taí ó, quase 79 dólares.

dói. não dói?

terça-feira, 30 de março de 2010

seu corpo é um campo de batalha

tá agitado o negócio aqui, heim? é que simplesmente não pude deixar pra amanhã. assunto: erykah badu e clipe fodão da música "window seat", o primeiro a sair de seu mais recente disco, new amerykah, part 2 - return of the ankh (universal motown, 2010). ela, que é texana de dallas, fez o clipe nas ruas de sua cidade natal em um único plano sequência. de tempos em tempos tira uma peça de roupa e no final, próximo de onde john kennedy foi assassinado, está toda nua e também é alvejada. foda. em matéria no new york daily news, erykah disse que estava mais preocupada com o possível aparecimento de policiais do que com a própria nudez. disse também que o clipe é uma declaração contra o "pensamento de grupo" (groupthink), no qual o pensamento independente é deixado de lado pela busca de uma coesão coletiva e confortável (acertei, psicólogos/sociólogos de passagem?).



o mais curioso é que fiquei sabendo do clipe, sem saber que era de erykah, pelo twitter do jornalista gabriel priolli (tv cultura) que disse assim: "cantora grava clipe tirando a roupa no local onde mataram john kennedy. apelação não tem pátria nem limite". o que mostra que 1) não sabe nada de erykah badu, que de mulher hortifrutigranjeira não tem nada e 2) não entendeu uma vírgula do clipe. ah, o myspace da moça é aqui e o clipe que serviu de inspiração para "window seat" é do matt & kim e se chama "lessons learned" (valeu bettoni).

p.s. 1: e vi lá no blog do kibe uma entrevista de erykah para o wall street journal.



p.s. 2 (do dia 11 de agosto): "window seat" ganhou uma nova versão, com participação do rapper rick ross, e um novo clipe. via @sheilaspago.

elegância não tem a ver com din-din

é o que diz rincon sapiência e ele está mais que certo. um pouco mais de sua sabedoria está na música e no clipe de "elegância". seu estilo cai bem, né não?



e tem boa entrevista dele no coletivo mtv. no mais, fiquei sabendo do clipe via @maissoma.

vida é canção

outra dos amigos da cia de foto que dessa vez colocaram os bastidores das fotos que fizeram para o mais recente disco do paulistano renato godá. produzido por plínio profeta, o disco se chama canções para embalar marujos (independente, 2010) e é delicioso de ouvir com seu climão de cabaré esfumaçado, chansons, amores tortuosos e o diabo a quatro.



godá também possui blog, myspace e twitter, quer dizer, não dá para perder de vista. e o show de lançamento do disco em são paulo será transmitido hoje, ao vivo, às 22h, no show na web.

segunda-feira, 29 de março de 2010

compromisso

em janeiro se completou 7 anos sem sabotage (1973-2003). outro rapper nascido no mesmo ano, o niteroiense speedfreaks, morreu agora, dia 26 de março. os dois foram assassinados em circunstâncias estranhas. nunca se descobriu quem matou sabotage e o mesmo provavelmente irá acontecer com speed. não interessa saber a razão da morte deles, é coisa de todo dia, é feio, é seco e duro. interessa o espetáculo, o extraordinário, o sentimental, os fogos de artifício, o link ao vivo. ainda temos muito chão pela frente, muito o que aprender. sorte de quem acredita em um mundo melhor e que existe mais gente que acredita em um mundo melhor (paratodos). vamulá.

ainda com a notícia do assassinato do speed na cabeça - que era um cara com muito talento e coisas para mostrar, mas que eu acompanhava meio de longe, gostava, mas não passava muito disso - voltei a lembrar do sabotage. outro cara que ainda tinha muito o que rimar (viver). um cara que tenho certeza faria revoluções na música popular brasileira (vide "dama tereza"). aí, lá no twitter do daniel ganjaman (instituto), fiquei sabendo de uma espécie de trailer do disco póstumo do sabotage que ele está produzindo e será lançado no segundo semestre desse ano. ouça sabotage, sempre.



e ouça speedfreaks também. lá no original pinheiros style tem o primeiro disco dele, expresso (independente, 2001), no canal dele no youtube tem vários videos e de lá peguei a crua "você morreu", com participação do bnegão.



a gente tem que ouvir a rua, a gente tem que ouvir.

domingo, 28 de março de 2010

domingueira

depois de muitos domingos de ausência, a domingueira volta relaxadona com karina buhr (myspace aqui). é que a pernambucana, vocalista do comadre fulozinha, lançou no começo do ano sua estreia solo no excelente eu menti pra você (independente, 2010), já um dos melhores discos do ano (indiquei lá na revista monet). entre sons muitos variados como um tamborzão irônico ("ciranda do incentivo"), baladas urbanas e alguns petardos punks, karina encerra o disco com o reggae/dub/marchinha "plástico bolha".



