lá no novo ultrapop já tem texto novo, é o "miss de tudo um pouco", que trata de concursos de beleza um tanto mambembes e seus bafos ultramarinos. e aqui segue o anterior, "ajoelhou tem que dançar", que fiz durante as férias (talvez por isso tenha sido o menor dos textos que já fiz pra coluna). a turma maluca dos comentários até me deu um descanso, muita gente gostou do video da pastora ana lúcia, mas não deixei de ser acusado de fazer "críticas" aos evangélicos (não sei onde viram isso, paciência). só fiz uma pequena correção na versão do texto aqui para o esforçado: pela informação na página do youtube achei que a igreja fosse em madureira (zona norte carioca), mas na verdade é na estrada de madureira que fica em nova iguaçu (baixada fluminense). no mais, agradecimentos ao trabalho sujo de alexandre matias que postou esse video e me salvou no último momento (iria escrever sobre a claudia leitte no rock in rio e foi ótimo não tê-lo feito porque o pedro alexandre sanches mandou muito bem no seu "claudia leitte e os arianos").
AJOELHOU TEM QUE DANÇAR
Música e religião sempre andaram juntas, rostinho colado, desde que o mundo é mundo. Para entrar em transe, elevar o espírito, entrar em contato com algo supremo ou passar uma mensagem, de amor ou fé. Não sou um estudioso do assunto, mas acredito que em todas as religiões criadas pela humanidade a música seja um dos componentes mais importantes e presentes.
Estava eu de férias batendo perna pelo Velho Mundo, mais precisamente Viena, quando entro na Igreja de São Pedro (1733) e me deparo com uma combinação rebuscada de arquitetura barroca e um dos órgãos mais antigos da cidade soltando melodias de Johann Sebastian Bach pelos quatro ventos. Coisa mais linda do mundo, podem pensar alguns, mas eu particularmente não me emociono com música clássica e por isso acabo achando a atmosfera um tanto opressora, intimidante.
De volta ao hotel, poucas horas depois, entro na internet para checar emails e começar a escrever essa coluna e me deparo com um vídeo que consegue, em pouco mais de 8 minutos, fazer com que cantos gregorianos pareçam ranger de portas. Com vocês, Ana Lúcia, pastora e cantora de alguma pequena igreja evangélica na baixada fluminense.
Nunca entendi o temor a Deus em suas diversas manifestações: o peso da culpa judaico-cristã, a sisudez muçulmana e a caretice evangélica, por exemplo. E não é por ser ateu (ai Jesus, polêmica à vista?) que acho isso e sim porque acredito que a espiritualidade deveria ser uma declaração de amor à vida. E amor é alegria, compreensão, respeito, suor e calor.
Foi uma surpresa e tanto – e uma ótima surpresa – ver essa igreja evangélica pegando fogo ao som de um samba reggae acelerado cuja intensidade e os batuques são profundamente devedores ao candomblé. E o pessoal girando e girando como elevados dervixes turcos. Sem falar em Ana Lúcia, uma mistura rascante de Tim Maia e Mr. Catra. Quer dizer, é o famoso samba do crente doido e pra mim isso tudo faz muito sentido.
Gosto desse Deus que dança e gosto ainda mais que ele seja negro e brasileiro.
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Um comentário:
Giram tal qual a dança/meditação sufi.
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