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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

o que a vida quer da gente é coragem

outro frila pedido por carol patrocínio para outra revista do grupo dasa. dessa vez foi no esquema 'perfil', o que já é algo mais próximo do que faço, e a personagem foi a santista gilze maria costa francisco, que fundou o instituto neo mama, em santos, após lutar e vencer um câncer de mama seguido de mastectomia. mulher forte, decidida e altruísta. uma grande personagem e um excelente ser humano. aí fica fácil escrever sobre... ah, os retratos de gilze foram feitas por anna carolina negri.



CONVERSAR É PREVENIR

A história de Gilze Maria Costa Francisco, enfermeira santista que superou um câncer de mama e criou um instituto para ajudar outras mulheres com informação, consultas e carinho

“O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”, escreveu Guimarães Rosa em seu Grande Sertão: Veredas. Gilze Maria Costa Francisco sentiu tudo isso na pele em 1999. Casada, mãe de uma filha e porto seguro da sua família, a enfermeira descobriu um câncer de mama em maio, foi mastectomizada em junho e entre julho e dezembro passou por inúmeras sessões de quimioterapia.

Mesmo com o apoio incondicional da família e conhecimento dos procedimentos, Gilze, hoje com 52 anos, passou por todas as fases comuns a quem recebe tamanho baque: negação, raiva, barganha, depressão e, finalmente, a aceitação. Dez meses depois da descoberta, o câncer foi embora. No entanto, a vida de Gilze nunca mais foi a mesma, para sua própria sorte e a de milhares de mulheres atendidas gratuitamente pelo Instituto Neo Mama, entidade que criou em 2002 na cidade de Santos, litoral de São Paulo.


Mas antes do Neo Mama, Gilze já vinha fazendo diferença. “Criei, ainda em 1999, o site cancerdemama.com.br durante minhas noites de insônia causadas pela quimioterapia. Fui colocando nele minhas experiências como enfermeira e como paciente de câncer”. A opção por uma abordagem mais humana e menos técnica veio naturalmente, afinal a internet daquele tempo tinha pouca informação disponível e a que existia vinha exclusivamente do lado médico. “Tudo surgiu com a vontade de fazer a diferença para mulheres que, como eu, passam pelo câncer de mama. Se eu pudesse conversar com cada uma delas, seria ótimo, mas percebi que podia mudar isso na minha região, e hoje contribuo em todo o país dando palestras, na internet e nas redes sociais. Achei que deveria haver um lugar onde fosse um porto seguro para elas, onde encontrassem respostas e, principalmente, exemplos”.

A cada mês, 200 mulheres procuram respostas no Instituto Neo Mama, que possui em sua sede no bairro santista do Boqueirão um cadastro com mais de 2500. “Isso sem falar nos familiares diretos, cuidadores e amigos, que nos procuram para saber como tratar, o que falar, como falar com elas, se suas reações aos tratamentos e situações são normais, assim como seu comportamento”.

Com o passar dos anos, o jeito tranquilo e franco de Gilze criou uma grande rede multidisciplinar de ajuda com o apoio de muitos voluntários e parcerias. O Neo Mama consegue, por exemplo, mamografias gratuitas a partir de um acordo com laboratórios que exibem propagandas em seu site. Já as consultas são batalhadas através de insistência e algumas amizades. A manutenção do Instituto vem de doações e do dinheiro arrecadado em eventos beneficentes.


Conversar, ouvir e trocar informações, muitas e repetidas vezes. É isso que Gilze tem feito desde que o câncer entrou na sua vida, mas uma descoberta pessoal ajudou e muito nesse processo: resgatar-se é fundamental, priorizar-se também. “Muitas mulheres têm medo de se tocar, de procurar médicos, de perder a mama, esquecendo-se que essa omissão pode lhes custar a vida. Ignorar o que pode nos acontecer é o que de pior podemos fazer por nós mesmas”.

Em poucas palavras, é preciso enfrentar a realidade, mas com altas dosagens de afeto. “Câncer se combate com informação, informação certa, não conversa de comadres: realidade e possibilidades, mitos e verdades, tudo preto no branco, pois não ajudamos ninguém omitindo a verdade. Existem muitas formas de falar o inevitável, e a suave, mas firme, sempre é a melhor, e tem como fazer isso. Basta ter experiência, estudo, atualização constante e compaixão pelo momento de quem está à sua frente”.

Mesmo com tanto trabalho e histórias, Gilze seguiu fazendo exames anuais para se prevenir de novos nódulos e em 2010, após uma cirurgia de redução de estômago e a perda de 65 kg, finalmente colocou uma prótese. “Não é fácil, mas cada caso é um caso, somos únicas e temos que fazer a nossa parte no tratamento. Não adianta termos os melhores médicos e hospitais se não colaborarmos e fazer o que nossa família, amigos e quem nos ama esperam de nós: comprometimento, superação e resiliência. E isso todas nós temos no nosso interior, muitas vezes adormecido”.