e aqui vai uma foto que tirei da moça, em 2006, em participação num show do cidadão instigado no memorial da américa latina.


sexta-feira, 26 de março de 2010

enquanto isso em parajuru, ceará

documentário extremamente necessário que vi lá no URBe. dirigido por josé huerta, uma semana em parajuru trata do conflito cheio de arestas entre os moradores/pescadores de uma vila no ceará com empreendedores estrangeiros que desejam construir um complexo hoteleiro e vem angariando apoiadores locais em troca de promessas de cursos profissionalizantes e trabalho. claro que nada é assim tão fácil e a história envolve ainda questões ambientais, afirmação cultural local e até, após o filme ser produzido, ameaças e processos contra josé huerta.


Uma semana em Parajuru
Enviado por josehuerta

já passei algumas (poucas) vezes em parajuru, que fica a uns 100 km sentido leste de fortaleza, e que é uma das muitas praias do município de beberibe, terra da família de minha mãe. outra praia famosa de lá é morro branco, a tal praia das garrafas de areia colorida. claro que essa história de parajuru é só mais uma entre todos os absurdos que vem acontecendo na costa brasileira, de norte a sul. ocupação indevida é pouco, meus caros.

e o bruno natal, lá no URBe (link direto para o post) entrevistou josé huerta - que é espanhol, mora na frança, e é casado com um brasileira - e conseguiu mais informações sobre o início do projeto e os desdobramentos atuais. sobre o início, huerta diz que "a idéia do filme surgiu em 2007, após um estada de um mês em parajuru. achei interessante fazer um retrato do vilarejo, que estava vivendo uma mutação econômica, social e cultural. não tinha a menor idéia do que descobri depois com a fala dos entrevistados. foi durante as rodagem, as pesquisa e as entrevistas do povo de parajuru que percebi que tinha alguma coisa de errada ali". o empreendimento gringo (austríaco, para ser mais exato) se chama paraiso do sol beach resort, mas achei também um tal de sozialprojekt parajuru, que não sei se é o tal desdobramento social do resort. no mais, a vagalume productions, produtora de huerta, criou um site para uma campanha de apoio ao filme uma semana em parajuru. dêem um pulo lá, olhos abertos.

we are the robots

#1

#2
#3

fotos tiradas na rua são caetano, bairro da luz, são paulo, 2004

quinta-feira, 25 de março de 2010

o demônio é uma massinha

totalmente excelente o trabalho do animador inglês lee hardcastle. olha como ele resumiu o clássico evil dead (1981), de sam raimi, em 60 segundos, com massinhas e, claro, muito sangue.



via @miguel_andrade.

depois vi que hardcastle também massificou um dos fenômenos da internet: o keyboard cat. sem mais para o momento.


quarta-feira, 24 de março de 2010

branding é tudo

taí logorama (2009), do trio francês françois alaux, hervé de crécy e ludovic houplain, que ganhou o oscar de melhor curta de animação na premiação de 2010. trabalho técnico impressionante junto com uma idéia originalíssima (pessoas e cenários são feitos de marcas/logos mundialmente conhecidos) e um roteiro maluco, com direito a um ronald mcdonald do mal e um grande terremoto que engole los angeles. impressionante a maturidade das empresas (o mcdonalds, especialmente) que não boicotaram o curta.



no mais, a animação começa e termina com músicas sensacionais. são, na ordem, "good morning life" com dean martin e a lindíssima "i don't want to set the world on fire" do grupo vocal the ink spots. conheci essa última na voz de betty carter, que gravou a música no discaço i can't help it (impulse, 1958).

p.s.: tinha visto o curta via o sempre excelente cine anarquia (lá tem com legendas em português), mas o @danielferraz passou o link dessa versão em streaming.

segunda-feira, 22 de março de 2010

besouro X mirageman

ação não é pra gente e quando digo "a gente" me refiro a nós aqui abaixo da linha do equador, latinos e sulamericanos de sangue ou adoção. não temos maturidade técnica, industrial e de linguagem suficientes para fazer filmes populares de ação. taí um pensamento recorrente, uma daquelas "verdades incontornáveis", e filmar ação sempre foi nosso calcanhar de aquiles. pelo menos até os anos 2000. aqui no brasil, os longas cidade de deus (2002) e tropa de elite (2008), mesmo não sendo de ação propriamente ditos, trouxeram sequências poderosas e muito bem coreografadas, fotografadas, filmadas e editadas. mas nem sombra de um trabalho pensado exclusivamente para o gênero e que fosse tão bem produzido quanto cidade e tropa. então veio besouro (2009), uma aventura sobre a força da cultura negra, a mítica da capoeira e as lendas sobre um de seus fundadores, o muito real manuel henrique pereira (1895-1924). combinação explosiva de ação e brasilidade. olha aí o trailer do longa que acabou de chegar ao dvd.




