como falei no post anterior, "as duas cabeças do eletromelody", a entrevista com maderito e waldo squash rendeu bem e, como sempre, muita coisa ficou de fora do texto que fiz pra vice brasil. segue aqui, praticamente na íntegra, a conversa que tive que waldo. no próximo post, a íntegra de maderito, o alucinado do brasil.
o apelido
waldo vem de josivaldo. o apelido waldo squash surgiu quando eu trabalhava no rádio, uns 6 anos atrás. na verdade foi uma brincadeira com um amigo, estávamos conversando sobre esportes e eu disse que gostava de jogar squash. e aí no outro no horário do programa dele, eu estava operando o áudio e ele me apresentou como dj waldo squash... e daí todos naquela rádio começaram a me chamar pelo mesmo nome.
o começo
beleza, vamos lá então pra ficha criminal. eu nasci em muaná, no rio atuá, mas não conheço a cidade não, nunca mais voltei. fica nas proximidades da ilha do marajó. tenho 31 anos. nasci em 1979. fui criado em ananindeua. passei uns 20 anos, aproximadamente, por lá. hoje em dia moro em barcarena, que é uma cidade próxima de belém. é uma cidade muito industrial, tem muita empresa metalúrgica. inclusive, minha outra profissão é mecânico industrial. mas meu último trabalho como mecânico já tem um ano. foi lá em porto velho, fiquei uns seis meses lá, mas senti falta do meu estúdio, dos meus equipamentos. aí vim me embora, larguei.
a música
música começou desde que nasci. meu pai já era apaixonado por música, tinha um sonzinho, uma aparelhagem, como todo mundo aqui tem. a cada passo que você dá aqui você encontra uma aparelhagem. ele montou uma aparelhagem pra ele. quando era pequeno lembro dele me colocar na beira do toca-discos. fui crescendo assim, no meio dos sons, conhecendo equipamentos e tudo mais. ouvindo música, ouvindo, ouvindo, ouvindo, e gostando de tocar, né? acho que já nasci dj. a parte de compasso musical aprendi já maior, mas já tinha isso comigo, mesmo sem saber o que era, porque já nasci ouvindo os compassos.
mas só fui mexer com música mesmo tem uns 5 anos, já próximo de conhecer o maderito. já trabalhava com produção. coloquei umas rádios no ar aqui no interior do pará e fazia produção de comerciais, de vinhetas, essas coisas assim, mas não fazia música. é que fui aprendendo a mexer nos programas e comecei a desenvolver minhas idéias. às vezes ouvia uma música e achava que dava pra fazer outra coisa que ficaria bem melhor, entendeu? então fui aplicando isso em alguns remixes a minha idéia, a minha interpretação das músicas. é o que faço hoje em dia.
três anos atrás conheci o maderito. já tinha uns remixes, mas não eram tão bons assim. de três anos pra cá fui estudando mais, fui conhecendo mais, e hoje a produção tá um pouco melhor. mas pode ficar bem melhor ainda. por causa disso continuo estudando. o estudo nunca para. pra sempre melhorar a qualidade do som no estilo que a gente trabalha. sempre procurando adicionar uma coisinha a mais.
e o eletromelody?
não é tão diferente porque a levada é a mesma da época do brega. o brega que se transformou em pop brega, tecnobrega, tecnomelody, e assim sucessivamente. só que a gente procura fazer o seguinte, fazer uma mistura do ritmo daqui com o geral que a gente ouve, com um pouco do que os baianos fazem, com percussão e tudo mais, um pouco da música pop internacional mesmo. a gente procura colocar um pouco de cada. a gente fez essa mistura e continua fazendo pra ver no que dá. eu não acho tão diferente assim o som. é um pouco mais cheio com outros tipos de instrumentos, mas a levada é a mesma. só é mais eletrônico.
"sinhá pureza", remix de um clássico de pinduca, o rei do carimbó
o trabalho com maderito
geralmente a gente troca idéias pra fazer uma música. a maioria das nossas músicas são músicas de equipes... então, o que é que a gente pede quando uma equipe ou aparelhagem entra em contato com a gente, pedimos uma idéia do que eles querem e aí a gente faz o trabalho em cima disso. eu faço a base e o maderito escreve a letra, entendeu? mas nem sempre a base que faço é a que fica, porque às vezes ele escreve uma letra que fica melhor com outra base, e aí eu já faço a modificação. a gente trabalha dessa forma.
a música do pará
com o avanço da tecnologia e dos programas, os produtores daqui, os belenenses, os paraenses em geral, tiveram mais facilidade de colocar as suas idéias em prática. e a música paraense se transformou em mais vendável, pela qualidade. não só dentro do país, como fora também. acho que a nossa levada, a levada do pará, é contagiante, tem várias formas de dançar, pode ser agarrado, pode ser solto. mas falo isso e não sei se é o costume, porque a gente é acostumado a ouvir o que é daqui.
misturas
tento colocar nas minhas produções também coisas de fora do pará. já incluí samba no “tributo a carmen miranda” e tô pensando em fazer umas coisas com pagode. umas coisas da américa do sul como cumbia. são experiências que a gente está fazendo pra quando sair daqui poder mostrar um pouco da amazônia.
acho interessante fazer uma mistura com a música do pará porque é o que a gente mais gosta de fazer aqui. tem que ter os traços daqui se não a gente vai fugindo da raiz. o que a gente saber fazer melhor é que fazemos aqui.
waldo squash escuta...
gosto muito de ouvir eletrodance, tecnodance, da levada de drum’n’bass, é o tipo de músico que ouço, entendeu? muita coisa de fora no estilo mais pop. na verdade passo o dia todo ouvindo música, toda hora. quando não é no estúdio é no celular. não tem jeito não. eu escuto mais música que assisto televisão, que leio... não, leio muito por causa da internet... mas eu ouço muita música. tudo que estou fazendo é com música.
planos para o futuro
tenho planos pra frente sim, em relação ao trabalho. meu desejo é colocar minha idéias em prática, entendeu? algumas precisam de recursos financeiros pra funcionar, e isso a gente vai fazendo do jeito que dá. são idéias principalmente pras nossas apresentações. durmo pensando nisso. a gente quer rodar pra fora do país.
tem vários artistas que gostaria de trabalhar. alguns daqui do pará, que ainda não trabalhei, mas que são próximos e só não aconteceu a oportunidade. mas de fora... tenho vontade de trabalhar com alguns djs e produtores como o [paulista] alex hunt. ia ser legal trocar idéia com ele.
a estréia em disco da gang do eletro
minha expectativa sobre o disco é a mesma de qualquer artista. quero que ele faça sucesso. por isso a gente vai trabalhar com carinho, pensando no todo, pra que esse disco saia especial e que as pessoas gostem. porque a gente nunca faz música pra nós mesmos. a gente faz pra massa, pro povão que vai pra festa mesmo. e é através da experiência de ver essa galera curtindo que a gente vai trabalhar nesse disco, com o que a gente tem de melhor.
"arrasadora [sanfona mix]", remix de um sucesso dos chilenos do comando reggaeton
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