só se você esteve fora do ar na semana. só assim pode não ter cruzado com alguma coisa-notícia-dica relacionada ao paulistano criolo e seu segundo disco, nó na orelha, que foi liberado para download gratuito pelo próprio (agora em maio saem as versões em cd e vinil). se você não ouviu nada a respeito fique atento porque logo vai ter gente aí do seu lado falando que é o disco do ano, que o cara detona, numa corrente daquelas que vira onda grande, unanimidade surpreendente e nada burra. fique atento!
alguns meses atrás um dos produtores do disco, daniel ganjaman colocou em seu soundcloud três aperitivos do disco: o rap forte "grajauex", a balançante e malandra "subirusdoistiozin" e a soul "não existe amor em sp". aí já deu pra sacar que um dos comandantes da lendária rinha dos mcs de são paulo, e que em 2006 estreou com o convencional ainda há tempo, tinha mudado. o rap continuava ali nas suas músicas, mas de repente aquele rap era uma canção! com cara de clássico, "não existe amor em sp" é um bom exemplo de que o tema da cidade, tão caro ao rap, está ali, mas sob violinos, batidas e sentimentos soul. quando as outras sete faixas de nó na orelha caíram oficialmente na rede no início da semana, a variedade de caras e sons de criolo se mostrou ainda maior e melhor (com ajuda de ganjaman e marcelo cabral, do trio marginals, o outro produtor). escuta só o disco todo aí embaixo e me diz se estou mentindo.
Criolo - Nó Na Orelha by PoesiaRitmada
o disco começa com "bogotá" em ritmo de afrobeat, mas tem afrosamba em "mariô" (parceria com kiko dinucci), reggae adubado em "samba sambei", bolerão setentista em "freguês da meia noite", mais rap em "sucrilhos", orientalidades em "lion man" e o sambão divertido "linha de frente", com direito a uma turma da mônica do asfalto. sem parecer esquizofrênico, e muito menos oportunista, a variedade de vozes e ritmos de criolo é toda natural, absolutamente autêntica, fazendo de nó na orelha um microcosmos de achados e possibilidades para o rap e a canção brasileira. são as coisas que se ouve saindo do jeito que se sente. e sem as amarras de um gênero. afinal, quem disse que um rapper não pode fazer um bolero?
mas essas dez faixas são apenas um pedacinho de sua produção. parece que o sujeito está compondo como quem respira. então separei aqui videos de outras músicas. começando com uma homenagem a "cálice", aquela mesmo cantada por chico buarque e milton nascimento.
ou então "pra quê cerol?", numa versão ao vivo, rap meio punk e meio jazz com participações de lurdez da luz e os marginals.
e encerrando com a nordestina "lantejoula", dedicada aos seus pais cearenses (e como meus pais, como eu, também são cearenses, aproveito e dedico também a eles).
e o sujeito tem uma presença de palco que vou te falar...
p.s.: vale ler as resenhas do camilo rocha no bate estaca e a do velot wamba na + soma, e a reportagem do pedro alexandre sanches.
sábado, 30 de abril de 2011
fique atento! criolo no microfone!
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