após assistir à estreia de joão daniel tikhomiroff (experiente diretor de publicidade) é impossível não ficar com a sensação de que ainda não foi dessa vez, mas que um caminho próprio está sendo construído. cheio de boas soluções visuais, besouro é filme de sequências bonitas e bem construídas dentro de um todo capenga: buracos no roteiro, final que se anuncia algumas vezes antes de chegar anticlimático e protagonistas que não ajudam muito. o clima geral de fantasia acaba prejudicando um filme que seria melhor se fosse um pouco mais realista (pelo menos nas partes que não são de luta). voltando aos protagonistas, ailton carmo (besouro) e jéssica barbosa (dinorá) se esforçam, mas não conseguem conferir naturalidade aos personagens e nem a um texto que soa por vezes pomposo demais. o grande momento dos dois, e um dos melhores do filme, é a descoberta do amor que começa em forma de jogo lento de capoeira e que, aos poucos, transforma-se em carinho e tesão. mas fora isso não dá, não é o bastante.

as sequências de ação são muito bem filmadas, com coreografia do chinês hiuen chiu ku (kill bill e matrix), ágil trabalho de câmera do equatoriano enrique chediak e edição do brasileiro gustavo giani. o trabalho azeitado entre coreografia, câmera e edição são o segredo de uma eficiente sequência de ação e besouro se dá bem no trabalho (o que não lhe garante solidez, infelizmente). destaque para uma intensa luta entre besouro e o amigo-antagonista quero-quero que sai do chão e pula de galho em galho sob uma luz azulada de final de madrugada, começo de manhã. aliás, ainda é tempo de apresentar quero-quero, amigo de infância de besouro, eterno apaixonado por dinorá e eventual traidor de sua gente. é feito pelo bom anderson santos de jesus e é um dos poucos personagens melhor construídos na trama. não coincidentemente, os outros que se salvam também são os vilões interpretados por flávio rocha (coronel venâncio) e irandhir santos (noca de antônia, o capanga).

um ensinamento de besouro é que a capoeira fica muito bonita no cinema. tem balanço, flexibilidade, plasticidade e surpresas. claro que pra fazer um bom filme de ação brasileiro não é obrigatório que a luta seja capoeira, mas que é um belo jeito de se diferenciar isso é. pra finalizar, tikhomiroff fez uma ótima escolha ao chamar o trio rica amabis, tejo damasceno e pupillo pra assinar a trilha sonora. dão o toque exato de modernidade e tradição, numa roupagem contemporânea, e trazem ainda participações de nação zumbi, gilberto gil e naná vasconcelos (no canal do filme no youtube existem bons videos de making of). não consegui entender porque a trilha não foi lançada em cd. por isso coloco aqui "besouro", canção que o emicida lançou no começo desse ano, é parte do ep sua mina ouve meu rap também, e que também poderia facilmente fazer parte da trilha.

Emicida - Besouro by dafnesampaio


pouco depois de assistir besouro me deparei com um filme chileno chamado mirageman (2007) via indicação de @danielferraz. não sabia de sua existência e muito menos do diretor ernesto diáz espinosa (entrevista boa com o sujeito aqui). este é seu segundo longa. o primeiro foi kiltro (2006) e o terceiro é mandrill (2009). juntos formam uma espécie de trilogia chilena de ação urbana, contemporânea e realista. a história gira em torno de um sujeito solitário e orfão (maco gutierrez, interpretado por marko zaror). ele tem um irmão mais novo, adolescente, que enlouqueceu após presenciar o assassinato dos pais por bandidos. maco vai levando a vida morando em um subsolo, treinando artes marciais e trabalhando como segurança de uma boate mequetrefe. em um dia, meio que por acaso, vê um assalto a uma casa e decide agir. pega a máscara do primeiro meliante que derruba, sai porrando o resto e depois foge na escuridão. detalhe: a mocinha que salva é uma jornalista de tv que no jornal do dia seguinte emplaca uma matéria sobre o tal "justiceiro mascarado". ele se sente envaidecido por essa história de herói, um tanto curioso, meio com tesão pela jornalista e ainda vê seu irmão catatônico se interessar por algo após anos dentro de um quarto. então surge mirageman que enfrentará algumas missões durante o filme, com direito a algumas vitórias, derrotas humilhantes e doloridas e até a companhia de um desastrado pseudo-robin. saca só o trailer.



