segunda-feira, 4 de abril de 2011

yahoo #02

taí o meu segundo texto pra coluna ultra pop, dessa vez sobre o fenômeno luan santana. o objetivo do texto é tentar entender e dar o devido valor a esse jovem artista que se fez pop dentro desse novo mundo do sertanejo brasileiro. ao mesmo tempo falar que ele (e seu universo) não ressoam no meu coração, simples assim. como não fiz um texto de amor, e muito menos de ódio a luan, o pessoal se confundiu todo e deu o maior chabu. mais de 300 comentários divididos entre os que odeiam e amam Luan (mas nada próximo ao caos da terceira coluna, "não tem papo, não tem alô", que trata do funk carioca).

microfone dentro de um coraçãozinho?
porra, luan, que pouca vergonha!

EU QUERIA GOSTAR DE LUAN SANTANA

No princípio era o verbo. Ou melhor, o nome próprio. Luan Santana. Ouvi falar dele em algum momento de 2009. Pouco depois, no final do mesmo ano, assistindo TV em um recanto do interior paulista, pude vê-lo e ouvi-lo. Eram aquelas propagandas de coletâneas da Som Livre repetidas a exaustão nas transmissões via satélite, e entre um “Paga pau” (Fernando & Sorocaba) e um “Chora, me liga” (João Bosco & Vinicius) despontava “Meteoro” de Luan, esse fenômeno pop nacional que completou 20 anos no domingo passado. “Você é raio de saudade / Meteoro da paixão”, gritava em alto e bom som para uma platéia de 80 e tantas mil pessoas na sua cidade natal, Campo Grande.

Na oitava vez que a propaganda foi exibida fechei os olhos. E aquela voz parecia o encontro jovem de Zezé de Camargo & Luciano com a Ana Carolina. O interior romântico de uns, o senso pop da outra. Não era a toa que a coletânea vendida se chamava Batidão Sertanejo. Os tempos agora são outros e até a dor de cotovelo precisa ser animada. Agora já pode tirar o pé do chão. De qualquer forma, do mesmo balaio de “Meteoro” vieram outros hits, tais como “Tô de cara”, “Você não sabe o que é o amor” e “Sinais”, ou ainda a surpreendente dobradinha reggae em “Aqui é Seu Lugar / Digitais”, e Luan Santana deixou o Gurizinho (seu primeiro nome artístico) definitivamente de lado.

De lá para cá, o garoto de cabelo cuidadosamente rebelde e levemente vesgo (ooops, estrábico) conquistou o campo e as grandes cidades, viu seu cachê por apresentação crescer até os atuais 300 mil reais (numa média de 25 shows por mês, faça as contas), comprou um jatinho pra chamar de seu (o Bicuço) e transformou-se em um artista-empresa que emprega mais de 60 funcionários. Mas acima de tudo isso, ou paralelamente, ele é o retrato da consolidação de um universo pop brasileiro autônomo ao eixo Rio-São Paulo (e que, audaciosamente, é subjugado como prova irrefutável da Vitória, tanto que o segundo DVD ao vivo de Luan foi gravado no final de 2010 no Rio de Janeiro e está prestes a ser lançado).

Também é um novo passo dentro da música sertaneja, e aí faço minhas as palavras de Timpin Pinto, que em seu blog Cabaré do Timpin, afirmou que Luan representa “um tempo em que a música sertaneja evoluiu para se tornar o novo ritmo consumido pela juventude”. E não adianta os ortodoxos torcerem o nariz, e muitos menos os jornalistas tentarem rotulá-lo sob o vago chapéu de “sertanejo universitário”. Luan Santana é pop, simplesmente, tão pop quanto Justin Bieber ou Lady Gaga. E é sertanejo também. Aceitem. Lidem com isso.

Queria gostar de Luan Santana. Não consigo. Talvez porque não seja seu público-alvo de mocinhas e crianças, que compram a música junto com cadernos e chicletes com seu rosto (licenciado oficialmente). Talvez porque a alegria não me atinja com a força de um meteoro e, consequentemente, não dê soquinhos no ar e faça coraçõezinhos com as mãos. Mas então, do nada, escuto uma voz que diz assim: “o jogo do amor recomeça e a vida te pergunta: aqui é o seu lugar?”. Não sei, estava pensando no Luan Santana. Queria gostar de sua música. Paciência.

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