dose dupla na edição de dezembro da Monet. de um lado, Taylor Swift (que acho que não colocarei aqui). do outro, um novo filme sobre Sílvio Santos. em Silvio Santos Vem Aí!, Leandro Hassum encarna o lendário comunicador durante a estranha, oportunista e mal sucedida tentativa de se candidatar à presidência (na primeira eleição democrática para o cargo desde o fim da ditadura). peguei aspas de Hassum e da co-protagonista Manu Gavassi de um material divulgado para a imprensa, mas entrevistei a diretora Cris D'Amato. o resultado tá aqui.
É NAMORO OU AMIZADE
Silvio Santos Vem Aí! traz Leandro Hassum como um dos maiores comunicadores brasileiros em sua tentativa de se tornar Presidente da República
Quando Silvio Santos morreu em 17 de agosto de 2024, aos 93 anos, seus
milhões de fãs não puderam velá-lo. É que uma das figuras públicas mais
conhecidas da história brasileira quis que sua morte fosse um momento tão
íntimo da família como foi sua vida pessoal. Ele sabia também que sua voz, seu
humor e seu poder de comunicação permaneceriam vivos e que assim, e somente
assim, gostaria de ser lembrado. Mas não custa imaginar o que existe por trás
da máscara e é justamente isso que faz Sílvio Santos Vem Aí!, protagonizado
por Leandro Hassum e lançamento do mês na Claro.
“Ninguém nunca
viu o Silvio Santos entre quatro paredes na casa dele. Como era o Silvio
Santos? Como ele falava com as suas filhas? Como ele falava com a sua esposa?
Porque o que a gente tem é o que a gente viu gravado. Então, o Silvio, na sua
intimidade, é uma incógnita, e aí ele virou uma personagem de ficção para a
gente. Acho que o Silvio merece muitos filmes, muitos recortes, porque a vida
dele é muito rica”, explicou a diretora Cris D’Amato.
Especialista
em comédias de sucesso para o cinema tais como SOS – Mulheres ao Mar (1
e 2), A Sogra Perfeita (1 e 2) e Pai em Dobro, D’Amato foi
apresentada ao projeto pela produtora Verônica Stumpf em 2019 e a princípio
pensou em não aceitar porque achou que era pouco tempo para muita vida. Então, para
desanimá-la ainda mais, apareceu um outro longa (Silvio, com Rodrigo
Faro, que seria lançado em 2020, mas por causa da pandemia só foi em 2024) e
uma série (O Rei da TV, com José Rubens Chachá, que teve duas temporadas
em 2022 e 2023). Só que o recorte da vida de Silvio Santos escolhido
pelo roteirista Paulo Cursino era bom demais para deixar passar.
QUEM QUER DINHEIRO?
O ano é 1989 e Silvio Santos já era o lendário comunicador e empresário
que todos conhecemos. A voz, o deboche, o começo como radialista, os programas
de auditório na TV, o Baú da Felicidade do ex-camelô, o dono de concessões de
emissoras de TV (dadas pelo presidente Ernesto Geisel em meados da década de
1970, durante a ditadura militar), o programa ufanista ‘Semana do Presidente’
(um agrado ao General Figueiredo, o último presidente militar), tudo de Silvio
Santos já existia em 1989.
Então, meio que do nada, Silvio anunciou que iria se candidatar à
Presidência da República a pouco mais de duas semanas antes do primeiro turno
da primeira eleição para presidente após o fim da ditadura. A história de Sílvio
Santos Vem Aí! pega o personagem nesse momento. “É um recorte pouco conhecido do público, o dessa
época. Os bastidores do programa, as motivações políticas, como é a família e
ele na intimidade, tudo vai sendo descoberto para o espectador pela personagem
da Manu Gavassi, que é uma diretora de marketing que vai assessorá-lo na
campanha. E aí, nos
encontros dela com ele, a gente vai descobrindo um pouco da vida do Silvio
Santos”, diz D’Amato.