uma das coisas mais interessantes no roteiro muito bem costurado de mirageman é a seriedade com que trata o assunto, a ação, a trama, os personagens. não existe espaço para deboche ou histrionia. existe humor sim, ironia também, afinal é impossível não rir de uma pessoa que, no mundo real, usa uma fantasia extravagante e sai pela rua lutando contra criminosos. por exemplo, em sua primeira missão, o sujeito demora um bocado para tirar sua roupa de civil (a calça prende no sapato, etc.) e quando, após derrubar quatro marginais, volta para retomá-la a roupa foi roubada. então ele sai pelas ruas, mascarado, e tenta pegar um táxi. não consegue. acaba pegando carona com um caminhão de lixo e até ajuda a recolher uns sacos. no noticiário noturno - a tv/mídia sensacionalista e parcial tem papel importante no filme - uma matéria entrevista testemunhas dessa atabalhoada corrida do herói e dizem que seu uniforme é um tanto ridículo e efeminado. então a apresentadora manda um recado: "sr. justiceiro, se for continuar com o trabalho faça o uso de um uniforme que não faça os criminosos rirem". não tem comédia nenhuma nisso, mas tem humor, o que faz com que o longa não tenha aquela afetação militarista de hollywood. essa diferença no tom é um dos grandes achados do filme.




durante sua trajetória no filme, mirageman bate muito - é o próprio marko zaror, protagonista de todos os filmes de ernesto diáz espinosa, que faz as poderosas coreografias das lutas -, apanha bastante, é inúmeras vezes enganado (por exemplo, pela ardilosa jornalista & interesse amoroso). é o puro de princípios em meio a uma sujeira moral. assim são os heróis. e mirageman mostra mais uma vez que a vida de um herói não é nada fácil, ainda mais na vida real. com tudo isso junto, o filme chileno consegue ser entretenimento com subtexto da pesada, combinação rara no cinema popular brasileiro. fora a ótima trilha blaxploitation assinado por um tal de rocco.

de uma forma ou de outra, besouro e mirageman são prova que heróismo e ação não são exclusividade do "primeiro mundo". a gente é pobre, passa uns perrengues, precisa lidar com escroques de toda sorte e, talvez exatamente por isso, também quer sair por aí distribuindo sopapos, fazendo justiça, ou pelo menos se defendendo das injustiças. de um jeito nosso.

p.s.: mirageman não chegará por aqui em circuito comercial, ou em dvd, mas é fácil de achar nos torrents da vida, mas invariavelmente com legenda em inglês. também é possível assistir o filme todo no youtube, em 9 partes, cortesia do usuário nightmare674.

sexta-feira, 19 de março de 2010

speech debelle, três vezes

apenas dois anos mais nova que nneka, speech debelle parece bem mais nova, mais leve e pop. talvez por ser classe média londrina, vai saber. seu disco de estreia, speech therapy (big dada records, 2009) foi lançado em maio do ano passado e mesmo tendo ganho um mercury music prize as vendas não foram lá muito boas. agora, essa carinha de menina 80's esconde uma mulher decidida e speech acabou brigando e saindo da gravadora (não a divulgaram apropriadamente, disse). conheci a moça essa semana no ótimo blog stop me if you think that you've heard this one before. o disco é muito bom, recheado de rap, jazz e pop. separei 3 das 13 faixas: "spinnin", "the key" e "better days" (com participação da branquinha micachu, que ainda não ouvi).







p.s.: esqueci de dizer que a oitava faixa, "wheels in motion", tem a participação do roots manuva. belo selo de qualidade, né não?

quinta-feira, 18 de março de 2010

transglobalização e o cacete

akwaaba music é o nome de um selo que trata exclusivamente de música africana. tem sede em los angeles e seu fundador, benjamin lebrave, é francês. fiquei sabendo deles via soundcloud e foi lá que ouvi duas ótimas mixtapes. max le daron vs. killamu, é o cruzamento do repertório do dj belga max le daron (mdd party crew) com as batidas do angolano killamu no disco a minha face (akwaaba music, 2010). saca só o pancadão transglobal. as faixas dessa mixtape (que pode ser baixada aqui) são as seguintes:

