quinta-feira, 30 de agosto de 2012

era uma vez uma revista de música

e taí o documentário bizz - jornalismo, causos e rock and roll. feito no esquema às próprias custas s/a, o curta de 25 minutos dirigido por almir santos e marcelo costa (scream & yell) tem edição e áudio irregulares. a parte visual também é meio capenga e nem aparecem tantos causos assim, mas é um bom registro da história de uma publicação imprescindível para o jornalismo musical brasileiro. fui leitor assíduo da lendária e primeira fase nos anos 1980, passei batido pela fase showbizz nos anos 1990 e voltei a ler e, finalmente, colaborar na última fase em meados dos anos 2000. o documentário segue mais ou menos a mesma lógica de importâncias (maior parte nos anos 80, depois anos 2000 e alguma coisa meio vaga nos anos 90). 

é bacana ver mais claramente as relações de vida e morte da revista em paralelo com o mercado musical brasileiro. nos anos 80, o apaixonado e jovem jornalismo musical feito em são paulo (alex antunes, bia abramo, etc.) em choque, pro bem e pro mal, com o pulsante e nascente rock br. a tentativa, ao fim irrelevante, de dialogar com a lógica do mercado dos anos 1990. e, finalmente nos anos 2000, o interessante encontro de várias gerações de quem fez a bizz com uma novos jornalistas, alguns surgidos já na internet, com o mundo musical descentralizado da rede e a indústria fonográfica em ruínas.



minha contribuição para a bizz nessa última fase, capitaneada por ricardo alexandre, foram fotos de shows do premiata forneria marconi e do negritude jr. (com participação dos racionais, sampa crew, etc.), um texto não publicado sobre a trilha que marcos valle fez para o fabuloso fittipaldi e uma reportagem que muito me orgulha, "conexão entre morro e asfalto".

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

cantando caetano

entre ontem e hoje fui ouvindo o recém-lançado a tribute to caetano veloso (universal) e soltando no twitter minhas impressões (pessoais, muito pessoais). acabei reunindo aqui no esforçado porque, afinal de contas, tudo vale a pena. os textinhos, ligeiramente revisados, estão na ordem das faixas e o saldo final do disco de homenagem ao setentão caetano veloso é bastante positivo, mesmo que irregular como qualquer tributo. vamos lá...


ousado o magic numbers escolher "you don't know me". ficou pop-rock normal em inglês e meio bunda no brasileiro com sotaque. magic numbers é fraquinho. são hippies docinhos nas suas próprias músicas, mas não tem estofo pra fazer cover de nada maior que eles.

céu e fernando catatau mandando ver em "eclipse oculto". tudo lindo, oitentista, mas achei esquisito e errado o efeito na voz da céu.

a faixa 3 é chrissie hynde junto com moreno, kassin e domenico...versão linda linda de "the empty boat". anos de estrada fazem diferença... chrissie hynde entende a música e a toma pra si, coisa que o magic numbers não conseguiu.

mas anos de estrada também enganam. mutantes (ou melhor, sérgio dias apenas) esculhambam a originalmente chata "london, london".

beck fez uma versão boa, correta, de "michelangelo antonioni", uma daquelas pouco conhecidas do baiano. mas não anima.

e jorge drexler, bem intencionado e com sotaque, faz boa versão de "fora da ordem", mas dá uma vontade de pular de faixa.

"de manhã" em versão bossinha rocker noisy muito boa comandada por marcelo camelo e hurtmold. ficou linda, uma das melhores.

bem confuso "quem me dera" com devendra banhart, rodrigo amarante e mais um monte de citações de outras músicas de caetano. faltou alguma concisão.

linda e triste "alguém cantando" com o momo. impressionante como a música parece que é dele e não do caetano.

uh, luisa maita, kiko dinucci, rodrigo campos & cia fizeram uma versão movimentada e interessante de "trilhos urbanos".

e caímos no fado com ana moura e uma bonita e dolorida (obviamente) versão de "janelas abertas 2".

uma das mais fodas músicas de caetano, "da maior importância", ganhou versão rascante, brincalhona e ótima por tulipa ruiz (que já cantava a música em shows).

tenho problemas com "força estranha" e na versão em espanhol - feita por miguel poveda - ela parece ainda mais cafona. puxado.

suingante e gostosinha a "qualquer coisa" de qinho (e sua voz parece um pouco com a do baiano). teclados e baixo espertos.

curioso o encontro de seu jorge, toninho horta e arismar do espírito santo, mas é que acho "peter gast" bem chatinha.

e o disco encerra com mariana aydar, duani e letieres leite numa bonita, mesmo que um pouco séria demais, versão de "araçá blue".

atualização caetânica: depois fui ver com calma de quais discos e épocas foram pinçadas as músicas do tributo. como era de se esperar das 16 faixas, 9 vieram da década de 1970, a grande era produtiva de caetano. na sequência, lá longe, vem a década de 1960 (3 músicas), a de 1980 (2) e, empatados, os anos 1990 e 2000 ("fora de ordem" e "michelangelo antonioni", respectivamente). houve uma interessante pulverização dos discos-fonte e, curiosamente, apenas um teve duas músicas escolhidas ("eclipse oculto" e "peter gast" vieram de uns, 1983). 

das 16 faixas, 6 não foram cantadas originalmente por caetano. "de manhã" ganhou de cara interpretações de wilson simonal e maria bethânia em 1965 e caetano nunca a gravou. bethânia gravou originalmente "janelas abertas 2" em 1971 e no ano seguinte a música apareceu no disco caetano e chico - juntos e ao vivo, mas quem cantou foi chico (caetano também nunca a gravou). gal foi a primeira a registrar "london, london" (legal, 1970) e "da maior importância" (índia, 1973) e só depois caetano fez das suas. "força estranha" foi composta especialmente para roberto carlos, que a registrou em seu disco de 1978 (caetano só fez o mesmo em zii & zie - mtv ao vivo, 2011). e, por último, "quem me dera", originalmente gravada pelo tamba trio em 1966 e um ano depois por caetano no disco domingo, aquele que dividiu com gal.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

você quer um coração tonto?

que fase essa de clipes nacionais, que fase... depois de todos esses que saíram em julho – e que coloquei nas postagens “crítica social no balanço”, “a postos” e “sonhos legais e ilegais” – teve márcia castro & hélio flanders (“29 beijos”), madrid (“sad song”), banda gentileza (“quem me dera”), super stereo surf (“clipe vertical”) e agora surgiu “valete”, do primeiro disco solo de lirinha (ex-cordel).



a direção é de lírio ferreira, em parceria com natara ney, e participam ângela ro ro e otto, as vozes que acompanham lirinha nessa música absurdamente bonita. detalhe: lírio ferreira, que dirigiu longas como baile perfumado e árido movie, também esteve esse ano atrás das câmeras do clipe de “passione”, de junio barreto.