domingo, 5 de julho de 2009

ritchie tem dessas coisas

fiz essa entrevista com "o inglês mais perto de você" (segundo o próprio em seu twitter) pra revista monet de julho. mas infelizmente, aos 45 do segundo tempo, a matéria caiu (revista tem dessas coisas). o motivo era o especial outra vez (ao vivo no estúdio) (pop songs, 2009), show bonitão que reúne clássicos pop de ritchie em nouvas roupagens e inéditas (e que também ganha versões em cd, dvd e blu-ray). o especial vai ao ar hoje no canal brasil, às 21h.

Como nasceu o projeto desse show?
Era uma coisa que queria fazer a muitos anos. Quase fiz em 2006 e em 2008, mas não havia um formato muito bom e nem um parceiro como o Canal Brasil. Mas independente disso queria um registro de 25 anos da minha carreira. Coincidentemente o meu primeiro disco, Vôo de Coração [lançado em 1983], foi relançado há pouco tempo e as coisas acabaram tomando outro rumo. Voltei a ter contato com o Carlos de Andrade, que produziu o disco na época, e ele teve o trabalho de resgatar e restaurar as fitas originais para fazer uma nova masterização. A gravadora nem tinha planos de relançar o disco, tinha perdido a arte da capa, enfim, não tinha e não tem nenhuma política de conservação de seu catálogo. É um descaso com tudo.

Se eles fazem isso com um disco que fez tanto sucesso, imagine então...
É uma pena porque tem uma hora que tudo isso vira história, por menor que seja. Quer dizer isso foi tanto um trabalho de recuperação quanto de resgate e devo muito ao Carlão [Carlos de Andrade]. Essa nossa reaproximação acendeu uma luz na minha cabeça. Peraí, o Carlão está com um estúdio, o Visom. Então falei pra ele que estava com a ideia de gravar um DVD e ele disse que em três meses terminaria a construção de um novo estúdio para orquestra, com tela de cinema e tudo o mais. Disse que a gente poderia inaugurar a sala nova fazendo essa gravação. Uma coisa nasceu da outra.

Como foi se reaproximar dessas músicas de 20, 25 anos atrás?
Elas estão bem [risos]. Minha banda atual tem uma sonoridade própria e a gente elaborou os arranjos de uma forma que... as inéditas foram apresentadas antes e o restou veio com uma sonoridade próxima. Conseguimos atualizar as músicas deixando-as atemporais e sem mudar seus momentos reconhecíveis. Não é um show de revival e nem uma tentativa de recriar o som dos anos 1980, pelo contrário. É um novo registro, ao vivo, do meu catálogo como compositor e do meu jeito de fazer música pop. Tem também músicas que não são minhas, mas que fizeram parte da minha vida de alguma forma como “Mercy Street” do Peter Gabriel, que gravei para a trilha da minissérie O Sorriso do Lagarto [1991], e “Shy Moon” do Caetano Veloso [no disco Velô, de 1984].

Teu último disco, o Auto Fidelidade, é de 2002 e antes você estava meio afastado. Você continuou compondo nesse período?
Sou um pouco lento na produção [risos]. Meu ritmo é esse mesmo. Não acredito em falar fora de hora. Acho que quando a gente tem uma coisa pra dizer, a gente diz. Quando não tem... existem tantos outros artistas que tem coisas pra dizer, então [risos]... é que tenho vários interesses, inclusive tocar música [risos].

Desde meados da década de 1990 você está próximo das novas tecnologias. O que essas novas tecnologias e a internet trouxeram para você? De alguma forma renovaram seu tesão pela música?
Interessante. Não tinha pensando nisso. Fui estudar a internet porque desde o começo achei que era o caminho para a música. Sempre foi um meio de me aproximar da música e um jeito de entender para onde ela poderia evoluir. Quer dizer, a internet é a convergência de todas as mídias e as redes sociais são muito interessantes porque aproximam o artista dos seus fãs. Tudo isso ajuda em uma maior independência. É um momento bom de se estar na música porque todas as portas estão abertas. Bem, algumas estão se fechando, mas isso é normal. As gravadoras estão ruindo, o CD deixou de ser o produto e virou mais um cartão de visitas, e o artista deixou de ser uma estrela para se tornar uma marca. Aliás, se você olhar para a história da música verá que a única coisa que não mudou ao longo dos séculos foi a relação ao vivo do artista com seu público. Isso continuará.

E o que mais continuará para você?
Quero viver de música. Minha meta é essa. Mas não tenho grandes projeções, não quero nada de “a volta de Ritchie” e sei que as pessoas vão dizer isso [risos]. Mas é que gosto das minhas folgas, não sou afobado e já provei o gosto do sucesso no início da minha carreira (e vi que não era por aí). O importante é fazer com o coração, ser fiel a nós mesmo e fazer aquilo que nos agrada. Com sorte isso agradará aos outros também. Quero isso pra minha vida, viver de música de uma forma ou de outra. Seja como for. É só isso que quero.

segue abaixo o video de "outra vez" (ritchie e arnaldo antunes).

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