1. berou & canblaster - terence hill (original mix)
2. twist it! - funky monkey (max le daron funky remix)
3. killamu - tiramakossa (remix)
4. prodigy - voodoo people (bert on beats remix)
5. ku bo - sumanita feat daniecell (daniel haaksman remix)
6. killamu - ta ndjeff
7. schlachthofbronx - avoba ft. spoek & gnucci banana (top billin remix)
8. dj n.k - msn kuduro songs
9. x-project - lorille
10. killamu - sukuma
11. izé - tronku di mundo
12. daniel haaksman - kid conga (bert on beats remix)
13. killamu - yuya
14. berou & canblaster - kapongo dance
15. killamu - flaminguinho
16. dj vielo - decale mon afrique
17. killamu - tchilu
18. dj canchola - el ritmo del acordeon
19. dj esponja - bora bora

mas fiquei curioso pra saber mais sobre killamu e no site do selo achei esse video com o produtor apresentando sua vizinhança em luanda, falando de kuduro e muito mais.

killamu: 10 years of kuduro in angola from akwaaba music on vimeo

p.s.: a outra mixtape da akwaaba music é uma homenagem aos 53 anos da independência de gana (53 for ghana).

quarta-feira, 17 de março de 2010

rimas de baixo escalão

após um fechamento acontecem coisas assim. vai vendo. tudo começou com a descoberta da música "cheira que é de pera", da pernambucana alessandra leão (que no final de 2009 lançou o belo disco dois cordões). escuta aqui.

Cheira que é de Pêra by alessandraleao

lembrei de cara dos hits populares "chupa que é de uva" e "senta que é de menta", e @humbertoperon, aqui do meu lado, disparou um "acaricia que é de lichia". não resisti a piada e coloquei no twitter. pra minha surpresa (ou não?) começaram a aparecer outras rimas igualmente ricas no uso do vernáculo. duvida?

pioneiro na corrente, @PedroSoh veio com "treme que é de creme" para mais tarde, entre risos, encerrar com "para, que eu só tenho uma vara!". @Telio_Navega, totalmente descontrolado, não conseguia parar e contribuiu com "lambe que é de inhame", "beija que é de ameixa", "chuta que é de fruta" e "pega aqui que é de açaí". aqui na redação, de gargalhada em gargalhada, @humbertoperon ainda disparou "relaxa que é de graxa" e "alivia que é de melancia", enquanto @biahschmidt soltou um "não enrola que é de acerola" e @lanog não teve pudor algum em lançar "bate que é de abacate", "fala não que é de melão" e "mata que é de jaca". mas tem mais: @seumalaquias e sua "ouve que é de couve", @miguel_andrade no espírito livre de "come que é rocambole" e @lmarsiglia com a roqueira "assopra que é de coca". finalizando veio @benett_ com a dobradinha "goza que é de manga rosa" e "uvula que é de amarula". e eu? só gerenciei a parada toda? é de minha autoria, em parceria comigo mesmo, a ululante "baixa aqui que é de kiwi". quer dizer, fim de tarde (e começo de noite) produtivo.

e você? pensou em alguma rima frutífera ou não dessa magnitude? joga aí na caixa de comentários que acrescento aqui.

atualizações: @pattoli, um pândego, mandou logo quatro na janela de comentários ("não nóia que é de atemóia", "vem pra cá que é de cajá, "dança tango que é de morango" e "não sofra que é de alcachofra"). mauricio targino emplacou a úmida "se mela que é de siriguela" e o músico china trouxe "se enrola que é de carambola". acabei de falar do assunto pra carolina, minha carolina, que se animou e soltou "sai pra lá que é de cajá", "vem aqui que é de caqui" e "passa a mão que é de mamão". e agora, putz, aparece @nagib com um trio poderosamente metalinguístico ("comenta que é de menta", "posta que é de bosta" e "publica que é de arnica").

encontros: ná ozzetti & andré mehmari

de volta ao baú. essa minha reportagem sobre o encontro da voz de ná ozzetti e o piano de andré mehmari saiu na tam magazine de setembro de 2005. a entrevista com os dois rolou na bela casa-estúdio que o pianista mantém na serra da cantareira, na parte mais verde da zona norte paulistana, e veio à reboque do lançamento do disco piano e voz (mcd, 2005). esse disco ganhou uma versão ao vivo (em cd e dvd) no ano de 2006 e depois disso ná e mehmari voltaram a centrar fogo em suas próprias carreiras. no início de 2009, e após uma bem sucedida série de shows, ná entrou em estúdio para gravar balangandãs (mcd, 2009), sua homenagem a arte de carmen miranda. já o elétrico mehmari gravou dois discos de piano solo pra série mpbaby (beatles em 2005 e clube da esquina em 2008), uma parceria com hamilton de holanda (contínua amizade, 2007), uma com gabriele mirabassi (miramari, 2009) e o autoral ...de árvores e valsas (monteverdi, 2008).

