sábado, 12 de setembro de 2009

psycho afro sambas

escrevi o texto abaixo em maio de 2007 a pedido do junior boca (foi o primeiro "press release" que fiz). conheci o guitarrista cearense lá em fortaleza via dustan gallas, num barzinho de música instrumental perto da av. santos dumont (foi em 2005?). logo depois ele veio pra são paulo e descolei o primeiro show solo dele aqui na cidade, lá no saudoso villaggio café do bixiga. de lá pra cá, o boca passou a tocar com um monte de gente e sofisticou ainda mais sua guitarra (que era mais jazz puro quando conheci). com certeza é um dos melhores instrumentistas em atividade agora no país. bom, e um dos projetos que ele se meteu foi o trio esmeril - que não tinha esse nome quando escrevi o texto - com mauricio takara e guizado. o trio se propôs a entortar os afro-sambas de baden powell e vinicius de moraes. o resultado é maravilhoso, mas pouca gente viu/ouviu. rolaram uma série de shows aqui em são paulo em 2006 e 2007, talvez alguma coisa em 2008, mas é o típico projeto paralelo e acabou ficando de escanteio por outras prioridades.

é que ontem, navegando no site do ótimo selo desmonta descobri, na seção "media", três músicas do trio para baixar gratuitamente. que delícia ouví-las novamente e poder tê-las. a notícia é essa, mas acrescentei aqui o texto que fiz (acompanhei um ensaio deles no estúdio el rocha, em pinheiros), uma foto maluca que tirei num bar vegetariano no bixiga (único show que vi, totalmente excelente), um video e as três músicas em streaming.


um borrado boca, um takara compenetrado e um guizado olhando pro infinito

Primeiro foi um ensaio, na moral, bateria, guitarra e algumas bases. Poucas semanas depois, um show, o segundo e valendo, com a entrada de um trompete e novos efeitos. Em dois momentos, distintos e complementares, pude acompanhar o encontro dos jovens músicos Mauricio Takara, Junior Boca e Gui Mendonça (aka Guizado) com os afro-sambas de Baden Powell e Vinicius de Moraes.

Músicas como “Canto de Ossanha”, “Canto de Iemanjá”, “Canto de Pedra Preta” e “Canto de Xangô”, tão misteriosas, espirituais e sensuais como em seu lançamento em 1966, quase sempre sofreram de demasiada reverência nas interpretações de outros artistas. Talvez porque não tenham também embarcado em outra característica da bossa negra de Baden e Vinicius: a liberdade.

No caso de Takara, Boca e Guizadoman, essa liberdade é tomada por formas exclusivamente instrumentais. É mais jazz, tem algo de rock, é música instrumental brasileira, e tem barulho, groove, surpresa e improviso. Tudo muito natural. Às vezes não se entende nada e de uma hora para a outra você se pega sorrindo, batendo o pé no compasso, essas coisas. E, acompanhando esse power trio em ação, os versos de Vinicius fazem muito sentido: “O homem que diz ‘sou’ não é / Porque quem é mesmo é ‘não sou’”. Enfim, só ouvindo mesmo.


e agora, as músicas. na ordem, "canto de iemanjá", "canto de xangô" e "tempo de amor".







e pra encerrar, um video com apresentação do trio esmeril no studio sp (em tempos de vila madalena), em junho de 2006.

2 comentários:

Carlos Alberto Mattos disse...

Obrigado, Dafne, pela indicação do meu Twitter na Bravo! Agora vou ter que melhorar muito para fazer jus a suas generosas palavras. Um abraço, Carlos

Dafne Sampaio disse...

valeu você, carlos alberto. te leio faz tempo. era o mínimo e valeu pela visita. tamosaê.