Marília, a personagem de Gavassi, funciona como o espectador que vive
se equilibrando entre a desconfiança e o encantamento em relação a Silvio. “Achei
muito curioso quando esse convite chegou a mim porque não tenho nenhuma relação
com ele. Mas depois li o roteiro e entendi que a personagem tinha esse perfil
questionador e curioso, que acho que as pessoas veem muito em mim também. Ela
não estava convencida sobre o Silvio e sempre com respeito e profissionalismo
ousava questionar as atitudes e intenções dele”, afirmou a atriz em material
divulgado para a imprensa.
QUER PEDIR AJUDA AOS UNIVERSITÁRIOS?
Já Leandro Hassum, o protagonista, tem muitas lembranças de Silvio
Santos. Por exemplo, tinha 16 anos em 1989 e aquela eleição presidencial também
foi sua primeira, então lembrava de todo o quiproquó da candidatura, da
empolgação à frustração. Mas recordava, acima de tudo, do carisma do apresentador
saltando da telinha toda santa tarde de domingo.
“Nunca imitei o Silvio Santos, nunca usei essa ‘arma’ para a minha
comédia, porque, afinal de contas, sou ator e não imitador. Então, tentei pegar
o espírito dele, o espírito da animação, o jeito do apresentador, e trazer para
perto no gestual, no caminhar, na postura, a maneira de se comportar. E isso
foi me trazendo o Silvio Santos, pela interpretação mesmo, o que acabou
ficando, a meu ver, uma grande homenagem a ele”, confessou Hassum no release do
filme.
É que todo mundo acha que sabe imitar o Silvio, e justamente por isso o
ator resolveu fazer o caminho inverso e a partir da preparação corporal que a
voz do personagem surgiu. “Quando faço um personagem fictício, posso usar
minhas cartas na manga da comédia e tudo mais. Quando interpreto uma personalidade
que realmente existiu, e com a proporção e o tamanho do Silvio, tenho que
respeitar isso. Não dá para improvisar e fazer com que o público esqueça que
estou contando a história do maior comunicador do Brasil”.
QUAL É A MÚSICA?
O comprometimento de Hassum foi tão grande que a diretora Cris D’Amato
não passou um dia no set sem se impressionar. “Acho o Leandro muito próximo ao
Sílvio no que diz respeito à composição da personagem. Era assustadoramente
parecido, dava até nervoso”, diz rindo.
Para confirmar sua impressão sobre a caracterização de Hassum, D’Amato
resolveu pedir então que, na hora de contratar a figuração, chamassem pessoas
que participavam das caravanas que iam ao programa de Silvio Santos. O
resultado foi uma torrente de emoções para todos os envolvidos. Hassum relembra
que “foi muito impactante quando entrei em cena como Silvio e vi muitas pessoas
chorando porque tiveram a sensação de estar vendo novamente o Silvio ali. Uma
senhora chegou a me pegar pelo braço e me disse “estou te vendo aqui, estou
pegando na mão do Silvio Santos”. Foi um momento de arrepiar e agora, só de
falar, arrepio novamente”.
Por essas e outras emoções que tanto a diretora Cris D’Amato quanto o
ator Leandro Hassum fazem questão de frisar que Silvio Santos Vem Aí! não
é uma comédia, mesmo que ambos sejam conhecidos por terem produzido alguns dos
filmes mais populares do gênero no país nos últimos anos.
“Isso mesmo, realmente não é uma comédia, mas existem passagens muito
engraçadas. A partir do momento em que o filme chega ao domingo, que era o
domingo inteiro dele, a gente vai permeando o filme com momentos divertidos com
Domingo no Parque, Namoro ou Amizade, Topa Tudo Por Dinheiro, Show de Calouros,
vários momentos icônicos na TV. Então tem cenas muito divertidas, mas sempre com
o objetivo de contar a história. Nada de piada pela piada”, explicou Hassum.
Sempre rir, mas com naturalidade.
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