a voz de uma e o piano do outro

DE COMO AFINAR MÚSICAS E AFETOS

Tudo aconteceu muito rápido. Primeiro veio um convite do Rio Grande do Sul ao pianista André Mehmari para uma série de recitais de piano e voz com vários artistas no final de 2004. Mehmari chamou então Ná Ozzetti e sua voz. Nos ensaios ficou claro que a química entre os dois era forte demais para apenas um show e após a bem sucedida apresentação em Porto Alegre decidiram registrar o encontro. Gravado em dezembro na casa-estúdio do pianista e lançado em maio, o disco
Piano e Voz (MCD, 2005) lotou os shows de lançamento em São Paulo e surpreendentemente alcançou o primeiro lugar de vendas em lojas como a Fnac.

“Estamos apenas no começo”, ameaçou entre risos Ná Ozzetti em entrevista exclusiva. Em julho houve uma pausa no lançamento porque ambos estavam com outros compromissos. Mehmari foi ao Japão ao lado de Joyce e Dori Caymmi. Ná esteve na França pelo Projeto Pixinguinha com Jards Macalé, Dona Selma do Coco e o grupo instrumental Nó em Pingo d’Água. O segundo semestre promete shows em outras partes do país como Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte. “Acho que tanto pra mim quanto para o André esse trabalho era apenas um projeto paralelo. Só que o envolvimento acabou sendo tão grande que não encaro mais o disco assim. É um trabalho meu, tem a minha cara nele e é um trabalho do André também”, e os olhos claros da cantora paulistana faíscam de orgulho.

Mehmari não deixa a bola cair e emenda: “Temos gravados todos os ensaios que fizemos e dá para ver bem a evolução natural até chegar ao disco. Não tivemos nenhuma reunião de pré-produção, simplesmente saímos tocando e aí, numa pausa logo nos primeiros ensaios, a Ná disse que a gente precisava gravar um disco”. Em perfeita sintonia, como uma dupla afiada, Ná completa que “era uma judiação tocar apenas um dia e depois nunca mais se ver, ainda mais quando o trabalho estava ficando tão bacana”.

Um dos pontos que mais aproximaram os dois artistas foi o processo de escolha de repertório até o ponto em que, atualmente, nem se lembram direito, ou não se importam, em saber quem sugeriu o quê. “O disco tem uma coisa muito essencial... sei que sou suspeita pra falar... mas o que me agrada no disco, como ouvinte mesmo, é a sinceridade do repertório. Foram músicas que escolhemos como pérolas mesmo e acho que elas representam muita coisa pra muita gente também”, afirma Ná. Basta lembrar então que o disco traz Chico Buarque (“A ostra e o vento”), Caetano Veloso (“O ciúme”), Pixinguinha (“Rosa”), Milton Nascimento (“Os povos”), Beatles (“Because”), Ernesto Nazareth (“Bambino”, com letra de Zé Miguel Wisnik) e Lupicínio Rodrigues (“Felicidade”, misturada a duas músicas de Egberto Gismonti). Para Mehmari “este disco salta como uma obra de arte livre de clichês e convenções mercadológicas onde o encontro de afinidades de duas vozes é o tema principal”. Ambos concordam que o encontro sincero de dois afetos musicais é o motivo para o sucesso do CD e dos shows.

“No disco colocamos “Luz negra” do Nelson Cavaquinho e “Pérolas aos poucos” do Zé Miguel Wisnik, porque não conseguimos ensaiar a tempo do show. Entrou também uma inédita do André, “O vôo da bailarina”. A gente fazia no show três do Jobim e decidiu não colocar no disco porque já ia sair em um livro. Acabou que ficou só uma versão diferente de “Gabriela” porque o André fez questão. Hoje é uma das que eu mais gosto”, relembra Ná. O livro em questão é
Três canções de Tom Jobim (Cosac Naify) onde os ensaístas Lorenzo Mammì, Arthur Nestrovski e Luiz Tatit analisam três clássicos do cancioneiro de Jobim (“Sabiá”, “Águas de março” e “Gabriela”). O livro traz CD encartado com as interpretações de Ná e Mehmari.

E como entender essa química? “Temos posturas parecidas perante a música e disponibilidade de trocar idéias musicais. Muitas vezes os músicos não se permitem fazer essas interfaces musicais com outros músicos. Gosto muito desse diálogo, por isso tenho vários duos, trios, acho muito rica essa experiência. Eu e a Ná somos assim, nos preocupamos com a música”, responde Mehmari enquanto dedilha algumas notas em seu piano. Ná também possui uma resposta para tal pergunta: “Eu me identifico muito com a sensibilidade dele, com o tipo de arranjo que ele faz, o modo como ele conduz a música, tudo isso casa direitinho com o jeito como sinto a música também. Tenho universos musicais em que transito e ele não. Ele tem outros universos musicais em que não transito. Mas naquele lugar que a gente se encontrou tem muita coisa em comum e de uma forma muito forte”.

