segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

65 discos brasileiros de 2015

já rolaram os discos e músicas gringas de 2015, então agora é a vez de falar daqui, de listar o que mais gostei do que ouvi aqui: artistas novos se firmando, iniciantes cheios de gás e voz, medalhões inquietos, um pouco mais da nossa costumeira efervescência musical. acabei fechando a minha lista [sempre e cada vez mais] inclusiva com 65 discos, mas destacarei 17 que estiveram mais muito mais próximos. pra facilitar minha vida separei esses 17 em 3 blocos: os raps, as mina e os mano.

ogi, emicida, instituto, black alien, bnegão, síntese & cia

os rap – tal e qual a gringolândia, o rap também é no brasil o gênero que tem mostrado mais originalidade, mais vontade de falar de assuntos diversos e urgentes, e de se misturar sem medos. isso, claro, não é de hoje, mas seis discos lançados este ano são prova clara que o rap brasileiro cresceu de uma forma absolutamente inequívoca. por exemplo rá!, o segundo disco do grande cronista paulistano rodrigo ogi, que é um passeio veloz e afiado pelos humores da cidade. e tem ainda samba e muita vida, e ocasionalmente sangue, em suas rimas. já sobre crianças, quadris, pesadelos e lições de casa, de emicida, a grande jovem estrela do gênero, é uma maravilha de diversa atualidade: é família, pop, pesado e ativista, tudo ao mesmo tempo, e com uma delicadeza e equilíbrio de dar inveja a muito veterano. 

transmutação e babylon by gus vol. II, dos contemporâneos, cariocas e ex-companheiros de planet hemp, bnegão e black alien, são produções extremamente bem acabadas, divertidas e com pegada [e como é bom ver e ouvir black alien de novo].

a volta do instituto, após 14 anos de sua estreia, com violar é outra prova de como o rap se tornou predominante e incontornável. até as músicas instrumentais do disco parecem rap, mas como se isso não bastasse, tem criolo, bnegão, karol conká, sombra e uma linda pérola póstuma de sabotage.

então, pra finalizar esse bloco de rap, um trabalho que entrou aos 48 do segundo tempo, síntese, akilez, kiko dinucci e thiago frança. encontro poderoso e ofegante esse do rapper de são josé dos campos com o produtor curitibano, o guitarrista guarulhense e o saxofonista mineiro [nada mais paulistano que isso]. síntese continua firme com um dos rappers mais originais da atualidade, apesar dos arroubos religiosos [ou devido a eles?].

elza, gal, alessandra, karina, letuce e tulipa

as mina – duas veteranas abrem esse bloco com discos absurdos de lindos. a mulher do fim do mundo é o encontro de elza soares com composições e músicos muito atuais e de são paulo. é trabalho poderoso, negro, rasgado, torto, sexual, melancólico e surpreendente. estratosférica é gal costa tinindo em delicadezas e com repertório também todo de inéditas. duas grandes mulheres artistas inquietas e atentas.

a jovem guarda feminina tem um tanto de pernambuco via são paulo com selvática, o mais regular e bonito disco de karina buhr, e os fortes e carnais eps aço e língua de alessandra leão [karina e alessandra foram companheiras de comadre fulozinha]. tem também rio de janeiro com estilhaça, o terceiro disco de letuce e que traz a cantora e compositora letícia novaes ainda à flor da pele, mas também conseguindo ser menos estritamente confessional e mais universal. pra encerrar o bloco, dancê, o mais recente, alegre e solto trabalho de tulipa ruiz.

jaloo, siba, lira, cidadão instigado e rodrigo campos

os mano – a grande surpresa deste ano, entre os manos, foi o #1 de jaloo. conhecido por seus remixes tecnobregas, o paraense fez um belíssimo, doce e dançante disco autoral. gosto de jaloo tem tempo, mas realmente não esperava um disco com tantas músicas tão bonitas. no mais, os feras de sempre aprontando mil e uma confusões: fortaleza, o quarto disco do cidadão instigado, é o que existe de melhor e mais pulsante no rock nacional; de baile solto do siba tem pernambuco, áfrica, guitarra e muitas outras coisas tão boas quanto; o igualmente pernambucano lira lançou seu segundo disco solo, o labirinto e o desmantelo, e sua poesia está cada vez mais apurada e dolorida; por último e não menos importante, o delicado conversas com toshiro, terceiro e mais maduro disco de rodrigo campos.

aqui, a lista completa com os 65 discos:

aláfia - corpura
alessandra leão – aço/língua EPs
amplexos - sendeiro
andreia dias - prisioneira do amor
as bahias e a cozinha mineira - mulher
barbara eugênia - frou frou
bixiga 70 - III
bnegão & seletores de frequência - transmutação
boogarins - manual
cícero - a praia
cidadão instigado - fortaleza
daniel groove - romance pra depois
diogo strausz - spectrum vol. 1
eddie - morte e vida
fabio góes - zonzo
frito sampler - aladins bakunins
gal costa - estratosférica
gui amabis - ruivo em sangue
hélio flanders - uma temporada fora de mim
iconili - piacó
instituto - violar
jaloo - #1
juçara marçal e cadu tenório - anganga
karina buhr - selvática
karine alexandrino - mulher tombada
letuce - estilhaça
liniker - cru EP
mariana aydar - pedaço duma asa
metá metá - metá metá EP
ná ozzetti e zé miguel wisnik - ná e zé
ná ozzetti & passo torto - thiago frança
odair josé - dia 16
orquestra brasileira de música jamaicana - obmj ataca!
orquestra raiz - as américas
pélico - euforia
qinho - ímpar
rafael castro - um chopp e um sundae
raphão alaafin - eu gosto
rodrigo campos - conversas com toshiro
rodrigo ogi - rá!
romulo froés - por elas sem elas
silva - júpiter
space charanga - r.a.n. (rhythm and noise)
thiago ramil - leve embora
trupe chá de boldo - presente
tulipa ruiz - dancê
vicente barreto - cambaco
vitrola sintética - sintético
wado - 1977
zé manoel - canção e silêncio
zé pi - rizar
síntese, akilez, kiko dinucci & thiago frança

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