essa foi difícil. não sabia o que escrever, não conseguia pensar em nada. um tanto bom disso foi resultado de uma semana infernal com dentes doendo, minha arcada dentária se vingando após anos de descuidos. acabei apelando para um texto mais na primeira pessoa, claro que tentando sempre manter aquela linha com os temas principais da ultrapop. de nada adiantou e esse "classe econômica, ida e volta", sobre viagens, aprendizados, alteridade e aeroportos-rodoviárias, passou em brancas nuvens pelo yahoo. totalmente diferente do atual, "pra cima, com raiva", que tratou da ocupação e desocupação na usp, filhinhos e não-filhinhos de papai, no qual voltei a ser odiado (nos comentários) e amado (nos 'likes' do facebook) em grandes quantidades.
CLASSE ECONÔMICA, IDA E VOLTA
Vou pedir licença para fazer uma coluna um pouco diferente das outras, um tanto mais pessoal. Tentarei não aborrecer ninguém. Será uma coisa assim sobre viagens, sobre fugir do universo umbigo e depois voltar.
Acho que uma das melhores coisas de viajar é colocar sua vida (e sua cidade, seu país, tudo que o cerca cotidianamente) em perspectiva. Não lembro quando tive a primeira consciência de que existia um mundo grande além da minha cidade natal (Fortaleza), mas sei que foram os mapas – muito mais que a TV e o cinema e sua ilusória proximidade – que me fizeram ver que existiam outras cidades, várias muito distantes, com outras pessoas vivendo mais ou menos como eu mesmo.
Em cada um daqueles pontinhos se reuniam pessoas andando de carros, fazendo sexo, chorando, morando juntas, embalando bebês, pedindo água sem gás e sem gelo, por favor. Tive a certeza disso quando me mudei, aos 9 anos, para o Rio de Janeiro (e depois Ribeirão Preto e então, finalmente, São Paulo). Mas porque diabos tanto blábláblá em um espaço que deveria tratar de comportamento e cultura popular?
É que eu estou querendo falar de viagens, mais especificamente de viagens para o exterior, e que são uma coisa nova pra mim, tá entendendo? Uns três anos atrás fui para Buenos Aires, mas só em 2010 tirei passaporte e comecei a carimbá-lo por algumas capitais europeias. Isso mesmo, sou filho orgulhoso dessa era brasileira na qual os aeroportos se tornaram acessíveis a mais pessoas (ah, e se você já ouviu a expressão “que horror, os aeroportos estão parecendo rodoviárias” tenha certeza que a pessoa que falou é um(a) idiota).
Olha, viagem ao exterior tem que ser uma lição de humildade. Temos que aprender a nos comunicar novamente, é quase uma volta a infância, e tudo que temos como certo pode virar de cabeça pra baixo. Em um país não se brinda com cerveja, em outro homens andam de mãos dadas e assim por diante. E é isso. Você está indo para outro país para ver coisas novas, para aprender, e não para procurar o que tem de sua cultura em outra (depois você vê isso e também pode ser legal, mas é outra história). Se ninguém é dono da verdade em casa, imagine em terras estrangeiras.
Por isso obedeço cegamente um dos nossos mais sábios ditados populares: “em terra alheia, pise no chão devagar”. E esse tipo de aprendizado, o do respeito e atenção ao outro e sua cultura e costumes, é coisa que se leva para o dia-a-dia. Não adianta falarem que no Brasil faltam mais leis e punições, mais família, mais Jesus. Tudo bobagem. O que falta é respeito, olhar pro outro e viajar mais.
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