sexta-feira, 19 de agosto de 2011

yahoo #12

pois então, amiguinhos e amiguinhas, a polêmica está de volta ao ultra pop! a coluna nova, "bastardo é a mãe", trata de misturas mashupeiras entre ritmos bem populares (funknejo, no caso) e o pessoal está surtando com "o baixo nível que tomou a música brasileira". o texto anterior, que segue abaixo, é sobre fofocas, demagogia e internet, o que não deixa de ser uma pensata de boteco sobre a psicologia desse pessoal que não sabe se comportar nas caixas de comentários.

FOFOCA EU, FOFOCA TU

Uma das coisas mais comuns no Brasil é enxergar problemas ou culpas somente nos outros. O sujeito faz uma barbeiragem daquelas de fazer o Vin Diesel corar de vergonha e se alguém o repreeende, mesmo com uma singela buzinada, o tal sujeito xinga, mostra o dedo do meio, puxa o revólver, faz o diabo. Ou então aquele pessoal que fala que a música de hoje em dia não é boa como a do passado e quando se pergunta de quem gostam surgem nomes como Shakira, Jorge Vercilo ou J. Quest (nada contra, são só exemplos). Ou ainda sites e revistas de fofoca, que todos acham uma falta do que fazer ao mesmo tempo que sabem os mexericos mais recentes.

“Que jornalismo é esse que fica dando trela para subcelebridades, mulheres-frutas, etc. É esse país que quer receber a Copa?!”. Basta dar as costas que a pessoa clica na primeira manchete com a Nana Gouvêa ou a Nicole Bahls muito à vontade em alguma praia carioca. Essa hipocrisia de não assumir suas próprias escolhas e/ou responsabilidades, de fingir ser quem não se é, é típico de uma sociedade de aparências. Só o tempo e a educação nos libertará disso (ou não), mas enquanto a iluminação não acontece precisamos assumir nossas baixezas ou pelo menos nosso espírito voyeurístico. E fofocar pode até não ser bom, mas é natural desse pessoal que somos nós.

Veja bem. Os tablóides são uma invenção da imprensa inglesa no século 19 e em suas chamadas espalhafatosas existia uma vontade de esculhambar com a realeza e a classe aristocrática. Trazer o altar pra rua, digamos assim. Em um mundo desigual a palavra era (e ainda é) a única arma disponível para quem não tinha poder. Notícias cheias delas então... Claro que isso também virou poder, mas aí é outra história.



Na década de 1920, os tablóides tomaram outra forma e ganharam novos alvos do outro lado do Oceano Atlântico com o surgimento de um novo tipo de nobreza: os astros e estrelas de Hollywood. Um público novinho em folha estava ávido por saber com quem Greta Garbo dormia ou como era Charles Chaplin por trás do bigode de Carlitos. O espírito de fofoca da rua ganhou ares de jornalismo sério e já não era mais possível saber se essa demanda foi criada pelo público ou alimentada pela própria imprensa. De qualquer forma, sensacionalismo (da mídia) e crueldade (do público) costumam andar de mãos dadas em meio a essa bisbilhotice toda.

Agora, para fazer isso de um jeito que fosse bom para todo mundo foi criado o colunismo social, uma versão chapa-branca do nosso voyeurismo. Domaram e comercializaram nossa curiosidade. E foi esse tipo de tablóide que venceu aqui no Brasil. Só que muito diferente da agressividade fofoqueira inglesa - que fez nascer casos extremos como o do centenário e recém-falecido News of the World que chegou a grampear ilegalmente telefones de astros, políticos, etc. -, a brasileira
é cordial, amiga, “inofensiva”.

Ninguém quer perder as entradas VIPs, a boca livre, o tapete vermelho, a entrevista exclusiva, e por isso o nosso jornalismo de celebridades estampa uma gravidez aqui, uma boa forma acolá, novos e velhos casais explodindo de alegria, um final de semana inesquecível em um castelo ou numa ilha. Nada de traições, filhos fora do casamento, dependências químicas (só se já estiverem no estágio de “superação”), xiliques em gravações, plágios, calotes fiscais e o escambau.

Talvez os ingleses façam uma “fofoca do mal” e os brasileiros sejam “do bem”. Aí vai da opinião de cada um. Só não vale culpar o mensageiro. Somos nós que mexemos no lixo e é lá que desejamos encontrar algo. Talvez por identificação ou então para passar o tempo. Quem sabe seja amor, ódio ou tara. Mas de repente a gente pode criar o Dia do Orgulho Fofoqueiro e se encontrar, trocar umas ideias...

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