sexta-feira, 5 de outubro de 2012

yahoo #48

o texto mais recente do ultrapop só poderia ser sobre eleições (tá logo aí, domingão) e o recorte escolhido foi o da mobilização virtual, principalmente entre tumblrs e facebook. no texto não falo nenhuma vez o nome de fernando haddad, não era minha intenção declarar voto lá, mas tá bastante claro qual é minha escolha para prefeito de são paulo (não só porque ele é realmente o melhor candidato pr'uma cidade que vem sofrendo bastante nos últimos dois mandatos serra-kassabianos, mas também porque ele é o único que pode derrotar o coisa ruim do russomanno). simbora. 

o lugar do russomanno

POLITIZA QUE EU GAMO

Lembro que quando começou a campanha eleitoral deste ano vi inúmeras mensagens no Facebook de pessoas avisando, quase sempre ameaçadoramente, que deletariam qualquer “amigo” que postasse ou compartilhasse mensagens políticas. Que o Facebook é um residencial virtual e realmente careta todo mundo sabe e essa repulsa à política é apenas reflexo de um dos mais idiotas sensos comuns de todos os tempos.

Quer dizer, os não-políticos curtem adoidado mensagens “edificantes” sobre fotos de bebês ou cachorros fofos, mas na hora que o calo aperta, quando temos a chance de mudar algo em nossas cidades, o pessoal tira o corpo fora com o bordão “político é tudo a mesma merda”. Peraí, a gente é tudo a mesma merda? Porque, afinal de contas, político é gente, político é a gente, sem tirar nem por.

Obviamente, essa gritaria apolítica não adiantou em nada e as campanhas para prefeituras e assembleias de todo o Brasil se espalharam rapidamente pela internet, principalmente no Facebook, para o bem e para o mal. Como vivo há 18 anos em São Paulo sou bombardeado pela campanha local, mas com a internet consigo ter alguma noção do que está acontecendo em outras cidades do meu interesse: Fortaleza, Rio de Janeiro, Recife, Belo Horizonte, Belém, Salvador e Porto Alegre. Se fosse esperar pelos jornais e revistas...


Porque internet é praça pública, é o caos da vida. Tem discussão, piada, agressão, troca de ideias, uma baladinha aqui, um bandeiraço acolá. Onde mais se poderia rir, agrupar e comentar as impagáveis fotos careteiras e os micos de José Serra? Nessa eleição, o veterano candidato tucano – que está correndo o sério risco de não conseguir emplacar no segundo turno em São Paulo (numa disputa que ele estava em primeiro poucos meses atrás), – virou protagonista de três tumblrs divertidíssimos: Serra Demasiadamente Humano, Serra Loko e Serra Inova. Rir é política também.

No entanto, também foi na internet que o Coronel Telhada, ex-comandante da Rota e candidato a vereador pelo PSDB, ameaçou e incentivou agressões a André Caramante, profissional sério que cobre segurança pública pela Folha de S. Paulo. O jornalista que tanto apontou em suas reportagens um aumento de mortos por policiais em 2012 quanto os assassinatos de policiais, numa autêntica nova guerra entre Rota e PCC, foi afastado (exilado) pelo jornal por medida de segurança.

Agora, por exemplo, soube que o Coronel publica em sua página no Facebook fotos de bandidos (ou quem ele julga bandidos) assassinados pela polícia na rua. Esse tipo de material violento o Facebook demora séculos para tirar, diferente de um evento-festa que, criado na segunda feira para criticar o candidato Celso Russomanno, foi deletado duas vezes em questões de minutos (o Facebook assumiu o erro e republicou o evento “Amor sim, Russomanno não”, que acontece nessa sexta).

Toda ação, progressista ou conservadora, individual ou coletiva, gera uma reação. Isso é política. Acompanhei muita coisa interessante nesses meses, muita mobilização, várias discussões importantes sobre que tipo de cidade queremos viver. Também assisti a coisas de perder a fé na humanidade. Mas, como diria Carlinhos Cachoeira, tudo é processo.

O que quero dizer é que não adianta fugir da responsabilidade. A política somos nós, no que temos de mais bonito e feio, e assino embaixo no que o colega aqui de Ultrapop, Pedro Alexandre Sanches, disse no twitter: “Quem pensa que a política não é arte. E não é nobre. Não sabe nada. Da vida.”

Um comentário:

ADEMAR AMANCIO disse...

Alguém já disse que o problema de quem não gosta de política,é que eles são governados por gente que gosta muuuito.