Ná Ozzetti e André Mehmari divertem-se nesse parêntese musical que a vida lhes pregou, mas não descuidam de suas próprias carreiras. Ná, que surgiu na década de 1980 no cultuado grupo Rumo e seguiu em carreira solo com discos elogiados como
Love Lee Rita (1995), Estopim (1999) e Show (2001), prepara um disco de inéditas. Já Mehmari, vencedor em 1998 ao lado do baixista Célio Barros do 1º Prêmio Visa de MPB e um dos arranjadores brasileiros mais elogiados da atualidade, termina disco com versões instrumentais para canções dos Beatles enquanto ainda colhe os louros pelo disco Lachrimae (2004). Os dois não param, nem poderiam, afiados que são.

pra encerrar o post, o video de ná e mehmari aprontando das suas em "a outra e o vento" (chico buarque), música que estava no shows, entrou no disco original e, obviamente, emplacou no dvd ao vivo. uma das melhores músicas a sair do cancioneiro mais recente de chico numa interpretação de chorar.



p.s.: lá no gafieiras tem resenhas do cd piano e voz, do dvd piano e voz e do mpbaby beatles. isso sem falar na ótima entrevista que fizemos com ná ozzetti em 2008.

terça-feira, 16 de março de 2010

imitando o branco

primeiro e excelente clipe dos whitefield brothers - grupo dos alemães jan e max whitefield dos poets of rhythm - a sair do disco earthology (now again records, 2010).

sexta-feira, 12 de março de 2010

silêncio

glauco morreu aos 53 anos. assassinado junto com o filho raoni, de 25. aconteceu de ontem pra hoje e quando a notícia saiu de manhã falou-se de assalto, mas parece que o assassino era conhecido da família e frequentava os cultos do céu de maria, igreja que glauco fundou inspirada no santo daime. mas nem uma versão e nem a outra mudam o fato de que perdemos glauco. quando soube da tragédia, ao chegar na redação, senti aquele arrepio ruim percorrendo o corpo. arrepio da morte, da dor, da surpresa dessa gratuidade toda. e logo depois os olhos marejaram, a garganta fechou e o choro veio. fazia muito tempo que não sentia isso, ainda mais por alguém que nunca conheci pessoalmente (e nunca entrevistei). mas glauco é parte da minha infância e início da adolescência nos anos 1980. é los tres amigos, a revista do geraldão, a circo, quadrinhos brasileiros, humor, tanta descoberta boa. tristeza filha da puta essa. queria falar umas coisas bonitas pra ele, pra família e amigos, mas não tô conseguindo...

fiquemos então, para sempre, com glauco.


p.s.: o universo hq está fazendo uma bela homenagem ao artista, e aqui segue uma animação feita por daniel messias com o personagem geraldão (encomenda do cartoon network).


quinta-feira, 11 de março de 2010

são paulo dubstyle

documentário sobre a cena de reggae, dub e ska de são paulo, com depoimentos do pessoal do firebug, victor rice e outros tantos.



via vinicius alves (@ostresmacacos) que também tem blog.

terça-feira, 9 de março de 2010

marli mulher, o retorno

um das primeiras postagens desse blog, pouco mais de um ano atrás, foi o video surreal de uma baiana, a marli; daqueles que se transformam em febre na internet por causa de sua bizarrice. o tempo passou, a moda passou e nunca mais ouvi falar da pessoa. aí resolvi dar uma procurada e descobri que ela lançou um disco de inéditas um mês atrás. instalações noturnas (furacu records, 2010) está disponível para downlod gratuito no site especial feito para o disco (que só existe digitalmente), e vem com 15 faixas completamente loucas, de instrumental mais sofisticado e eletrônico, além de uma marli cantando do jeito que lhe dá na telha. olha aqui o video da primeira música de trabalho, "suave peste negra" (outros clipes no canal dela no youtube).