CÂNCER DE MAMA: CONHEÇA, PREVINA-SE

É o carcinoma mais comum em mulheres e responde por 22% do total de casos novos/ano no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Segundo o Inca houveram 52.680 novos casos da doença apenas em 2012. Os dados mais recentes de óbitos divulgados apontam que, em 2010, morreram no Brasil 12.852 pessoas devido ao câncer de mama, sendo 147 homens e 12.705 mulheres.

Os fatores de risco, tanto para homens quanto para mulheres são histórico familiar, obesidade, sedentarismo e antecedente de patologias mamárias. Estudos afirmam que boa alimentação e atividades físicas podem reduzir em até 28% o risco de a mulher desenvolver câncer de mama.

“Em termos de prevenção não se fala mais em auto-exame, pois quando uma mulher descobre o câncer de mama através dele, o nódulo já tem mais de 1,5 cm. A mamografia é o ideal no rastreamento desta doença (se houver necessidade, associada à ultrassonografia)”, explica Gilze.


fala baixinho só pra eu ouvir

já faz um bom tempo que fiz esse texto a pedido da amiga carol patrocínio, editora de revistas do grupo dasa lá na new content. uma das coisas boas de ser jornalista frila é pode passear por assuntos variados e o desafio desse texto, especificamente, foi o de ser didático e interessante ao mesmo tempo. acho que deu certo e, como sempre, o texto aqui é a minha versão original, sem revisão e edição.


AO PÉ DO OUVIDO

Em tempos de MP3, saiba como se prevenir dos excessos de barulhos e do mau uso de fones

Impossível viver em qualquer cidade, grande, média ou pequena, sem ser bombardeado diariamente por estímulos sonoros dos mais variados: buzinas, carros de som, promoções em lojas populares anunciadas por megafones, sirenes, bate estacas e por aí vai. Mas esses barulhos são externos e apenas parte do problema. E os que criamos para nós mesmos a partir do uso de aparelhos de entretenimento portáteis colados nos ouvidos?

Médicos otorrinos vêm alertando que a diversão em altos brados proporcionada hoje por iPhones, smartphones, tablets e iPads podem facilmente criar sérios problemas auditivos em seus usuários no futuro. Até mesmo perda de audição permanente. “A maneira como esses aparelhos têm sido usados, sem controle e informação, pode realmente criar uma geração de futuros surdos”, afirma sem meias palavras o Dr. Ricardo Ferreira Bento, professor titular de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da USP.


Entre tantos cuidados com a saúde necessários nos dias de hoje, o auditivo parece de menos importância. Porém, segundo relatório divulgado em março deste ano pela Organização Mundial da Saúde (OMS) cerca de 360 milhões de pessoas no mundo sofrem de perda de audição, sendo que aproximadamente 15 milhões apenas no Brasil (uma das três deficiências mais comuns no país). É uma importante questão de saúde pública, certamente, mas os especialistas também concordam que é muito fácil se prevenir. “Os fones de ouvido podem ser usados desde que se escute em um nível sonoro médio de aproximadamente 85 db [decibéis]. Até esse volume é possível usar pelo tempo que quiser. Acima disso o tempo vai decrescendo conforme o nível de exposição. A 100 db, por exemplo, tem que ser no máximo 30 minutos por dia”.

Esse limite de decibéis mencionado pelo Dr. Ricardo equivale a ouvir músicas (ou filmes, programas de TV, etc.) com o volume até a metade. Também é importante nunca ouvir o som tão alto a ponto de não saber o que está acontecendo ao seu redor e jamais dormir com o fone no ouvido. Outra recomendação é que se dê preferência aos modelos supra aurais por serem menos nocivos que os fones de inserção (aqueles que entram no canal auditivo). E, claro, fazer um exame de audiometria pelo menos uma vez por ano.


A regularidade do exame é importante porque a perda auditiva é um problema progressivo e que só é percebido a médio/longo prazo. “Existem cinco sintomas básicos associados a patologias do ouvido. A perda auditiva é um deles, sendo que no início a pessoa passa a ter certa dificuldade de entender as palavras em ambientes com ruído. Mas também é preciso estar atento a zumbidos, tonturas, dores ou sensação de ouvido cheio”.

Todo esse cuidado preventivo poderia ser facilitado se houvesse uma lei no Brasil que regulamentasse o limite máximo de decibéis transmitidos pelos fones (existem aparelhos que chegam a 130 db). O limite europeu é de 100 db, considerado razoável pelos especialistas daqui. “No entanto, um problema adicional é que nem todos os aparelhos têm ajustes iguais, portanto o usuário deve consultar o manual para ver qual o nível de volume. Muitos equivalem ao som de uma turbina de avião em decolagem ou de uma britadeira e, consequentemente, são extremamente prejudiciais ao ouvido”.


