ney matogrosso é um sujeito e tanto. intérprete sério e porralouca, coerente e constantemente aberto - o mencionei rapidamente na domingueira passada -, ney tem muitas fases, facetas, momentos. mas acho que minhas preferências acabam recaindo sobre sua fase "séria", de discos como pescador de pérolas (cbs, 1987), as aparências enganam (polygram, 1993), olhos de farol (polygram, 1998) e vagabundo (universal, 2004). só que ontem lembrei de uma música que sempre achei muito engraçada e que é de um de seus discos mais populares, pois é (barclay/ariola/universal, 1983), no qual comemorou dez anos de carreira. toda trabalhada em um homoerotismo caboclo amazônico, "cobra manaus" é de eduardo dusek e de luiz carlos góes (escritor, habitual parceiro de dusek e roteirista de filmes como rock estrela e lua de cristal). prestando um pouco mais atenção na letra é fácil ver uma poesia intensa, cheia de imagens fortes, sensual de verdade, mas... eu só acho ela muito divertida, principalmente pelo gritinho sibilante de ney na hora de falar "manauuuussss". pois então.
cobra manaus (eduardo dusek e luiz carlos góes)
ondeia, ondeia, balança e venha ondeia, ondeia, balança e venha ondeia, ondeia, balança e venha ondeia, ondeia, balança e venha
ela mora debaixo desse cais ela gosta de moça e de rapaz te enrola macio num anel e te cobre de veneno e mel ela leva pro rio bons e maus ela passa sua língua em manaus
ondeia, ondeia, balança e venha ondeia, ondeia, balança e venha ondeia, ondeia, balança e venha ondeia, ondeia, balança e venha
é manaus, cobra rio, cobra amante é a espreita, é o desejo, é o instante é o pecado com brilho de brilhante é o desejo da vida sibilante violenta os barcos nos seus vaus com o prazer que ela bebe de manaus
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