mas marli é tão real quanto personagem, e quem afirma isso é seu "criador", o igualmente baiano antônio. é ele quem compõe as músicas, faz os videos com o pseudônimo de witched e diz, na seção faq do site, que "marli souza silva
[nascida em 12 de outubro de 1983 em ipirá] é seu nome verdadeiro completo. 'marli', o projeto, pode ser considerada um personagem em partes, já que utilizamos elementos fictícios, como entrevistas inventadas por mim, montagens, etc. por outro lado, marli empresta seu nome, voz e imagem reais para o projeto." ele a conheceu quando ela foi trabalhar de empregada doméstica em sua casa no ano de 2001. "nosso trabalho, em primeiro lugar, tem um propósito cômico e sem fins lucrativos. é comum as pessoas verem/ouvirem marli e acharem que se trata de uma alucinada querendo ser famosa, quando tudo não passa de uma simples diversão caseira. (...) uma das principais idéias é não deixar que marli, embora caseira, seja vista como uma figurinha fácil do trash. a intenção é fazer um "trash de conteúdo", fazendo músicas e letras de todos os estilos, e usando referências a vários elementos."

quem avisa amigo(a) é

p.s. em 30 de novembro de 2010: e o paraense jaime melo (@jaloo) fez um remix sensacional de "suave peste negra". escuta só.

Marli - Suave Peste Negra (Jaloo Remix) by jaloo

domingo, 7 de março de 2010

transversão #31

voltei a lembrar de lhasa de sela e aí surgiu esse transversão. é que conheci, lá no blog afrofunkybrassjazz, os italianos da banda olifante que ano passado lançaram seu disco de estreia, naturalmente chamado de banda olifante (felmay, 2009). discaço cheio de sonoridades que vão do funk ao afrobeat, do tradicional & judaico klezmer ao jazz, e quase tudo composto pelo líder da banda, o saxofonista/clarinetista stefano bertozzi. mas a faixa 8 é "los peces", música tradicional & natalina mexicana, que ouvi antes na voz de lhasa e registrada no disco la llorona (wea, 1998).

lhasa de sela - los peces by dafne47

e agora a versão rápida e instrumental criada pelos olifantes.

banda olifante - los peces by dafne47

saca só os olifantes animadinhos

espírito natalino?

procurando informações sobre "los peces", uma canção tradicional & natalina lá das bandas do méxico (e que estará no próximo transversão), encontrei essa coisa, quer dizer, esse vídeo absolutamente contagiante chamado "el burrito de belén" - ou "el burrito sabanero" ou "mi burrito sabanero" segundo comentário na página do video no youtube que também diz que a música é do venezuelano hugo blanco. ah, podem colocar essa versão na conta de alex alfaro & las voces blancas.



tô achando que esse alex alfaro (o moleque cantante) é filho do autor do vídeo, saul alfaro. tô achando.

sexta-feira, 5 de março de 2010

actione! velocitá! terrore! suspenso! romanza!

tudo começou como um trabalho de fim de ano de colegas de faculdade na austrália: o trailer de italian spiderman, um esquecido filme de ação macarrônico do final dos anos 1960. isso aconteceu em 2007 e no final do mesmo ano, o trailer foi colocado na internet e rapidamente ganhou aquela fama viral que nos bombardeia todas as semanas. o sucesso foi tão grande (segundo a página na wikipédia, pois só fiquei sabendo dessa história agorinha via blog do dj uilson) que o idealizador de toda a parada, o diretor e produtor dario russo, transformou em 2008 o trailer numa série em dez episódios divertidamente surreais, naquele mesmo esquema blaxploitation do genial black dynamite (também lembra o hermes & renato).

vai encarar?



















terça-feira, 2 de março de 2010

inteligência ao vivo

palco ou estúdio, não importa, tanto faz. a paulistana mariana aydar se vira bem em qualquer terreno com sua voz límpida, forte e cheia de balanço. um ano atrás ela lançou seu segundo disco, o excelente peixes pássaros pessoas (universal, 2009), e também se afirmou como compositora (resenha minha do disco lá no gafieiras). uma das inéditas desse disco, "beleza" (luisa maita e rodrigo campos), entrou no inaugural corjacast #0 e já foi citada aqui. mas agora acabou de sair uma ótima edição especial do disco com um dvd que traz cinco músicas registradas em um show de dezembro de 2008, dois videoclipes e um documentário. foi então que voltei a me impressionar com seu talento como intérprete e sua presença ali no cara a cara com o público (sem falar no talento dos músicos que a acompanham, gente como duani e gustavo ruiz). por exemplo, o samba "vai vadiar" (alcino corrêa e monarco), eternizado no molejo de zeca pagodinho, ganha novas e surpreendentes cores nessa versão.



o mesmo acontece em "zé do caroço" (leci brandão), que mariana gravou muy respeitosamente em seu disco de estreia,
kavita 1 (universal, 2006, resenha no gafieiras), e que agora ganha até um tamborzão envenenado e umas pitadas eletrônicas.



como diria aquele apresentador: ô loco, quem sabe faz ao vivo.