Ainda no quesito que mistura entretenimento e volume alto, outro acontecimento preocupa os otorrinos: as baladas em casas noturnas. Tanto os usuários quanto os funcionários desses lugares estão sujeitos, sem perceber, a uma longa e constante agressão sonora. A solução pode parecer frustrante, mas segundo o Dr. Ricardo Ferreira, “não há como se preservar nesses casos. Com o tempo a pessoa que frequenta muito essas baladas terá problema de audição e/ou zumbido. A única medida preventiva é usar protetor auricular nos ouvidos”.

Enquanto regulamentações e controles de gerações de ruídos em equipamentos e ambientes não são postos em prática, o jeito é se cuidar por conta própria para deixar tudo soando bem aos ouvidos.

terça-feira, 9 de abril de 2013

subir mais, subir além

agora em abril saiu minha primeira colaboração pra tam nas nuvens (escrevi um tanto bom para a antiga tam magazine). a pauta veio deles, mais precisamente de augusto olivani, e foi bacana saber que fui chamado porque eles queriam alguém que contasse bem uma história (no caso, a desse jovem piloto paulista e seu recorde de volta ao mundo). a entrevista com walter toledo aconteceu em um restaurante de rodízio perto do campo de marte, pouco depois das fotos que claus lehmann tirou para a revista, o que ajudou a criar um ambiente divertido pra história se desenrolar (e, como sempre, a versão aqui está maior que na revista, sem revisão e coisa e tal). mas então, depois que entreguei o texto, uma ótima surpresa: chamaram o bróder daniel almeida, autor do header do blog, para fazer uma ilustração para a matéria. 



NA VOLTA QUE O MUNDO DÁ

A história da jornada de Walter Toledo, o piloto paulista que entrou para o Guiness como o mais jovem a dar a volta ao mundo em um monomotor; e em menos tempo também


A pista do Campo de Marte, em São Paulo, está pegando fogo. É um sábado de verão e faz aquele tipo de calor que nem chuva ameniza. No meio desse cenário, e com uniforme de piloto, Walter Toledo ouve com atenção as indicações do fotógrafo para os retratos que ilustram essa matéria. Vai um pouco mais para a direita, um pouco para a esquerda, levanta o rosto e depois abaixa, coloca um chapéu de boiadeiro, alterna com um capacete, sobe no avião, e desce, e sobe, e fica ao lado, sempre acompanhado de óculos escuros. “É mais difícil ser fotografado que voar”, confessa entre um clique e outro. E olha que esse garoto de apenas 21 anos já foi protagonista de uma aventura aérea e tanto.

Entre julho e agosto do ano passado, Toledo deu a volta ao mundo e entrou para o Livro Guiness dos Recordes como o piloto mais jovem a fazer tal feito em menos tempo e com um monomotor. O recorde anterior, de 2007, era do jamaicano Barrington Irving, que tinha 23 anos na ocasião e fez a viagem em pouco mais de 90 dias. Toledo estava com 20 anos e completou o trajeto em 49 dias. “Se não tivessem acontecido dois problemas, a volta ao mundo poderia ter sido feita em 30 dias, mas de qualquer forma abaixou bem, né?”, explica sem falsa modéstia e com um forte sotaque do interior de São Paulo, mais precisamente de Lins, cidade a 429 km da capital.

Bastante seguro para tão pouca idade, Toledo sempre soube que iria voar. Nasceu sabendo, diz. “Meu avó foi piloto no passado, então sempre teve essa coisa de voar em casa. Só fiquei esperando ter a idade obrigatória para começar o curso teórico. Entrei com 16 anos, até um pouquinho adiantado. Em um ano, um ano e meio, a pessoa já está formada”. Durante e após a parte teórica, o jovem piloto se submeteu a horas e horas em simuladores e muitas outras de voo até conseguir sua habilitação pela Faculdade de Aviação Civil.


“Sempre convivi no meio, então desde cedo já perguntava e queria saber como as coisas funcionam. Tinha mais ou menos noção de tudo, não teve muita novidade”, mas não esconde certa frustração por seu plano inicial não ter dado certo. Também desde cedo quis voar em caças militares, só que ficou sabendo tarde demais que existia uma idade limite para entrar na Academia Preparatória de Cadetes do Ar, a porta de entrada para a Força Aérea Brasileira. Quando viu, já era. “Ficou uma sensação de vazio, mas tem que tocar a vida. Não tem caça pra voar? Vai voar em outra coisa então. Voar ainda é o mais importante”.

