recebi ontem da minha irmã ariadne dois exemplares de literatura de cordel, sendo que um novinho em folha, atualíssimo: a chegada de michael jackson no portão celestial (tupynanquim editora, 2009), escrito por joão gomes de sá e com capa assinada por klévisson viana (que também é co-autor dos versos). mais uma prova que o cordel continua vivo no ceará, e acredito que também em pernambuco, os dois principais pólos produtores dessa literatura. separei alguns trechos que, entre os deboches próprios da mídia, dizem muito da percepção popular sobre o popstar. ah, o outro livrinho se chama o homem que foi preso porque peidou na igreja e é de sávio pinheiro. depois coloco aqui.
(...)
Eu sonhei que o rei do pop,
Logo após bater as botas,
Foi direto para o céu,
Fazendo muitas marmotas,
Cantando muito agitado
Feliz, tinha se livrado
De dívida, banco e agiotas.
(...)
Michael Jackson lá no céu
Chegou bastante apressado,
Dizendo para São Pedro:
- Estou demais atrasado
Eu quero até me esconder
Porque não pude fazer
O que tinha programado!
(...)
Eu queria dançar mais
Sabe o senhor, não empaco,
Gostava de requebrar,
Pois eu sou bom nesse taco
Dançando eu faço munganga,
Às vezes visto uma tanga
Para prender o meu saco!
São Pedro disse: Rapaz,
Não é como você pensa!
Primeiro você procura
O assessor de imprensa
E faça um requerimento,
Protocole no convento,
Com o avô do Alceu Valença.
(...)
Disse Jackson: Eu sou um astro
Famoso no mundo inteiro!
Não tem um ato secreto
Para me atender primeiro?
Pedro disse: Eu não tropeço,
O céu não é o congresso
Lá do povo brasileiro!
(...)
O sucesso foi crescendo,
Sobretudo a vaidade,
Tudo aquilo que sonhava
Virava realidade.
O meu corpo mutilei,
Mesmo assim nunca encontrei
Minha própria identidade.
(...)
Jackson que ao longo da vida
Foi branco por opção,
Nasceu negro, mas fez de tudo
Pra perder coloração...
Sentiu-se fútil e pequeno,
Ao mirar um Deus moreno
Como o Autor da Criação.
Quando relembrei o sonho,
Achei um pouco sem nexo,
Mas pensei: Agora Michael
Vai se livrar do complexo.
Pode brincar à vontade
Com os anjos, sem maldade,
Pois anjinhos não tem sexo.
(...)
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