domingo, 10 de janeiro de 2010

letra/música #10

ah, clara nunes (1943-1983). que voz. que mulher bonita. que imagem rodopiante, pés descalços na areia, dentro da minha cabeça. se fosse escolher o disco preferido da mineira acho que seria guerreira (emi/odeon, 1978) porque nele estão duas canções que considero trabalhos perfeitos, redondos, geniais (em letra, música, arranjo, interpretação, instrumentistas, vocais, tudo): "mente" (eduardo gudin e paulo vanzolini) e "ninguém" (paulo césar pinheiro). essa última então, porra. tanta vezes pensei em roteirizar essa música (né não, fábio sanchez?), tantas imagens me veem quando a ouço, que agora o que me resta é "imortalizá-la" no esforçado.

ninguém
(paulo césar pinheiro)

ninguém, ah, ninguém
percebeu que a batida do meu coração
disparou quando eu vi que ela se aproximava
revelando que o amor não havia morrido, meu senhor

ninguém, ah, ninguém
reparou na mão dela tremer minha mão
eu queria falar, não saía palavra
tomado que eu fiquei de tamanha emoção

ninguém percebeu como eu estava feliz ao seu lado
ninguém entendeu que a conversa era sobre o passado
ninguém, ah, ninguém
viu que alguém que chegava causou-me desgosto
ninguém viu a raiva e o ciúme
queimando o meu rosto

ninguém, ah, ninguém
teve pena do estado do meu coração
quando ela com seu novo amor se afastava
porque ninguém notou como eu estava abatido, meu senhor

ninguém, ah, ninguém
pôde avaliar minha grande aflição
ninguém viu que eu saí sem dizer uma palavra
e chorei pela rua em total solidão
e chorei pela rua em total solidão
e chorei pela rua em total solidão



p.s.: sempre me espantou o fato de uma música tão bonita ter apenas esse registro sonoro. nunca achei outra gravação. se alguém souber...
de qualquer forma, lá no um que tenha, tem o disco.

2 comentários:

Dafne Sampaio disse...

no, thanx.

Lilian disse...

O Paulo César Pinheiro é sempre uma violência.

E a Clara? Porra...