A essa altura, as fotos já tinham sido feitas e o jovem piloto estava com uma fome de anteontem. A decisão mais rápida era ir a um rodízio perto do Campo de Marte e lá fomos todos, incluindo os avós do piloto, Walter e Elba. Entre picanhas no alho e maminhas na manteiga, Toledo contou do momento de virada quando leu uma matéria sobre a volta ao mundo do jamaicano. Viu que era um recorde possível de ser batido, que a família era sócia de uma empresa que possuía um monomotor, e embarcou com tudo nessa aventura. “Do surgimento da ideia até o dia em que parti foram cinco meses”.

Mas antes do avião decolar, então batizado como Piper Malibu Matrix, as outras cinco pessoas envolvidas no projeto “Brasil Voando Alto” ainda precisaram ralar bastante para enfrentar alguns obstáculos: o patrocínio, o seguro e a compra de combustível na Rússia (afinal, o país tem uma legislação que não permite comercialização para aviões particulares). Todos foram resolvidos a tempo, porém no dia da partida a empresa russa responsável pelo combustível desistiu do negócio. Só que era impossível recuar com o sonho do recorde tão próximo e Toledo partiu, deixando o pessoal “de terra” cuidando dos enroscos russos.


A rota inicial foi a seguinte: saída de Goiânia rumo a Miami, local do início da contagem, com passagens pelas ilhas de Granada e Porto Rico, no Caribe; depois rumo ao Canadá pela costa leste norte-americana, Groenlândia, Escócia, Inglaterra e Alemanha. “Esse avião não tem radar meteorológico, então era só no visual e com cartas de navegação, bússola e cronômetro. Por mais que planejasse você só ia ver o tempo ruim em cima da hora. Esse foi sempre um problema, principalmente sobre o mar”. Uma das partes mais complicadas da viagem foi justamente a travessia pelo Atlântico Norte, mas nada se aproximaria do tormento que aconteceria na longa passagem pela Rússia.

Quando chegaram à Alemanha tudo estava certo com o combustível para o resto da viagem. Porém o governo russo só permitiu quatro aterrisagens e pelo planejamento, a partir do desempenho da aeronave, seriam necessárias sete. A saída foi instalar um novo tanque de combustível e isso precisou ser feito na Escócia. Este foi o primeiro atraso, só incômodo pela burocracia. O segundo foi mais sério, porque potencialmente fatal, pois um grande vazamento de óleo do avião em pleno voo obrigou uma aterrisagem forçada em Yakutsk, considerada a cidade mais fria do mundo, na Sibéria Oriental.

Enquanto o avião era consertado, Toledo foi surpreendido com o convite para falar do projeto “Brasil Voando Alto” e das relações entre países no Fórum dos Jovens do Leste da Rússia. “Como sabia que tinha muitas paradas no país fiz um curso intensivo de russo. O que não entendiam em inglês eu complementava no russo e vice-versa. Mas taí outra coisa que foi mais difícil que voar. Comecei a falar da viagem, mas eles queriam saber de outras coisas porque são muito ligados em política”, e o raciocínio do ainda faminto piloto foi interrompido pela oferta de um camarão com catupiry.


“Aí falei coisas como o Brasil e Rússia são países emergentes e que se a gente se unir acaba ganhando muito mais. Falei que eu mesmo comprava fertilizante russo pra jogar no pasto pras minhas vacas comerem e depois vender a carne de volta pra Rússia... compro nada, tava inventando [risos]. Mas falei que era esse tipo de parceria que a gente deveria fazer em muitas áreas”, e novamente ri ao lembrar-se da nova surpresa com uma fila de mais de 100 pessoas querendo seu autógrafo. “Ah, falei que não era jogador de futebol, nem dançarino, nem cantor, e que eles podiam ir embora”.

Após sair da Rússia, o monomotor atravessou o gelado Mar de Behring e entrou no Alaska, passando depois pelo Canadá e chegando aos Estados Unidos em Salt Lake City. A última surpresa da viagem aconteceu nos últimos 100 km quando Toledo foi informado que o devastador Furacão Isaac estava se aproximando de Miami. A única saída foi um voo baixo e arriscado pelo gigantesco Parque Nacional Everglades. O resto foi festa, muita festa.

“Vi muita coisa lá de cima. O Caribe é muito, muito bonito. Água clarinha, dá pra ver o chão do mar. O Alaska, a Groenlândia, o sol da meia noite na Islândia, é uma coisa de louco o tanto de coisa bonita que tem no mundo”. Ao total, o projeto “Brasil Voando Alto” percorreu 11 países, aterrissou em 36 aeroportos e consumiu 8540 litros de combustível, cruzando todos os meridianos da Terra. Sobre novos desafios ainda não sabe, mas tem certeza que serão no ar.